quarta-feira, 8 de junho de 2016

LIDERANÇA PESSOAL - PRODUTIVIDADE E ORGANIZAÇÃO PESSOAL






             «Com os sonhos inspiras-te, com as metas guias-te e com os objectivos fazes»


  Vivemos num mundo extremamente exigente e dinâmico onde realizamos numerosas e diferentes actividades. Temos ao nossa alcance múltiplas ferramentas e meios com infinitas possibilidades, mas a verdade é que, cada vez mais, nos vamos dando conta de que a nossa vida e o nosso trabalho são menos produtivos.
  Erradamente, muitos acreditam que a falta de Produtividade e a má Organização Pessoal são problemas causados pelo nosso trabalho, pelo ambiente que nos rodeia ou pela tecnologia que utilizamos, e não pelos maus hábitos e comportamentos que habitam no nosso interior. Com a experiência, o estudo, as inquietações, as descobertas, as tentativas e os erros por que passei, quero transmitir-lhe algumas soluções para desenvolver um espírito sólido e duradouro.
  Na altura uma boa parte da minha carreira foi condicionada e dificultada pelos doentes hábitos improdutivos que nos dominam e que funcionam como um verdadeiro tampão do nosso espírito criativo e produtivo. A verdade é que grande parte da sociedade sofre dele. Centenas de pessoas ou talvez milhares partilham comigo essa desoladora realidade que vivem diariamente e para a qual não parece haver solução.

  A Produtividade modifica a sua vida.

  Qualquer homem pode ser, se a tal se propuser, escultor do seu próprio cérebro.
  Ainda que a maioria das pessoas concorde em reconhecer a importância que, actualmente, a Produtividade tem nas nossas vidas, são menos as que optam por a perseguir, adoptando as medidas e os hábitos necessários para a atingir. O ritmo frenético da sociedade em que nos calhou viver, as diferentes e inúmeras actividades que temos de enfrentar, os níveis de exigência a que estamos submetidos no trabalho, os estímulos e as distracções que a Internet nos trouxe, e, acima de tudo, a nossa péssima ou inexistente Gestão Pessoal, levam a que vivamos com a desagradável sensação de andar sempre com a «língua de fora».
  Cada vez há mais tarefas para gerir, mais projectos para atacar, « dedicamos mais horas»ao escritório, temos de cumprir com os nossos compromissos sociais, andamos com mais stress, mal conseguimos arranjar tempos livres, temos de organizar as tarefas domésticas, as distracções atacam-nos continuamente e desgastamo-nos mais. Apesar de tudo, a eficácia e a qualidade da nossa vida não melhora e não damos o melhor de nós mesmos. A gestão pessoal é um verdadeiro desafio e hoje em dia é muito habitual pensar que «as vinte e quatro horas do dia não chegam» e que, na realidade, «precisávamos de um dia com trinta horas».
  Erradamente, atribuímos culpas disto tudo ao ritmo que os outros nos exigem, à nossa apertada agenda  diária, ao ambiente que nos rodeia ou em que nos calhou viver, às imposições do nosso trabalho e ao modo como gerimos o nosso tempo quando as causas da nossa improdutividade estão, na realidade, dentro de nós. O principal motivo da nossa ruína produtiva encontra-se na má gestão de nós próprios. Carecemos de Organização Pessoal.

  Assim que descobrir o verdadeiro potencial da Produtividade, quando constatar os surpreendentes benefícios reais que ela vai transmitir à sua vida diária, formula-se a seguinte pergunta: «Como foi possível eu ter vivido e trabalhado tantos anos sem isto?» É uma sensação agridoce. Por um lado sentimos que alguém nos quer tirar uma venda dos olhos para nos mostrar um tesouro de valor incalculável; e, por outro, não paramos de fazer esta pergunta com laivos de lamento: «Como foi possível ter vivido tantos anos sem isto?»
  Quando modificamos o nosso comportamento e atingimos um estado de bem-estar produtivo, isto é, quando eliminamos certos maus hábitos da nossa vida diária e os substituímos por outros novos benefícios, perguntamo-nos porque não se ensina isto nas escolas, nas universidades... até no nosso próprio ambiente familiar. 
  Desde cedo, educadores e familiares investem milhares de horas a inculcar-nos valores e uma educação muito rica e privilegiada. Mas neste complexo puzzle que se vai completando ao longo dos anos falta uma peça essencial, uma peça-chave sem a qual as outras coisas simplesmente não funcionam: não nos ensinam a fazer a gestão de nós próprios.
  Agir com iniciativa e determinação, organizar-nos de forma inteligente e anulando o stresse, concentrar-nos no que é verdadeiramente importante e eliminando o irrelevante, executar e fazer com pequenos passos mas firmes realizar com êxito a torrente de tarefas diárias, eliminar as distracções e perdas de tempo ou limpar o caminho de modo a criar ideias originais, são virtudes que deveriam ser promovidas desde a infância. Porque de nada serve ao melhor profissional do mundo uma extensa formação e os mais avançados meios ao seu alcance, se a sua vida laboral e pessoal se traduz, no dia-a-dia  num caos organizativo com níveis de Produtividade que rocem o inadmissível.
  É como se, durante anos, investíssemos milhares de horas a fabricar um Ferrari novinho em folha,com a sua dianteira aerodinâmica, a sua carroçaria estilizada, a sua versátil suspensão... e na hora de escolher as rodas, que são as que vão permitir que o carro «contacte com a realidade», nos contentássemos com um modelo vulgar, mais próprio de um utilitário económico do que o fabuloso automóvel da firma italiana.  
  Isso que nos falta e de que realmente precisamos com urgência, é precisamente o que faz com que todo o resto funcione. E chama-se Produtividade. 

  O QUE É A «PRODUTIVIDADE»?

  A Produtividade é a capacidade para aplicar um conjunto de hábitos positivos que nos permitem retirar o melhor da nossa vida e de nós próprios. Esses hábitos desenvolvem-se a partir de uma série de princípios e permitem-nos gerir melhor vários aspectos da nossa vida: o trabalho, a família,os tempos livres, a vida pessoal, etc. Abraçados a esses fundamentos, podemos controlar todas as facetas e actividades da nossa vida e orientá-las, em qualquer altura, na direcção dos nossos próprios objectivos pessoais. 
  Em termos de Gestão Pessoal, quando me refiro a Produtividade não estou a aludir à capacidade para «produzir mais» mas à capacidade para tirar o melhor de nós próprios.
  Muitas pessoas consideram, creio que por simples desconhecimento, que os esforços para melhorar a Produtividade Pessoal visam um único fim: fazer mais em menos tempo, obter mais proveito de quem trabalha, «espremer o trabalhador» já cheguei a ouvir isso algumas vezes. Essa perspectiva é própria do sector económico-empresarial, mas a perspectiva no âmbito da Gestão-Pessoal tem muito pouco a ver com isso. A Produtividade com maiúsculas visa melhorar os aspectos da nossa vida.
  Se, do fundo do coração, valorizou a vida e tudo que a rodeia: a família, os amigos, e os colegas, o seu perfil pessoal, o conhecimento, a experiência, os projectos no trabalho, a aprendizagem e o seu crescimento, os tempos livres e entretenimento, o descanso... todo o seu eu, então tem de abraçar a Produtividade com todas as suas forças.
  No meu caso e no de muitas pessoas com as quais tive a oportunidade de conversar sobre este assunto, descobri que, sendo mais produtivo, realizo melhor o meu trabalho, tenho melhores ideias, obtenho melhores resultados e tenho uma vida melhor. E, naturalmente, isso não se deve a ter aumentado as horas de «produção» de forma indiscriminada.
  Durante o tempo que dedico ao trabalho, faço a minha gestão de um modo inteligente, vivo cada minuto e cada momento, estou mais relaxado e equilibrado, sou capaz de produzir ideias mais inovadoras, proponho soluções criativas para problemas que emperrados, reajo com prontidão a desafios inesperados e estou preparado para assumir sem sufocos tanto os projectos como as tarefas que surgem todos os dias, isto para dar apenas alguns exemplos.

  Assim como a vejo e, sobretudo, como a entendo, Produtividade é sinónimo de CRIATIVIDADE, RELAXAMENTO, CRESCIMENTO, SATISFAÇÃO e CAPACIDADE

  É possível que neste preciso momento, e depois de ler a frase anterior, você esteja a franzir o sobrolho. A muitas pessoas isto soa a estranho, simplesmente não conseguem entender, porque para quase todas a produtividade sugere tudo menos estas cinco palavras. Devo confessar que eu costumava ser uma dessas pessoas. 
  Nesse sentido durante alguns anos vivi na mais absurda ruína produtiva. Foi depois, quando compreendi e desenvolvi todos e cada um dos princípios da Produtividade, e sobretudo quando entendi os verdadeiros benefícios com que ela me recompensava, que me entreguei com apaixonada devoção à sua propagação.

  QUEM QUER SER PRODUTIVO?

  Qualquer pessoa independentemente da idade, actividade ou cargo que desempenhe, pode beneficiar da Produtividade e de uma melhor Gestão Pessoal. Donas de casa, estudantes, dirigentes, comerciantes, assistentes sociais, funcionários, médicos, secretários, advogados, arquitectos, etc. O que nos une a todos é a nossa ânsia de melhorar o modo como fazemos as coisas, para, desse modo, vivermos melhores.
  É sempre arriscado generalizar e criar estereótipos, mas no caso concreto da Produtividade sinto-me mais confiante para definir o perfil destas pessoas, especialmente depois de ter conhecido e estudado uma infinidade de casos reais incluindo o meu próprio.
  Se voçê se está a debruçar sobre este apontamento, encontrar-se-á de certeza entre os dois tipos principais de pessoas que demonstram interesse em melhorar a Gestão Pessoal: Os «Casos perdidos» e os que «nunca chegam a levantar voo»

  O Caso Perdido

  Conheci o Rodrigo através do meu trabalho aí pelo ano de 2005. Contactou comigo e depois de várias trocas de mensagens electrónicas, decidimos reunir-nos para falarmos melhor do nosso caso. Naquele tempo, Rodrigo trabalhava como responsável de vendas numa empresa concessionária da Unilever em Portugal e, quando nos conhecemos, estava completamente desiludido com o seu rendimento diário. As horas do dia não lhe chegavam, tinha muita dificuldade em terminar as tarefas as horas e os projectos pesavam-lhe  toneladas e aumentavam-lhe o stress. Estava muito descontente com a sua gestão pessoal e depois de ter experimentado, sem sucesso, vários métodos, era vítima de um fatalismo produtivo que o fazia ver com cepticismo qualquer possibilidade de melhoria.
  - Sou um completo desastre, um desorganizado total. Mas a verdade é que sou assim desde pequeno - disse-me, encolhendo os ombros - E o pior é que já experimentei quase tudo. Utilizei uma agenda convencional de papel, um PDA, último modelo, tenho notas autocolantes em todo o lado, listas de tarefas, no meu computador instalei uma aplicação de gestão pessoal... mas, além de gastar um dinheirão não me serviu de nada. Acho que sou um caso perdido.
  - No seu E-Mail mencionava que também tem muita dificuldade em se concentrar- disse eu.
- Sim. Distráio-me com muita facilidade e, além  disso, com qualquer coisa sem importância. Ponho-me a olhar para qualquer página da Internet e, quando me apercebo, já passou uma hora sem fazer o que tinha a fazer. É como já disse sou um caso perdido. E como não bastasse, quando finalmente começo a trabalhar tenho imensas dificuldades de concentração. No escritório, há muito ruído e distracções; e em casa, com as crianças, é melhor nem falar. Sei que não o deveria fazer no escritório, mas ponho-me a olhar para as notícias do dia ou abro o meu messenger e perco-me.
  - Tem consciência de que tudo isso se pode corrigir? Já muitas pessoas sofreram disso e conseguiram dar a volta à situação disse eu, inflamando deliberadamente o tom das minhas palavras.
 - Isso, para mim, parece-me missão impossível.
 - A sério, Neves, acho que não consigo mudar.

  A que nunca chega a levantar voo

  Marta, além de grande amiga, é uma óptima profissional que trabalha no departamento de vendas de uma operadora de telemóveis.
  Conheço-a à muito tempo por ser mulher de um grande amigo  e durante um jantar entre nós os três numa noite fria de inverno expôs-me o seu caso.
  - Antes, eu era bastante desorganizada, caótica na verdade. Durante anos fui suportando a minha limitação o melhor que pude, mas cheguei a um ponto em que se começou a converter num verdadeiro problema. No meu trabalho actual, promoveram-me a supervisora, o que implicou que eu começasse a gerir uma equipa de trinta pessoas. Eu, que na altura nem era capaz de gerir o meu próprio tempo! Chegava atrasada a todo o lado, escapavam-me montes de pormenores e o caos da minha organização começava a influenciar negativamente no meu rendimento. Tinha de acabar com aquilo fosse como fosse.
  - Na altura, disseste-me que tudo começou a mudar porque leste alguns livros sobre Produtividade - disse eu - Conta-me como foi:
  - Pois. Um amigo meu recomendou-me um livro com um método revolucionário  de organização. Comprei-o e li-o do princípio ao fim. Achei-o útil e muito prático, depois dei-me conta de que me podia ajudar muito. Comecei a interessar-me mais pelo tema e comecei a ler outros livros e vários blogues e páginas na Internet acerca da Produtividade. O que é certo é que me ajudaram e melhorei bastante, tenho de reconhecer. Se tivesse de o quantificar é possível que a minha Produtividade tinha aumentado uns 15% a 20%.
  - Maaaaas... - interrompi eu com um tom divertido e intuindo o que se seguia.
  - Mas para ser sincera, não mudei verdadeiramente. Não noto uma melhoria  tão grande como me prometiam. Li testemunhos de pessoas que asseguravam que este método era uma completa revolução e, embora tenha melhorado não vejo essa revolução em nenhum lado. Não sei o que estou a fazer de mal, o que está a falhar no meu sistema, mas nunca cheguei a levantar voo.
  Veja-se ou não reflectido no caso de Rodrigo ou no de Marta, o que é certo é que tanto faz. À Produtividade pode-se chegar por necessidade ou por curiosidade ou por qualquer outro motivo. Realmente, as razões não importam e, claro, não afectam em nada o resultado final. O que conta é a vontade de querer iniciar a mudança, começar, continuar, e, finalmente, completar o caminho.

  Princípios Simples

  A chave para esta profunda e revolucionária mudança reside num conjunto de princípios e o paradoxal destes poderosos princípios é que, na sua essência, são tremendamente simples, muito básicos, quase primários.
  A grande maioria deles assentam no senso comum e, além disso, já existem, ao nosso lado, ou melhor dito, dentro de nós. Quase todos eles vêm incluídos «de origem» em cada ser humano, nascemos com eles. O problema está em que foram silenciados, quase anulados, precisamente pelos maus hábitos, relegados para o mais cruel ostracismo que pode haver, o esquecimento . Mas existem, dentro de si, acredite em mim. Apenas estão à espera que repare neles e os reactive. Assim que o faça, acredite também, desencadearão um conjunto de explosões benéficas.
  A Gestão Pessoal plena constrói-se de baixo, pouco a pouco, esculpindo esses simples mas poderosos princípios com suavidade e carinho, com gestos firmes e determinados. A verdadeira produtividade é serena, age de forma pausada, nas pequenas coisas, não chama a atenção nem se oculta por trás de grandes esforços ou bravatas. A essência desse grande Desvio, dessa grande Mudança, que se apresta a efectuar, baseia-se em pequenas mudanças no seu comportamento produtivo, de forma gradual, controlada e consciente.
  Além disso, por em prática estes Desvios de forma paulatina e sem mudanças drásticas ou dramáticas vai permitir-lhe desfrutar progressiva e diariamente dos muitos benefícios que a Produtividade traz consigo.

  Tenho duas notícias para si

  Do anteriormente exposto, tenho uma notícia boa e outra má para lhe dar. Primeiro vou dar-lhe a «boa» notícia...

  O facto de estar a ler este apontamento é já o primeiro passo para fazer esse Desvio na direcção da Produtividade e de uma melhor Gestão Pessoal. A estrutura destes apontamentos sobre PRODUTIVIDADE E GESTÃO PESSOAL, nos seus conteúdos  pretendo transmitir-lhe as chaves e as soluções efectivas com as quais pode mudar de uma forma definitiva e substancial.
  Ao longo da minha experiência adquirida no terreno da Produtividade, estudei autores e peritos, li livros, analisei muitos artigos, pus métodos em prática, enganei-me, aprendi, experimentei numerosos sistemas, desenvolvi outros hábitos, também troquei experiências com dezenas de pessoas com diferentes perfis profissionais e pessoais... para desenvolver uma reflexão sobre os passos a dar de modo a conseguir experimentar essa mudança real na vida.
  São apontamentos de reflexão e de análise eminentemente práticos, de acção. Encontrará muitas respostas criativas e muitas das perguntas que você e, eu fazemos diariamente Esta é a boa notícia. Bem, e agora vem a «má» notícia...

  Só você pode tornar a mudança efectiva

  Sou eu quem lhe vai dar a chave mas é você, e só você, que pode e deve abrir a porta e atravessá-la. Vou explicar-lhe o que é a chave, o que faz, como funciona, que portas abre, o que há por trás de cada porta e, finalmente, vou entregar-lhe a chave na palma da mão. Mas é você quem terá no fim de pôr em prática esses princípios e desenvolver novos hábitos.
  Nestes apontamentos vou tentar dar-lhe as respostas a muitas das perguntas,  as soluções  para escolher inteligentemente, os critérios para decidir selectivamente e os motivos de inspiração para se movimentar na direcção correcta. Mas, no final, é você e apenas você que poderá construir, mudar, modificar e desenvolver o seu novo EU.

  Deixe-me falar-lhe do meu exemplo pessoal para ilustrar o estado de falência e absoluto desespero produtivo do qual se é possível sair. E afirmo-o do modo mais expressivo possível porque eu consegui.

  Há alguns anos (ainda na actividade profissional), eu era muito parecido com o Rodrigo; um completo desastre, um caso perdido. A sua sintomatologia aplicava-se ao meu caso ponto por ponto e podia juntar-lhe, inclusivamente, mais alguns bastante mais lamentáveis e angustiantes. O panorama - a minha vida - era francamente desolador. Uma ruína produtiva quase total. Eis como se iniciavam todos os dias:
  O aborrecido do meu despertador recorda-me mais uma vez  que esta noite dormi mal e descansei pouco. Depois de um rápido e incompleto pequeno-almoço nas salas formatadas daqueles hotéis pertencentes a cadeias internacionais, olho para o relógio e disparo para o escritório do meu departamento de vendas, onde chego de mau humor e certamente pouco motivado. Entretanto, quando lá chego subo as escadas  e, a caminho da minha sala, duas pessoas da minha equipa cortam-me o passo para me informar de uma série de problemas que surgiram.
  - Neves, temos um problema com um cliente importante "Sogenave". Dizem que afinal não podem ao meio-dia.  Falas tu com eles?
  - Outra coisa - diz-me a outra pessoa, sem me dar tempo de reagir - , temos de ir antes de quinta-feira à Makro e não chegaram as condições comerciais que a direcção de vendas ficou de enviar. Que é que fazemos? Escreves-lhes um e-mail?
  «Mal chego, cai-me tudo em cima», penso para mim, vítima do derrotismo que há meses me acompanha em todos os passos que dou».
  Finalmente, consigo entrar na minha sala, penduro o casaco, ligo o computador e começo pelo correio electrónico. Cai-me o coração aos pés: cinquenta e tal e-mails desde as dez da noite de ontem. Como é possível?
  Assim que os começo a ler e a responder, um chefe da minha equipa irrompe pela sala para me por a par de um conflito entre datas de férias de verão. Tento explicar-lhe que aquele não é o melhor momento, que estou ocupado e que abordaremos o assunto na reunião a meio da manhã. 
  Reúno forças para voltar ao meu correio electrónico quando por messenger, sou assaltado por colaboradores de várias concessões... E todos com dúvidas e problemas que têm de ser resolvidos imediatamente...«Neves, quando é que vamos ao cliente x, Neves, ainda não recebemos o material POS». Depois de alguns suspiros de desespero, decido não responder a nenhum deles e vou lá baixo buscar um café. Há uma pequena fila. Na maioria são colaboradores de outros departamentos, com quem gosto sempre de conversar. Levo as coisas com calma e falo de um modo relaxado com todos. Os minutos passam, os problemas continuam à espera, as tarefas continuam por fazer.
  De regresso à minha sala encontro no Messenger avisos a piscar de quatro ou cinco conversas - problemas - que continuam abertos. O meu stress a disparar. Vejo pelo canto do olho o meu programa, de correio electrónico a comunicar-me que, enquanto preparava o café, chegaram três novas mensagens  de correio electrónico. A pilha de mensagens  por responder continua a crescer.
  Uma dessas mensagens de correio electrónico é de um amigo da escola que me envia uma apresentação jocosa. Decido abri-la. Ao fim e ao cabo sempre pode alegrar-me o dia. Depois de ver o video, e depois de algumas gargalhadas, consigo dissipar por momentos a ansiedade que já me estava a dominar. Quando encerro a mensagem jocosa, os colaboradores  de várias concessões continuam a aguardar a minha resposta e as mensagens de correio electrónico continuam por abrir.
  Nesse momento, a recepcionista passa-me uma chamada.
  - Neves estão a telefonar da Eurest a pedirem que confirme a reunião para esta semana.
  - Puff! - suspiro novamente - tinha-me esquecido completamente. Diz-lhes que estou em reunião, que lhes telefono no final da manhã.
  - Dizem que tem de ser agora. Têm de agendar já o dia da reunião.
  - Está bem, então diz-lhes que marcamos para amanhã às 10 horas.
    Volto a fixar a vista no monitor, ponho as mãos sobre o teclado e, completamente decidido, a «limpar chatices». vou respondendo aos colegas das concessões o melhor que posso, e vou despachando sofrivelmente todas as mensagens de correio electrónico que me esperavam na caixa de entrada. Precisei de uma hora e meia para algo que deveria ter-me levado 15 minutos.
  - Neves, fazemos agora a reunião? - perguntaram-me dois colegas da equipa. 
  - Sim, daqui a cinco minutos - digo eu com uma expressão resignada fixando os olhos num ponto indeterminado da parede.
  Passados quinze minutos (e não os cinco que tinha prometido), desço à sala de reuniões. Vou de cabeça baixa, espírito apagado e com a inspiração e a motivação de rastos. Cai-me tudo em cima e eu não aguento com tudo.
  E ainda vamos a meio da manhã!
  Estas são apenas pinceladas do terrível quadro em que se tinha convertido a minha vida laboral. Naquele tempo eu era uma pessoa muito desorganizada e terá reparado que sobrevivia num permanente estado de ansiedade e stress. A minha Produtividade era muito baixa, nula nalguns dias, e portanto, também o eram o meu Relaxamento, o meu Crescimento, a minha Satisfação e a minha Capacidade. E isso apesar de desfrutar de um razoável salário, de gozar de uma posição interessante na empresa e do ambiente de amigos e familiares que me rodeava. Simplesmente, eu-não-via-a-minha-vida.

   «E como conseguiste mudar, Neves?» perguntam-me frequentemente. A resposta está subjacente a esses princípios e hábitos produtivos que, irei desenvolver em PRÓXIMOS APONTAMENTOS DO MEU BLOGUE, e a que chamo DESVIOS.  
  Além disso, vou fazê-lo de tal modo que penetrem verdadeiramente em si. Por isso, acredito, de facto com toda a certeza, que você esteja na situação em que estiver, por muito que se considere perdido, ou ainda que nunca tenha chegado a levantar voo, pode mudar, pode melhorar, e pode vir a ser alguém produtivo, e eficaz. Sim, você pode fazer uma melhor gestão de si próprio.

  RESUMO

  1.Os maus hábitos diários com que tudo nos pareça mais difícil. Não nos chegam as horas do dia, temos dificuldade em concentra-nos e em pôr os projectos em marcha e a nossa vida pessoal começa a ressentir-se. Vivemos com mais ansiedade e não damos o nosso melhor.

  2. Ser mais produtivo não equivale, de modo nenhum, a produzir mais. Mas, sim, a organizar-nos com mais inteligência, a investir as nossas energias e criatividade no que é verdadeiramente importante, a rejeitar o superfluo e irrelevante e a obter uma série de benefícios essenciais.

  3. Independentemente do tipo de pessoa que seja ou do trabalho que desempenhe, de ser muito organizado ou razoavelmente organizado, você ao ler estes apontamentos provocará em si uma profunda mudança. Acarretará um verdadeiro desvio de 180º na sua Gestão Pesoal.

  4. Vou procurar pôr em prática uma série de simples mas poderosos princípios que, na prática, vão actuar como potentes «esteróides mentais». Com eles poderá forjar novos hábitos e reactivar a sua Produtividade até limites que ainda nem consegue imaginar.

  5. E todas estas mudanças vão ocorrer de um modo pausado, gradual e controlado, num processo que lhe permitirá começar a desfrutar dos seus benefícios a pouco e pouco.

                                                                                                   ...continua


  Jorge Neves
   

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