terça-feira, 12 de julho de 2016

LIDERANÇA PESSOAL - A PERSPECTIVA NA PRODUTIVIDADE INDIVIDUAL





               Não é difícil tomar decisões quando sabemos quais são os nossos valores

                                                                                                             ROY DISNEY


  Tenho vindo a repetir, praticamente desde o começo destes apontamentos acerca da Produtividade  Individual, que uma das principais virtudes da pessoa reside na capacidade para se concentrar no essencial e, ao mesmo tempo, descartar o irrelevante. E sem dúvida que isso não só se aplica ao âmbito profissional como também ao âmbito pessoal. Desse modo, permitir-se-á ficar com a essência de tudo o que o rodeia e daquilo de que se rodeia, tirando partido e espremendo unicamente o substancial e o que interessa.
  Alcançar isso com naturalidade e com a suficiente espontaneidade não é fácil e, por sua vez, consegue-se em grande medida com outro exercício que deverá também pôr em prática: dedicar uns segundos a reflectir, antes de agir, se aquilo que está a fazer é ou não é relevante, se verdadeiramente vale a pena ou se vai ter um impacto benéfico no seu trabalho ou na sua vida.
 A pessoa que faz uma boa auto-gestão avalia as alternativas e opta de forma inteligente. Antes de fazer e agir, pesa as consequências e não se deixa cair na armadilha da impulsividade e da precipitação muito características da improdutividade.
  A Produtividade promove a reflexão e a análise e ajuda-nos a pensar com PERSPECTIVA.
  Todos, em maior ou menor grau, temos a capacidade de identificar aquilo que para nós é essencial, importante, marcante, ou pelo contrário, aquilo que é trivial ou insignificante. Ou seja, agimos e decidimos com Perspectiva. A frio e posta no papel, essa decisão é, geralmente, extremamente fácil, mas a verdade é que na prática diária atraiçoamo-nos e deixamo-nos apanhar por aquilo que no fundo não interessa.
  Por que razão agimos contra a nossa vontade, e até contra os nossos princípios, escolhendo o que é irrelevante? Porque é mais tentador, mais sedutor, mais fácil, mais cómodo, mais rápido... até mais divertido. Habitualmente, desgastamos o nosso EU quotidiano em coisas triviais por puro instinto, porque não nos detemos, nem um instante, para avaliar ou responder a qualquer destas três perguntas:

  . Isto vai ter realmente um benefício no meu trabalho ou na minha vida?

  . Dedicar o meu tempo a isto irá realmente trazer-me alguma coisa a longo prazo?

  . Isto encaixa realmente na minha escala de gostos e valores pessoais?

  Se no final do dia elaborássemos uma de todas as coisa que fizemos, em que, com todo o coração, empenhámos o talento e boa parte da nossa vitalidade, e as confrontássemos com estas três perguntas simples, que resultado obteríamos? Provavelmente ficaríamos envergonhados. No fim do dia, cada um de nós é o resultado das suas escolhas e acções. E não são poucas as ocasiões em que escolhemos e agimos muito mal.
  Percorra comigo esta sequência de actividades habituais nas nossas vidas: investimos horas em ocupações lúdicas que não nos oferecem nada - nem sequer descanso; salpicamos as nossa horas com mini tarefas ou micro tarefas absurdas que, pouco a pouco, roubam o nosso tempo e activos diários; lemos com prazer revistas e páginas na Internet que nunca chegariam a ter impacto na nossa vida real; ou participamos em calorosas discussões  sobre um tema que, no conteúdo e na forma, nem combina connosco nem vai influenciar o nosso projecto de vida. Por outras palavras, desaproveitamos o nosso EU quotidiano em actividades insignificantes que nos impedem de desenvolver aquelas que são essenciais e às quais, essas sim, nos deveríamos entregar com total paixão.
  Através deste segundo desvio (a Perspectiva), vamos conseguir ter presentes uma série de princípios com os quais «fotografar de longe» as nossas escolhas e actividades, os nossos gestos, o modo e a forma como gastamos esse EU quotidiano numas e noutras coisas. Isto é, vamos adquirir Perspectiva para decidir de forma inteligente a quê dedicar e a quê não dedicar o nosso Eu quotidiano.
  IMPORTANTE!  Ser produtivo implica reflectir, avaliar e pensar no que é importante para si. Fazer uma melhor auto-gestão  pressupõe fazer escolhas, ficar com o que interessa e ignorar - com desdém - aquilo que não vai ter um impacto benéfico na sua vida, tanto a curto como a longo prazo.
  Como anteriormente disse, a parte mais importante deste novo Desvio é desenvolver o hábito de nos fazermos uma pergunta antes de agir. Precisamente antes de fazer a nossa escolha - de fazer, de agir -, temos de aprender a parar uns segundos para nos fazermos esta pergunta: «Vale realmente a pena eu fazer isto agora?» É a isto que eu chamo de pensar-e-agir com Perspectiva.
  Não há dúvida que a dificuldade reside em conseguirmos chegar a esse momento de mini-reflexão, sermos capazes de «pôr o pé no travão» antes de agir, formulando-nos essa pergunta. Integrar esse gesto na nossa rotina não é fácil, mas com a prática é possível e, acredite, mudará definitivamente o seu comportamento e projectá-lo-á na direcção do bem-estar que procura.
  Como conseguir então esse momento de reflexão? Como desenvolver o hábito de parar para meditar antes de agir instintivamente? Sem nenhuma dúvida, compreendendo e em primeiro lugar a importância de escolher e agir com Perspectiva. Há que dar ao momento um sentido absoluto e entender o porquê da sua existência, a sua importância e o seu impacto. Compreendendo o seu alcance, a sua influência capital na sua vida - tanto a curto como, a longo prazo - , ser-lhe-á muito mais fácil adquirir o hábito de se deter a pensar na sua próxima acção.
  Lembre-se: Tudo o que nos interessa, que valorizamos e que queremos ao nosso lado é mais fácil de reproduzir quotidiana e naturalmente. Ao interpretar alguma coisa num tom pessoal, fará com que essa coisa se torne familiar e lhe custe menos a repetir


  Passo 1:  ESCALA DE VALORES


  No que à Produtividade se refere. Este é um dos pontos onde se vê mais claramente a nítida dissociação entre o como pensamos e como agimos. A nossa escala de valores e as nossas prioridades pessoais são bastante claras para todos. Por exemplo, se eu lhe apresentar o seguinte:

  . Tem 1 hora livre: prefere utilizá-la folheando uma revista ou um jornal, a «examinar» artigos banais sem importância ou... dedicar esse tempo a estar com a sua família ou a desfrutar da companhia dos seus amigos?

  . Tem 30 minutos livres: prefere bisbilhotar os últimos comentários e fotografias no seu Facebook...ou concentrar-se em terminar aquele documento tão importante para si e para o seu trabalho?

  Penso que você, eu e a maior parte das pessoas escolheria a segunda opção. Mas é muito fácil fazer essa escolha no papel, a frio, comparando ambas as alternativas. Sobre o papel, a nossa escala de valores e a nossa Perspectiva funcionam perfeitamente. Mas a verdade é que se transportar-mos estas perguntas para o nosso dia-a-dia, na prática naufragamos, falhamos. Você, eu, a maior parte das pessoas.
  De facto, se repetíssemos os nossos passos, o que fizemos hoje ou ontem, as escolhas e acções que na prática realizámos...essa escala de valores e prioridades viria a baixo como um frágil castelo de cartas.
  É surpreendente ver como atraiçoamos os nossos mais íntimos princípios com as nossas contínuas escolhas-acções improdutivas.

  O almoço pesado e abundante

  Tarde quente e húmida, na cidade do Porto.
  Fonseca e Castanheira trabalham numa multinacional do ramo Agro-Alimentar e, depois de um almoço abundante e pesado, regressam ao escritório. No curto caminho que separa o restaurante do escritório, os dois  falam da tarefa que os espera: preparar a reunião com um cliente importante, marcada para bem cedo da manhã do dia seguinte.

  - (Fonseca) Bem, que sono depois de comer. Acho que vou responder a alguns e-mails e navegar um pouco, para ver se desperto. Depois ponho-me a estudar as várias propostas de apoio logístico a fazer ao cliente e espero terminar antes das vinte horas. Se bem que vou acabar por chegar às tantas a casa e não vou poder estar nem cinco minutos com os meus filhos.

  - (Castanheira) Pois é, abusamos da comida. Talvez não seja a melhor altura mas quero pôr-me quanto antes a par dos detalhes e das possíveis objecções na negociação com o cliente. Escrever e mexer-me vai acordar-me e assim acabo mais cedo. Depois posso ir para casa, responder lá aos e-mails e brincar um pouco com os meus filhos.
  Volto a frisar que agora, sobre o papel, é muito fácil detectar quem está e quem não está a agir com Perspectiva. Na realidade, esse não é o objectivo deste Desvio. O seu objectivo é o de que vejamos a importância de pensar, escolher e agir com Perspectiva mas, acima de tudo , as consequências de não o fazer. Estar com os filhos, desfrutar de cinco, dez ou trinta minutos com eles é uma coisa impagável para um pai que devia ter preferido isso às moléstias de pesada digestão.
  Naturalmente, não se trata de condenar aquele que age sem perspectiva (Fonseca), que certamente também valoriza a importância de preparar a reunião com o cliente, mede as consequências de não o fazer e, sem dúvida alguma quer terminar antes o seu dia de trabalho para desfrutar o seu tempo livre com os filhos. O que quero sublinhar é que não age movido por isso. Se alguém, precisamente nesse momento, em que se preocupa mais com a sonolência e com a pesada comida, o sacudisse e lhe dissesse o que deverá fazer, não tenho dúvidas de que reagiria do mesmo modo que a pessoa com Perspectiva (Castanheira).
  O péssimo hábito de agir de um modo descontrolado e não reflectido, sem Perspectiva, leva a que, um grande número de ocasiões, violemos o nosso próprio sistema de valores e prioridades pessoais. Preferimos algo de absurda insignificância a algo que verdadeiramente nos importa: o tempo livre com os filhos, um fim-de-semana com o ou a parceiro, o próprio descanso, o crescimento pessoal, a ânsia de aprender, uma promoção no trabalho, a vontade de evoluir como peritos numa área... Tudo isso se ressente quando pensamos-e-agimos com Perspectiva. Nesse momento, convertemo-nos e agimos como protagonistas de frases como.«É que o meu trabalho quase não me deixa tempo para mim»; ou «chego sempre tarde a casa e mal estou com a família». Aos que preferem afirmações como estas eu pergunto: Em que coisas se pôs de coração e alma? A que coisas se dedicou verdadeiramente durante o dia? Escolheu bem onde investir o seu quotidiano?
  Quando me refiro à «escala de valores, não tenciono levá-lo para um campo existencial, de grandes perguntas que exigem grandes respostas. Estou a falar de coisas reais e palpáveis, de coisas quotidianas que lhe pertencem e que o afectam. Coisas que verdadeiramente importam e que você e quase todos, sacrificamos repetidamente por outras de relevância irrisória, que obviamente nos deveriam envergonhar.
  E que coisas são essas que verdadeiramente nos importam? Apenas tem de reler o se DECÁLOGO PESSOAL DE PRODUTIVIDADE para as descobrir. Decerto que nessa lista haverá coisas estritamente relacionadas com a sua escala de valores e com os seus gostos pessoais que se vêem afectados quando não age com Perspectiva. Quando as sacrifica por coisas de importância ridícula.
  O primeiro passa para pensar-e-agir com Perspectiva é o de se fazer essa pergunta: isto que vou fazer encaixa e obedece, realmente, à minha escala de valores, gostos e prioridades pessoais?


  Passo 2: OBJECTIVOS PESSOAIS


  . Quem pensa-e-age (repare que tenho a tendência para juntar estes dois verbos que, irremediavelmente, andam de mãos dadas) com Perspectiva tem no seu horizonte mental a conquista e o cumprimento dos seus próprios  objectivos pessoais.

  . A que me refiro eu quando falo de «objectivos»? Um objectivo é algo que queremos alcançar ou conseguir a curto ou médio prazo, por razões pessoais, familiares ou profissionais. É algo que queremos fazer ou ter e que, consequentemente, nos motiva e estimula a trabalhar e a caminhar na sua direcção. É O PORQUÊ DE FAZER AS COISAS.
Um objectivo ou um plano compõe-se de várias fases, implicando diversas actividades e tarefas que vamos realizando ao longo dos dias. Desse modo, as tarefas diárias ou semanais são passos imprescindíveis que temos de dar para nos aproximar-nos dos nossos objectivos.

  Os objectivos funcionam em diferentes níveis, tanto a curto como a médio prazo, tanto nos projectos pequenos como naqueles de maior dimensão, tanto no âmbito pessoal e familiar como no profissional. É evidente que para que, funcionem, há que os ter definido previamente. Esse seria um motivo para outro apontamento, e não vou deter-me neles. O importante é que, uma vez identificados esses objectivos, condicionem no bom sentido da palavra as nossas escolhas e as nossas acções, e passem a fazer parte activa da nossa perspectiva.
  Lembre-se: Pensar e recordar constantemente «eu quero isto» fará com que faça as suas escolhas e se movimente em função delas. Ajudá-lo-á a pensar-e-agir de um modo inteligente e aproximá-lo do que verdadeiramente quer obter ou fazer.
  Evidentemente cada pessoa tem os seus próprios objectivos, tanto a curto como a longo prazo. Ambos os objectivos a (curto e longo prazo) para mim, dão sentido à minha Perspectiva, e graças a eles consigo distinguir o essencial do acessório, e, sobretudo, agir em conformidade. Com esses objectivos, interpreto, avalio e decido.
  Deixe-me dizê-lo de outro modo, para que esta ideia fique ainda mais clara: esses objectivos bem definidos dão-me as razões de peso para dizer «NÃO» a qualquer ninharia, distracção ou até estupidez que se me apresente e tente deitar abaixo a Produtividade. Esses objectivos ajudam-me a apontar e a dirigir as minhas acções na direcção da sua própria finalização.
  Para pensar-e-agir com Perspectiva é também imprescindível que nos pergunte-mos: Isto que vou fazer obedece realmente aos meus objectivos para hoje? Ajuda-me a aproximar-me ao conjunto dos meus objectivos pessoais e profissionais? É mesmo isto que eu quero?


  Passo 3: IMPACTO NAS SUAS METAS


  Este novo degrau que o animo a subir para agir com Perspectiva, está estritamente relacionado com o passo anterior e, por isso, é imprescindível explicá-lo de imediato.
  Todos temos - ou deveríamos ter um «plano director» na nossa vida. chame-o plano de vida, folha de percurso para os próximos anos... o que for. Esse plano deve conter os grandes objectivos que queremos cumprir nos próximos anos. Não estou a falar de nos propormos a alcançar sonhos impossíveis nem fantasias irreais, obviamente, mas sim metas que queremos atingir ou coisas que queremos ser nos próximos meses ou anos. Coisas que sabemos que podemos fazer, ainda que impliquem esforço, trabalho, decisões, sacrifícios, etc.

  Não são projectos a curto prazo ou a médio prazo, mas planos a mais longo prazo, que têm um papel chave dentro do meu mapa de vida, como gosto de dizer. Tenho-os bem identificados e tento lembrar-me deles todos os dias, para me motivar, claro, mas também que ajudem a pensar-e-agir com perspectiva. Faço tudo o que posso para que essas metas me ajudem a escolher entre aquilo que, sim, vai ter impacto a longo prazo e aquilo que não vai ter.
  Porquê separar essas metas dos objectivos pessoais? Porque visam realizar-nos como pessoas e como profissionais, porque nos trazem algo que é único. Estas metas inspiram-nos, agitam-nos e seduzem-nos mais. São coisas que, ao serem resgatadas da sua memória, o empurram, o «iluminam», se me permite a expressão. Ajudam-no a escolher e a agir apenas sobre aquilo que é verdadeiramente importante. Quando as recorda e as põe à sua frente, tudo o resto parece secundário e, às vezes ridículo.
  Eu posso ter alguns objectivos muito importantes  a curto prazo e a médio prazo, tanto a nível pessoal como profissional, mas as metas que aí estão para ficar, as que constituem o meu mapa de vida, puxam mais por mim para me ajudar a deitar fora o supérfluo que constantemente me tenta roubar a atenção. Sem que soe muito pedante, diria que se completar esses planos completa-se a si próprio. Decerto que tem agora algumas metas na cabeça. É até possível que as tenha incluído no seu Decálogo Pessoal de Produtividade. Utilize-as todos os dias, não só para inspirá-lo de um modo contínuo mas também para interpretar as coisas criteriosamente e escolher adequadamente. Para pensar-e-agir com Perspectiva também é imprescindível que nos perguntemos: Isto que vou fazer, terá, realmente, um impacto directo e  benéfico nos meus grandes objectivos e nas metas do meu plano de vida?


  Passo 4: DEIXAR MARCA


   Eu acredito que não estamos neste mundo para passarmos despercebidos. Acredito firmemente que cada um de nós tem algo que o torna ÚNICO. Muitos conseguem identificá-lo e desenvolvê-lo ao longo de toda a vida, outros encontram-no a meio do caminho e outros no final dos seus dias. Outros, infelizmente, nunca o encontram ou nem sequer se aborrecem a procurá-lo ou explorá-lo.
  Também creio que as escolhas e acções que realizamos todos os dias, todas as horas do dia, marcam definitivamente esse processo. Decidem se vamos passar despercebidos até para nós próprios, ou se, pelo contrário, vão fazer com que nos revelemos como pessoas ÚNICAS. Agir de forma inconsciente, irreflectida ou precipitada, ou guiados por caprichos, por instintos primários, distantes desse Perspectiva tão necessária para agir inteligentemente a nossa vida, também nos faz fracassar no desafio de deixar marca em tudo o que fazemos.
  Quem pensa-e-age com Perspectiva é alguém que também procura fazer a diferença. Naturalmente, não para se destacar dos outros por vaidade ou ambição doentia, mas porque quer que o seu trabalho, as suas acções os seus dias, as suas horas, sejam um marco, que valham a pena para si e para os outros. Que tudo aquilo que faz não passe despercebido.
  O valioso tempo que perde a bisbilhotar no Facebook ou a cavaquear sem assunto com os seus companheiros de escritório em vez de terminar a sua importante tarefa, vai realmente fazer a diferença? Vai fazer com que sinta melhor consigo mesmo e se sinta mais completo como pessoa e como profissional? Vai fazer com que o recordem dos seus actos ou pelo contrario será você mesmo o primeiro a esquecê-lo?
  Fazer algo e fazê-lo bem, ou melhor, fazê-lo muito bem, de forma excepcional, requintada e procurando a excelência, é uma recompensa de valor indescritível. A auto-estima e a satisfação pessoal, alimentos indispensáveis na vida, saem reforçados depois de termos feito algo muito bem. Temos de parar para contemplar essa acção feita de forma excepcional e admirarmo-nos com ela. Temos de nos dizer a nós próprios que conseguimos, que ainda que tenha implicado esforço e trabalho, a nossa contribuição foi determinante, valeu a pena, contou.
  Para pensar-e-agir com Perspectiva, também é imprescindível que nos perguntemos: Isto que vou fazer ajudará realmente a fazer a diferença? Vai permitir-me deixar uma marca no meu trabalho e na minha vida?


  Passo 5: CRESCIMENTO PESSOAL


  Tudo o que fazemos, todos os textos que lemos, todas as conversas que mantemos, têm um impacto silencioso dentro de nós. Estamos sempre a absorver e a assimilar ideias, conceitos, informação, etc. Estamos a aprender e a alimentar o nosso EU. Esse alimento mental faz parte essencial indispensável do nosso crescimento enquanto profissionais e pessoas.
  Há mais, naturalmente: as circunstâncias, as emoções, as recordações.,etc. Tudo isso contribui para que sejamos mais e melhores, ou o oposto. As pessoas que aspiram a constantemente melhorar no campo profissional e na construção de uma sólida personalidade procuram esforçadamente apenas aquelas coisas que contribuem verdadeiramente para o seu crescimento. Ao restante, dão menos atenção, afastam para o lado ou ignoram.
  Para pensar com um critério definido, para obter essa acção reflectida que a expectativa nos proporciona e escolher sabiamente entre o importante e o trivial, é fundamental ter presente essa busca de conhecimento pessoal.
  Quando chegar o momento de distinguir, de concluir se isto que tenho à minha frente vale ou não, terá de se perguntar:

  . Isto que vou fazer vai enriquecer-me como profissional e como pessoa?

  . Vai, realmente, contribuir em alguma coisa para a construção de um EU mais robusto e duradouro?

  . Vendo, lendo ou fazendo isto, vou converter-me, verdadeiramente, numa pessoa melhor?

 Na minha experiência pessoal, comprovei a importância capital deste quinto passo para desenvolver a Perspectiva.Todos têm igual importância, claro, mas tenho de admitir que, no meu caso particular este ponto teve um papel decisivo. Se há uma lição que este Desvio me ensinou é de que a maior parte das coisas que me rodeavam, longe de ajudar à minha formação, de me enriquecer ou de  me ajudar a aperfeiçoar-me, contribuía para travar ou impedir o meu crescimento pessoal e profissional.
  Alguns livros, revistas, páginas da Internet, programas de televisão, redes sociais, alguns passatempos, hábitos nos meus tempos livres... ao pô-las na balança da Perspectiva, a maior parte caiu com espantosa facilidade.Tudo aquilo tinha muito pouco para me oferecer. Não ajudava a cultivar nem a minha mente nem o meu espírito, antes pelo contrário
  Como anteriormente observei, não acredito que nenhum de nós esteja aqui para passar despercebido. E para não passarmos despercebidos, acredito que não temos de abafar nem querer ser mais que o outro, mas sim fazer algo útil e aproveitar o que já temos e o que já somos hoje. Temos de dar o nosso contributo para crescermos. Nisso, a aprendizagem, a formação a maturidade e o desenvolvimento pessoal desempenham um papel determinante.  Mas, para conseguir tudo isso, é necessário procurar e escolher deliberadamente aquilo que verdadeiramente nos estimule e encoraje. Temos de escolher entre o que nos enriquece e o que não nos enriquece. E é assim que, em última análise, se desenvolve a Perspectiva.
  Acredite; actualmente é-me muito mais fácil distinguir com clareza e afirmar «isto é importante» e «isto é uma estupidez». Não no papel, evidentemente, mas no dia-a-dia, na hora que escolher e de agir no terreno.
 Lembre-se: «eu quero fazer para construir», «ler para me enriquecer», «escutar para pensar», «ver para aprender», «viver para crescer«, proporciona-me esse momento de reflexão e o critério necessário para fazer as minhas escolhas e concentrar-me no que importa.


  Resumo do apontamento


  1.  A Perspectiva proporciona-nos uma reflexão sobre a acção, dá-nos argumentos para distinguir e escolher entre o essencial e o acessório. Isso consegue-se pensando e fazendo a nossa escolha antes de agir.

 2. Os valores pessoais têm um papel fundamental para pensar-e-agir com Perspectiva. Isto que vou fazer, encaixa e obedece realmente à minha escala de valores e gostos pessoais?

  3. A curto e a médio prazo, no âmbito profissional e no âmbito pessoal, tenho de fazer escolhas em função dos meus objectivos já definidos. Isto que vou fazer, vai aproximar-me realmente dos meus objectivos para hoje, para esta semana ou mês?

  4. Um mapa de vida ou plano director identifica as metas que queremos atingir a longo prazo. Além de nos inspirar e estimular, essas metas ajudam-nos a fazer distinções. Isto que vou fazer, vai realmente ter impacto directo e benéfico no meu plano de vida?

  5. Fazer a diferença nalgumas coisas faz com que melhoremos a nossa vida, retiramos mais de nós e aumentamos a nossa auto-estima. Isto que vou fazer , vai realmente permitir que eu deixe a marca no meu trabalho e na minha vida?

  6. A procura de conhecimento e o enriquecimento pessoal dar-lhe-ão razões para diferenciar o importante do irrelevante. Aja em função disso e não se atraiçoe a si próprio. Isto que vou fazer vai ajudar-me realmente a crescer e a formar-me como profissional e como pessoa?

                                                                                                             /...  continua



  Jorge Neves






 






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