segunda-feira, 25 de julho de 2016

LIDERANÇA PESSOAL - A SIMPLICIDADE NA PRODUTIVIDADE INDIVIDUAL









  

                                                                              Tudo é muito difícil antes de ser fácil
                                                                                                                                                                                                            Thomas Fuller


  Recordará por certo, que em apontamento anterior introdutório acerca dos Desvios, ter insistido na importância de os fazer através de pequenos passos, estabelecendo pequenas e simples melhorias, tentando «não forçar», propondo-se apenas um objectivo concreto de cada vez e procurando sempre a prática continuada.
  Sublinhei-o então e volto a fazê-lo agora porque, quando iniciei a minha viagem na direcção da Produtividade, cometi um erro grave que quero, poupar-lhe. Estabeleci, nessa altura, objectivos inalcançáveis ou que exigiam um esforço não natural e muito drástico para conseguir algo muito grande em muito pouco tempo. Rapidamente descobri, por experiência própria, que essa forma de agir pode ser o passaporte para o país do fracasso e, ricochete, para a frustração e do desânimo.
  A categórica frase «pensar em grande mas executar em pequeno» abriu-me os olhos, tanto para atingir as minhas próprias metas pessoais e profissionais como na árdua tarefa de melhorar a minha gestão Pessoal. Além disso,  é uma frase do meu próprio arsenal que me inspira quase de forma constante e que vou recuperando da minha memória para tentar não errar em cada passo que dou.
  É curioso, parece que somos feitos de uma massa que nos impede de nos deixarmos guiar por essa máxima que tão bom resultado dá assim que se  COMPREENDE e, sobretudo, SE APLICA. Qualquer desafio que nos proponhamos alcançar ou projecto que nos caia em mãos consegue embaraçar-nos, queremos envolver-nos de uma assentada e precipitadamente. Queremos  adiantar, atalhar, dar dois ou mais passos de uma só vez e, além disso, grandes. Não paramos um instante para pensar se esse comportamento é efectivo, e se se vai manifestar na capacidade final de trabalho ou, em última análise, se será benéfico para nós e para a nossa vida.
  Para o desafio de construir um espírito sólido e produtivo, a SIMPLICIDADE é essencial.
  Diz o dicionário sobre a Simplicidade: «Qualidade de ser simples, isto é, sem complicações nem dificuldades». Detenha-se um instante em cada uma das palavras que compõem essa frase: «simples», «sem complicações», «nem dificuldades». Retenha-as e saboreie-as durante alguns segundos e tente projecta-las no seu dia-a-dia, no seu trabalho ou ocupação.
  Por natureza, tendemos a complicar em quase todos os níveis. E o da Gestão Pessoal não é uma excepção, nada disso.
  Repare em como se comporta a maioria de nós: tentamos fazer muitas mudanças em simultâneo; rodeamo-nos de múltiplas e complexas ferramentas que, em vez de nos ajudarem, complicam o nosso fluxo de trabalho; fazemos várias tarefas ao mesmo tempo para completarmos trabalhos que requerem concentração e não dispersão; acreditamos, erradamente, que algo em grande supera em brilhantismo o que é pequeno; e não aproveitamos as coisas simples que já temos e que nos rodeiam. É como se a nossa natureza desprezasse instintivamente o valor, corrijo, extraordinário valor, impacto e repercussão que o que é pequeno tem nas nossas vidas.

  LEMBRE-SE: Simplificar, procurar e estimular o que é simples, elimina muitas das complicações de que nós mesmos somos responsáveis, sem nos darmos conta. Muitos dos obstáculos que temos de ultrapassar devem-se à nossa incapacidade para ver a essência das coisas.
  No esforço para tornar a nossa vida mais simples, a Perspectiva tem muito a dizer. Ajuda-nos a eliminar tudo o que é irrelevante para nos preocupar-mos e concentrarmos no essencial. A capacidade de ignorar as ninharias que nos bombardeiam, de apagar tudo aquilo que não conta para nós, que não vale a pena, que não vai influenciar positivamente os nossos objectivos pessoais ou o nosso mapa de vida, ajuda muito a Simplificar. Mas ainda não chega.
  Posso ser claro para mim o meu sistema de valores e preferências, posso ter bem identificados certos projectos a curto ou a médio prazo, posso ter bem definido o meu plano de vida e as minhas grandes metas. Ponderei-as, sei que contam para mim, que são importantes e que devo e quero persegui-las. Mas o modo como as perseguir ditará por completo o meu êxito. Ter o caminho bem definido, as suas características e as suas diferentes etapas, não chega... há que ver COMO vou percorrer esse caminho. E nisso, a Simplicidade quue eu lhe proponho é determinante. 


  Passo 1: PEQUENOS OBJECTIVOS


  Quando o convido a dar pequenos passos, de modo a praticar esses princípios sem forçar e de forma gradual, honra este primeiro passo que considero fundamental e que tantas alegrias e bons resultados me tem proporcionado ao longo da vida.
  Para conquistar uma grande mudança - criar novos hábitos produtivos - temos de dar passos firmes todos os dias, estabelecendo objectivos pequenos ou muitos pequenos. Com isso, conseguirá várias coisas: mudar progressiva e gradualmente o seu comportamento, reduzir a resistência a cada novo gesto, cumprir os objectivos com maior facilidade e fazer com que as raízes dos resultados sejam mais robustos e profundos. A mudança será mais efectiva.
  Já ouviu falar das decisões de Ano Novo? Claro! Todos nós, nalgum momento da nossa vida, no dia 1 de Janeiro, afirmámos coisas como: «Este ano vou aprender inglês em três meses», ou «Não passo deste ano, de certeza que vou deixar de fumar», «Vou perder dez quilos num mês, tenciono ir ao ginásio todos os dias» ou afirmações semelhantes. Não as julguemos com dureza, não são o efeito das bolhas de champanhe de Natal nem da descontrolada celebração familiar. Essas resoluções, além de serem geralmente feitas em público, obedecem a uma necessidade de mudança, de melhorar ou corrigir algo que sabemos ou intuímos que não está bem (o nosso nível de inglês, o nosso vício de tabaco, o nosso peso, etc). Isso é bom, ou melhor, é necessário. Mas, dito isto, o modo como as abordamos e, sobretudo, as executamos, faz com que triunfemos ou fracassemos nas nossas intenções. Essas sãs propostas esfumam-se, habitualmente, por uma razão simples:  propomo-nos mudanças muito drásticas a executar num curto espaço de tempo com passadas muito grandes ou muito acentuadas. Obrigamos o nosso corpo e a nossa mente a uma mudança muito radical, para a qual estão preparados, sim, mas não do  modo que queremos. Antepomos a meta ao modo de perseguir o objectivo, aos pequenos passos que são precisos. Queremos uma vitória e resultados rápidos, com descontos e com atalhos, e isso raramente é possível. Com a Produtividade e com a Gestão Pessoal acontece precisamente o mesmo.  O êxito passa por estabelecermos pequenos objectivos - fases - para completar uma grande meta - projecto.

  A nossa impaciência inata, a irreflectida precipitação com que nos conduzimos, a ânsia de ver o resultado quanto antes - em boa parte, por culpa de exigências externas - são, não poucas vezes o nosso fracasso nesse percurso. A Produtividade, pelo contrário, sugere que se dê pequenos passos , pequenos objectivos diários que, esses sim, têm de se cumprir. Quero aprender inglês, deixar de fumar e perder peso não não devo fazê-lo de forma apressada. Porque queremos algo sólido, duradouro e com qualidade...ou procuramos um resultado rápido e cómodo mas frágil? Se, de facto, quero fazer bem as coisas, mudar de verdade, que aquilo que vou aprender ou pôr em prática tenha um efeito permanente e até perpétuo, tenho de compreender que não há atalhos e que a forma de ganhar uma prova em ciclismo é de etapa em etapa. Mas em cada uma desses etapas classificar-me em boa posição ou, melhor ainda, ganhar.
  A chave para ter êxito nos nossos projectos e desafios passa por os «desmembrar», dividir em partes, em pequenos objectivos diários que eu possa e deva completar com êxito. 


  Passo 2: VALORIZE O QUE É PEQUENO


  Actualmente, é raro pararmos para valorizar e para nos recriarmos com as pequenas coisas. As feições dão carácter ao nosso rosto; a revisão final de um guião, ao qual se adicionam pequenos pormenores, faz com que a história do filme seja sólida; retoques simples na planificação de uma página de Internet fazem com que fiquemos admirados ante o seu equilíbrio; os suaves e insignificantes  golpes de um pincel levam a que um quadro tenha uma extraordinária harmonia. Mas muito pouca gente repara nas pequenas coisas e, menos ainda se empenha nelas. E é isso que faz a diferença em muitos âmbitos... como o da Produtividade.
  Para mim, que vivo rodeado de computadores, dispositivos móveis e tecnologia, não há «armas» mais poderosas do que a folha de papel e um lápis. E a minha mente, claro. E não há nada mais extraordinário e revelador do que os dez minutos que no fim do dia dedico a avaliar, reflectir e analisar o que fiz e como fiz. Uma folha de papel, um lápis e dez minutos de análise...aparentemente é algo que não chamaria a atenção de ninguém. É até possível que, dito assim, seja ridículo. No entanto, são as armas mais poderosas do meu arsenal pessoal. Tirem-me toda a tecnologia e tudo o resto, mas deixem-me isto. Dou-lhe assim tanto valor?

  Ensinaram-nos a aprendemos que a magnificência, a ostentação, a pomposidade, as coisas grandes, têm mais valor, que é isso que na realidade faz a diferença. Um discurso comercial cheio de tecnicismos para convencer o cliente; um carro maior, mais caro e mais potente; uma página da Internet cheia de fontes apelativas e efeitos dinâmicos; umas férias à grande, quanto mais longe melhor ; um telemóvel novo, mais caro e surpreendente, que promete tornar-nos a vida melhor; uma conversa em que contamos um acontecimento comum de forma grandiloquente e cheia de exageros; ter mais e maior é melhor e equivale a êxito; etc. Esquecemo-nos de que aquilo que verdadeiramente faz a diferença são as coisas pequenas. As coisas pequenas mas feitas e vividas de forma brilhante, precisa, pausada e eficaz.
  Acreditamos, erradamente, que as coisas complexas e mais avançadas escondem o segredo para deslumbrar e triunfar. Esquecemos que depende de nós mesmos uma boa parte desse êxito, e este reside nas coisas pequenas, quotidianas e mais simples que nos rodeiam.
  Concentre-se nas coisas pequenas e valorize-as, ou seja, análise-as, estude-as, compreenda-as, apaixone-se por elas, utilize-as e esprema-as atá à última gota. Pequenas tarefas, pequenas ferramentas, pequenas frases de um E-mail, pequenos gestos, pequenos objectivos, pequenos detalhes, pequenos utensílios. A pessoa produtiva vê além das aparências e utiliza as pequenas peças do puzzle em seu proveito.
  As pequenas coisas, as mais minúsculas, os «pequenos goles», como eu lhes chamo, são a chave do êxito diário e uma das partes fundamentais para alcançar uma óptima Gestão Pessoal. A pessoa produtiva utiliza essas pequenas coisas a seu favor para fazer as suas tarefas relaxadamente, com expectativa e eficácia. Compreende a essência dessas peças simples e vale-se delas para prosseguir na direcção dos seus objectivos e das grandes metas no seu mapa de vida.
  Utiliza essas peças, essas ferramentas, esses pedaços, esses utensílios para construir e fazer as suas tarefas. Isto, além de concluir bem essas tarefas com pequenos gestos, inculcar-lhe-á entusiasmo, enchê-lo-á de auto-estima e ainda lhe dará mais ânimo para continuar com o seu trabalho. Nunca se esqueça que até o quadro mais belo e mais harmonioso que possa contemplar foi pintado através de pequenas e simples pinceladas.
Valorize e utilize as pequenas coisas e retire delas todo o sumo.


  Passo 3: FAÇA APENAS UMA TAREFA DE CADA VEZ


  No que à Produtividade diz respeito, temos de estar permanentemente a lutar contra a nossa tendência natural. A maior parte de nós tende a dispersar-se, dividir a atenção, começar uma coisa enquanto ainda estamos a fazer outra e, por causa desta tendência, a terminar uma terceira que já estava em andamento.
  As novas tecnologias e a sociedade moderna de informação em que nos calhou viver promovem em quase todo o lado a chamada «multitarefa». É a tendência - e não a capacidade - para realizar várias actividades de forma simultânea. Enquanto estou à espera de concluir uma, continuo com outra ou começo, até, uma terceira.
  Uma das melhores lições que aprendi na minha experiência pessoal é que uma pessoa ocupada nem sempre é uma pessoa produtiva ou eficaz. É comum tender a identificar a hiperactividade e a adrenalina das tarefas simultâneas com o sentimento de euforia produtiva que brota do trabalho bem feito.  
  Essa ilusória sensação de que «estar em tudo» equivale a render mais é um convencionalismo  que não faz mais do que aumentar a nossa precariedade produtiva. Porque, assim que se dissipa o frenesi da actividade, fica o resultado real e final do nosso trabalho.
  Exceptuando tarefas totalmente mecânicas que exigem um nível muito baixo ou nulo de atenção, e evidentemente energia e de criatividade, eu nunca recomendo que se pratique a multitarefa. Com efeito, acredito plenamente que ela é um dos grandes inimigos da nossa Produtividade e incentivo-o a combatê-la continuamente. Porque faz com que o nosso trabalho se ressinta, sobretudo em quatro aspectos:

  . MEDIOCRIDADE. Completará uma tarefa com menos brilhantismo porque toda a sua paixão, mente e criatividade tiveram de ser repartidas por três ou quatro coisas em simultâneo; em vez de se ter concentrado numa apenas.

  . ATRASO. Levará muito mais tempo a fazer as coisas porque os seus recursos internos foram divididos e distribuídos por outras três ou quatro tarefas de forma simultânea.

  . ANSIEDADE. Ter várias tarefas pendentes implicará um considerável aumento do seu nível de stress e de tensão, já que todas elas exigirão a sua atenção permanente.

  .PRECIPITAÇÃO. O facto de ver como essas tarefas continuam «em aberto» empurrá-lo-á a querer terminá-las  quanto antes. Em vez de buscar a excelência e cuidar dos detalhes, irá completá-las de qualquer maneira.

  A multitarefa está profundamente enraizada em nós e, não o vou enganar de modo algum, é difícil desfazer-se dela. De facto é uma luta que terá - teremos - de empreender diariamente, por causa da nossa  tendência inata, como disse atrás, para nos dispersarmos, além de outros factores externos muito poderosos e quase sempre relacionados com a tecnologia. 
  A Simplicidade promove, portanto, a execução das tarefas «uma-a-uma». Deve pôr à sua frente todas as tarefas para o dia e ir completando-as com toda a atenção e inspiração, mas sempre uma-a-uma. Isso resultará numa série de benefícios que é conveniente valorizar para compreender a importância deste novo hábito e a necessidade de o praticar com paixão.
  . TRANQUILIDADE. A sua mente tem pela frente uma só tarefa, concentra-se e, sobretudo, preocupa-se apenas com uma. É como se o resto das coisas não existissem. Não há quinze coisas para fazer depois, apenas essa tarefa, e não se sente a pressão por causa das outras que faltam.

  . TRANQUILIDADE. Se puser - investir, como gosto de dizer - toda a sua energia, paixão, criatividade, talento e bem-fazer apenas numa tarefa, a que tem à sua frente, não tenha a menor dúvida de que o resultado  do seu trabalho será excelente, brilhante e requintado.

  . EFICÁCIA. Precisamente por trabalhar mais requintadamente e, além disso, pondo tudo de si no que está a fazer, conseguirá terminar a sua tarefa muito antes. E, caso surja uma dificuldade, não tendo de dividir a sua atenção entre várias coisas, concentrar-se-á em resolvê-la de forma mais eficiente e imaginativa.

  . NATURALIDADE. Trabalhar numa tarefa, e depois passar para outra, e depois regressar à primeira e a seguir a uma terceira não é eficiente e é complexo, já que o obriga, constantemente, a «reorientar» a mente para as circunstâncias de cada nova tarefa. Estar envolvido numa só tarefa fará com que o seu trabalho seja muito mais fácil e, sobretudo, fluído. 

  LEMBRE-SE: O seu quotidiano, os  seus recursos internos diários, são finitos e extremamente valiosos. Invista-os inteligentemente e selectivamente numa única tarefa. Simplifique. a seguir, passe à seguinte e continue avançando pouco a pouco com as restantes.


  Passo 4:  DEFINA E ESTABELEÇA LIMITES


  Precisamente porque o nosso Eu quotidiano é limitado, torna-se imprescindível que sejamos conscientes de como e em que coisas investir. Durante o dia e durante a semana, realizamos uma infinidade de actividades e tarefas de natureza e índole diversas.
  No nosso caminho para uma boa Gestão Pessoal, é fundamental estabelecer limites a todas essas actividades. E com «estabelecer» limites estou a referir-me a: 

  . Limitar o número de coisas materiais que fazemos durante a semana ou durante o dia.

  . Limitar o tempo total, em minutos, que dedicamos às tarefas regulares e repetitivas.

  Quero deter-me uns instantes no segundo ponto porque é o menos óbvio.  Devemos prestar especial atenção aquelas tarefas que se repetem diariamente e de forma imperdoável porque, na prática, funcionam como uma «hipoteca» do nosso quotidiano. Queiramos ou não, consumirão irremediavelmente alguns minutos e força de cada dia. Ao estabelecer limites, você vai pôr fim a essa actividade ou tarefa, atribuir-lhe um prazo, um momento para começar e para acabar. Além disso, preparará a mente para parar com essa tarefa antes de ela começar,  detendo-a antes de lhe devorar o tempo e os activos diários de forma descontrolada. 

  LEMBRE-SE: Você é uma espécie de « corrector» ao qual atribuíram uma carteira de acções de um valor incalculável: o se EU quotidiano. E o modo como as investir determinará o seu êxito, que mais não é do que fazer uma melhor auto-gestão, viver e trabalhar melhor. Em muitas ocasiões, simplificar para ganhar Produtividade implicará eliminar, prescindir e sacrificar actividades supérfluas que não oferecem nada. Mas nem sempre.  Ás vezes, implicará delimitar, balizar ou reajustar. Estabelecendo limites rigorosos às actividades que consomem o seu quotidiano, conseguirá simplificar enormemente o seu dia, tirará do caminho as pequenas pedras improdutivas, retirará mais horas do dia e conseguirá investir mais tempo e energia nas actividades que verdadeiramente contam para si.
  Resumindo, que benefícios lhe proporciona o hábito de estabelecer limites?

  . CONTROLO. Você sabe que essa tarefa tem um momento e um tempo máximo de execução. Controle-a e domine-a. Não é ela que, caprichosamente, o põe ao seu serviço.

  .  RESPEITO. Pelo seu tempo e pelos seus recursos internos - não os esbanjará - e pelos seus objectivos pessoais e de vida - andará no sentido deles. Ao estabelecer um fim para as actividades mais rotineiras, «arranjar lugar» para as que, esses sim, contam para si.

  . CONCENTRAÇÃO. Ao estabelecer períodos de trabalho limitados, a sua mente adequa-se e emprega-se a fundo. Numa tarefa que sabe precisar de dez minutos a sua mente distrai-se menos.

  . SIMPLICIDADE. Aquilo que tem limites e está mais banalizado é mais simples, maleável e flexível. O seu dia compõe-se de pequenas peças que encaixam melhor entre si. E, se surgir um imprevisto na sua planificação, ser-lhe-á mais fácil recolocar e reajustar essas peças.

  Estabelecer limites implica, tomar o controlo e o comando dessas actividades, é você que as domina, estão ao seu serviço. E não o contrário. Muitas delas são necessárias, disso não hà dúvidas. São actividades que nos aproximam e permitem que nos relacionemos com outras pessoas, através delas podemos observar o trabalho de outras e enriquecer-nos e podemos informar-nos com notícias ou artigos diários em blogues, etc.
  Pessoalmente, sou o primeiro  a praticar muitas delas diariamente. Mas faço-o de uma forma lúcida e controlada. Porque eu mesmo estabeleci limites para tal: em determinados momentos do dia e durante um tempo fixo.


  Passo 5: DESFAÇA-SE DO LASTRO


  É surpreendente ver a quantidade de coisas de que nos rodeamos no trabalho e na vida e que, a posteriori, não contribuem com absolutamente nada para ambos. Coisas que num determinado momento considerámos que eram vantajosas, necessárias ou imprescindíveis e que, depois, qualquer que seja o motivo, deixam de o ser. O problema - e é um problema, tenha consciência disso é que continuam presentes, consigo, e tem de arrastá-las. Falo tanto de coisas e objectos materiais como de actividades ocupacionais e compromissos que condicionam tudo o que podemos dar de nós mesmos. O facto de as trazermos connosco faz com que, continuamente, exijam a nossa atenção, ainda que seja durante alguns segundos. Todo esse «ruído» desgasta-nos.

  IMPORTANTE! Esta é uma lição que aprendi e que repito todos os dias. A NOSSA VIDA NÃO VAI SER MAIS PLENA E PROVEITOSA POR NOS RECHEARMOS DE COISAS, POR TER OU FAZER MAIS COISAS. NÃO É POR FAZERMOS MAIS QUE VAMOS VIVER DE FORMA MAIS INTENSA MAS SIM POR VIVERMOS E MELHOR CADA COISA QUE FAZEMOS.

  Devemos livrar-nos de tudo aquilo a que eu chamo de «ruído» ou «lastro». Para avançar com firmeza no caminho da Produtividade, é necessário detectar esses «ruídos» esses «lastros», e além disso fazê-lo sem compaixão, com determinação. Porque temos de nos livrar de tudo isso? A ordem e a Simplicidade proporcionam controlo, e ao livrarmo-nos de « tudo o que está a mais», dirigimos a atenção para o que é verdadeiramente importante, o que conta para nós e o que desejamos alcançar- aparece aqui, de novo, o seu Decálogo.

  A Simplicidade consiste precisamente em livrarmo-nos de absolutamente tudo o que não ajuda a somar.

  Quando expus em outro apontamento os benefícios da Produtividade, destaquei a Criatividade como um dos principais. A Simplicidade encoraja a Criatividade porque limpa, liberta e esvazia a nossa mente de tudo o que é verdadeiramente importante e na direcção da criação de ideias e pensamentos. Poderíamos dizer que, limpando o exterior, facilitamos que do interior se liberte o melhor de nós.
  No momento de eliminar esse ruído que nos rodeia, não há indecisões nem um «talvez». Desfaça-se enquanto for possível de tudo aquilo que não lhe traga nenhum contributo. Assim que se desfizer desses «fardos mentais», libertará espaço exterior para se ocupar do que é verdadeiramente relevante. Todas essas trivialidades aparentemente inofensivas contribuem para lhe desgastar os dias.

  LEMBRE-SE: O que é simples levá-lo-á a coisas importantes e brilhantes, o que é complexo conduzi-lo-á a obstáculos e banalidades. O que é simples aproxima-o do seu Decálogo e o lastro afasta-o dele. 

  Resumo do apontamento

  1. A Simplicidade ajuda-nos a atacar os nossos projectos pensando no grande objectivo final mas concetrando-nos nos pequenos passos, dando-os de forma pausada mas brilhante. Ajuda-nos a pensar em grande mas a executar em pequeno.

  2. Podemos e devemos mudar, podemos e devemos fazer coisas grandes mas o modo como as fazemos determinará  o nosso êxito. Não há atalhos nem soluções rápidas para grandes desafios. É preciso olhar para eles dando pequenos passos, mas firmes.

  3. Afaste-se da multitarefa. é sinónimo de stress, trabalho medíocre e precipitado. Faça as suas tarefas uma a uma, com paixão, talento e dedicação. Concentre-se apenas na que está a fazer agora e o seu trabalho será mais fluído e terá uma qualidade excelente.

  4. Simplificar implica também delimitar e ajustar o EU quotidiano que dedica às tarefas repetitivas de  todos os dias. Tome o controlo dessas actividades e marque as alturas e o tempo máximo para as fazer. Utilize-as em seu proveito, não deixe que sejam elas a dominá-lo.

  5. Faça uma análise profunda de todas as coisas materiais e compromissos que o rodeiam e que só geram ruído.  Meta as mãos à obra e desfaça-se delas  sem compaixão. Ainda que, aparentemente, possam ser inofensivas, estão a afectar negativamente a sua atenção.

  TUDO O QUE NÃO SOMA, SUBTRAI!


  Jorge Neves



terça-feira, 12 de julho de 2016

LIDERANÇA PESSOAL - A PERSPECTIVA NA PRODUTIVIDADE INDIVIDUAL





               Não é difícil tomar decisões quando sabemos quais são os nossos valores

                                                                                                             ROY DISNEY


  Tenho vindo a repetir, praticamente desde o começo destes apontamentos acerca da Produtividade  Individual, que uma das principais virtudes da pessoa reside na capacidade para se concentrar no essencial e, ao mesmo tempo, descartar o irrelevante. E sem dúvida que isso não só se aplica ao âmbito profissional como também ao âmbito pessoal. Desse modo, permitir-se-á ficar com a essência de tudo o que o rodeia e daquilo de que se rodeia, tirando partido e espremendo unicamente o substancial e o que interessa.
  Alcançar isso com naturalidade e com a suficiente espontaneidade não é fácil e, por sua vez, consegue-se em grande medida com outro exercício que deverá também pôr em prática: dedicar uns segundos a reflectir, antes de agir, se aquilo que está a fazer é ou não é relevante, se verdadeiramente vale a pena ou se vai ter um impacto benéfico no seu trabalho ou na sua vida.
 A pessoa que faz uma boa auto-gestão avalia as alternativas e opta de forma inteligente. Antes de fazer e agir, pesa as consequências e não se deixa cair na armadilha da impulsividade e da precipitação muito características da improdutividade.
  A Produtividade promove a reflexão e a análise e ajuda-nos a pensar com PERSPECTIVA.
  Todos, em maior ou menor grau, temos a capacidade de identificar aquilo que para nós é essencial, importante, marcante, ou pelo contrário, aquilo que é trivial ou insignificante. Ou seja, agimos e decidimos com Perspectiva. A frio e posta no papel, essa decisão é, geralmente, extremamente fácil, mas a verdade é que na prática diária atraiçoamo-nos e deixamo-nos apanhar por aquilo que no fundo não interessa.
  Por que razão agimos contra a nossa vontade, e até contra os nossos princípios, escolhendo o que é irrelevante? Porque é mais tentador, mais sedutor, mais fácil, mais cómodo, mais rápido... até mais divertido. Habitualmente, desgastamos o nosso EU quotidiano em coisas triviais por puro instinto, porque não nos detemos, nem um instante, para avaliar ou responder a qualquer destas três perguntas:

  . Isto vai ter realmente um benefício no meu trabalho ou na minha vida?

  . Dedicar o meu tempo a isto irá realmente trazer-me alguma coisa a longo prazo?

  . Isto encaixa realmente na minha escala de gostos e valores pessoais?

  Se no final do dia elaborássemos uma de todas as coisa que fizemos, em que, com todo o coração, empenhámos o talento e boa parte da nossa vitalidade, e as confrontássemos com estas três perguntas simples, que resultado obteríamos? Provavelmente ficaríamos envergonhados. No fim do dia, cada um de nós é o resultado das suas escolhas e acções. E não são poucas as ocasiões em que escolhemos e agimos muito mal.
  Percorra comigo esta sequência de actividades habituais nas nossas vidas: investimos horas em ocupações lúdicas que não nos oferecem nada - nem sequer descanso; salpicamos as nossa horas com mini tarefas ou micro tarefas absurdas que, pouco a pouco, roubam o nosso tempo e activos diários; lemos com prazer revistas e páginas na Internet que nunca chegariam a ter impacto na nossa vida real; ou participamos em calorosas discussões  sobre um tema que, no conteúdo e na forma, nem combina connosco nem vai influenciar o nosso projecto de vida. Por outras palavras, desaproveitamos o nosso EU quotidiano em actividades insignificantes que nos impedem de desenvolver aquelas que são essenciais e às quais, essas sim, nos deveríamos entregar com total paixão.
  Através deste segundo desvio (a Perspectiva), vamos conseguir ter presentes uma série de princípios com os quais «fotografar de longe» as nossas escolhas e actividades, os nossos gestos, o modo e a forma como gastamos esse EU quotidiano numas e noutras coisas. Isto é, vamos adquirir Perspectiva para decidir de forma inteligente a quê dedicar e a quê não dedicar o nosso Eu quotidiano.
  IMPORTANTE!  Ser produtivo implica reflectir, avaliar e pensar no que é importante para si. Fazer uma melhor auto-gestão  pressupõe fazer escolhas, ficar com o que interessa e ignorar - com desdém - aquilo que não vai ter um impacto benéfico na sua vida, tanto a curto como a longo prazo.
  Como anteriormente disse, a parte mais importante deste novo Desvio é desenvolver o hábito de nos fazermos uma pergunta antes de agir. Precisamente antes de fazer a nossa escolha - de fazer, de agir -, temos de aprender a parar uns segundos para nos fazermos esta pergunta: «Vale realmente a pena eu fazer isto agora?» É a isto que eu chamo de pensar-e-agir com Perspectiva.
  Não há dúvida que a dificuldade reside em conseguirmos chegar a esse momento de mini-reflexão, sermos capazes de «pôr o pé no travão» antes de agir, formulando-nos essa pergunta. Integrar esse gesto na nossa rotina não é fácil, mas com a prática é possível e, acredite, mudará definitivamente o seu comportamento e projectá-lo-á na direcção do bem-estar que procura.
  Como conseguir então esse momento de reflexão? Como desenvolver o hábito de parar para meditar antes de agir instintivamente? Sem nenhuma dúvida, compreendendo e em primeiro lugar a importância de escolher e agir com Perspectiva. Há que dar ao momento um sentido absoluto e entender o porquê da sua existência, a sua importância e o seu impacto. Compreendendo o seu alcance, a sua influência capital na sua vida - tanto a curto como, a longo prazo - , ser-lhe-á muito mais fácil adquirir o hábito de se deter a pensar na sua próxima acção.
  Lembre-se: Tudo o que nos interessa, que valorizamos e que queremos ao nosso lado é mais fácil de reproduzir quotidiana e naturalmente. Ao interpretar alguma coisa num tom pessoal, fará com que essa coisa se torne familiar e lhe custe menos a repetir


  Passo 1:  ESCALA DE VALORES


  No que à Produtividade se refere. Este é um dos pontos onde se vê mais claramente a nítida dissociação entre o como pensamos e como agimos. A nossa escala de valores e as nossas prioridades pessoais são bastante claras para todos. Por exemplo, se eu lhe apresentar o seguinte:

  . Tem 1 hora livre: prefere utilizá-la folheando uma revista ou um jornal, a «examinar» artigos banais sem importância ou... dedicar esse tempo a estar com a sua família ou a desfrutar da companhia dos seus amigos?

  . Tem 30 minutos livres: prefere bisbilhotar os últimos comentários e fotografias no seu Facebook...ou concentrar-se em terminar aquele documento tão importante para si e para o seu trabalho?

  Penso que você, eu e a maior parte das pessoas escolheria a segunda opção. Mas é muito fácil fazer essa escolha no papel, a frio, comparando ambas as alternativas. Sobre o papel, a nossa escala de valores e a nossa Perspectiva funcionam perfeitamente. Mas a verdade é que se transportar-mos estas perguntas para o nosso dia-a-dia, na prática naufragamos, falhamos. Você, eu, a maior parte das pessoas.
  De facto, se repetíssemos os nossos passos, o que fizemos hoje ou ontem, as escolhas e acções que na prática realizámos...essa escala de valores e prioridades viria a baixo como um frágil castelo de cartas.
  É surpreendente ver como atraiçoamos os nossos mais íntimos princípios com as nossas contínuas escolhas-acções improdutivas.

  O almoço pesado e abundante

  Tarde quente e húmida, na cidade do Porto.
  Fonseca e Castanheira trabalham numa multinacional do ramo Agro-Alimentar e, depois de um almoço abundante e pesado, regressam ao escritório. No curto caminho que separa o restaurante do escritório, os dois  falam da tarefa que os espera: preparar a reunião com um cliente importante, marcada para bem cedo da manhã do dia seguinte.

  - (Fonseca) Bem, que sono depois de comer. Acho que vou responder a alguns e-mails e navegar um pouco, para ver se desperto. Depois ponho-me a estudar as várias propostas de apoio logístico a fazer ao cliente e espero terminar antes das vinte horas. Se bem que vou acabar por chegar às tantas a casa e não vou poder estar nem cinco minutos com os meus filhos.

  - (Castanheira) Pois é, abusamos da comida. Talvez não seja a melhor altura mas quero pôr-me quanto antes a par dos detalhes e das possíveis objecções na negociação com o cliente. Escrever e mexer-me vai acordar-me e assim acabo mais cedo. Depois posso ir para casa, responder lá aos e-mails e brincar um pouco com os meus filhos.
  Volto a frisar que agora, sobre o papel, é muito fácil detectar quem está e quem não está a agir com Perspectiva. Na realidade, esse não é o objectivo deste Desvio. O seu objectivo é o de que vejamos a importância de pensar, escolher e agir com Perspectiva mas, acima de tudo , as consequências de não o fazer. Estar com os filhos, desfrutar de cinco, dez ou trinta minutos com eles é uma coisa impagável para um pai que devia ter preferido isso às moléstias de pesada digestão.
  Naturalmente, não se trata de condenar aquele que age sem perspectiva (Fonseca), que certamente também valoriza a importância de preparar a reunião com o cliente, mede as consequências de não o fazer e, sem dúvida alguma quer terminar antes o seu dia de trabalho para desfrutar o seu tempo livre com os filhos. O que quero sublinhar é que não age movido por isso. Se alguém, precisamente nesse momento, em que se preocupa mais com a sonolência e com a pesada comida, o sacudisse e lhe dissesse o que deverá fazer, não tenho dúvidas de que reagiria do mesmo modo que a pessoa com Perspectiva (Castanheira).
  O péssimo hábito de agir de um modo descontrolado e não reflectido, sem Perspectiva, leva a que, um grande número de ocasiões, violemos o nosso próprio sistema de valores e prioridades pessoais. Preferimos algo de absurda insignificância a algo que verdadeiramente nos importa: o tempo livre com os filhos, um fim-de-semana com o ou a parceiro, o próprio descanso, o crescimento pessoal, a ânsia de aprender, uma promoção no trabalho, a vontade de evoluir como peritos numa área... Tudo isso se ressente quando pensamos-e-agimos com Perspectiva. Nesse momento, convertemo-nos e agimos como protagonistas de frases como.«É que o meu trabalho quase não me deixa tempo para mim»; ou «chego sempre tarde a casa e mal estou com a família». Aos que preferem afirmações como estas eu pergunto: Em que coisas se pôs de coração e alma? A que coisas se dedicou verdadeiramente durante o dia? Escolheu bem onde investir o seu quotidiano?
  Quando me refiro à «escala de valores, não tenciono levá-lo para um campo existencial, de grandes perguntas que exigem grandes respostas. Estou a falar de coisas reais e palpáveis, de coisas quotidianas que lhe pertencem e que o afectam. Coisas que verdadeiramente importam e que você e quase todos, sacrificamos repetidamente por outras de relevância irrisória, que obviamente nos deveriam envergonhar.
  E que coisas são essas que verdadeiramente nos importam? Apenas tem de reler o se DECÁLOGO PESSOAL DE PRODUTIVIDADE para as descobrir. Decerto que nessa lista haverá coisas estritamente relacionadas com a sua escala de valores e com os seus gostos pessoais que se vêem afectados quando não age com Perspectiva. Quando as sacrifica por coisas de importância ridícula.
  O primeiro passa para pensar-e-agir com Perspectiva é o de se fazer essa pergunta: isto que vou fazer encaixa e obedece, realmente, à minha escala de valores, gostos e prioridades pessoais?


  Passo 2: OBJECTIVOS PESSOAIS


  . Quem pensa-e-age (repare que tenho a tendência para juntar estes dois verbos que, irremediavelmente, andam de mãos dadas) com Perspectiva tem no seu horizonte mental a conquista e o cumprimento dos seus próprios  objectivos pessoais.

  . A que me refiro eu quando falo de «objectivos»? Um objectivo é algo que queremos alcançar ou conseguir a curto ou médio prazo, por razões pessoais, familiares ou profissionais. É algo que queremos fazer ou ter e que, consequentemente, nos motiva e estimula a trabalhar e a caminhar na sua direcção. É O PORQUÊ DE FAZER AS COISAS.
Um objectivo ou um plano compõe-se de várias fases, implicando diversas actividades e tarefas que vamos realizando ao longo dos dias. Desse modo, as tarefas diárias ou semanais são passos imprescindíveis que temos de dar para nos aproximar-nos dos nossos objectivos.

  Os objectivos funcionam em diferentes níveis, tanto a curto como a médio prazo, tanto nos projectos pequenos como naqueles de maior dimensão, tanto no âmbito pessoal e familiar como no profissional. É evidente que para que, funcionem, há que os ter definido previamente. Esse seria um motivo para outro apontamento, e não vou deter-me neles. O importante é que, uma vez identificados esses objectivos, condicionem no bom sentido da palavra as nossas escolhas e as nossas acções, e passem a fazer parte activa da nossa perspectiva.
  Lembre-se: Pensar e recordar constantemente «eu quero isto» fará com que faça as suas escolhas e se movimente em função delas. Ajudá-lo-á a pensar-e-agir de um modo inteligente e aproximá-lo do que verdadeiramente quer obter ou fazer.
  Evidentemente cada pessoa tem os seus próprios objectivos, tanto a curto como a longo prazo. Ambos os objectivos a (curto e longo prazo) para mim, dão sentido à minha Perspectiva, e graças a eles consigo distinguir o essencial do acessório, e, sobretudo, agir em conformidade. Com esses objectivos, interpreto, avalio e decido.
  Deixe-me dizê-lo de outro modo, para que esta ideia fique ainda mais clara: esses objectivos bem definidos dão-me as razões de peso para dizer «NÃO» a qualquer ninharia, distracção ou até estupidez que se me apresente e tente deitar abaixo a Produtividade. Esses objectivos ajudam-me a apontar e a dirigir as minhas acções na direcção da sua própria finalização.
  Para pensar-e-agir com Perspectiva é também imprescindível que nos pergunte-mos: Isto que vou fazer obedece realmente aos meus objectivos para hoje? Ajuda-me a aproximar-me ao conjunto dos meus objectivos pessoais e profissionais? É mesmo isto que eu quero?


  Passo 3: IMPACTO NAS SUAS METAS


  Este novo degrau que o animo a subir para agir com Perspectiva, está estritamente relacionado com o passo anterior e, por isso, é imprescindível explicá-lo de imediato.
  Todos temos - ou deveríamos ter um «plano director» na nossa vida. chame-o plano de vida, folha de percurso para os próximos anos... o que for. Esse plano deve conter os grandes objectivos que queremos cumprir nos próximos anos. Não estou a falar de nos propormos a alcançar sonhos impossíveis nem fantasias irreais, obviamente, mas sim metas que queremos atingir ou coisas que queremos ser nos próximos meses ou anos. Coisas que sabemos que podemos fazer, ainda que impliquem esforço, trabalho, decisões, sacrifícios, etc.

  Não são projectos a curto prazo ou a médio prazo, mas planos a mais longo prazo, que têm um papel chave dentro do meu mapa de vida, como gosto de dizer. Tenho-os bem identificados e tento lembrar-me deles todos os dias, para me motivar, claro, mas também que ajudem a pensar-e-agir com perspectiva. Faço tudo o que posso para que essas metas me ajudem a escolher entre aquilo que, sim, vai ter impacto a longo prazo e aquilo que não vai ter.
  Porquê separar essas metas dos objectivos pessoais? Porque visam realizar-nos como pessoas e como profissionais, porque nos trazem algo que é único. Estas metas inspiram-nos, agitam-nos e seduzem-nos mais. São coisas que, ao serem resgatadas da sua memória, o empurram, o «iluminam», se me permite a expressão. Ajudam-no a escolher e a agir apenas sobre aquilo que é verdadeiramente importante. Quando as recorda e as põe à sua frente, tudo o resto parece secundário e, às vezes ridículo.
  Eu posso ter alguns objectivos muito importantes  a curto prazo e a médio prazo, tanto a nível pessoal como profissional, mas as metas que aí estão para ficar, as que constituem o meu mapa de vida, puxam mais por mim para me ajudar a deitar fora o supérfluo que constantemente me tenta roubar a atenção. Sem que soe muito pedante, diria que se completar esses planos completa-se a si próprio. Decerto que tem agora algumas metas na cabeça. É até possível que as tenha incluído no seu Decálogo Pessoal de Produtividade. Utilize-as todos os dias, não só para inspirá-lo de um modo contínuo mas também para interpretar as coisas criteriosamente e escolher adequadamente. Para pensar-e-agir com Perspectiva também é imprescindível que nos perguntemos: Isto que vou fazer, terá, realmente, um impacto directo e  benéfico nos meus grandes objectivos e nas metas do meu plano de vida?


  Passo 4: DEIXAR MARCA


   Eu acredito que não estamos neste mundo para passarmos despercebidos. Acredito firmemente que cada um de nós tem algo que o torna ÚNICO. Muitos conseguem identificá-lo e desenvolvê-lo ao longo de toda a vida, outros encontram-no a meio do caminho e outros no final dos seus dias. Outros, infelizmente, nunca o encontram ou nem sequer se aborrecem a procurá-lo ou explorá-lo.
  Também creio que as escolhas e acções que realizamos todos os dias, todas as horas do dia, marcam definitivamente esse processo. Decidem se vamos passar despercebidos até para nós próprios, ou se, pelo contrário, vão fazer com que nos revelemos como pessoas ÚNICAS. Agir de forma inconsciente, irreflectida ou precipitada, ou guiados por caprichos, por instintos primários, distantes desse Perspectiva tão necessária para agir inteligentemente a nossa vida, também nos faz fracassar no desafio de deixar marca em tudo o que fazemos.
  Quem pensa-e-age com Perspectiva é alguém que também procura fazer a diferença. Naturalmente, não para se destacar dos outros por vaidade ou ambição doentia, mas porque quer que o seu trabalho, as suas acções os seus dias, as suas horas, sejam um marco, que valham a pena para si e para os outros. Que tudo aquilo que faz não passe despercebido.
  O valioso tempo que perde a bisbilhotar no Facebook ou a cavaquear sem assunto com os seus companheiros de escritório em vez de terminar a sua importante tarefa, vai realmente fazer a diferença? Vai fazer com que sinta melhor consigo mesmo e se sinta mais completo como pessoa e como profissional? Vai fazer com que o recordem dos seus actos ou pelo contrario será você mesmo o primeiro a esquecê-lo?
  Fazer algo e fazê-lo bem, ou melhor, fazê-lo muito bem, de forma excepcional, requintada e procurando a excelência, é uma recompensa de valor indescritível. A auto-estima e a satisfação pessoal, alimentos indispensáveis na vida, saem reforçados depois de termos feito algo muito bem. Temos de parar para contemplar essa acção feita de forma excepcional e admirarmo-nos com ela. Temos de nos dizer a nós próprios que conseguimos, que ainda que tenha implicado esforço e trabalho, a nossa contribuição foi determinante, valeu a pena, contou.
  Para pensar-e-agir com Perspectiva, também é imprescindível que nos perguntemos: Isto que vou fazer ajudará realmente a fazer a diferença? Vai permitir-me deixar uma marca no meu trabalho e na minha vida?


  Passo 5: CRESCIMENTO PESSOAL


  Tudo o que fazemos, todos os textos que lemos, todas as conversas que mantemos, têm um impacto silencioso dentro de nós. Estamos sempre a absorver e a assimilar ideias, conceitos, informação, etc. Estamos a aprender e a alimentar o nosso EU. Esse alimento mental faz parte essencial indispensável do nosso crescimento enquanto profissionais e pessoas.
  Há mais, naturalmente: as circunstâncias, as emoções, as recordações.,etc. Tudo isso contribui para que sejamos mais e melhores, ou o oposto. As pessoas que aspiram a constantemente melhorar no campo profissional e na construção de uma sólida personalidade procuram esforçadamente apenas aquelas coisas que contribuem verdadeiramente para o seu crescimento. Ao restante, dão menos atenção, afastam para o lado ou ignoram.
  Para pensar com um critério definido, para obter essa acção reflectida que a expectativa nos proporciona e escolher sabiamente entre o importante e o trivial, é fundamental ter presente essa busca de conhecimento pessoal.
  Quando chegar o momento de distinguir, de concluir se isto que tenho à minha frente vale ou não, terá de se perguntar:

  . Isto que vou fazer vai enriquecer-me como profissional e como pessoa?

  . Vai, realmente, contribuir em alguma coisa para a construção de um EU mais robusto e duradouro?

  . Vendo, lendo ou fazendo isto, vou converter-me, verdadeiramente, numa pessoa melhor?

 Na minha experiência pessoal, comprovei a importância capital deste quinto passo para desenvolver a Perspectiva.Todos têm igual importância, claro, mas tenho de admitir que, no meu caso particular este ponto teve um papel decisivo. Se há uma lição que este Desvio me ensinou é de que a maior parte das coisas que me rodeavam, longe de ajudar à minha formação, de me enriquecer ou de  me ajudar a aperfeiçoar-me, contribuía para travar ou impedir o meu crescimento pessoal e profissional.
  Alguns livros, revistas, páginas da Internet, programas de televisão, redes sociais, alguns passatempos, hábitos nos meus tempos livres... ao pô-las na balança da Perspectiva, a maior parte caiu com espantosa facilidade.Tudo aquilo tinha muito pouco para me oferecer. Não ajudava a cultivar nem a minha mente nem o meu espírito, antes pelo contrário
  Como anteriormente observei, não acredito que nenhum de nós esteja aqui para passar despercebido. E para não passarmos despercebidos, acredito que não temos de abafar nem querer ser mais que o outro, mas sim fazer algo útil e aproveitar o que já temos e o que já somos hoje. Temos de dar o nosso contributo para crescermos. Nisso, a aprendizagem, a formação a maturidade e o desenvolvimento pessoal desempenham um papel determinante.  Mas, para conseguir tudo isso, é necessário procurar e escolher deliberadamente aquilo que verdadeiramente nos estimule e encoraje. Temos de escolher entre o que nos enriquece e o que não nos enriquece. E é assim que, em última análise, se desenvolve a Perspectiva.
  Acredite; actualmente é-me muito mais fácil distinguir com clareza e afirmar «isto é importante» e «isto é uma estupidez». Não no papel, evidentemente, mas no dia-a-dia, na hora que escolher e de agir no terreno.
 Lembre-se: «eu quero fazer para construir», «ler para me enriquecer», «escutar para pensar», «ver para aprender», «viver para crescer«, proporciona-me esse momento de reflexão e o critério necessário para fazer as minhas escolhas e concentrar-me no que importa.


  Resumo do apontamento


  1.  A Perspectiva proporciona-nos uma reflexão sobre a acção, dá-nos argumentos para distinguir e escolher entre o essencial e o acessório. Isso consegue-se pensando e fazendo a nossa escolha antes de agir.

 2. Os valores pessoais têm um papel fundamental para pensar-e-agir com Perspectiva. Isto que vou fazer, encaixa e obedece realmente à minha escala de valores e gostos pessoais?

  3. A curto e a médio prazo, no âmbito profissional e no âmbito pessoal, tenho de fazer escolhas em função dos meus objectivos já definidos. Isto que vou fazer, vai aproximar-me realmente dos meus objectivos para hoje, para esta semana ou mês?

  4. Um mapa de vida ou plano director identifica as metas que queremos atingir a longo prazo. Além de nos inspirar e estimular, essas metas ajudam-nos a fazer distinções. Isto que vou fazer, vai realmente ter impacto directo e benéfico no meu plano de vida?

  5. Fazer a diferença nalgumas coisas faz com que melhoremos a nossa vida, retiramos mais de nós e aumentamos a nossa auto-estima. Isto que vou fazer , vai realmente permitir que eu deixe a marca no meu trabalho e na minha vida?

  6. A procura de conhecimento e o enriquecimento pessoal dar-lhe-ão razões para diferenciar o importante do irrelevante. Aja em função disso e não se atraiçoe a si próprio. Isto que vou fazer vai ajudar-me realmente a crescer e a formar-me como profissional e como pessoa?

                                                                                                             /...  continua



  Jorge Neves






 






domingo, 3 de julho de 2016

LIDERANÇA PESSOAL - A PRÓ-ACTIVIDADE NA PRODUTIVIDADE INDIVIDUAL





   A Pró- actividade é o primeiro dos Desvios necessários que temos de fazer para modificar ou mesmo acabar com aqueles maus hábitos que nos fazem ser improdutivos.

  Poderíamos definir Pró-actividade como a atitude e a predisposição para tomar o controlo efectivo de todos os aspectos da nossa vida, conseguindo-se assim, através da iniciativa, da antecipação e da acção, resultados positivos tanto no âmbito pessoal como no profissional.
  A Pró- actividade é uma das principais características da personalidade produtiva e determina em grande parte o resultado final das suas opções e acções. É por isso que surge em primeiro lugar, como o primeiro e indispensável passo a dar para ter êxito no seu caminho para a Produtividade. É fundamental entendê-la, compreender os seus múltiplos benefícios, a importância que tem na perseguição dos seus objectivos e como deverá e poderá agir em conjunto com os futuros Desvios que você for descobrindo.
  Pró-actividade é sinónimo de acção, execução, diligência, antecipação, de se adiantar e procurar soluções, de enfrentar as situações conflituosas, corrigir falhas, encarar os problemas, sugerir mudanças, de ir em vez de esperar, telefonar em vez de aguardar o toque do telefone, de se mexer e de mexer a pessoa que tem ao lado se isso for necessário.
  Assim sento, Pró-actividade equivale a optimismo, atitude construtiva, focalização didáctica, diálogo e diálogo interno positivo, uma linguagem e um estado de espírito entusiastas, a sintonizar a «emissora das boas noticias» e a procurar olhar através das montras em vez de encarar uma parede.
 É o oposto da passividade, da contemplação, do imobilismo, da destrutiva apatia, da reacção negativa, da desnecessária crítica mordaz que nada traz, da lamentação tola e da queixa infantil.  A pró-actividade nem sequer é parte da solução, é a solução. A inacção e a passividade são o problema.
  A Pró-actividade promove a acção face à preguiça, sugere novas actividades face à monotonia, antecipa medidas, combate a insegurança, detém os imprevistos antes que se convertam num problema, enche a auto-estima, incentiva a abraçar novos desafios ante a estagnação profissional, ante uma dificuldade age com serenidade e procura uma solução com perseverança, combate a timidez, o temor ou o medo com a acção directa e decidida. É o SIM face ao NÃO.
  Uma pessoa produtiva aspira a ser mais organizada e eficiente, procura tirar o melhor de si, dirige a atenção para o que é importante, prescinde das trivialidades, age para eliminar as distracções, repensa e modifica os seus métodos quando verifica que eles não estão a funcionar, e valoriza, faz opções e age guiado por objectivos pessoais claros - o Seu Decálogo. Nada disto se consegue com uma atitude passivo-contemplativa mas sim, com a determinação e a acção de alguém movido por sólidos valores interiores e objectivos bem definidos. O produtivo é aquele que faz, modifica, decide, antecipa, ajusta, corrige, elimina, escolhe, caminha...age,, em resumo.
  O Desvio para a pró-actividade, como todos os outros SEIS irmãos (que falarei em próximos apontamentos), completa-se em cinco PASSOS indispensáveis e complementares entre si.


  Passo 1:  ATITUDE MENTAL POSITIVA


  O primeiro passo consiste em desenvolver uma franca e decidida «Actividade Mental Positiva». Vamos deter-nos alguns instantes a considerar cada uma das palavras que forma esta expressão. A palavra «Actividade» designa uma predisposição de ânimo e de pensamento que define o modo como nos posicionamos e agimos ante um acontecimento. Por «Mental» entendemos a forma de analisar e interpretar irreflectidamente tudo aquilo que nos acontece. E a palavra « Positiva» determina o estado de espírito, o tom e a matriz dos nossos pensamentos e acções.
  A Atitude Mental Positiva vive-se apartir do interior para depois se exteriorizar em forma de optimismo, expectativa e esperança. Esse ardor positivo impregna os nossos pensamentos e reflecte-se nas nossas acções. Determina em grande parte como somos, como pensamos, como nos comportamos e como fazemos as coisas. E, o que é mais importante, facilita e reforça a Gestão Pessoal plena que todos procuramos.

  Na Pró-actividade que procuramos, a Atitude Mental Positiva age em dois níveis diferentes:

 - No nosso caminho para a Pró-actividade e para uma melhor Gestão pessoal, incentiva-nos a iniciar a mudança e a fazer os Desvios. Permite que nos sobreponhamos aos reveses e encoraja a melhoria permanentemente, com determinação e confiança.

  - No dia-a-dia do nosso trabalho e da nossa vida, imprime por um lado, entusiasmo, e, por outro lado, serenidade e optimismo ante qualquer conflito ou problema.

  Atitude na perseguição da produtividade

  Alguém que não esteja positivamente aberto à mudança, que não esteja verdadeiramente entusiasmado com o que espera obter com o seu esforço, que não abrace a possibilidade de aprender, de melhorar,de crescer... não pode simplesmente, mudar ou avançar. É uma trivialidade, mas é necessário dizê-la: para mudar tem de se querer mudar e, além disso, desejá-lo com intensidade e, até fervor.
  Se restar em si alguma ponta de ressentimento pelos fracassos do passado,dúvidas ante a possibilidade de que a Produtividade possa penetrar verdadeiramente em si, censuras por tropeções recentes ou cepticismo relativamente à sua real capacidade para completar o caminho, terá de fazer todo o possível para expulsar esses pensamentos. Passe quanto antes para o polo positivo e sintonize, a partir deste instante, a emissora das boas notícias. Creia, é mesmo imprescindível que pense positivo a partir de agora.
  IMPORTANTE! Aceite-se como é agora, mas apaixone-se pela possibilidade real de mudar amanhã.
  Atitude Mental Positiva permite-lhe-á combater eficazmente o derrotismo ou a fatalidade produtiva em que talvez viva. Será ela a encorajá-lo todas a s manhãs, a incentivá-lo a dar novos passos mesmo depois de o último ter sido uma escorregadela, a procurar sempre a oportunidade para melhorar ou aprender a vencer o pessimismo muito característico da falência produtiva, a ver o lado favorável e vantajoso.  Será ela a origem da persistência e do impacto que lhe permitirão avançar e completar todos os Desvios.
  A caminho da Produtividade encontrará numerosos obstáculos e dificuldades. Um dos mais destacados, pela frequência e insistência com que se repetirá, é a angustiante sensação do « não estar a melhorar». Tenha muito presente o seguinte: não conheço ninguém que, procurando melhorar a sua Gestão Pessoal, tenha «acertado à primeira». Tenha muito presente que cometerá erros e tropeçará continuamente, todos os dias se surpreenderá com a ainda acentuada imaturidade da sua Produtividade e torturar-se-á com pensamentos negativos.
  É muito possível que no final do dia pense que todo este esforço «não vale a pena». Mas a melhoria existe, embora às vezes se deixe iluminar com a dificuldade.
  Lembrar-se, de um modo permanente, dos motivos pelos quais um dia decidiu caminhar na direcção da Produtividade alimentará essa Atitude Mental Positiva. Ter muito presente o seu Decálogo, as coisas  que com o coração e com mais afinco quer conseguir, ajudará a levá-lo a motivá-lo, a entusiasmá-lo, a renovar diariamente e seu entusiasmo e a sintonizar essa emissora das boas notícias. De igual modo, conseguirá fazê-lo ultrapassar o desalento, as dúvidas a negação interior e exterior, o pessimismo; e conseguirá fazê-lo evitar em todos os momentos a emissora das más notícias.

  Atitude no dia-a-dia

  A Atitude Mental Positiva determina o modo como interpretamos e agimos ante qualquer acontecimento, seja de que tipo for, tanto no âmbito pessoal como no profissional. Não importa se está no início do caminho para a produtividade ou se o está a percorrer há algum tempo, essa atitude influencia decisivamente a sua Pró-actividade.
  A título pessoal, durante boa parte da minha vida, fui na prática, um pessimista. Apesar de contar com um temperamento razoavelmente entusiástico e dinâmico ante qualquer dificuldade, sobretudo no trabalho, o meu entusiasmo desmoronava-se-se subitamente. Em seguida, deixava-me levar por um derrotismo recalcitrante que, recordando-o agora, tenho de admitir que me envergonha. Além disso, costumava avaliar equivocado e injustamente as pessoas fervorosas e optimistas com afirmações cínicas como «esse tipo vive no mundo das ilusões, é um sonhador, na vida temos de ser realistas para não nos espezinharem à primeira oportunidade».
  Graças ao meu constante esforço, consegui transformar essa forma de pensar e agir, e actualmente a minha atitude é totalmente oposta. Reprogramei a minha mente para pensar primeiro positivamente, para preferir o lado favorável ao negativo, para visualizar a solução e o êxito em vez do problema e da derrota.
  Esse optimismo, que eu o incentivo a praticar todos os dias, proporcionar-lhe-á entusiasmo e motivação. Mas também criatividade, sagacidade, bom senso, serenidade e determinação na altura de encarar qualquer conflito laboral ou pessoal. E é nas situações problemáticas que ele ilumina com mais claridade e surge como característica de alguém que quer construir e crescer, face aqueles que insistem em ficar a ver ou a destruir.
  Imagine uma destas situações: uma crise com o seu ou a sua parceiro (a), um confronto com um colega de trabalho, uma reclamação por um produto em mau estado, um problema económico familiar, uma discussão com algum ente querido... Em todas elas, a Atitude Mental Positiva proporcionar-lhe-á «o primeiro passo para dar o primeiro passo», como gosto de dizer. Pensando e agindo sob a sua influência, assentará as bases para a solução. Sem essa atitude, estamos condenados ao fracasso.

  A importância do vocabulário

  Nesta predisposição positiva que temos de incorporar e desenvolver na nossa vida, o vocabulário, as expressões e a «atitude» da nossa linguagem desempenham um papel crucial. A construção das frases, as palavras que utilizamos e o tom quando nos exprimimos também condicionam a nossa atitude geral, predispõem-nos e incentivam-nos a sermos positivos / pró activos.
  Os negativos /passivos costumam começar as frases com palavras como »não», «não pode ser», «não creio», «isso é impossível». Além isso, costumam pronunciá-las de um modo peremptório e despachado, impedindo qualquer possibilidade de debate e de uma solução criativa. Os positivos /pró activos reagem de forma optimista, com calma, não se fecham a alternativas, contemplam possibilidades, avaliam antes de decidir, pensam em construir, interpretam antes de agir, e tudo isto está estampado na sua linguagem. Utilizam frases como «claro que podemos», «certamente», «vamos em frente», «sim, é possível», ou similares.
  Trabalhe, elabore e construa um vocabulário sucinto e entusiástico, positivo e vencedor e isso contribuirá para que alcance o EU novo pró-activo, É o SIM face ao NÃO.


 Passo 2: VISUALIZE O ÊXITO


  O  aspecto seguinte a desenvolver para sermos pró-activos é a capacidade de visualizar criativamente o benefício e antecipar o êxito que a nossa acção implica.
  Antes de dizer «sim», o pró-activo é inteligente e olha mais à frente. Vê a oportunidade - de melhorar, de aprender, de ampliar - e vislumbrar a recompensa por trás do esforço. Antes de agir, antecipa o resultado e utiliza-o pata se motivar.
  Só se consegue ser pró-activo, caminhando, dando o primeiro passo, e depois outro e depois mais outro. Na maior parte das vezes, a nossa natureza preguiçosa, pessimista  ou receosa dificultará ou impedirá esse primeiro passo. É por isso que precisamos de um estímulo, algo que sussurre ao nosso « ouvido interno» , uma mão que figurativamente puxe por nós e nos incentive a ir em frente. Um dos meus estímulos favoritos é este: visualizar o êxito e o resultado positivo do passo que se vai dar.
  Quando se põe a caminho ou, de outro modo, quando se põe a resolver um conflito, a pessoa negativa-passiva apenas concebe e valoriza o esforço, o aborrecimento ou a contrariedade do que tem de fazer; enquanto a pessoa pró-activa, sem ignorar, claro, o esforço que faz, projecta a sua imaginação o resultado e o êxito posterior, com a finalidade de os utilizar como arma de motivação e de incentivo. O facto de imaginar uma tarefa ou um trabalho bem realizado e concluído com êxito gera uma cascata de estímulos positivos na nossa mente, o que «nos faz querer fazê-la». Esse exercício mental, que traz mais um ingrediente à fórmula da Pró-Actividade, ajuda a convencer-nos de que temos de nos levantar e de nos pormos a caminho; e ajuda-nos a fazê-lo. Experimente, é fascinante vê-lo em acção e os seus resultados são espantosos.
  Noutras ocasiões, é a falta de pressão ou o trabalho sem prazos de entrega que nos faz agir sem iniciativa nem intensidade. « Fica para depois, há tempo que sobra», dizemo-nos. Porque pensar desse modo? Simplesmente, faça-o agora. olhe mais em frente, antecipe-se, aja com inteligência, desenhe e esculpe com a sua mente o resultado e os benefícios que obterá se se antecipar e o fizer agora que tem tempo de sobra. Talvez esse tempo a mais lhe permita aperfeiçoar e dar um melhor acabamento ao seu trabalho, disporá de mais tempo livre para se dedicar a outra actividade, se surgir um imprevisto terá mais margem de manobra para reagir, etc. A acção, a iniciativa a antecipação estão cheias de benefícios ocultos. Só tem de os visualizar antes para conseguir o impulso que o fará pôr-se a caminho.


  Passo 3: A SOLUÇÃO ESTÁ EM SI


  Um dos momentos em que as diferenças entre uma pessoa negativo/passiva e outra pró -activa se manifestam de forma mais acentuada é quando se tem de enfrentar um desafio ou encarar uma situação conflituosa ou geradora de stress.
  Geralmente, a pessoa negativo/passiva ignorará, afastar-se-á ou negará como primeira reacção, e é mais do que provável que a sua primeira resposta inclua um «não» bem nítido e sonoro - o vocabulário derrotista e pessimista condiciona-o. Essa é a sua reacção instintiva e primária perante qualquer desafio, independentemente da sua magnitude. Em vez de activar o seu polo positivo interno, de avaliar o efeito da sua acção, de vislumbrar o êxito e procurar por instinto a solução, de forma activa e  e entusiástica, diz «NÃO». O seu espírito negativo/passivo inibe completamente o seu desejo de fazer.
  Pense nesta frase que a mim tanto me ajudou: «O optimista está sempre com um projecto; o pessimista, com uma desculpa.» A resposta passiva, negativa ou evitante face a um desafio ou conflito, raras vezes ou nunca facilita a solução. Aquele que, nesses casos, não age com Pró-Actividade, comporta-se de maneira egoísta, comodista, mesquinha e pouco inteligente. Porque a única coisa que nos separa da solução desses problemas é a convicção de acreditar que se podem resolver, ver a solução, e, sobretudo, a vontade de fazer.
  Acreditaremos mesmo que estamos envolvidos nas coisas apenas para sermos espectadores? Tão pouco valor nos damos que acreditamos não poder mudar as coisas nem resolver essa situação? Em tão baixa conta temos o nosso possível contributo? Toda a experiência, a imaginação, a criatividade, o conhecimento, o talento, a capacidade, o dinamismo, toda a nossa força e os nossos activos internos existem para que resolvamos os problemas, para que, com iniciativa, os antecipemos e façamos as coisas. Não para que fiquemos  a olhar como os outros fazem ou, pior, como ninguém faz.
  Uma atitude positiva, uma linguagem vencedora e a capacidade de visualizar o êxito que nos espera por trás da acção, permitem-nos encher as nossas mochilas mentais de argumentos que nos façam ter a convicção de que nós próprios somos o remédio para determinado problema. Que nós temos valor e que podemos modificá-lo com iniciativa. A solução, em muitíssimos mais casos do que pensamos, está na nossa própria mão, temo-la nós mesmos e passa inevitavelmente por fazer.


  Psaao 4: EXPULSE O «NÃO PODE SER»


  Uma das características mais visíveis da personalidade Pró-Activa é o optimismo.  O desenvolvimento desta virtude é condicionado pelo nosso próprio carácter natural, o nosso ambiente e as nossas circunstâncias, mas também é algo que se deve exercitar.
  Uma das lições mais gratificantes que aprendi é a de que o optimismo é uma virtude que se pode promover e fazer crescer través do treino e estímulos. Como? Com os três passos da Pró-Actividade que já falei, por exemplo. em grande medida, esse optimismo brota da própria Atitude mental Positiva e do vocabulário, da capacidade para visualizarmos criativamente o êxito da nossa acção e também da firme crença de que nós somos parte activa e às vezes determinante da solução.
  Lembre-se: «Se acreditar que alguma coisa é impossível torna-la-á impossível» dizia Brece Lee. Pense que « não pode ser» e não poderá ser. Pense que »pode ser» e certamente poderá ser. Mas atenção, às vezes não é possível, portanto há que fazer.
  Como conseguir esse entusiasmo «pode ser»? Eis o que aprendi após muitas tentativas e tropeções: temos de olhar positivamente para dentro e para fora de nós mesmos, agarrando-nos ao que já somos e temos e a tudo o que pode sair de nós.
  Comece a reflectir sobre o seu próprio talento e a sua pró-actividade. Nunca se esqueça que o seu contributo conta. Pense que a formação, a experiência, o bem-fazer e a atitude podem ajudá-lo a conseguir. Também há que olhar positivamente para fora e avaliar as circunstâncias, os ambientes que o rodeiam, as pessoas próximas, que lhe darão força conselhos e estímulo para conseguir à nossa volta há muitas coisas que nos impelem a dizer «PODE SER».


  Passo 5: O QUE FARIA O SEU ÍDOLO?


  Muitos de nós temos um ídolo ou um modelo a seguir. Uma pessoa que admiramos, que nos inspira, com a qual gostaríamos de ser parecidos. Pode ser uma figura histórica, uma personagem contemporânea, uma celebridade, uma eminência ou alguém muito mais próximo e querido, como o nosso pai, a nossa mãe ou um amigo de infância.
  Podemos admirar os seus valores, os seus sucessos, a sua forma de pensar, a sua formação, o seu discernimento, a sua iniciativa, as suas obras, as suas ideias, o conjunto da sua vida ou a sua própria história pessoal. Não há nada de mal em que tudo isso o inspire nem em ter outras pessoas como modelo a seguir. Tentar igualá-las não é censurável, desde que imprima a sua própria personalidade e o seu selo no que fizer.
  Pois bem, pensar nesse modelo, nessa pessoa que pode ser o seu «ídolo», também contribui para desenvolver o seu próprio espírito proactivo.
  A Pró-Actividade atinge-se reunindo iniciativa, antecipação, motivação e, sobretudo, fazendo. Mas para isso precisamos de alguma coisa que nos faça mover, um «empurrão». Pode ser para se levantar e fazer um trabalho que tenha pendente desde ontem, para adoptar as medidas que afastem um potencial problema, para ganhar forças e falar com o seu parceiro ou com um dos seus filhos sobre algo que o preocupa, para entrar no gabinete do seu chefe e propôr-lhe uma mudança na sua situação laboral, para iniciar um projecto ante o qual tem dúvidas ou receios... Seja o que for, muitas vezes custa-nos encontrar esse impulso para nos pormos em marcha.
  Evidentemente, a Atitude Mental Positiva ajuda-nos, a capacidade para ver e antecipar criativamente o resultado da nossa acção ajuda-nos, à  consciencialização de que o nosso contributo conta ajuda-nos, e o facto de expulsamos da nossa cabeça o «não pode ser» também nos ajuda. Mas, como conseguir esse último empurrão que, quase como um beliscão, fará com que você se ponha a caminho e o levará a agir?
  Pois bem, nesse momento pergunta-se: « O que faria agora o meu ídolo?» O que faria essa pessoa que tanto admira nesse preciso instante? Fazer-se essa pergunta, e até visualizar na imaginação a sua pessoa favorita perante essa situação, pode dar-lhe o impulso definitivo para arrancar.

  . Como se comportaria ele agora? ficaria sentado de braços cruzados?

  . O que faria ele perante este problema? Tomaria a iniciativa para resolver o conflito?

  . Como agiria ante esta alternativa? Meter-se-ia a trabalhar ou ficaria a ver, passivamente, como os outros fazem, ou, até, como ninguém faz?

  Pensar nessa pessoa que tanto admira e que o inspira, e imaginá-la precisamente nessa encruzilhada, perante essa dúvida, perante essa decisão, perante esse impasse, é algo que funcionará como um activador da sua motivação. Beliscá-lo- á no seu interior, «picá-lo-á» enchê-lo-á de determinação e proporcionar-lhe-á o movimento e a intensidade que lhe falta para fazer as coisas. É o SIM face ao NÃO.


  RESUMO DO APANTAMENTO


  1. A Pró-actividade é a atitude e a predisposição para agir com iniciativa antecipação de modo a conseguir resultados positivos e benéficos. A pessoa pró-activa é uma pessoa de acção que, acima de tudo, faz e executa com uma atitude positiva e entusiástica.

  2. A Atitude Mental  Positiva desempenha um papel crucial no nosso caminho para a produtividade, encarregando-nos e ajudando-nos tanto quando tropeçamos como quando enfrentamos os conflitos e problemas quotidianos.

  3. Visualizar o êxito e antecipar o resultado da nossa acção é um dos principais motivadores quando nos decidimos agir com iniciativa e dinamismo. Dizer «pode ser» e pensar nas razões para essa frase é fundamental para se pôr a caminho.

  4. As situações conflituosas são alguns dos momentos em que a pessoa faz a diferença. Estou consciente que a grande parte da solução depende de si empurra-o para o primeiro passo na solução de qualquer problema.

  5. Escolhermos um modelo ou uma pessoa que nos motive pode ajudar-nos a conseguir esse último empurrão que nos ponha a caminho. Imaginar como se comportaria ele ou ela ante uma situação é um exercício de motivação que conseguirá beliscar o seu interior e encorajá-lo a fazer.

                                                                                                                    .../continua


  Jorge Neves