LIDERANÇA PESSOAL - MELHORAR PASSO-A-PASSO A SUA PRODUTIVIDADE

  No apontamento anterior sobre este tema aqui no meu blog, referi que Desvios são a forma que temos de modificar ou mesmo acabar com aqueles maus hábitos que nos fazem ser improdutivos.


  Como aplicar os Desvios


  Tão ou mais importante que os próprios Desvios em si é o modo como os aplica e pratica.

  Cada Desvio, passo-a-passo


  O querer «mudar à maluca» os seus comportamentos improdutivos, através de bravatas é uma tara própria do espírito humano, que terá de evitar a todo o custo. «Vais ver, vou fazer isto, não vou fazer aquilo, vou mudar isto... Ninguém me ganha em força de vontade» Já ouviu estas frases ou as pronunciou. Não foi?
  É imprescindível que no início ponha em prática uma só mudança de cada vez.


  Proponha-se a mudanças pequenas


  É muito fácil comprometemo-nos a  mudar mas muito difícil levar a cabo essa mudança de forma efectiva. Muitas vezes falha-mos. Esse naufrágio no momento de atingir uma mudança real deve-se, em grande parte a propormo-nos  mudanças muito grandes e drásticas que nos custam imenso a pôr em prática. Ninguém duvida da intenção e da motivação originais, mas a execução não é inteligente nem efectiva. Cada novo passo de cada Desvio dar-lhe-á respostas para desenvolver um novo fundamento produtivo, mas é essencial que se proponha dar esses passos através de pequenas e simples mudanças quotidianas... eu diria mesmo micro mudanças. Concentrarmo-nos em pequenos objectivos e pequenos desafios e caminhar até eles com passos simples, é um dos segredos para ir percorrendo o caminho na direcção da produtividade.
  Lembre-se: Todos estamos preparados para mudar mas não para o fazer de qualquer maneira. Estabeleça desafios pequenos e acessíveis e siga na sua direcção com passos pequenos ou até, minúsculos.


  Proponha-se a mudanças concretas


  Ser impreciso ou divagar no momento em que se estabelecem esses desafios é outras das principais razões que propiciam o fracasso em qualquer mudança pessoal. Pronunciar, ao levantar-se, uma frase como «hoje vou ser verdadeiramente produtivo», tem o mesmo valor real que o de afirmar «vou emagrecer dez quilos num mês, penso ir ao ginásio todos os dias». Sem um plano de acção bem demarcado com objectivos bem identificados e delineados não estamos a dar uma única oportunidade à possibilidade real de mudança.
  É essencial que esses desafios simples, esses passos que se propuser dar todos os dias sejam realmente concretos, tangíveis e reais. Terá de ser muito preciso especificar e formular nitidamente o que pretende conseguir hoje. Deve ser algo mensurável e palpável que no final do dia lhe permite dizer: «consegui isto, melhorei isto...» superei este desafio que me tinha proposto.


  Proponha mudanças que o motivem


  Um dos dos aspectos que mais funcionam na Produtividade é o lado passional e emocional. Contrariamente ao que muitas pessoas pensam, as pessoas produtivas não são «de pedra», sem sentimentos. É precisamente o contrário, põem a inteligência no que fazem e o coração em como o fazem.
  Um aspecto muito importante que você terá de considerar ao desenvolver estas mudanças será o de estabelecer desafios que verdadeiramente lhe apeteçam, estimulem e até entusiasmem. Que puxem por si « de dentro», como gosto de dizer. Isso foi algo que, pessoalmente, me custou a descobrir quando comecei a minha própria revolução pessoal. Algum tempo depois, descobri como fazê-lo: o segredo está em ligar esse desafios com alguns dos nossos objectivos pessoais, os que figuram no nosso Decálogo.
  Se conseguirmos ver o nosso modo de relacionar essas mudanças, esses mini desafios, com a conquista das nossas metas, quereremos fazê-las encantar-nos e até nos emocionaremos. E se, à primeira vista, o desafio não nos sugere nada, há que analisá-lo e vasculhá-lo, certos de que esconde algum estímulo ou um ponto de ligação com os nossos definitivos e mais queridos objectivos pessoais.


  Repita a mudança todos os dias


  Outro dos ingredientes indispensáveis no desenvolvimento  dos Desvios é a constância e a prática diárias. O facto de se propor pequenos desafios e conquistas concretas que lhe apeteça conseguir, aplanará muito terreno mas não chega. É necessário que pratique todos os dias e, além disso, em numerosos momentos do dia.  Essa regularidade, a repetição de pequenos gestos produtivos em busca de algo, muito concreto e acessível, é o que fará com que, pouco a pouco, possa dobrar a sua natureza e os maus hábitos.
  IMPORTANTE! Tudo aquilo que não se exercita, perde-se e a constância e a regularidade são fundamentais se procura encher as suas mochilas produtivas com estes novos hábitos.


  Meça as mudanças e os avanços


  Além de estabelecer passos pequeno e concretos, é muito importante que vá fazendo o registo dessas mudanças. Não serve de nada planear e propor-se um objectivo, dar pequenos passos na sua direcção, fazê-lo de forma regular, se depois não para nem por um instante para medir, pesar e avaliar essas mudanças.
  É muito importante que vá fazendo uma espécie de «contabilidade dos seus avanços». Incentivo-o a escrever e a reunir, diariamente, num bloco ou numa agenda, esses objectivos, os avanços, as dificuldades, os passos a dar, as suas conquistas. Não é uma medida excessiva, acredite: o que está em jogo é, nem mais nem menos do que o desenvolvimento da sua personalidade produtiva e a melhoria definitiva da sua Gestão Pessoal. É um pequeno esforço que vale a pena.


  Pratique sem censurar


  Reescrever-se a partir a partir do zero e reprogramar o seu «cérebro produtivo» é uma tarefa complexa, árdua e que requer tempo. Falhará, torpecerá e, provavelmente, o seu instinto exteriorizará na forma de censura. Não faça isso, evite-o a todo o custo! Errar e meter a pata na poça é uma parte inevitável, e até necessária, do caminho que começa agora. Reconheça o erro, procure e encontre a sua causa e proponha uma solução; mas não pare, nem por um instante, para se torturar e castigar pela escorregadela. A única maneira de melhorar é treinar e continuar a treinar, quer se acerte quer se tropece.


  Encha-se de paciência


  É indispensável que se encha se paciência porque haverá momentos de dúvida e desespero. E haverá dias em que dirá: «continuo a cometer os mesmos erros, isto não serve para nada.» Calma, ninguém disse que seria fácil e umas pessoas têm mais dificuldades do que outras. Na verdade, estamos a reinventar e a moldar um novo comportamento produtivo e isso requer tempo. Não se podem encurtar prazos para uma coisa tão importante.


  Encha-se de determinação


  É indispensável que se encha de determinação. Eu diria, até de obstinação e teimosia. Pode e vai fazê-lo. A sua persistência alimentar-se-á da sua ânsia de mudança, da convicção de que muitas pessoas conseguiram fazê-lo, dos benefícios que se escondem por trás da Produtividade e em todo o seu Decálogo, os verdadeiros objectivos que quer atingir com a mudança.
  Continue a caminhar e, sobretudo, não se afaste dos desvios e das recomendações que lhe deixo para os praticar. Ainda que, aparentemente, até possa parecer o contrário, dia a dia estará um passo mais à frente.


  Encha-se de motivação


  É indispensável que se encha de confiança, de aprumo, de fé em si mesmo, e que a sua motivação se alimente constantemente de todos os benefícios que o bem estar produtivo proporciona. Nos momentos da dúvida, fraqueza e desmotivação, recorde, visualize, e saboreie todos e cada um dos benefícios da Produtividade. Recorra também ao seu Decálogo, volte a lê-lo com calma e recarregue a sua motivação com tudo aquilo que o seu coração quer atingir. Isso reactivará o seu nível de compromisso e redobrará a sua vontade para continuar em frente.


  Saboreie os seus êxitos e conquistas

  O caminho para a prosperidade produtiva é longo sinuoso e cheio de dificuldades. Quando eu me decidi a iniciá-lo, tive de evitar numerosos obstáculos; e houve dificuldades no trajecto perante as quais senti que a subida era impossível. Mas, pouco apouco, fui avançando e melhorando. E para isso contribuiu muito o facto de parar e desfrutar de cada um dos pequenos desafios e sucessos que diariamente  conquistava.
  Incentivo-o a fazer o mesmo. Alegre-se, goze e celebre à medida que for dobrando os maus hábitos e for desfrutando desse «êxtase produtivo» que tanto lhe custou a alcançar. Tem o direito a até a obrigação de se recriar e de se alimentar desses momentos de êxito.

                                                                                                               ../ continua


  Jorge Neves

LIDERANÇA PESSOAL - COMO SER PRODUTIVO "OS DESVIOS"

  A motivação impele-nos a começar e o hábito permite-nos continuar.

                                                                                              Jim Ryun

  Praticamente desde o início destes meus apontamentos sobre Produtividade, que me tenho referido aos DESVIOS  como parte essencial do caminho para essa harmonia produtiva que você procura. Chamo Desvios, ás mudanças  no comportamento, dos hábitos rotineiros, do marasmo pessoal, que tem de fazer, para melhorar a sua Gestão Pessoal e tornar-se de facto mais produtivo.
  Fui falando ao de leve de alguns deles, sugerindo mais do que apresentando, e é a partir daqui que os vou descobrir e conhecer em profundidade.  O que são, como funcionam, para que servem e, naturalmente quais são. Todo isso com um único objectivo: introduzi-los e desenvolvê-los activamente na sua realidade quotidiana, para conseguir, assim, alcançar uma Gestão Pessoal plena.
   Neste e em próximos apontamentos aqui no meu blog, descobrirá que cada um dos SETE DESVIOS (Pró-Actividade; Perspectiva; Simplicidade; Focalização; Método; Auto-controlo; Avaliação) funciona como um poderoso mecanismo de persuasão e acção que permite reprogramar o seu comportamento e os seus «biorritmos produtivos»... ». De igual modo, perceberá os efeitos benéficos que podem ter no seu trabalho e na sua vida e, como contraponto, aos maus hábitos a que podem fazer frente e como os eliminam. Um a um, os diferentes Desvios irão tecendo em si a infra-estrutura mental necessária para enfrentar, compreender e gerir a sua vida sob o ponto de vista da Produtividade. 
    Também falarei em pormenor desses maus hábitos que nos subjugam, os comportamentos improdutivos que nos dominam, e comprovaremos como cada novo Desvio os corrige ou silencia através da acção. Sublinho a palavra «acção» porque, ainda que os Desvios tenham uma origem reflexiva, todos e cada um deles o levarão a escolher, a agir e a fazer coisas.

  O QUE SÃO OS DESVIOS

  Um desvio é uma mudança de itinerário, uma mudança de direcção, como quando o barco vira, o comboio troca de linha ou o avião toma outro corredor aéreo. Melhor do que ninguém, você tem consciência de que a bússola e o rumo actual que escolheu estão a conduzi-lo por um caminho incerto e que é necessário uma mudança. Cada Desvio ajudá-lo-á a modificar a sua conduta através de um conjunto de princípios que se transformarão em hábitos graças à rotina e à repetição constante.
 Os Desvios reprogramarão a sua conduta através do que  eu chamo de «acção reflexiva», ou seja, estabelecerão os critérios e a base mental necessária para que se possa tomar decisões num ambiente de produtividade. Essas decisões abrirão caminho, irremediavelmente, a uma acção que estará sempre orientada para os seus objectivos. Desse modo, os Desvios proporcionar-lhe-ão os mecanismos necessários de dissuasão para fazer as escolhas e agir de acordo com os seus objectivos.
  Pouco a pouco, os desvios irão moldando o seu novo comportamento ao mesmo tempo que lhe darão alento e o ajudarão a enfrentar uma série de maus hábitos que o acompanham há anos. Alguns deles desenvolvem-se durante a infância, outros na adolescência, outros no começo da vida profissional... e, sem lugar para dúvidas muitos deles chegaram com a entrada no mundo digital.
  Ao mesmo tempo que for desenvolvendo esses sólidos e poderosos hábitos produtivos, irá detectando, reduzindo e anulando esses outros mais costumes próprios do estado de insatisfação produtiva de onde partiu.
  Certamente que isto é mais fácil de dizer do que fazer, dado que esses maus hábitos estão profundamente enraizados no nosso modo de ser e agem por puro instinto natural, por comodismo ou por egoísmo. Estão sempre presentes mas mal nos apercebemos deles em cada instante. Agem de um modo contraproducente mas raramente os reconhecemos abertamente. No que reparamos, isso sim, e muito, é nos seus devastadores efeitos: distracções e perdas de tempo, indecisão para assumir maiores responsabilidades, inibição no momento de nos concentramos, dificuldade em encontrar inspiração, problemas em separar o que é importante do que é supérfluo, insegurança no momento de iniciar novos projectos, entre muitos outros.  
  Tenho de lhe confessar que a expressão « mau hábito» me parece algo branda e pouco taxativa. A meu ver não permite transmitir  as dimensões e a profundidade de uma problemática verdadeiramente séria. E é imprescindível que tome consciência dela se, verdadeiramente quiser ser produtivo. Esses maus hábitos travam os seus sentidos criativos, bloqueiam o seu potencial interno e impedem que se desenvolva Profissional e Pessoalmente. É por culpa deles que não consegue dar o melhor de si.
  Pois bem, os maus hábitos não só o impedem de desfrutar dos benefícios intrínsecos da Produtividade, como ainda, dia a dia, o afastam do seu Decálogo, dos seus próprios e mais queridos objectivos pessoais. Na realidade, esses costumes são obstáculos nas nossa vidas, que silenciam o nosso verdadeiro potencial e, do ponto de vista do desenvolvimento pessoal, fazem com que sejamos menos do que aquilo que poderíamos ser. Os Desvios são precisamente o contraponto desses maus hábitos.


  COMO FUNCIONAM OS DESVIOS


  Os Desvios são princípios e ideias que promovem mudanças e reajustes no seu comportamento. Com eles, poderá formular pensamentos, tomar posições, fazer escolhas e agir conduzido por esse bem-estar produtivo que se propôs alcançar. Tudo isso se resume naquilo que denominamos de «hábito», e é a repetição diária e permanente de uma série de rotinas produtivas que estimulam o florescimento e o desenvolvimento desses novos hábitos.
  A repetição por exemplo, é uma das bases da publicidade. Nunca se perguntou porque é que se repetem tanto anúncios na rádio e na televisão? Porque é que os novos produtos lançados nos aparecem «até na sopa» Porque é que os mesmos anúncios surgem em quase todas as paragens de metro e autocarros? A reiteração, a redundância e o contacto habitual com a mesma mensagem estimula a proximidade a familiaridade e a naturalidade. Uma coisa que se repete acaba por romper a resistência a qualquer novidade e faz com que nos acostumemos a ela. 
  Pois bem, para desenvolver esses hábitos utilizaremos um mecanismo semelhante ao da publicidade. Repare na seguinte sequência:

      DESVIO - ROTINA - REPETIÇÃO - HÁBITO - ESPONTANEIDADE

  O fim último destes novos hábitos é o de fazer com que você aja sempre de forma produtiva e, além disso, que o faça de um modo espontâneo. Tem de conseguir que esses gestos e hábitos «lhe saiam de dentro», com um esforço natural.
  Dito assim , parece fácil. Mas não é. De modo algum pretendo enganá-lo e tenho de ser totalmente honesto. Tenha muito presente o seguinte: custar-lhe-á muito por em prática cada Desvio, sobretudo no início. Em primeiro lugar porque, seguramente, os seus sentidos e mecanismos produtivos encontram-se atrofiados. E, em segundo lugar, porque a sua natureza e muitos dos seus instintos colidirão de frente com a maior parte destes princípios.
  Falhará, duvidará, desmotivar-se-á, perguntar-se-á se vale a pena e terá a tentação de desistir. Mas a busca desses benefícios, dos seus ansiados objectivos pessoais e, em resumo, desse desejado equilíbrio produtivo, também o  estimulará a perseverar. Comprovará que aquilo que começa a pôr em prática, timidamente começará a dar os seus frutos. Pela primeira vez se verá no comando da sua Gestão Pessoal, começará a sentir as agradáveis carícias dos benefícios da Produtividade e a sua mente pedir-lhe-á mais.
  A mente humana é tremendamente sensível aos estímulos, tanto negativos como positivos, «uns podem os outros», auto-alimentam-se, auto-reforçam-se. Assim que começar a receber sensações e estímulos positivos, você quererá mais. E é esse um dos mecanismos que os Desvios utilizam para facilitar o desenvolvimento. Você próprio desencadeará a repetição de novos gestos e rotinas.  Pouco a pouco, irá pôr em prática os bons hábitos com menor esforço e derrotará os maus «com menor resistência e maior espontaneidade. Ainda que, repito, com dificuldades e  tropeções. 
  Os Desvios funcionam também como um remédio contra o mal. Se tiver sede a água consegue saciá-la; se fizer uma ferida, o desinfectante limpa-a; e se o sono o domina, um descanso reparador conseguirá aliviá-lo. Para curar o mal primeiro é preciso sofrer dele, mas também é preciso tomar consciência dele, conhecê-lo e, além disso, chegar à conclusão de que realmente, nos está a condicionar e a limitar. Que não nos deixa fazer o nosso melhor.
  Além disso, todos os Desvios estão interligados, alimentam-se e reforçam-se entre si. À medida que for pondo em prática um deles, ser-lhe-á fácil promover novos comportamentos; e esse esforço sem deixar de ser considerável - não quero enganá-lo - , irá adquirindo naturalidade.

                                                                                                         .../ continua


  Jorge Neves 

  

LIDERANÇA PESSOAL - SER PRODUTIVO PORQUÊ?

  A profunda mudança que você está prestes a experimentar exigirá, um importante - ainda que gradual - esforço da sua parte. Para algumas pessoas, o esforço para percorrer este caminho será maior, consoante o carácter e a maneira de ser, o estado produtivo actual e o tipo de trabalho que desempenham. Mas, independentemente desses três factores, antes de dar os passos na direcção do bem-estar produtivo, é preciso responder de um modo reflectido e exaustivo às seguintes perguntas: Por que  é que preciso de ser produtivo? Porque é que preciso de melhorar a minha Gestão Pessoal? Se por acaso leu o meu primeiro apontamento sobre este tema, expus o que entendia por Produtividade. E disse que no meu modo de a entender, é sinónimo de CRIATIVIDADE, RELAXAMENTO, CRESCIMENTO, SATISFAÇÃO e CAPACIDADE.

  Benefícios Vitais

    Ao dispor estas cinco palavras-benefícios, peço-lhe que pense nelas durante uns segundos. Visualize-as assim lento-as da esquerda para a direita e de cima para baixo, parando alguns instantes em cada uma delas para compreender o que na verdade significam. Não tenha pressa, leve o seu tempo, trate de «saborear» a fundo o que cada uma lhe sugere.

   Estas cinco palavras, mostradas de propósito sem uma ordem especial, são os benefícios directos claros e concretos, com que a Produtividade contribui para a vida de uma pessoa. Lembre-se não são coisas, nem conceitos. São benefícios reais e a recompensa que o espera por trás do que tenho vindo a chamar de equilíbrio ou bem-estar produtivo.

  CRIATIVIDADE  RELAXAMENTO  CRESCIMENTO  SATISFAÇÃO  CAPACIDADE

    Vou demorar-me em cada um destes benefícios para os analisar em pormenor porque é fundamental compreendê-los a fundo. É uma evidência, mas para conseguir alguma coisa o primeiro passo é conhecê-la, depois enamorarmo-nos dela e mais tarde ficarmos apaixonados por ela.

  CRIATIVIDADE

    «Estou a passar por um mau período criativo. As ideias não me saem.»

  « Não sei o que se passa comigo. Antes costumava ter ideias e agora só me saem banalidades.»

  « Quando tenho de me concentrar no que é importante já estou esgotado e custa-me ter boas ideias.» 

  A criatividade é, sem dúvida, um dos maiores tesouros, e incomparável, que uma pessoa tem. Há quem lhe dê o nome de imaginação, engenho ou inspiração. Eu prefiro denominá-la de Criatividade. Porque , para mim, a palavra Criar é mais sugestiva, mais sedutora.

  A Criatividade estimula-nos, impele-nos, incita-nos, inspira-nos a iniciar novos projectos, a ter novas ideias, propõe soluções para todo o tipo de problemas e, ao mesmo tempo, responde às grandes encruzilhadas que se nos deparam na vida. A Criatividade é inimiga do aborrecimento, da monotonia, da enfadonha rotina que nos oprime. É sinónimo de avançar, de ascender, de evoluir, sem dúvida melhorar, de experimentar e conquistar. A Criatividade responde às perguntas buscando respostas insólitas.

  O primeiro passo  para chegar a uma mente criativa passa inevitavelmente por libertá-la de tudo o que é supérfluo, irrelevante, insignificante. Para criar, inventar, imaginar, há que apagar da nossa esfera de pensamento tudo o que não é realmente importante, para nos concertarmos no que é determinante.

  Uma pessoa que faz uma boa auto-gestão é uma pessoa que apenas ocupa a sua mente com o que é verdadeiramente relevante, capaz de distribuir os seus recursos internos para os conduzir na direcção do que interessa e do que adiciona alguma coisa. Investe os seus pensamentos e activos pessoais naquilo que verdadeiramente pode influenciar, naquilo que pode fazer a diferença.

  Permita-me uma pergunta rápida: Quanto tempo dedica por dia a pensar em coisas insignificantes? Certamente não consegue responder a esta pergunta. Ninguém consegue. Ninguém é capaz de quantificar todos os recursos internos, tempo e inspiração que nos são roubados pelas muitas trivialidades que nos rodeiam e que acabam por invadir os nossos pensamentos. E isso acontece porque não paramos para avaliar se aquilo que estamos a debater no nosso eu interno realmente vale a pena. É mesmo assim tão importante? Merece cinco minutos de toda a nossa atenção? Tem valor suficiente para lhe roubar esses minutos de pensamento? Acredita que tomar essa decisão vai fazer a diferença?

  As pessoas produtivas que fazem uma boa auto-gestão filtram o bombardeamento diário das ninharias, afastam-nas e expulsam-nas ou, em último caso, pensam nelas  mas na medida justa, dedicando-lhes menos intensidade e minutos. O equilíbrio mental positivo, as prioridades bem definidas, a elaborada intuição, o pronunciado carácter pró-activo, a eficiente organização das tarefas, IMPEDEM que essas pessoas dediquem mais tempo a tais minudências. 

  Esgotamos aquilo a que eu chamo de «eu quotidiana»com verdadeiras banalidades. Esse eu quotidiano são os recursos internos , a quantidade limitada e extremamente valiosa de energia, criatividade, talento e atenção que todos nós podemos dar por dia. Pois bem, a maioria tende a esquecer isso com preocupante ligeireza e não se dá conta de que essa 'gasolina diária» se vai consumindo de forma irremediável em insignificâncias que nos deveriam envergonhar. Uma pessoa que procura uma boa Gestão Pessoal nunca deve permitir que o seu quotidiano vá «desfalecendo», pouco a pouco, por dar atenção a trivialidades e disparates.

  Ao mesmo tempo, o nosso sistema pessoal - é ineficaz - para gerir tarefas faz com que tenhamos de obrigar a a nossa mente a recordar as coisas «para não nos escapar». Esprememos o cérebro tentando recordar o que era aquilo tão importante que tínhamos de fazer, programamos alarmes no telemóvel, pomos notas autocolantes junto do nosso monitor, enviamos correio a nós próprios para nos recordarmos, e até há quem aponte um encontro importante nas costas da mão. 

  Nós sabemos que esses sintomas não valem nada porque, em retrospectiva, requerem que estejamos em cima deles, em vez de estarmos a criar de um modo relaxado. Resumindo, esgotamo-nos mais em gerir mentalmente as tarefas do que a criar ideias inovadoras e originais. Desaproveitamos a nossa capacidade interior em vez de empregar toda a nossa vitalidade e intensidade em como se fazer as coisas e no seu resultado final. 

  Portanto, a Produtividade tem dois benefícios directos determinantes sobre a sua Criatividade.

  - Revela a Criatividade secreta que há em si.

  Todos somos mais criativos e imaginativos do que pensamos. Mas a nossa criatividade encontra-se muitas vezes adormecida, quase silenciada pela incapacidade para nos focarmos no relevante. Por outro lado,  os nossos activos pessoais diários são limitados e finitos, e muito valiosos. Para tirar o melhor deles, é imprescindível que os invistamos com juízo e critério. Assim que o fazemos, as boas ideias parecem fluir com mais naturalidade porque os nossos sentidos concentram-se no que é verdadeiramente importante, naquilo que interessa.

  - Ajuda a superar os bloqueios criativos

  A capacidade de nos concentramos no que é importante faz com que consigamos olhar na direcção adequada, porque os nossos sentidos já estão orientados para o essencial, para o que faz a diferença. Isso faz com que facilitemos a Criatividade e suscitemos o nascimento espontâneo de melhores ideias. Uma pessoa criativa encontrará mais cedo, e com menos esforço, aquela ideia original ou a solução para aquele problema que ameaçava perpetuar-se. Porque a sua mente afasta o ruído e dedica-se  ao principal objectivo para que nasceu... criar. 

  RELAXAMENTO

  «Se não me acalmar ainda acontece alguma coisa.»

  «Ando sempre a correr. Basta dar uma vista de olhos à minha agenda para ficar desanimado.»

  «Este Stress vai sair-me caro. Já começou a influenciar o meu modo de ser, eu não era assim.»

O stress é um dos problemas psicológicos mais difundidos na sociedade moderna e uma das causas-efeitos mais comuns da má Gestão Pessoal.

  Há dois tipos de stress: o pontual e o crónico. Do primeiro todos sofremos nalgum momento da nossa vida: quando temos de terminar uma tarefa urgente ou completar um projecto antes do prazo limite, quando assistimos a uma situação conflituosa ou desagradável ou temos de resolver um problema pessoal ou profissional e sentimos a pressão do momento. É comum dizermos que estamos «preocupados» ou «tensos». Constatamos os seus efeitos em nós próprios e percebemos como nos limitam e condicionam. «São os nervos», justificamos. Esses negativos efeitos emocionais e físicos desaparecem geralmente ao terminar aquele período ou ao resolver-se aquele problema. Quase de imediato, recuperamos o equilíbrio emocional.

  O stress crónico é, obviamente, muito mais grave. Pode apresentar-se de forma recorrente sempre que nos acontece alguma coisa ou, antes, conviver connosco de um modo permanente. A duração e os seus efeitos sobre a mente e o organismo são muito mais graves: perturbações do sono, irritabilidade, desorientação, frustração, insegurança, distracção, esgotamento ou pessimismo, para citar os mais comuns. 

  Na minha perspectiva, é tão mais grave não apenas por causa dos seus efeitos - já por si muito sérios - como também pelo facto de se ter convertido num inseparável companheiro de viagem para centenas de milhares de pessoa, que o aceitam com incompreensível submissão. Crêem que é algo próprio ou inerente ao seu cargo, ao seu trabalho, ao seu ambiente ou à época em que lhes calhou viver... e não fazem nada. E é aí que eu o vejo agir de um modo mais negativo. Além da angustia e da ansiedade com que nos faz viver, condiciona seriamente a nossa capacidade e o nosso desenvolvimento interior. E este pormenor é extremamente importante para aqueles que procuram viver a vida plenamente.

  Uma pessoa com stress devido a causas laborais ou produtivas - aqui não incluo causas psicológicas ou de outro tipo - não goza da liberdade e da estabilidade necessárias para pensar e criar de forma imaginativa. carece do equilíbrio imprescindível para crescer e dar o melhor de si a todos os níveis. Não é capaz de ver para lá da tarefa seguinte na sua agenda e, mesmo antes de a terminar, já está a pensar em como iniciar e terminar a seguinte.

  Além disso, o stress enfraquece a confiança e a auto-estima. inibe a capacidade para assumir novas responsabilidades, a ambição para começar novos projectos e põe em perigo as nossas opções e alternativas de crescimento. «Eu fazer isso? Mas não vez que não dou conta do recado? Nem pensar, procura outro, ainda me acontece alguma se me meter nesse projecto.»

  Há muitas pessoas que ficariam surpreendidas em descobrir que uma boa parte da ansiedade que flutua no ambiente de trabalho não se deve à «tensão do trabalho» mas sim à nossa péssima ou inexistente  Gestão Pessoal. Agimos sem iniciativa, não gerimos de forma inteligente as nossas tarefas, deixamo-nos seduzir pela hiperatividade, somos incapazes de nos concentrar no essencial, carecemos de disciplina e damos importância a tudo o que vai surgindo. 

  São essas algumas das causas principais do stress produtivo.

  CRESCIMENTO

  «Há muito tempo que quase nada me entusiasma. É como se estivesse num beco sem saída.»

  «Tenho uma vida monótona e insípida. Gostava que houvesse uma mudança mas não sei por onde começar.»

  « Acho que, quando me reformar, vou continuar a fazer o mesmo... e com a mesma paixão que u  caracol.»

  Os Desvios que vamos fazer em conjunto, ao seguir este, e outros apontamentos que se seguirão sobre este mesmo tema, permitir-lhe-ão assumir novas responsabilidades, dizer que sim a novas apostas profissionais e encarar novos desafios. Naturalmente, não porque você vá trabalhar mais horas, mas porque, com uma boa e aprofundada gestão, vai começar a tomar partido do talento, da força interior e dos activos pessoais que já possui. Com os Desvios, sentir-se-á mais confiante e estará disposto a abraçar novos empreendimentos e projectos que até ontem lhe pareciam destinados a outros. 

  Quando se é verdadeiramente produtivo consegue-se retirar mais do eu quotidiano. A poderosa Criatividade permite-nos desempenhar melhor o nosso trabalho, as ideias parecem fluir com maior naturalidade, com menos esforço. Além disso, são melhores e mais abundantes e permitem-nos atacar os projectos e todas as novas tarefas com um Relaxamento inédito. Nós próprios vemos que a s peças começam a encaixar e o desorganizado quebra-cabeças que até há pouco era a nossa vida começa a ordenar-se, e ter um sentido. Dia a dia vamos sentindo o nosso próprio crescimento. Antes não nos imaginávamos a tomar as rédeas desse projecto tão suculento e prometedor que de vez em quando sobrevoava o nosso escritório. Também não nos víamos a recuperar um antigo passatempo ou a experimentar uma nova actividade de distracção nos tempos livres. 

  Assim que os Desvios o converterem numa pessoa produtiva e organizada, mais equilibrada, saberá como enfrentar as tarefas desse projecto e terá tempo para experimentar coisas novas que o enriquecem. Concentrar-se-á no que é importante, engendrará ideias, será capaz de se organizar sem ansiedade, e o Crescimento que for sentindo dia após dia enchê-lo-á de confiança. Será altura de falar com o seu supervisor e dizer-lhe «gostaria de liderar aquele projecto» ou de propor à sua família «fazerem aquela viagem que andou a adiar há tanto tempo.» 

  O Crescimento que tem origem na Produtividade insuflar-lhe-á capacidade de decisão, auto-estima, segurança e um aprumo que até ontem era, por assim dizer, insólito em si.«Eu próprio não me reconheço» já me disseram muitas pessoas que conseguiram experimentar esse Crescimento. E, com efeito, assim é. Essa evolução interior e exterior - é formidável e uma das melhores sensações que experimentará na sua vida. Você a verá e sentirá, notará a grande diferença entre o antes e o depois.Terá uma consciência total da sua melhoria. E digo isto com tanta certeza porque essa acolhedora sensação foi um dos primeiros benefícios da Produtividade que melhor sabor me deixou na boca.

  Esta agradabilíssima sensação é uma daquelas a que me refiro quando se está sempre a dizer que a Produtividade lhe oferece benefícios directos e imediatos. Assim que tirar a tampa a essa panela, sentirá esses benefícios agindo sobre si. E o Crescimento que experimentar, e que você constatará a quase todas as horas do dia, fá-lo-á caminhar com maior determinação e confiança.

  O Crescimento tem, além disso, outro «benefício colateral» que pessoalmente valorizo muito, dada a importância que teve na minha própria vida: o de fomentar a mudança de outros costumes, rotinas e hábitos vitais inadequados.

   É  maravilhoso contemplar como funciona a mente humana. Responde tão rápida e positivamente aos estímulos benéficos que « fá-lo-á querer mais», animá-lo-á a desenvolver outras mudanças e a modificar outros pormenores da sua vida que sabia também não estarem a funcionar bem. 

SATISFAÇÃO

  «Hoje estou mesmo inspirado. Consegui fazer em duas horas o trabalho de toda a manhã.»

  «Hoje sim, a tarde rendeu. Quem me dera que todos os dias fossem assim.  Fiz mais do que no resto da semana.»

  Não é verdade que você já disse, mais do que uma vez, estas frases ou frases parecidas? Todos absolutamente todos, já vivemos algum momento em que nos vimos em acção, fazendo e terminando as coisas antes, mais relaxados, com mais naturalidade e mais talento. Tente reviver agora esse momento, precisamente quando pensou ou disse uma frase parecida. É muito possível que tenha algum exemplo bastante recente. Já se lembrou? Deixe-me fazer-lhe uma pergunta rápida: como se sentia quando disse essa frase? Satisfeito não? Nesse instante de euforia produtiva decerto se sentia bem consigo próprio. Sentia, saboreava com todas as letras, a satisfação pessoal e profissional.

  Um dos benefícios directos mais repetidos que experimentamos quando somos produtivos é a Satisfação e o reconhecimento pessoal. Quando consegue completar uma ou várias tarefas e além disso, realiza-as em menos tempo do que o previsto, conciliando ao mesmo tempo uma grande Criatividade e um absoluto Relaxamento, sente-se bem consigo mesmo, percebe que vale mais, que é mais, que pode mais. Sente-se mais realizado a todos os níveis, pessoal e profissionalmente. Experimenta a sensação - convicção - de que não só podia fazer como está a fazer e o fez.

  Especialmente em casos de baixa auto-estima, vítimas de um fatalismo produtivo devido a tentativas e erros passados,  isto é determinante. Pessoas habituadas a não criar, a não liderar, a nunca dar o primeiro passo, a que «nada lhes dê certo», vêem que são capazes, sim, e sentem um reconfortante aumento da sua confiança. Essa Satisfação sentida pela primeira vez tem um valor incalculável e nunca será esquecido.

  A Produtividade deu origem a uma força que levou essas pessoas a fazer coisas, a conseguí-las, apesar de elas mesmas, durante muito tempo não terem cessado de se repetir que nunca conseguiriam. Estão gratamente perplexas porque conseguiram completar um projecto e, além disso, fizeram-no de forma brilhante, com Criatividade e com Relaxamento. Experimentaram um notável Crescimento e sentem a Satisfação dentro delas. É uma extraordinária sensação, quase inédita, uma sensação mágica que as faz correr mais.

  Pois agora, durante alguns segundos, imagine - visualize - que se sente assim todos os dias durante o ano durante o resto da sua vida. Esse é outro dos grandes benefícios que a Produtividade lhe oferece.

  CAPACIDADE

  «Não sei o que se passa comigo, mas ultimamente as horas do dia não chegam.»

  «Eu sou um caso à parte, tinham de se inventar dias de vinte e cinco horas para mim.»

  «Descanso pouco e mal. Chego tarde a casa e não tenho tempo nem vontade para desfrutar da minha família.»

  Quando aplicamos os Desvios e desenvolvemos alguns hábitos robustos e produtivos, somos capazes de «retirar mais horas do dia». Ainda que possa parecê-lo, isso não é uma quimera, de modo nenhum. Conseguimo-lo concentrando-nos no essencial, rejeitando o irrelevante, anulando as perdas de tempo, escolhendo o foco da nossa atenção, seguindo um plano de acção para atacar e terminar com inteligência as tarefas diárias. 

  Quando sabemos fazer uma boa auto-gestão, as prioridades modificam-se, e o que é importante substitui o que é urgente, eliminamos as distracções, pomos todo o nosso eu no que importa e desterramos ou , simplesmente, eliminamos o resto. Tudo isto junte permite fazer as tarefas com menor esforço e maior fluidez. As obrigações parecem mais fáceis do que antes e é menos comum chegar a impasses. Percebemos que os dias passam com mais naturalidade e, fazemos melhor as coisas e em menos tempo. Tiramos mais de nós e do nosso quotidiano.

  Isso traduz-se - num benefício imediato e material - no dia-adia de que beneficiamos nós e os que nos rodeiam: dispomos de mais tempo. Realmente, vemos os dias a «esticarem» e que temos mais horas, para fazer outras coisas que nos satisfazem, como brincar com os filhos, passear, praticar um desporto, envolver-nos num novo passatempo, descansar em condições, etc.

  Na minha vida profissional (na altura), por ter desenvolvido estes hábitos, consegui «esticar» os meus dias e desfrutar mais mais e melhor dos meus tempos livres. Assim, consegui tirar tempo para o meu paseio diário, para fazer algum exercício, para fazer algumas compras e pôr a leitura em dia.

  E nem é preciso dizer que, para conseguir isto, não tive de sacrificar a qualidade do meu trabalho por ter de fazer as coisas depressa. Antes pelo contrário.

  O meu trabalho ficou mais pausado e relaxado e, mais criativo e original.

EM RESUMO:

  1. A razão para querermos ser produtivos ou mais produtivos só se deve  a querermos melhorar a nossa vida com uma série de benefícios directos e reais de que desfrutemos todos os dias.

  2. A Produtividade ajuda-nos a superar os bloqueios criativos e a ter novas e melhores ideias, como nunca antes. Quando temos uma boa auto-gestão conseguimos desprender a parte mais criativa, e possivelmente escondida, do nosso EU interno.

  3. A produtividade permite organizar e estabelecer  prioridades adequadamente, eliminando o stress e a tensão com que é possível viver. Podemos completar tarefas e projectos de forma mais relaxada, sem a desagradável sensação de ir a todo o lado «a mil à hora».

  4. A Produtividade funciona como uma ferramenta potenciadora da auto-estima e, além disso, ajuda a desenvolver outros costumes fundamentais e benéficos para a nossa vida.

  5. A Produtividade permite-nos fazer tarefas com menos esforço, de forma mais criativa e sem stress. Sentimo-nos bem, sentimos que valemos mais, que somos mais.

  6. A Produtividade permite-nos »alargar os dias» e dispor de mais tempo para fazer mais coisas, praticar o nosso passatempo dedicar-nos à família, etc. 

  Os tempos livres e a vida pessoal são os grandes beneficiados.

                                                                                                                        /CONTINUA

  Jorge Neves  

LIDERANÇA PESSOAL - PRODUTIVIDADE E ORGANIZAÇÃO PESSOAL

             «Com os sonhos inspiras-te, com as metas guias-te e com os objectivos fazes»


  Vivemos num mundo extremamente exigente e dinâmico onde realizamos numerosas e diferentes actividades. Temos ao nossa alcance múltiplas ferramentas e meios com infinitas possibilidades, mas a verdade é que, cada vez mais, nos vamos dando conta de que a nossa vida e o nosso trabalho são menos produtivos.
  Erradamente, muitos acreditam que a falta de Produtividade e a má Organização Pessoal são problemas causados pelo nosso trabalho, pelo ambiente que nos rodeia ou pela tecnologia que utilizamos, e não pelos maus hábitos e comportamentos que habitam no nosso interior. Com a experiência, o estudo, as inquietações, as descobertas, as tentativas e os erros por que passei, quero transmitir-lhe algumas soluções para desenvolver um espírito sólido e duradouro.
  Na altura uma boa parte da minha carreira foi condicionada e dificultada pelos doentes hábitos improdutivos que nos dominam e que funcionam como um verdadeiro tampão do nosso espírito criativo e produtivo. A verdade é que grande parte da sociedade sofre dele. Centenas de pessoas ou talvez milhares partilham comigo essa desoladora realidade que vivem diariamente e para a qual não parece haver solução.

  A Produtividade modifica a sua vida.

  Qualquer homem pode ser, se a tal se propuser, escultor do seu próprio cérebro.
  Ainda que a maioria das pessoas concorde em reconhecer a importância que, actualmente, a Produtividade tem nas nossas vidas, são menos as que optam por a perseguir, adoptando as medidas e os hábitos necessários para a atingir. O ritmo frenético da sociedade em que nos calhou viver, as diferentes e inúmeras actividades que temos de enfrentar, os níveis de exigência a que estamos submetidos no trabalho, os estímulos e as distracções que a Internet nos trouxe, e, acima de tudo, a nossa péssima ou inexistente Gestão Pessoal, levam a que vivamos com a desagradável sensação de andar sempre com a «língua de fora».
  Cada vez há mais tarefas para gerir, mais projectos para atacar, « dedicamos mais horas»ao escritório, temos de cumprir com os nossos compromissos sociais, andamos com mais stress, mal conseguimos arranjar tempos livres, temos de organizar as tarefas domésticas, as distracções atacam-nos continuamente e desgastamo-nos mais. Apesar de tudo, a eficácia e a qualidade da nossa vida não melhora e não damos o melhor de nós mesmos. A gestão pessoal é um verdadeiro desafio e hoje em dia é muito habitual pensar que «as vinte e quatro horas do dia não chegam» e que, na realidade, «precisávamos de um dia com trinta horas».
  Erradamente, atribuímos culpas disto tudo ao ritmo que os outros nos exigem, à nossa apertada agenda  diária, ao ambiente que nos rodeia ou em que nos calhou viver, às imposições do nosso trabalho e ao modo como gerimos o nosso tempo quando as causas da nossa improdutividade estão, na realidade, dentro de nós. O principal motivo da nossa ruína produtiva encontra-se na má gestão de nós próprios. Carecemos de Organização Pessoal.

  Assim que descobrir o verdadeiro potencial da Produtividade, quando constatar os surpreendentes benefícios reais que ela vai transmitir à sua vida diária, formula-se a seguinte pergunta: «Como foi possível eu ter vivido e trabalhado tantos anos sem isto?» É uma sensação agridoce. Por um lado sentimos que alguém nos quer tirar uma venda dos olhos para nos mostrar um tesouro de valor incalculável; e, por outro, não paramos de fazer esta pergunta com laivos de lamento: «Como foi possível ter vivido tantos anos sem isto?»
  Quando modificamos o nosso comportamento e atingimos um estado de bem-estar produtivo, isto é, quando eliminamos certos maus hábitos da nossa vida diária e os substituímos por outros novos benefícios, perguntamo-nos porque não se ensina isto nas escolas, nas universidades... até no nosso próprio ambiente familiar. 
  Desde cedo, educadores e familiares investem milhares de horas a inculcar-nos valores e uma educação muito rica e privilegiada. Mas neste complexo puzzle que se vai completando ao longo dos anos falta uma peça essencial, uma peça-chave sem a qual as outras coisas simplesmente não funcionam: não nos ensinam a fazer a gestão de nós próprios.
  Agir com iniciativa e determinação, organizar-nos de forma inteligente e anulando o stresse, concentrar-nos no que é verdadeiramente importante e eliminando o irrelevante, executar e fazer com pequenos passos mas firmes realizar com êxito a torrente de tarefas diárias, eliminar as distracções e perdas de tempo ou limpar o caminho de modo a criar ideias originais, são virtudes que deveriam ser promovidas desde a infância. Porque de nada serve ao melhor profissional do mundo uma extensa formação e os mais avançados meios ao seu alcance, se a sua vida laboral e pessoal se traduz, no dia-a-dia  num caos organizativo com níveis de Produtividade que rocem o inadmissível.
  É como se, durante anos, investíssemos milhares de horas a fabricar um Ferrari novinho em folha,com a sua dianteira aerodinâmica, a sua carroçaria estilizada, a sua versátil suspensão... e na hora de escolher as rodas, que são as que vão permitir que o carro «contacte com a realidade», nos contentássemos com um modelo vulgar, mais próprio de um utilitário económico do que o fabuloso automóvel da firma italiana.  
  Isso que nos falta e de que realmente precisamos com urgência, é precisamente o que faz com que todo o resto funcione. E chama-se Produtividade. 

  O QUE É A «PRODUTIVIDADE»?

  A Produtividade é a capacidade para aplicar um conjunto de hábitos positivos que nos permitem retirar o melhor da nossa vida e de nós próprios. Esses hábitos desenvolvem-se a partir de uma série de princípios e permitem-nos gerir melhor vários aspectos da nossa vida: o trabalho, a família,os tempos livres, a vida pessoal, etc. Abraçados a esses fundamentos, podemos controlar todas as facetas e actividades da nossa vida e orientá-las, em qualquer altura, na direcção dos nossos próprios objectivos pessoais. 
  Em termos de Gestão Pessoal, quando me refiro a Produtividade não estou a aludir à capacidade para «produzir mais» mas à capacidade para tirar o melhor de nós próprios.
  Muitas pessoas consideram, creio que por simples desconhecimento, que os esforços para melhorar a Produtividade Pessoal visam um único fim: fazer mais em menos tempo, obter mais proveito de quem trabalha, «espremer o trabalhador» já cheguei a ouvir isso algumas vezes. Essa perspectiva é própria do sector económico-empresarial, mas a perspectiva no âmbito da Gestão-Pessoal tem muito pouco a ver com isso. A Produtividade com maiúsculas visa melhorar os aspectos da nossa vida.
  Se, do fundo do coração, valorizou a vida e tudo que a rodeia: a família, os amigos, e os colegas, o seu perfil pessoal, o conhecimento, a experiência, os projectos no trabalho, a aprendizagem e o seu crescimento, os tempos livres e entretenimento, o descanso... todo o seu eu, então tem de abraçar a Produtividade com todas as suas forças.
  No meu caso e no de muitas pessoas com as quais tive a oportunidade de conversar sobre este assunto, descobri que, sendo mais produtivo, realizo melhor o meu trabalho, tenho melhores ideias, obtenho melhores resultados e tenho uma vida melhor. E, naturalmente, isso não se deve a ter aumentado as horas de «produção» de forma indiscriminada.
  Durante o tempo que dedico ao trabalho, faço a minha gestão de um modo inteligente, vivo cada minuto e cada momento, estou mais relaxado e equilibrado, sou capaz de produzir ideias mais inovadoras, proponho soluções criativas para problemas que emperrados, reajo com prontidão a desafios inesperados e estou preparado para assumir sem sufocos tanto os projectos como as tarefas que surgem todos os dias, isto para dar apenas alguns exemplos.

  Assim como a vejo e, sobretudo, como a entendo, Produtividade é sinónimo de CRIATIVIDADE, RELAXAMENTO, CRESCIMENTO, SATISFAÇÃO e CAPACIDADE

  É possível que neste preciso momento, e depois de ler a frase anterior, você esteja a franzir o sobrolho. A muitas pessoas isto soa a estranho, simplesmente não conseguem entender, porque para quase todas a produtividade sugere tudo menos estas cinco palavras. Devo confessar que eu costumava ser uma dessas pessoas. 
  Nesse sentido durante alguns anos vivi na mais absurda ruína produtiva. Foi depois, quando compreendi e desenvolvi todos e cada um dos princípios da Produtividade, e sobretudo quando entendi os verdadeiros benefícios com que ela me recompensava, que me entreguei com apaixonada devoção à sua propagação.

  QUEM QUER SER PRODUTIVO?

  Qualquer pessoa independentemente da idade, actividade ou cargo que desempenhe, pode beneficiar da Produtividade e de uma melhor Gestão Pessoal. Donas de casa, estudantes, dirigentes, comerciantes, assistentes sociais, funcionários, médicos, secretários, advogados, arquitectos, etc. O que nos une a todos é a nossa ânsia de melhorar o modo como fazemos as coisas, para, desse modo, vivermos melhores.
  É sempre arriscado generalizar e criar estereótipos, mas no caso concreto da Produtividade sinto-me mais confiante para definir o perfil destas pessoas, especialmente depois de ter conhecido e estudado uma infinidade de casos reais incluindo o meu próprio.
  Se voçê se está a debruçar sobre este apontamento, encontrar-se-á de certeza entre os dois tipos principais de pessoas que demonstram interesse em melhorar a Gestão Pessoal: Os «Casos perdidos» e os que «nunca chegam a levantar voo»

  O Caso Perdido

  Conheci o Rodrigo através do meu trabalho aí pelo ano de 2005. Contactou comigo e depois de várias trocas de mensagens electrónicas, decidimos reunir-nos para falarmos melhor do nosso caso. Naquele tempo, Rodrigo trabalhava como responsável de vendas numa empresa concessionária da Unilever em Portugal e, quando nos conhecemos, estava completamente desiludido com o seu rendimento diário. As horas do dia não lhe chegavam, tinha muita dificuldade em terminar as tarefas as horas e os projectos pesavam-lhe  toneladas e aumentavam-lhe o stress. Estava muito descontente com a sua gestão pessoal e depois de ter experimentado, sem sucesso, vários métodos, era vítima de um fatalismo produtivo que o fazia ver com cepticismo qualquer possibilidade de melhoria.
  - Sou um completo desastre, um desorganizado total. Mas a verdade é que sou assim desde pequeno - disse-me, encolhendo os ombros - E o pior é que já experimentei quase tudo. Utilizei uma agenda convencional de papel, um PDA, último modelo, tenho notas autocolantes em todo o lado, listas de tarefas, no meu computador instalei uma aplicação de gestão pessoal... mas, além de gastar um dinheirão não me serviu de nada. Acho que sou um caso perdido.
  - No seu E-Mail mencionava que também tem muita dificuldade em se concentrar- disse eu.
- Sim. Distráio-me com muita facilidade e, além  disso, com qualquer coisa sem importância. Ponho-me a olhar para qualquer página da Internet e, quando me apercebo, já passou uma hora sem fazer o que tinha a fazer. É como já disse sou um caso perdido. E como não bastasse, quando finalmente começo a trabalhar tenho imensas dificuldades de concentração. No escritório, há muito ruído e distracções; e em casa, com as crianças, é melhor nem falar. Sei que não o deveria fazer no escritório, mas ponho-me a olhar para as notícias do dia ou abro o meu messenger e perco-me.
  - Tem consciência de que tudo isso se pode corrigir? Já muitas pessoas sofreram disso e conseguiram dar a volta à situação disse eu, inflamando deliberadamente o tom das minhas palavras.
 - Isso, para mim, parece-me missão impossível.
 - A sério, Neves, acho que não consigo mudar.

  A que nunca chega a levantar voo

  Marta, além de grande amiga, é uma óptima profissional que trabalha no departamento de vendas de uma operadora de telemóveis.
  Conheço-a à muito tempo por ser mulher de um grande amigo  e durante um jantar entre nós os três numa noite fria de inverno expôs-me o seu caso.
  - Antes, eu era bastante desorganizada, caótica na verdade. Durante anos fui suportando a minha limitação o melhor que pude, mas cheguei a um ponto em que se começou a converter num verdadeiro problema. No meu trabalho actual, promoveram-me a supervisora, o que implicou que eu começasse a gerir uma equipa de trinta pessoas. Eu, que na altura nem era capaz de gerir o meu próprio tempo! Chegava atrasada a todo o lado, escapavam-me montes de pormenores e o caos da minha organização começava a influenciar negativamente no meu rendimento. Tinha de acabar com aquilo fosse como fosse.
  - Na altura, disseste-me que tudo começou a mudar porque leste alguns livros sobre Produtividade - disse eu - Conta-me como foi:
  - Pois. Um amigo meu recomendou-me um livro com um método revolucionário  de organização. Comprei-o e li-o do princípio ao fim. Achei-o útil e muito prático, depois dei-me conta de que me podia ajudar muito. Comecei a interessar-me mais pelo tema e comecei a ler outros livros e vários blogues e páginas na Internet acerca da Produtividade. O que é certo é que me ajudaram e melhorei bastante, tenho de reconhecer. Se tivesse de o quantificar é possível que a minha Produtividade tinha aumentado uns 15% a 20%.
  - Maaaaas... - interrompi eu com um tom divertido e intuindo o que se seguia.
  - Mas para ser sincera, não mudei verdadeiramente. Não noto uma melhoria  tão grande como me prometiam. Li testemunhos de pessoas que asseguravam que este método era uma completa revolução e, embora tenha melhorado não vejo essa revolução em nenhum lado. Não sei o que estou a fazer de mal, o que está a falhar no meu sistema, mas nunca cheguei a levantar voo.
  Veja-se ou não reflectido no caso de Rodrigo ou no de Marta, o que é certo é que tanto faz. À Produtividade pode-se chegar por necessidade ou por curiosidade ou por qualquer outro motivo. Realmente, as razões não importam e, claro, não afectam em nada o resultado final. O que conta é a vontade de querer iniciar a mudança, começar, continuar, e, finalmente, completar o caminho.

  Princípios Simples

  A chave para esta profunda e revolucionária mudança reside num conjunto de princípios e o paradoxal destes poderosos princípios é que, na sua essência, são tremendamente simples, muito básicos, quase primários.
  A grande maioria deles assentam no senso comum e, além disso, já existem, ao nosso lado, ou melhor dito, dentro de nós. Quase todos eles vêm incluídos «de origem» em cada ser humano, nascemos com eles. O problema está em que foram silenciados, quase anulados, precisamente pelos maus hábitos, relegados para o mais cruel ostracismo que pode haver, o esquecimento . Mas existem, dentro de si, acredite em mim. Apenas estão à espera que repare neles e os reactive. Assim que o faça, acredite também, desencadearão um conjunto de explosões benéficas.
  A Gestão Pessoal plena constrói-se de baixo, pouco a pouco, esculpindo esses simples mas poderosos princípios com suavidade e carinho, com gestos firmes e determinados. A verdadeira produtividade é serena, age de forma pausada, nas pequenas coisas, não chama a atenção nem se oculta por trás de grandes esforços ou bravatas. A essência desse grande Desvio, dessa grande Mudança, que se apresta a efectuar, baseia-se em pequenas mudanças no seu comportamento produtivo, de forma gradual, controlada e consciente.
  Além disso, por em prática estes Desvios de forma paulatina e sem mudanças drásticas ou dramáticas vai permitir-lhe desfrutar progressiva e diariamente dos muitos benefícios que a Produtividade traz consigo.

  Tenho duas notícias para si

  Do anteriormente exposto, tenho uma notícia boa e outra má para lhe dar. Primeiro vou dar-lhe a «boa» notícia...

  O facto de estar a ler este apontamento é já o primeiro passo para fazer esse Desvio na direcção da Produtividade e de uma melhor Gestão Pessoal. A estrutura destes apontamentos sobre PRODUTIVIDADE E GESTÃO PESSOAL, nos seus conteúdos  pretendo transmitir-lhe as chaves e as soluções efectivas com as quais pode mudar de uma forma definitiva e substancial.
  Ao longo da minha experiência adquirida no terreno da Produtividade, estudei autores e peritos, li livros, analisei muitos artigos, pus métodos em prática, enganei-me, aprendi, experimentei numerosos sistemas, desenvolvi outros hábitos, também troquei experiências com dezenas de pessoas com diferentes perfis profissionais e pessoais... para desenvolver uma reflexão sobre os passos a dar de modo a conseguir experimentar essa mudança real na vida.
  São apontamentos de reflexão e de análise eminentemente práticos, de acção. Encontrará muitas respostas criativas e muitas das perguntas que você e, eu fazemos diariamente Esta é a boa notícia. Bem, e agora vem a «má» notícia...

  Só você pode tornar a mudança efectiva

  Sou eu quem lhe vai dar a chave mas é você, e só você, que pode e deve abrir a porta e atravessá-la. Vou explicar-lhe o que é a chave, o que faz, como funciona, que portas abre, o que há por trás de cada porta e, finalmente, vou entregar-lhe a chave na palma da mão. Mas é você quem terá no fim de pôr em prática esses princípios e desenvolver novos hábitos.
  Nestes apontamentos vou tentar dar-lhe as respostas a muitas das perguntas,  as soluções  para escolher inteligentemente, os critérios para decidir selectivamente e os motivos de inspiração para se movimentar na direcção correcta. Mas, no final, é você e apenas você que poderá construir, mudar, modificar e desenvolver o seu novo EU.

  Deixe-me falar-lhe do meu exemplo pessoal para ilustrar o estado de falência e absoluto desespero produtivo do qual se é possível sair. E afirmo-o do modo mais expressivo possível porque eu consegui.

  Há alguns anos (ainda na actividade profissional), eu era muito parecido com o Rodrigo; um completo desastre, um caso perdido. A sua sintomatologia aplicava-se ao meu caso ponto por ponto e podia juntar-lhe, inclusivamente, mais alguns bastante mais lamentáveis e angustiantes. O panorama - a minha vida - era francamente desolador. Uma ruína produtiva quase total. Eis como se iniciavam todos os dias:
  O aborrecido do meu despertador recorda-me mais uma vez  que esta noite dormi mal e descansei pouco. Depois de um rápido e incompleto pequeno-almoço nas salas formatadas daqueles hotéis pertencentes a cadeias internacionais, olho para o relógio e disparo para o escritório do meu departamento de vendas, onde chego de mau humor e certamente pouco motivado. Entretanto, quando lá chego subo as escadas  e, a caminho da minha sala, duas pessoas da minha equipa cortam-me o passo para me informar de uma série de problemas que surgiram.
  - Neves, temos um problema com um cliente importante "Sogenave". Dizem que afinal não podem ao meio-dia.  Falas tu com eles?
  - Outra coisa - diz-me a outra pessoa, sem me dar tempo de reagir - , temos de ir antes de quinta-feira à Makro e não chegaram as condições comerciais que a direcção de vendas ficou de enviar. Que é que fazemos? Escreves-lhes um e-mail?
  «Mal chego, cai-me tudo em cima», penso para mim, vítima do derrotismo que há meses me acompanha em todos os passos que dou».
  Finalmente, consigo entrar na minha sala, penduro o casaco, ligo o computador e começo pelo correio electrónico. Cai-me o coração aos pés: cinquenta e tal e-mails desde as dez da noite de ontem. Como é possível?
  Assim que os começo a ler e a responder, um chefe da minha equipa irrompe pela sala para me por a par de um conflito entre datas de férias de verão. Tento explicar-lhe que aquele não é o melhor momento, que estou ocupado e que abordaremos o assunto na reunião a meio da manhã. 
  Reúno forças para voltar ao meu correio electrónico quando por messenger, sou assaltado por colaboradores de várias concessões... E todos com dúvidas e problemas que têm de ser resolvidos imediatamente...«Neves, quando é que vamos ao cliente x, Neves, ainda não recebemos o material POS». Depois de alguns suspiros de desespero, decido não responder a nenhum deles e vou lá baixo buscar um café. Há uma pequena fila. Na maioria são colaboradores de outros departamentos, com quem gosto sempre de conversar. Levo as coisas com calma e falo de um modo relaxado com todos. Os minutos passam, os problemas continuam à espera, as tarefas continuam por fazer.
  De regresso à minha sala encontro no Messenger avisos a piscar de quatro ou cinco conversas - problemas - que continuam abertos. O meu stress a disparar. Vejo pelo canto do olho o meu programa, de correio electrónico a comunicar-me que, enquanto preparava o café, chegaram três novas mensagens  de correio electrónico. A pilha de mensagens  por responder continua a crescer.
  Uma dessas mensagens de correio electrónico é de um amigo da escola que me envia uma apresentação jocosa. Decido abri-la. Ao fim e ao cabo sempre pode alegrar-me o dia. Depois de ver o video, e depois de algumas gargalhadas, consigo dissipar por momentos a ansiedade que já me estava a dominar. Quando encerro a mensagem jocosa, os colaboradores  de várias concessões continuam a aguardar a minha resposta e as mensagens de correio electrónico continuam por abrir.
  Nesse momento, a recepcionista passa-me uma chamada.
  - Neves estão a telefonar da Eurest a pedirem que confirme a reunião para esta semana.
  - Puff! - suspiro novamente - tinha-me esquecido completamente. Diz-lhes que estou em reunião, que lhes telefono no final da manhã.
  - Dizem que tem de ser agora. Têm de agendar já o dia da reunião.
  - Está bem, então diz-lhes que marcamos para amanhã às 10 horas.
    Volto a fixar a vista no monitor, ponho as mãos sobre o teclado e, completamente decidido, a «limpar chatices». vou respondendo aos colegas das concessões o melhor que posso, e vou despachando sofrivelmente todas as mensagens de correio electrónico que me esperavam na caixa de entrada. Precisei de uma hora e meia para algo que deveria ter-me levado 15 minutos.
  - Neves, fazemos agora a reunião? - perguntaram-me dois colegas da equipa. 
  - Sim, daqui a cinco minutos - digo eu com uma expressão resignada fixando os olhos num ponto indeterminado da parede.
  Passados quinze minutos (e não os cinco que tinha prometido), desço à sala de reuniões. Vou de cabeça baixa, espírito apagado e com a inspiração e a motivação de rastos. Cai-me tudo em cima e eu não aguento com tudo.
  E ainda vamos a meio da manhã!
  Estas são apenas pinceladas do terrível quadro em que se tinha convertido a minha vida laboral. Naquele tempo eu era uma pessoa muito desorganizada e terá reparado que sobrevivia num permanente estado de ansiedade e stress. A minha Produtividade era muito baixa, nula nalguns dias, e portanto, também o eram o meu Relaxamento, o meu Crescimento, a minha Satisfação e a minha Capacidade. E isso apesar de desfrutar de um razoável salário, de gozar de uma posição interessante na empresa e do ambiente de amigos e familiares que me rodeava. Simplesmente, eu-não-via-a-minha-vida.

   «E como conseguiste mudar, Neves?» perguntam-me frequentemente. A resposta está subjacente a esses princípios e hábitos produtivos que, irei desenvolver em PRÓXIMOS APONTAMENTOS DO MEU BLOGUE, e a que chamo DESVIOS.  
  Além disso, vou fazê-lo de tal modo que penetrem verdadeiramente em si. Por isso, acredito, de facto com toda a certeza, que você esteja na situação em que estiver, por muito que se considere perdido, ou ainda que nunca tenha chegado a levantar voo, pode mudar, pode melhorar, e pode vir a ser alguém produtivo, e eficaz. Sim, você pode fazer uma melhor gestão de si próprio.

  RESUMO

  1.Os maus hábitos diários com que tudo nos pareça mais difícil. Não nos chegam as horas do dia, temos dificuldade em concentra-nos e em pôr os projectos em marcha e a nossa vida pessoal começa a ressentir-se. Vivemos com mais ansiedade e não damos o nosso melhor.

  2. Ser mais produtivo não equivale, de modo nenhum, a produzir mais. Mas, sim, a organizar-nos com mais inteligência, a investir as nossas energias e criatividade no que é verdadeiramente importante, a rejeitar o superfluo e irrelevante e a obter uma série de benefícios essenciais.

  3. Independentemente do tipo de pessoa que seja ou do trabalho que desempenhe, de ser muito organizado ou razoavelmente organizado, você ao ler estes apontamentos provocará em si uma profunda mudança. Acarretará um verdadeiro desvio de 180º na sua Gestão Pesoal.

  4. Vou procurar pôr em prática uma série de simples mas poderosos princípios que, na prática, vão actuar como potentes «esteróides mentais». Com eles poderá forjar novos hábitos e reactivar a sua Produtividade até limites que ainda nem consegue imaginar.

  5. E todas estas mudanças vão ocorrer de um modo pausado, gradual e controlado, num processo que lhe permitirá começar a desfrutar dos seus benefícios a pouco e pouco.

                                                                                                   ...continua


  Jorge Neves