LIDERANÇA PESSOAL - TENHA A ATITUDE DE APRENDER SEMPRE

 Muitas pessoas, à medida que vão progredindo na vida e na carreira, vão-se autoconvencendo que sabem tudo; raramente leem livros, raramente assistem a seminários, assumem uma postura típica de arrogância perante tudo aquilo que não sabem. O raciocínio é mais ou menos este: se cheguei onde cheguei com aquilo que sei, é porque aquilo que não sei não é muito importante.  Este é o tipo de pessoas que se sente frequentemente afrontado quando entram novos elementos para a empresa com novas ideias. Como sentem a sua capacidade posta em causa, defendem-se com a desvalorização da capacidade de quem está mais atualizado.
  Na atividade que desenvolvi durante muitos anos lidei com centenas de pessoas oriundas dos mais diversos níveis hierárquicos e áreas de atividade. Um comentário muito comum àqueles que assistiam a ações de formação ou em reuniões operacionais de vendas é: «quem devia estar aqui era o meu chefe. Manda-nos para aqui aprender coisas que contradizem tudo o que ele faz».
  É realmente impressionante o número de chefes que recomendam que os seus colaboradores tenham formação mas que, quando se lhes pergunta se também querem ter, dizem ser pessoas muito ocupadas para poderem assistir a seminários ou atividades de formação.
  A falta de vontade de aprender é ainda mais impressionante entre os donos e quadros médios das empresas. O reflexo disto é sermos tão pouco competitivos internacionalmente. Mas o maior perigo é que a ignorância reforça a própria ignorância. Um certo dia, ainda era um jovem, lembro-me de ter ouvido de um meu professor lá na escola noturna o seguinte: O quanto mais ignorantes se sentiam à medida que iam sabendo mais. Na altura, achei aquilo um verdadeiro disparate. Só mais tarde, e depois de me encontrar em plena vida profissional, me apercebi de toda a verdade que, tal comentário encerrava; é, de facto, verdade! Quanto mais se sabe, mais se sente que ainda há muito para aprender.
  Nunca pense que sabe tudo! Mantenha a humildade suficiente para aprender ao longo de toda a sua vida. Invista em si próprio: leia livros, revistas e assista a seminários; tenha consciência de que quanto mais alto for a sua responsabilidade na empresas mais você precisa de aprender. Fazendo isto, ao contrário de estar a gastar tempo, ficará surpreendido com o que pode poupar no futuro. Aprender com os outros significa que para saber o que eles sabem não tem que cometer os erros que eles cometeram. 

  Nunca se esqueça que embora a experiência possa ser importante, ela pode ser o pior dos professores: dá primeiro o exame e só depois a lição; primeiro comete-se o erro e só depois se aprende com ele.

  A gestão ao contrário do que muitas pessoas possam pensar não é uma arte. Embora existam pessoas que, sem nunca terem estudado gestão conseguem obter excelentes resultados (de facto, muitos empresários de sucesso não estudaram gestão), isto não significa que a intuição funcione sempre na produção de bons resultados.
  Até perto do início da Segunda Guerra Mundial, pouco existia de conhecimento sistematizado de gestão. Desde aí até aos dias de hoje, centenas e centenas de livros foram publicados sobre gestão e todo um corpo sistematizado de conhecimentos foi desenvolvido. Hoje pode-se sem dúvida, afirmar que a gestão é uma ciência com um objetivo de análise próprio (a organização) objetivos bem definidos (melhorar a produtividade, a satisfação de quem trabalha, e a qualidade de vida no ambiente) e um método de análise (intuitivo) por excelência, ou seja, parte-se do estudo da relação entre duas ou mais variáveis, procurando definir princípios que regem essa interação.
  Uma coisa, no entanto, parece óbvia: a gestão é essencialmente uma área do conhecimento extremamente contingente, isto é, a verdade de muitos princípios depende das condições concretas da ocorrência dos fenómenos. Não podemos concluir que, por uma determinada medida funcionar numa empresa, ela funcione igualmente noutra. Para que o nosso conhecimento seja mais abrangente possível, é fundamental que saiamos do pequeno universo que é a (s) empresa (s) onde trabalhamos e observarmos o que se passa nas outras. Como é isso possível? Lendo livros e assistindo a seminários e participando em atividades de formação.
  Nos seminários, mesmo que o orador não lhe vá apresentar ideias que sejam completamente originais para si, uma coisa é certa, aprende-se sempre algo de novo, quanto mais não seja através das conversas e debates que possam surgir entre os participantes. Num evento desta natureza, estão presentes pessoas oriundas dos mais diversos ramos de atividade e com as mais variadas experiências. Trocar ideias com elas é como vivenciar um pouco das suas vidas enquanto gestores e, se formos bons ouvintes, aprendemos, com certeza muito.


  Jorge Neves