quinta-feira, 25 de abril de 2013

LIDERANÇA PESSOAL - FRUSTRAÇÃO E COMO LIDAR EFICAZMENTE COM ELA







  A frustração é um conceito criado pelos psicólogos para designar um estado de desconforto interno, responsável por muitos comportamentos inadequados.
  A frustração resulta da incapacidade de alguém conseguir atingir um objetivo.
  Como sabemos, na base da generalidade dos comportamentos humanos estão o que se designa por motivação. Quando você faz algo, o objetivo é satisfazer uma necessidade, necessidade essa que pode ser matar a sede, segurança, autoestima ou outra. Uma das formas para ultrapassar um estado de frustração é usar a racionalização. Quando não somos capazes de realizar algo, logo procuramos encontrar razões exteriores a nós que nos levam a «desdenhar» aquilo que não conseguimos obter.

  Conhece por certo aquela história, do subordinado submisso que diariamente se vê atingido no seu amor-próprio pela forma desrespeitosa com que é tratado pelo seu chefe. Mas como pessoa passiva que é, ao invés de reagir e tentar resolver o problema, vai «engolindo», dia após dia, a desagradável situação. No entanto, a tensão vai-se desenvolvendo. E, uma coisa é certa, se ele não descarrega a tensão mais tarde dá entrada no Hospital do Sobral Cid.

O nosso amigo encontrou a solução ir aguentando. Quando o dia é particularmente mau, ao chegar a casa, não descansa sem encontrar uma oportunidade para dar um pontapé ao cão, um estalo ao «puto» e uns gritos á mulher. Isto é outra forma de resistir à frustração e que tem dupla componente: agressividade e deslocamento. Deslocamento porque ao invés de ser agressivo para o objeto que lhe causa frustração (o seu chefe) é-o para quem não tem culpa nenhuma.
  Como vê a necessidade não foi satisfeita. Antes sim, foi escolhido um comportamento desadequado para minimizar a tensão que resulta da frustração.

  A frustração pode dar origem, a outros comportamentos  estranhos como sejam a fixação (pessoas que se agarram a rotinas inadequadas, vez após vez sem resolverem nada, sempre na esperança de o fazerem) que é o caso típico daquele vendedor que, embora utilize uma argumentação desadequada que não lhe permite efetuar vendas, continua a insistir nela na esperança de serem os clientes que visitou «burros» e não ele; a fantasia, comportamento típico daqueles que se veem diariamente a praticarem atos sem na realidade fazerem nada; o pessimismo, que é um estado de espírito caracterizado por «se me corre sempre tudo mal, porque é que algo há-de correr bem?»; ou ainda a resignação ou apatia caracterizada pela aceitação explícita do infortúnio.

  Nas organizações, a frustração pode derivar de uma panóplia de razões, entre as quais, falta de meios, falta de formação, chefes chatos etc. Como é que pode detectar se, os seus colaboradores estão frustrados? Fácil, observe se os seus comportamentos revelam alguns sinais que atrás referi.

  Lidar eficazmente com a frustração é uma tarefa delicada e difícil. Uma frustração é, como vimos, um obstáculo à realização de algo, logo, um problema. Como ensinam os manuais de gestão, o primeiro passo para a resolução de um problema é identificar as suas causas. No nosso caso concreto trata-se de identificar que tipo de necessidade  está frustrada e quais os obstáculos que se nos deparam. O segundo passo é inventariar as formas possíveis de o resolver. Nesta duas fases é muito útil pegar num papel e numa caneta e anotar: o problema é; as principais soluções são. Feito isto corretamente, é meio caminha andado para resolver o problema. Muitas vezes os problemas existem só na nossa cabeça e quando pensamos objectivamente sobre eles, resolvem-se por eles próprios.
  Feliz ou infelizmente, a nossa vida é caracterizada pela escassez (se assim não fosse, os economistas estavam todos no desemprego). Não podemos ter ou fazer tudo aquilo que gostaríamos. Isto é um facto e temos de saber lidar com ele. O segredo está em definir bem as prioridades da nossa vida e lutarmos por elas de uma forma persistente e racional. Os obstáculos não são aborrecimentos; são antes problemas que nos permitem a realização cada vez que são resolvidos. Muitas pessoas objectivamente bem-sucedidas, antes de o ser não o eram. Por certo enfrentaram muitos obstáculos e contrariedades e foi o facto de as ultrapassarem com sucesso que fez delas o que são. É o pensamento positivo, a força de vontade, a criatividade e o arrojo que permitem ganhar as batalhas da guerra derivada da escassez, e não a resignação, agressividade ou outros comportamentos igualmente disfuncionais.
  É dentro de nós que está a força e o engenho necessário ao sucesso. As frustrações devem ser encaradas como oportunidades para melhorar, para brilhar. Para aqueles que pensam que o seu destino depende da sorte ou do azar, deixe-me dizer-lhe que aqueles que apostam na sorte como forma de vida (os jogadores profissionais) raramente são bem-sucedidos. E quando o são é porque desenvolveram estratégias racionais para «controlar» o azar. As oportunidades estão aí para quem as queira e saiba agarrar. Mas, não dependem da sorte ou do azar; dependem antes da nossa energia e esforço.



  Jorge Neves
 


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