quarta-feira, 19 de outubro de 2016

LIDERANÇA PESSOAL - VINTE RECEITAS PRODUTIVAS








  Uma boa Gestão Pessoal consegue-se sobretudo com os grandes princípios e fundamentos produtivos mas também com outros contributos como os que reúno aqui.

  RECEITA 1: FAÇA PAUSAS FREQUENTES

  Um dos maus hábitos que a Tecnologia e a Internet promoveram é o de se permanecer durante longos períodos de tempo à frente do teclado e do monitor. «Hoje sim rendi, não saí da cadeira durante quatro horas», ouvimos com frequência. A Produtividade não é um concurso para ver quem aguenta mais tempo à frente do monitor ou sentado à mesa. Trabalhe mais relaxadamente, com maior naturalidade e mais criatividade.
  À  medida que o dia vai decorrendo, os nossos activos internos vão-se desgastando e, em determinados momentos, podem chegar a ser criticamente baixos. É essencial refrescar a mente e recuperar os níveis de atenção com frequentes pausas entre tarefas.
  De hora a hora ou de hora e um quarto em hora e um quarto, ou quando mudar de actividade, faça uma breve pausa. Cinco minutos bastarão para comunicar à sua mente que «vai mudar de tarefa». Isso permitir-lhe-á reprogramar os níveis acima referidos com mais facilidade. 
  Para que esses breves descansos sejam efectivos, tente cumprir, se possível, as seguintes recomendações:

  . Antes de começar o seu descanso avalie o que vai fazer, qual o seu objectivo. Isso permitir-lhe-á desfrutar a fundo desses cinco minutos e os seus efeitos serão mais duradouros e eficazes. 

  . Afaste-se o mais possível da sua mesa de trabalho. O seu descanso não pode nem deve ser a olhar para uma página de Internet ou a conversar com um amigo na sua aplicação de mensagens. O descanso tem de ser uma actividade completamente diferente daquela que estava a fazer.

 . Tente saír à rua., pôr-se à janela ou ir para uma varanda. Tanto quanto possível, apanhe ar, e, ainda melhor, sol. Feche os olhos durante um minuto e respire profundamente, tentando relaxar-se o mais possível. Não pense na seguinte tarefa, saboreie-a, apenas, durante todos os segundos do seu momento de descanso.

  . Se o seu trabalho o obriga a permanecer períodos de tempo sentado, tente caminhar durante a sua pausa. Faço-o, além disso com brio, movimentando energicamente as articulações, fazendo exercícios simples de alongamento. Não temos de reciclar apenas a nossa mente mas também o nosso corpo.

  RECEITA 2: TENHA UM BLOCO DE NOTAS À MÃO

  .Eu sou um grande defensor da Tecnologia utilizei e utilizo activa e diariamente muitas das aplicações que os computadores e a Internet nos oferecem. Mas para mim sempre o disse que aceitaria que me tirassem toda essa Tecnologia desde que pudesse manter um simples bloco de notas... e a minha mente.  De acordo com a minha própria experiência, uma das ferramentas mais poderosas para promover um espírito produtivo é um simples bloco de notas.
  Deixando de lado o seu inegável propósito prático (o de anotar rapidamente um nome, um número de telefone ou um endereço de e-mail) tem também uma finalidade muito valiosa: Permite-nos extrair ideias e formular conceitos que se encontram dentro da nossa mente.
  Muitas vezes, aquela ideia que procura afincadamente já está na sua mente, já foi engendrada por si, só que não consegue formulá-la e visualizá-la como tenta. Uma técnica simples para o conseguir é «pintar» essa ideia, passá-la para uma folha de papel. Pinte, desenhe, faça um diagrama, caixinha, setas, interligue as ideias com linhas, etc. Desenhe o problema para encontrar a solução. É muito possível que ela esteja à sua frente mas que ainda não a tenha visualizado.

  RECEITA 3: SUMO DE LARANJA OU CHOCOLATE

  Sabia que a glicose é um dos alimentos essenciais para a sua mente? Proporciona autocontrole, reforça a vontade e a concentração e sobe os níveis de energia e de vitalidade. Tradicionalmente, para os restituir, temos o hábito de recorrer a uma chávena de café bem forte ou molhar a cara.
  Proponho-lhe uma alternativa mais criativa: Nunca experimentou beber um copo de sumo de laranja, meia banana, duas bolachas e um pouco de chocolate? A meio da manhã, a meio da tarde ou quando verifique que lhe falta esse pedaço de intensidade e de vontade extra, ofereça-se um desse prémios que com a sua dose correcta de glicose, funcionarão como eficazes reconstituintes. E digo «ofereça-se» porque pode utilizá-los como prémio depois de uma hora de intenso e eficaz trabalho.
«Portei-me bem, cumpri a minha tarefa... vou oferecer-me dois quadrados de chocolate enquanto  estico as pernas e me ponho à janela a respirar ar puro.» 

  RECEITA 4:LEIA MAIS SOBRE PRODUTIVIDADE 

  Se este é o seu primeiro apontamento que lê sobre Produtividade, gostaria que o considerasse como um bom ponto de partida para uma melhor Gestão Pessoal, e se já for conhecedor deste mundo apaixonante, gostaria que o visse como mais um degrau na sua ascensão ao equilíbrio produtivo.
  Há um bom número de livros de grandes peritos neste terreno com os que poderá ampliar, complementar e melhorar a sua base mental produtiva. Encorajo-o a lê-los com certa assiduidade porque tudo aquilo que lemos impele-nos a imitar e afazer. Todas estas obras têm de o enriquecer e aumentar o seu arsenal pessoal interno mas, acima de tudo, têm de o incentivar a fazer coisas, a continuar conseguindo coisas.
  A Internet também nos oferece numerosos modos para entrar em contacto com outras pessoa com as mesmas inquietações ou problemas similares.  Pense numa coisa: ainda que cada um de nós tenha as suas próprias circunstâncias pessoais e o seu próprio carácter, todos temos de fazer tarefas e todos enfrentamos problemas comuns. Comparar experiências, contrapor propostas, discutir problemas e encontrar soluções conjuntamente é uma coisa que o encorajo a fazer. Blogues, fóruns, redes sociais... há muitos lugares na Internet onde pode encontrar outras pessoas que, como você, «procuram» a Produtividade. 
  Mas não se esqueça de uma coisa muito importante: como a leitura de livros, a troca de experiências apenas deve ajudar a que você melhore e faça as coisas melhores. Não a recriar-se no debate e na troca de citações, ideias e conceitos que depois não se concretizam em acções reais.

  RECEITA 5: DESLIGUE-SE MESMO

  Trabalhemos por conta própria ou por conta de outrem, quase todos temos consciência do momento em que acaba o nosso dia de trabalho. Após horas de intenso desgaste do nosso EU quotidiano, sentimos mesmo a necessidade de «desligar» e descansar. Queremos chegar a casa, pormo-nos confortáveis, relaxar 
com um livro ou ver um filme, brincar ás escondidas no chão com os nossos filhos... e, no entanto, é uma das coisas que muito poucas pessoas conseguem fazer a 100%
  Habituei-me a ouvir uma frase de que não posso partilhar e com a qual não posso estar em mais desacordo: «Quando tens a tua própria empresa ou um cargo importante nunca consegues desligar-te completamente.» Parece-me uma ideia falsa, muito prejudicial e que, a longo prazo, apenas conduz ao esgotamento físico e psíquico.
  Do mesmo modo que, de forma unilateral formámos algumas ideias erradas e desenvolvemos outros maus hábitos que reproduzimos de forma instintiva, também acreditamos que quem tem um cargo de responsabilidade simplesmente «não pode desligar». Fazer as nossa tarefas durante o tempo de descanso gera em nós a ilusória sensação de que estamos a ser mais eficazes em vez de nos determos a avaliar se temos verdadeiramente de as fazer e o impacto que isso terá em nós. Nunca se esqueça da importante diferença entre TER, DEVER E PODER. 
  IMPORTANTE! Uma pessoa que faça uma boa autogestão sabe, acima de tudo, que ser produtivo e eficaz não depende de quanto se faz nem de como e quando se faz. Trabalhar mais duro não significa trabalhar mais, mas melhor.
  Desfaça-se  do hábito, que põe obstáculos ao seu descanso e é duplamente destrutivo. Uma pessoa com a mente descansada e fresca enfrentará com maior determinação e clareza qualquer problema. Uma pessoa saturada e esgotada não verá soluções nem será capaz de criar.
  Para bem do seu descanso e da  sua Gestão Pessoal, é necessário ponha um muro mental e físico - se lhe fizer falta - entra a altura para trabalhar e a altura para descansar.  De outro modo, não alcançará os níveis de criatividade que procura e «queimará» os seus recursos produtivos muito antes. Quando estiver a descansar... descanse; e quando estiver a trabalhar...trabalhe.

  RECEITA 6: DISTRAIA-SE, RIA, DIVIRTA-SE

  A diversão, a distracção e o ócio são ingredientes-chave que uma pessoa à procura de uma boa autogestão deve integrar na sua vida quotidiana. Muita gente acredita, por puro desconhecimento, que aqueles que procuram Produtividade são uma espécie de autómatos que só pensam em trabalhar e empurram as tarefas para a frente, como se fossem uma cadeia de montagem. É precisamente o contrário. Desfrutamos mais dos tempos livres porque valorizamos o trabalho que deixámos para trás; além disso, fazemo-lo de forma mais relaxada porque cumprimos as nossas tarefas e sentimo-lo de forma mais consciente porque estamos sintonizados no presente e damos um sentido a cada gesto.
  Saber fazer a sua autogestão é o mesmo que interpretar, valorizar e saborear tudo o que nos rodeia, aquilo que fazemos e o que os outros fazem. E os tempos livres e a diversão estão certamente incluídos nessas actividades. Não somos espectadores passivos mas sim realizadores, guionista e protagonistas da nossa própria recriação e distracção.  
  Temos consciência do agora, vivemos e desfrutamos mais intensamente  e extraímos a essência do nosso passatempo, de uma conversa com o nosso parceiro, de uma reunião com amigos ou de um jantar com a família. Ser produtivo é precisamente o contrário de ser um idiota; é fazer as coisas com mais senso comum, com coerência, com consistência, na devida altura, com responsabilidade... e, claro, divertindo-nos o mais possível.
  O sorriso, o riso, a gargalhada, são elementos-chave de uma vida relaxada e satisfatória e ajudam a fortalecer o nosso optimismo e positivismo. Não há espírito produtivo quando uma pessoa não está satisfeita e não sabe rir-se e ter expectativas nos seus tempos livres. E se puder, faça-o em grupo, partilhe esse riso com os amigos e a família e os efeitos benéficos multiplicar-se-ão. Não há melhor exercício para afugentar o stresse e reavivar a Atitude Mental Positiva do que uma grande gargalhada e algumas horas de diversão total.

  RECEITA 7: REDUZA AS HORAS DE TELEVISÃO

  Infelizmente, hoje em dia, a televisão converteu-se na única protagonista do tempo livre de grande parte da nossa sociedade. O passeio, a leitura, a escrita, a própria conversa em família, e, de um modo geral, qualquer passatempo pessoal, foram relegados para um canto, passando para segundo ou terceiro plano. Muitos substituíram estas actividade por um consumo descontrolado e voraz de programas e séries que, na grande maioria dos casos não nos oferecem nada.
  Quem disse que para descansar, remos de acampar à frente do televisor? Somos vítima de uma «hipnose televisiva» que nos leva a contemplar imagens em vez apreciar o que vemos? Isso ajuda mesmo a que a nossa mente descanse melhor?
  O descanso irracional em frente do televisor é outro dos maus hábitos de que o incentivo a desfazer-se. Sugiro-lhe que analise com espírito crítico e produtivo como investe esse tempo, e proponho-lhe reduzi-lo e destiná-lo a outras actividades mais enriquecedoras. Experimente a partir de hoje mesmo, não adie para amanhã, mude a sua rotina de descanso televisivo e substitua-a por uma actividade completamente diferente e mais estimulante. Se vê duas ou três horas por dia de televisão, comece por retirar vinte minutos ou meia hora. De certeza que tem um livro apaixonante muito perto de si, esperando ser aberto. 
 LEMBRE-SE: Com um descanso inteligente e enriquecedor, estará investindo no se EU quotidiano do dia seguinte. O que permitirá trabalhar melhor, viver melhor e aproximar-se dos objectivos do se Decálogo.   

  RECEITA 8: EVITE OS COMPROMISSOS DESNECESSÁRIOS 

  Um dos últimos desafios que, pessoalmente, me propus é o de reduzir de forma inteligente o número de compromissos em que me envolvo. Guiado pela Simplicidade e pela Perspectiva, fixei como meta apenas aceitar ou manter aquelas propostas em que verdadeiramente vejo umas substancial vantagem ou um benefício o meu crescimento ou para o meu próprio Decálogo.
  De alguma forma considero-me uma pessoa com iniciativa, dinâmica e imaginativa, que não pára gerar ideias todos dias. Se quero fazer uma boa autogestão, não posso embarcar em tudo aquilo que me aparece ou aceitar irreflectidamente todas as ideias que os outros me propõem.
  Com cada novo compromisso não ponderado, seja de que tipo for, pertença ao meio que pertença, estará a deixar de fazer outra coisa e estará a aumentar o seu trabalho. Não se esqueça de que para colocar uma nova peça do puzzle, terá de tirar outra que já tinha encaixado.
  Por outro lado,com a Internet, tudo aparenta ser mais fácil e simples do que, afinal, é. Torna-se extremamente fácil cair na tentação de querer fazer mais coisas e dizer que sim a tudo o que nos propõem. Uma ideia para um blogue, uma proposta de colaboração, uma iniciativa na nossa  rede social favorita, um fórum novo que nasce, reuniões sociais de grupos da Internet, etc. Ponha cada ovo no seu saco para poder decidir em liberdade «isto, sim» mas «isto, não».
  A minha proposta é, e sempre será, fazer menos coisa mas fazê-las melhor, e desfrutar mais de cada uma delas. Multiplicarmos novas actividade e envolvermo-nos nelas pode proporcionar-nos a falsa e fictícia sensação de que a nossa vida «está mais cheia». E é precisamente o contrário.
  LEMBRE-SE: Não é o faz ou quando faz, mas antes como o faz e como vive o que faz. A Simplicidade e a Perspectiva ajudá-o-ão e interpretar e a fazer as suas escolhas procurando sempre o melhor para si e para os seus. Tudo o resto, se nada tem para oferecer, é ruído, lastro e um fardo mental que apenas contribui para subtrair.

  RECEITA 9: FAÇA EXERCÍCIO OU PASSEIE

  Pondo de lado os evidentes benefícios para a nossa saúde, o exercício físico, tem um papel muito importante no dia a dia produtivo. Aumentar a nossa concentração, um maior equilíbrio mental, reiniciar ciclo de atenção, restaurar níveis de energia corporal, sensação de satisfação, e até a anulação do desânimo são alguns dos seus numerosos benefícios.
  Tenho vindo a falar ao longo destes apontamentos em referência ao «seu quotidiano». Pois bem, esses recursos internos de que dispomos para consumir diariamente, têm na actividade física uma grande aliada.  Apesar de se irem desgastando de forma irremediável ao longo do dia, é possível conseguir alguma recuperação com frequentes descansos, uma comida saudável, um reconstituinte (sumo de laranja ou um pedaço de chocolate) e também através do exercício físico. Não há muito tempo, particularmente quando ainda estava na minha vida activa, eu ignorava ou queria ignorar isto. Não fazia nenhum exercício, escudado na errada convicção de que «não tinha tempo». O exercício físico é muito mais simples do que muitos crêem. Não é preciso dispor de uma hora para praticar um «desporto uniforme», deslocar-se até a um pavilhão ou inscrever-se num ginásio, embora, evidentemente, isso possa fazer.Se é vítima de um sedentarismo total, a minha recomendação é a de que comece por gestos simples: subir as escadas em vez de usar o elevador; se viaja de metro ou autocarro, sair uma paragem antes e percorrer a pé a distância que o separa de casa ou do escritório; evitar o carro e fazer os seus recados  ou as comprar a pé; aproveitar meia hora depois de comer para dar um passeio por algum jardim nos arredores, isto para dar alguns exemplos. Mas, faça o que fizer, tente ser consciente do momento e para o que serve. Ter consciência disso, de como se está a regenerar internamente, ainda potenciará mais os seus efeitos.

  RECEITA 10: OFEREÇA-SE UM MOMENTO DE SILÊNCIO

  Vivemos numa sociedade em que quase tudo é ruído. É espantoso como se torna complicado, especialmente para aqueles que vivem numa grande cidade, encontrar um momento de silêncio e calma. Mas quando se consegue  e se entrega a ele, e descobre os seus múltiplos benefícios, é um tesouro de incalculável valor inspirador. 
  Talvez nunca tenha procurado intencionalmente esse momento de silêncio. É possível que o considere algo desnecessário ou até um «luxo» que, a sua apertada agenda, não se pode permitir. Tire essa ideia da cabeça, está errada. É algo que não exige muito tempo e que pode fazer em qualquer altura do dia. Não é verdade que pode reservar três minutos do seu dia só para si? Claro que pode.
  Quando todos os dias vai destinar cinco minutos à Avaliação... que melhor momento do que esse para lhe juntar mais dois ou três minutos em que não tem de fazer nada ou de pensar em nada. É exactamente nisso que consiste o que lhe proponho: não tem de fazer absolutamente mais nada.
  Ponha-se à vontade, feche os olhos , relaxe o corpo, adopte uma postura  confortável, respire lentamente e concentre-se em cada bocado de ar que suavemente entra e sai do seu peito. Elimine qualquer pensamento, preocupação, tarefa, compromisso... Fique assim, durante esses minutos. Ainda que, aparentemente, a sua mente esteja em branco, ela, por si, percorrerá três «fases» que o farão regenerar-se por dentro: 
  . Oferecer-lhe-á calma, sossego e serenidade. Eliminará qualquer réstia de stresse.
  . Torná-lo-á mais consciente, do agora, do que tem e do que é.
  . Transmitir-lhe-á confiança, ilusão e firmeza. A sua auto-estima sairá reforçada.

  RECEITA 11: FAÇA COM QUE O DIA DE HOJE CONTE

  Um dos mais poderosos pensamentos que, pessoalmente, utilizo como motivador ao levantar-me da cama é este: «Quero que o dia de hoje conte; quero que o dia de hoje seja seja único.»
  Sinceramente, acredito que cada novo dia é uma oportunidade excepcional, um presente que todas as manhãs surge à nossa frente e que devemos aproveitar. Deixar a vida andar é uma das piores penas a que milhões de pessoas estão submetidas... Não caia nela! Quer que este dia seja mais uma marca no seu calendário ou quer que conte e que seja verdadeiramente único para si e para os que o rodeiam? O que vai fazer com esse dia está nas sua mãos: seja criativo, esprema cada minuto, entregue-se, faça com que conte, que seja, até, inesquecível.
  Ás vezes, não é preciso exigir essa dose de motivação, ela brota por si. Saltamos da cama com vigor e entusiasmo e queremos com todo o coração que o dia conte. Estamos cheios de expectativas. Hà muitos dias em que não é assim. Levantamo-nos cansados ou desanimados. Em ambos os casos continuamos a ser os mesmos, assim como o dia que nos espera. Não o deixemos passar com indiferença. Envolvamo-nos e participemos nele e em cada coisa que nos acontece.
  E naqueles dias em que «tanto lhe faz» se o dia vai contar ou não, encorajo-o a rever o se  Decálogo Pessoal de Produtividade. 
  Muitas vezes, é preciso ir buscar a motivação, renová-la e induzí-la, mas se ela não chegar tenha calma.  Não se torture nem se lamente, não mergulhe no derrotismo. 
  Simplesmente, «deixe correr» esse dia.  Acabará por passar e amanhã terá uma nova oportunidade na direcção dos seus objectivos.
  
  RECEITA 12: FAÇA UMA SESTA REPARADORA

  Reconheço que este é um dos conselhos de que todos ouvimos falar mas que depois raramente pomos em prática. Trata-se de um dos maiores aliados para combater o bloqueio mental e reforçar os nossos ciclos de atenção cerebrais. Os Anglo-saxões chamam-lhe power-nap. Os que falam castelhano chamam-na siesta reparadora ou simplesmente siesta. E os seus efeitos reconstituintes são prodigiosos.
  Naturalmente, se o seu dia e o seu trabalho lho permitirem, não tenha dúvidas: dormite alguns minutos e desfrutará  de múltiplos benefícios. Falo de uns 20 minutos, no máximo. mais do que isso seria contraproducente e o efeito poderia chegar a ser precisamente o contrário.
  São surpreendentes os benefícios desta receita caseira. Não só lhe carregará as pilhas para poder continuar com energia o que resta do dia como refrescará e reprogramará o seu processo criativo para enfrentar as próximas tarefas com mais inspiração.

  RECEITA 13: NÃO BAIXE A GUARDA

  Quero fazer um especial finca-pé nesta receita, que é uma recomendação especial que lhe faço.
  Um dos maiores erros que cometi quando comecei a melhorar a minha Gestão Pessoal foi o de não dar importância aos inimigos da Produtividade, subestimando-os. Começar a desenvolver e a pôr em prática os Bons Métodos faz-me experimentar uma brutal melhoria no meu comportamento produtivo. Parecia uma pessoa diferente, uma outra pessoa. Pouco a pouco e dia a dia, fui substituindo os maus hábitos que me assolavam por outros mais benéficos e com que me sentia mais preenchido e mais satisfeito. Isso transmitiu-me uma falsa sensação que me fez baixar a guarda e,consequentemente, tropecei e caí... ainda para mais com estrépito
  Nunca, repito, nunca subestime ou despreze os maus hábitos que o acompanharam durante anos. Embora acredite que os venceu, não relaxe os sentidos. Não há professores nem super-heróis imunes aos maus hábitos.

  RECEITA 14: AS TAREFAS MECÂNICAS PROMOVEM A CRIATIVIDADE

  Tenho que confessar que  esta é uma receita muito interessante. As tarefas mecânicas e manuais, exigem um grau de concentração nulo ou muito baixo, promovem o aparecimento e a criação de ideias, pensamentos, e soluções.
  É conhecido de todos o famoso «bloqueio de escritor». Essa ausência de boas ideias para pôr numa folha de papel ou num monitor que permanece em branco. É apenas um simples exemplo, claro, não é preciso ser escritor, músico ou guionista para necessitar de ideias e para criar. Toda a gente, em maior ou menor grau, necessita de uma mente limpa, livre e preparada para o trabalho para que nasceu. Quantas vezes «damos cabo da cabeça» à procura de solução para um problema? Quantas vezes desesperamos, vítimas dessa ausência de ideias? Quantas vezes olhamos em todas as direcções procurando a inspiração que nos falta?
  As pausas frequentes, a sesta reparadora, os constituintes e o exercício físico contribuem decisivamente para romper o bloqueio. Mas um dos meus remédios favoritos é este: levante-se da mesa e ponha-se a realizar uma actividade mecânica e manual. Se estiver em casa, faça as tarefas domésticas (lave os pratos, faça as camas, passe a vassoura,etc.); e, se estiver no escritório, ponha-se a organizar os papeis (despache o correio comum, classifique facturas e recibos, organize as pastas ou os arquivos etc.). 
  Ao realizar estas actividade conseguimos  três coisas:
  1. Dizemos à nossa mente que mudámos de actividade.
  2. Distanciamo-nos fisicamente do problema ou da folha em branco.
  3. Libertamos e desimpedimos a nossa mente para que gere, espontânea e livremente, essas ideias que antes resistiam a aparecer.

  RECEITA 15: DESFRUTE DO CAMINHO TAMBÉM

  Tradicionalmente, seguimos a máxima de que há que celebrar os êxitos e aprender com os erros. Mas ninguém nos ensinou a importância de desfrutar do caminho.
  Não só é preciso motivar-nos com o que nos espera no fim do esforço e celebrar por o termos conseguido como também nos devemos deleitar com cada passo que damos.
  É muito importante sublinhar a importância de desfrutar do próprio caminho, de cada novo passo que o aproxima dos seus objectivos. O atleta não só corre para ganhar como também para desfrutar da corrida. Apesar do sofrimento e do esforço, cada passada aproxima-o da meta, fá-lo sentir-se mais vivo e embora, evidentemente, todos persigam o primeiro lugar, é a própria corrida que os faz dizer «faço isto porque gosto». 
  «Com os sonhos inspiraras-te, com as metas guias-te e com os objectivos fazes.» Mas não há sonhos, metas ou objectivos sem caminho; e eu diria que é imperativo desfrutar dele se, na verdade, os quisermos alcançar. Tem de desfrutar, apreciar cada passo, gozar com os avanços e celebrar cada nova etapa do caminho. Você quer alcançar os seus objectivos, claro, mas desfrute também enquanto caminha na sua direcção.

  RECEITA 16: EXPERIMENTE ALGO DIFERENTE

  À desmotivação pode-se chegar de várias maneiras. Algumas delas são a falta de interesse, a monotonia e o tédio. Certamente sabe que uma das características de uma pessoa Pró-activa é a capacidade para se reinventar e experimentar coisas novas. Quem não é criativo, não é imaginativo e que não inova no terreno pessoal, terá dificuldade em fazê-lo noutros âmbitos.
  Encorajo-o a experimentar coisa novas, especialmente nos seus tempos livres. Imagine, por exemplo, algo novo para o próximo fim-de-semana, aproveite essa tarde de sábado ou essa manhã de domingo e experimente algo completamente diferente.
  Até algo inesperado que nunca tenha feito.
  Reinvente os costumes que tem nos seus tempos livres, não seja tímido e não tema cair em extravagâncias.  Essa nova experiência enriquecê-lo-á e descobrirá novas perspectivas, evitará o aborrecimento, desanuviar-se-á. 
  O seu descanso será maias completo, aprenderá, formar-se-á e fortalecerá o seu optimismo e a sua Atitude Mental Positiva. 
  Não é preciso ser poeta para escrever poesia, também não é preciso ser pintor  nem fotografo para fotografar. Podemos fazer todas estas actividades sem outro objectivo que não seja o de explorar a nossa faceta criativa, sem procurar nem o brilhantismo nem pretender ganhar um concurso ou que nos dêem uma medalha.
  Essa actividade artística proporcionar-lhe-á diversão, distracção, variedade, enriquecimento, e fará trabalhar o hemisfério direito do seu cérebro, responsável por todas as actividades e pensamentos criativos. Seja criativo para ser criativo.

  RECEITA 17: VÁ MAIS DEVAGAR

  Tome nota desta frase e recorde-a com frequência: «VÁ MAIS DEVAGAR.»  
  A sociedade em que  vivemos promove a velocidade e a pressa em quase tudo o que fazemos, «Ando sempre a cem à hora», é uma frase muito comum que ouvimos dos amigos, companheiros ou que nós mesmos pronunciamos.
  Uma incumbência, inesperada? Um pedido do nosso chefe? Um problema que é preciso resolver imediatamente? Não se preocupe, ponha o pé no travão, calma. 
As pessoas promovem a precipitação, a desconcentração, a multitarefa, a mediocridade, o stresse, os erros, o descontrolo, os tropeções.
  Algumas pessoas vivem de um modo deliberadamente acelerado, a toda a pressa. Desde que se levantam até se deitarem, imprimem um velocidade propositada a tudo o que fazem. Erradamente, tendem a identificar o frenesi da acção e o dinamismo da corrida com uma falsa sensação de eficácia. 
  A eficácia é uma virtude que reúne à sua volta alguns dos maiores convencionalismos, mentiras e falsos mitos do nosso tempo. Um deles é a crença de que a hiperatividade é sinónimo se eficácia; outro, que a rapidez e a velocidade equivalem a eficácia. O que equivale a eficácia são a diligência e a excelência, e a elas se chega com fluidez, serenidade, flexibilidade e consciência - virtudes que emanam dos princípios produtivos -, mas também evitando cair em pressas, indo mais devagar.
  A minha recomendação pessoal é precisamente contrária à recomendação da maioria: Coma mais devagar, beba mais devagar, caminhe mais devagar, observe mais devagar, escute mais devagar, dirija-se a um sítio mais devagar, faça as coisas mais devagar. Em resumo: viva mais devagar. Tudo isso lhe permitirá ter as rédeas do que fazer. Aperceber-se-á de mais pormenores, investirá melhor o o seu talento, saboreará mais e melhor, relaxará mais, terá mais consciência do momento, terá maior capacidade de reacção, evitará as distracções, descobrirá mais cedo uma falha, encontrará mais cedo uma solução, etc. Experimente e verá que, indo mais devagar viverá e fará as coisas melhore. 

  RECEITA 18: REPENSE O SEU PEQUENO ALMOÇO

  «O PEQUENO -ALMOÇO É A REFEIÇÃO MAIS IMPORTANTE DO DIA.» Quantas vezes já ouvimos esta frase e depois a ignoramos? Eu, pelo menos, fiz isso durante muitos anos,o que condicionou seriamente o grau de vitalidade e de ânimo com que começava os dias.  Levantava-me tarde da cama e tomava apressadamente um café e um bolo... e com isso pretendia dar o melhor de mim durante toda a manhã.
  No início do dia,o nosso corpo necessita de nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais, e temos de lhos dar. Não se trata só de «matar a fome» que vem da noite passada mas de assentar as bases alimentares para um dia proveitoso.
  Um pequeno-almoço pausado e equilibrado, como muitas das receitas deste apontamento, é dessas coisa que podemos fazer facilmente com um pouco de vontade e que podem implicar uma melhoria substancial na nossa vida.
  Deixando de lado os comprovados benefícios para a nossa saúde, com um pequeno-almoço equilibrado  obteremos um maior equilíbrio emocional, um maior nível de intensidade e de vitalidade, uma maior absorção mental e um maior grau de concentração, para dar apenas alguns exemplos.
  Talvez já tenha cuidado com o seu pequeno almoço, mas se assim não for proponho-lhe modificá-lo completamente e procurar cumprir o seguinte:

 . Mais lento, mais devagar. Mal tem tempo para tomar o pequeno-almoço? Toma-os a toda a pressa?  Ponha o despertador para 15 ou 20 minutos mais cedo. O seu descanso não se ressentirá tanto como pensa e poderá dedicar esse tempo a recarregar as pilhas com um pequeno-almoço consciente, rico e pausado. Abra as persianas, deixe entrar a luz e saúde o novo dia.
  E enquanto, calmamente, prepara as chávenas e os pratos, pode aproveitar para fazer  a sua Focalização Mental.

  . Mais equilibrado, mais saudável. Se é como eu era, então o seu pequeno-almoço será um completo desastre nutritivo: deficiente, escasso e um excesso de hidratos de carbono e açucares. Comece com um sumo ou uma peça de fruta (laranja, morangos,quivis. etc.), combine-os com uma taça de cereais e um lacticínio (iogurte,etc.). Esse pequeno-almoço será o disparador de um dia mais completo e frutífero.

  RECEITA 19: APAIXONE-SE PELO DIA DE HOJE

  Um dos maiores e mais difundidos inimigos que temos de enfrentar na vida é a insatisfação. O descontentamento que surge com o conformismo injustificado é fonte de desmotivação e desilusão, e é a causa comum de uma má Gestão Pessoal. Empenhamo-nos em algo novo, queremos substituir isto por aquilo, perdemos o interesse com extrema facilidade e não valorizamos, não apreciamos e não queremos o que já somos e temos, hoje.
  O nosso abatimento e algum inconformismo pueril tendem a empurrar-nos para o tédio e a criar uma ilusória necessidade que é imprescindível mudar. Claro que é preciso evoluir, claro que é preciso estabelecer novas metas e novos objectivos, claro que é preciso crescer, acrescentar e juntar, mas não às custas de desprezar ou deitar fora tudo de bom que já somos e temos, hoje.
  O consumismo, as pressas e o que eu chamo de «cultura do diapositivo»(viver a vida como se observássemos com indiferença uma sequência de dia-positivos), fazem com que queiramos virar a página sem nos termos detido a saborear e a espremer cada coisa do que somos e temos, hoje. 
  Encorajo-o a tomar um caminho totalmente diferente. Encorajo-o a reencontrar, redescobrir, e, sobretudo, apaixonar-se por tudo o que tem em seu redor. O computador, as aplicações, as ferramentas de trabalho, os hábitos, o tempo livre, os passatempos, os colegas, o parceiro ou parceira, as responsabilidades, o posto de trabalho, os objectivos os projectos, o mapa de vida, os amigos... Apaixone-se por cada coisa que o rodeia, por cada gesto, por cada detalhe que tem ou que têm para consigo. Lembre-se sempre do que nos propõe a Simplicidade: valorize e inspire-se no pequeno.
  Mudar, crescer e procurar uma mudança permanente deve ser sempre o objectivo de uma pessoa, mas nunca sacrificando o bom que já tem e é, hoje. O que, isso sim, se tem de eliminar é o mau, o desnecessário, o banal... o lastro.

  RECEITA 20: FAÇA O MELHOR CADA DIA

  Gostaria de começar esta receita com uma frase que utilizo na minha vida diária: «Ao levantar-se, escolha três coisas que queira fazer bem e faça-as muito bem.» Terá adivinhado, sem muita dificuldade, que com essas «coisas» me refiro às Tarefas-chave do dia.
  A procura da excelência, da superação, do brilhantismo máximo em cada coisa que fazemos é um poderoso motivador de toda a pessoa produtiva.
  O afã de superação, a saudável ambição positiva, os anseios de crescer e de construir um EU melhor, têm de o empurrar cada dia no sentido de dar o passo seguinte que lhe permita dizer: «Hoje superei-me.»
  Exigir de si cada dia mais silenciará a preguiça, afugentará o aborrecimento e alimentar-lhe-á a auto-estima e satisfação pessoal. Não se contente simplesmente em dizer «vou fazer bem as coisas». Por que não continua um, dois, vários passos mais à frente? Exija, supere-se e faça essas tarefas tão importantes até dez vezes melhores do que se tinha proposto. Levar o seu talento ao limite, a sua criatividade, a sua concentração e as suas expectativas, terá como consequências um trabalho surpreendente, que fará a diferença e deixará marca. Disso você beneficiará em primeiro lugar, ao aproximar-se ainda mais dos objectivos do seu Decálogo.
  «Escolha três coisas que queira fazer bem e faça-as muito bem.» Lembre-se desta frase, imprima-a ou escreva-a numa nota autocolante que possa ver todas as manhãs e pronuncie-a em voz alta. Verá como se enche de entusiasmo e se inspira a querer superar-se naquelas actividade que verdadeiramente vão fazer a diferença.


  Jorge Neves 



   

    

terça-feira, 11 de outubro de 2016

LIDERANÇA PESSOAL - PRODUTIVIDADE INDIVIDUAL: A AVALIAÇÃO






                         

                            A reflexão calma e tranquila desfaz todos os nós.


  No caminho para a Produtividade a Avaliação consiste em desenvolver o saudável hábito de rever e analisar periodicamente o comportamento do EU produtivo.
  O eixo deste exercício consiste de nos debruçarmos sobre o nosso dia avaliarmos com espírito analítico e construtivo o estado da nossa Gestão Pessoal. É como pôr-se à janela e observar relaxada mas atentamente, e sem esquecer nenhum detalhe, tudo aquilo que acontece no exterior da casa.
  De nada, repito, de absolutamente nada, lhe servirá aplicar as alterações comportamentais que entretanto adquiriu (os tais Desvios) a que se propôs, formar novas engrenagens mentais, estabelecer revolucionárias rotinas e reinventar o seu comportamento produtivo, se depois não se detiver para contemplar o resultado, avaliá-lo, analisá-lo e tirar conclusões. Tive êxito? Melhorei? Em quê? O que falhou? Onde posso melhorar?
  Tenho feito finca-pé em outros apontamentos da importância de realizar estas mudanças através de pequenos passos, de forma natural e sem forçar. E, ao mesmo tempo, vinquei a importância de rever e controlar cuidadosamente a nossa evolução para nos certificarmos de que estamos a avançar pelo caminho correcto. Uma das lições importantes que aprendi é que não há mudança real, duradoura e efectiva sem uma Avaliação rigorosa. Como realcei anteriormente, (em outros apontamentos), a Gestão Pessoal é um caminho que nunca se chega a percorrer completamente. Todos e cada um de nós estamos em contínua e permanente aprendizagem. Uma pessoa não se torna produtiva «e pronto».
  De um modo regular e contínuo, devemos observar-nos, estudar-nos e procurar formas de corrigir erros e continuar a polir e afinar detalhes.
  Este(s) apontamentos, outras obras de grandes autores e peritos, as palestras, os seminários, o coaching pessoal, artigos em blogues e guias em páginas da Internet, podem dar-nos segredos e pistas de grande valor e utilidade teórica e prática, sem dúvida. Mas a aprendizagem e o desenvolvimento da Produtividade duram, na realidade, toda a vida. Decore esta frase que eu tanto me repito: «Em produtividade nunca deixamos de ser aprendizes e alunos.»
  A capacidade de nos observarmos e aprendermos de nós mesmos é uma peça fundamental nesse complexo quebra-cabeças. A Gestão Pessoal está cheia de pormenores, particularidades, arestas, ângulos, matrizes subtis que fazem com que tenha sempre de estar a aperfeiçoar e a afinar tanto através da prática como através da análise e a revisão.
  LEMBRE-SE: A aprendizagem, prática e avaliação são as três etapas que todas as pessoas têm de percorrer e repetir, uma e outra vez, na sua busca de equilíbrio produtivo.
  Do mesmo modo, cada um de nós tem de estar continuamente a lutar contra a sua natureza, contra a sua inata predisposição para a indisciplina, a desorganização e a dispersão. É verdade que, nalgumas pessoas, esses males são mais acentuados do que noutras, mas todos e cada um de nós padecemos deles.
Resumindo: a Produtividade varia em função da nossa natureza, e é através da contínua revisão que estudamos, rectificamos e aperfeiçoamos o nosso comportamento produtivo.
  Além disso, a nossa realidade quotidiana pessoal e o nosso ambiente profissional não são nada lineares. Ambos estão sujeitos a permanentes alterações de todo o tipo: um novo trabalho, uma mudança, novos colegas, novas responsabilidades, novos projectos, uma promoção na empresa, novos passatempos, mudanças no círculo familiar, etc. Resumindo: a Produtividade também varia em função do ambiente e das nossas circunstâncias pessoais.
  Como se não bastasse, a Internet, onde hoje em dia desenvolvemos uma boa parte da nossa actividade profissional, e a Tecnologia, da qual nos valemos para poder fazer o nosso trabalho de modo mais eficiente, estão em constante mudança e evolução. Novos programas novos utilitários, novas aplicações de Internet, mudanças no seu sistema operativo, novos métodos para o seu fluxo de trabalho, um palmtop que adquiriu, etc. Resumindo: a nossa Produtividade varia também em função da Tecnologia que manuseamos diariamente.
  Todos estes motivos condicionam de forma definitiva o nível e a saúde da nossa Gestão-Pessoal.  É por isso que devemos permanecer atentos e analisar o nosso comportamento produtivo. A Avaliação desempenha um papel essencial na análise do modo como fazemos as coisas; e também nos distancia, diariamente, da insatisfação produtiva em que vivíamos antes. Esta análise clara, directa e honesta baseia-se nalgumas perguntas simples que temos de nos fazer de uma forma habitual e permanente:

  . Estou mesmo as fazer as coisas de uma forma rigorosa? Estão a resultar?                  
  . A minha produtividade ajudou-me a aproximar-me dos meus objectivos pessoais e dos meus objectivos de vida?

  PASSO 1: DUPLA AVALIAÇÃO

  Quando se devem fazer estas Avaliações? Se se debruçar sobra as razões para estas análises, verá que algumas dependem do nosso dia-a-dia, estão sujeitas ao quotidiano e ao nosso dia de trabalho. Enquanto outras variam menos, são mais constantes no tempo. Portanto, eu recomendo fazer dois tipos de Avaliação: uma diária e outra semanal (ou quinzenal).

  AVALIAÇÃO DIÁRIA. Fui produtivo hoje? Apliquei os bons métodos ao meu trabalho e a cada uma das minha tarefas? Fui Pró-activo? Conduzi-me com Perspectiva? Trabalhei com Simplicidade? Apliquei a Focalização? Guiei-me pelo meu Método de trabalho? Fui disciplinado e agi com Auto-controlo? Tudo isto ajudou-me a cumprir mais objectivos para hoje?

  AVALIAÇÃO SEMANAL. Como estão a funcionar os bons métodos que estou a utilizar no meu actual trabalho? Converteram-me em melhor profissional e melhor pessoa? Aproximaram-me dos meus objectivos? Caminhei na direcção das metas do meu mapa de vida? O que está a falhar e onde posso melhorar? Estou a utilizar as ferramentas e os meios adequados para trabalhar melhor?

  PASSO 2: CONCLUSÃO, ACÇÃO, MELHORIA

  A pessoa que procura melhorar constantemente na sua Gestão Pessoal nunca permanece imóvel. É inquieta no bom sentido da palavra e faz-se perguntas, questiona de forma habitual o modo e a forma com que faz as coisas, com a autocrítica daquele que deseja acima de tudo melhorar.
  Uma pessoa pró-activa é eminentemente didáctica, que procura construir, avançar, somar. Em Produtividade, questionar os métodos, as ferramentas e até os hábitos não equivale, de modo algum, a insatisfação ou inconformismo pueril. É precisamente o contrário!
  Uma vez que nós próprios estamos em constante mudança, bem como o nosso ambiente e a Tecnologia, temos de repensar, de tempos a tempos, os nossos métodos e os nossos hábitos. Se constatar que alguma coisa não está a funcionar modifique-a. Você já conta com os critérios e a base mental necessários para poder modificar o que for de acordo com os seus princípios. É o que deve fazer uma pessoa pró-activa, uma pessoa produtiva. Mas para tal é imprescindível deter-se a analisar.
  De um modo geral, a Avaliação promove a mudança porque habitualmente encontramos falhas no nosso dia-a-dia. Certamente que em muitas ocasiões teremos êxito, conseguimos pôr em prática as alterações de comportamento que tivemos de um modo acertado, em que o dia correr-nos-á bem e poderemos afirmar coisas como: «Hoje fui verdadeiramente produtivo.» Em muitos outros dias, não será assim.
  Especialmente no princípio, tropeçaremos repetidamente.  Mas graças à Avaliação detectaremos onde e por que razão falhámos. Isso levar-nos-á a modificar a nossa conduta, a reavivar a nossa motivação, a incluir novos movimentos produtivos, a adoptar uma ou várias medidas, a redobrar os nossos esforços, a reafirmarmo-nos, a permanecermos em guarda, e sermos mais cuidadosos com a maneira como fazemos as coisas e com a altura em que as fazemos. Mas sem Avaliação não há melhoria.

  LEMBRE-SE: Um dos objectivos da Avaliação é detectar e analisar os tropeções mas, acima de tudo, corrigi-los para nos aproximarmos daquelas coisas que queremos atingir.

  Se analisarmos as diferentes fases da Avaliação, obteremos esta sequência, que o convido a observar durante alguns instantes:

                    AVALIAÇÃO - CONCLUSÃO - ACÇÃO - MELHORIA

  Proponha-se pequenas melhorias

  Neste exercício, o propósito das Conclusões é, sempre, o de obter uma Acção e, a posteriori, uma Melhoria. Se tiver seguido fielmente o processo de Avaliação, no final deste exercício terá ante si uma série de acções, medidas a adoptar ou coisas que tem de mudar. Certamente, sentir-se-á tentado a fazê-las todas de uma vez e, além disso, no dia seguinte. Não o faça! Não se esqueça da importância decisiva de nos fixarmos em pequenos e simples desafios que possamos cumprir, para assim alcançarmos e garantirmos a nossa mudança. Corrija apenas uma coisa de cada vez e terá tempo, posteriormente, para se propor a novos desafios. Há tempo que sobra para melhorar. Mas faça-o bem.
  Na verdade, nem tenho palavras para vincar suficientemente a importância deste ponto. Em apontamentos anteriores insisti especialmente nisso e, mais uma vez, volto a sublinhá-lo ao falar da Avaliação. Todos estamos preparados para mudar mas nem toda a gente muda. A efectividade de cada nova acção e de cada novo hábito é condicionada pela sua dimensão e pelo modo como introduzir na sua vida.

  LEMBRE-SE: Estabeleça uma única mudança de cada vez, muito pequena, muito concreta, que lhe apeteça fazer, que possa sentir e medir e que não implique um esforço desmedido. E, repito, até melhorar verdadeiramente e passar ao seguinte desafio.
  Não se esqueça da importância de pensar em grande mas executar em pequeno. Nada de grandes desafios, nada de mudanças drásticas, nada de «decisões de Ano Novo». Pouco a pouco, pequenas  melhorias e pequenas acções. E amanhã poderá avaliar e ver se realmente surtiram efeito ou não.  Dia a dia, semana a semana, mês a mês.

  PASSO 3: SEJA HONESTO MAS BENÉVOLO

  Você deve ter a consciência, mais do que nunca nesta fase de aprendizagem inicial, de que os erros e os tropeções vão acompanhá-lo enquanto procurar melhorar. São parte inerente da Gestão Pessoal e, por outro lado, absolutamente necessários. Com a Avaliação, ainda terá mais consciência deles, serão iliminados e não serão poucas vezes em que o «esbofetearão» sem compaixão. O pior que pode fazer a si mesmo é castigar-se, censurar-se ou maltratar-se por os ter cometido.
  Eu, que há anos tenho vindo a praticar e a procurar a Produtividade, continuo a distrair-me, não organizo bem as minha tarefas, disperso-me com ninharias, esqueço aquilo que interessa, proponho-me objectivos complicados, sou preguiçoso e mandrião, etc.,etc.,etc. E tudo bem! considero-me uma pessoa «razoavelmente produtiva» Isso significa que desenvolvi alguns hábitos de trabalho sólidos... e que, no entanto, continuo a enganar-me todos os dias.  Praticar a Produtividade de forma activa e entusiasta, ajudar outras pessoas que procuram o mesmo e, até, escrever alguns apontamentos sobre isso, não me impede, de todo, de cometer com frequência erros garrafais.
  Graças à Avaliação, sou capaz de ver as causas desse tropeções. Mas não me censuro nada, de nenhuma maneira. Porque a Atitude Mental Positiva, com a qual construo a minha Produtividade, impede-mo completamente. Estou no pólo positivo das coisas, sintonizei a emissora das boas notícias.  Apesar dos tropeções, sei que estou a melhorar todos os dias, vejo os meus progressos, saboreio os meus êxitos, tenho fé na minha capacidade de superação e continuo o meu caminho. 
  Tenho o mapa e o trajecto do caminho - Desvios -, cada dia percorro uma etapa - a minha vida, o meu trabalho - e, no final do dia sento-me para avaliar os meus passos - o meu progresso. E se concluir que não avancei o suficiente, ou até retrocedi, não paro para me censurar ou para dizer coisas como: «isto não presta para nada», « não estou melhor». Avalio exclusivamente para encontrar as causa e a solução de tudo isso. Eis o que torna uma pessoa produtiva. 
  Nem é preciso dizer, para garantir a eficácia dos exercícios de Avaliação que é imprescindível que sejamos francos e honestos connosco mesmos. Nesta análise não podemos nem devemos enganar-mos.  Sei que, neste momento, a frio, é muito fácil concordar e prometermo-nos sinceridade eterna em todas as nossa Avaliações. Mas a nossa natureza e as circunstâncias que nos rodeiam podem atraiçoar-nos às vezes. Isso dificultará o exercício de nos afastarmos para «tirar a fotografia» com a franqueza suficiente.
  LEMBRE-SE: A Avaliação é um exercício para o ajudar a melhorar, não para o castigar pelos erros cometidos. Utilize a franqueza e a honestidade para analisar a frio as suas acções; e utilize a benevolência e o optimismo para aprender com os tropeções. 

  PASSO 4: COMEMORE OS SEUS ÊXITOS

  Uma expressão que utilizo com especial frequência é: «Saboreie o seu êxito.» Nunca a deixarei de pronunciar e de lha recordar porque acredito francamente é uma das chaves fundamentais para a melhoria na Gestão Pessoal. 
  O caminho é árduo e acidentado. É difícil fazer o nosso trabalho e, além disso, fazê-lo com eficácia, de forma organizada, sem stresse, com brilhantismo e talento...  Realmente , é um grande desafio que exige um notável esforço, como você próprio estará a constatar todos os dias. Mas é possível! Decerto que você terá começado a descobrir que, sim, é possível melhorar. Talvez já esteja a observar alguns progressos depois de pôr em prática o métodos correctos de actuar (os Desvios) e esteja a verificar que, pouco a pouco, se aproxima dos objectivos.
  Se a Avaliação visa, em primeiro lugar, incentivar o saudável hábito da reflexão e da auto-análise, e, em segundo lugar, encontrar a causa das nossas falhas para propor acções e conseguir uma melhoria real, também tenta que nos felicitemos pelos êxitos obtidos. É importante que, depois desse importante esforço, sejamos justos connosco mesmos e reconheçamos essa «vitória». Que fomos bem-sucedidos.
  Quando alguém chega à Avaliação e conclui: «Realmente, hoje fui mesmo produtivo, por isto, por isto e por isto», isso tem de ser motivo e momento de alegria e júbilo interior - e exterior, se sentir necessidade do o manifestar. Merecemos esse momento de celebração, saborear durante alguns instantes o termos sido realmente capazes de percorrer o caminho com êxito, apesar de todas as dificuldades. 
  A nossa Atitude Mental Positiva não só se deve alimentar da nossa ousada determinação, da nossa força e do nosso Decálogo Pessoal de Produtividade, como também desses momentos. Com efeito, recarregam as nossa baterias cansadas, enchem-nos de esperança, ânimo e entusiasmo para continuar a perseguir a Gestão pessoal plena, mesmo que saibamos que vai haver tropeções.

  PASSO 5: O EXERCÍCIO DE AVALIAÇÃO

  Agora em que você já sabe em que consiste a Avaliação, chegou o momento de o pôr em prática. Se for como eu há alguns anos, nem pratica este exercício nem tem um momento do dia para reflectir sobre como as coisas correram. Em primeiro lugar tem de começar por escolher o momento mais indicado. E é muito importante que seja cuidadoso no momento que escolheu. 

  Momento

  O melhor momento é mais para o fim do dia, depois de termos terminado a actividade laboral. Voltamos para casa, finalizadas as nossa tarefas diárias. Em circunstâncias normais, é o momento em que estamos mais relaxados e calmos e quase nunca olhamos para o relógio. É então que nos será mais fácil pormos a «máscara» da Avaliação. 
  Pode fazer enquanto estiver a tomar um banho reparador, no seu sofá favorito, pouco antes de jantar, deitado na cama antes de adormecer, para dar alguns exemplos. A escolha desse instante é absolutamente pessoal mas, escolha o momento que escolher, assegure-se de que, pelo menos, irá dispor de 4-5 minutos dedicados apenas a isso e que, ainda mais importante, irá fazê-lo sem interrupções nem distracções.

  Rapidez

  Um dos segredos da avaliação é conseguir que dure pouco. Tem de ser uma coisa leve e sem subterfúgios. visamos o resultado, não recriar-nos durante minutos em pensamentos etéreos. Fazendo-a curta, breve e concisa, você conseguirá que seja menos monótona e ser-lhe-á mais fácil adquirir esse hábito. Quanto tempo?  Mais uma vez, é uma decisão pessoal; mas nunca mais de cinco minutos. É o período suficiente para nos avaliarmos porque já conhecemos o terreno que vamos pisar, de antemão sabemos o que fizemos. Encurtar ou alargar esse tempo é uma decisão sua.

  Regularidade

  O momento da Avaliação é uma coisa de que não deve prescindir , se quiser realmente que surta efeito e o ajude a melhorar. Lembre-se de que se chega ao hábito através da repetição constante. No princípio, quando ainda não desenvolveu o costume, pode recorrer a soluções ou truques, como apontar na agenda - como se fosse uma consulta com o médico -, pôr notas autocolantes no frigorífico, na mesa de trabalho, ou alarmes, até, no telemóvel.

  Relaxamento

  O momento da Avaliação não vai, de todo, contra o seu descanso. o seu dia de trabalho já terminou, apenas tem de olhar para trás e observá-lo com um olhar críico mas com espírito flexível e solto.  Esteja confortável, com roupa de casa, pode pôr a sua música de ambiente favorita, alguma coisa tranquila que não lhe perturbe os pensamentos. É o momento reservado apenas para si. 
  É importante que escolha um lugar que ninguém o vai interromper durante cinco minutos. Se estiver em casa e viver com mais pessoas, faça-as saber que esse é um momento muito importante para si e que durante esse tempo não o devem interromper.
  Evidentemente, desligue ou silencie o telemóvel, tente evitar a todo o custo as distracções. Esses cinco minutos são seus, parte do seu EU quotidiano e parte do se EU do dia seguinte. Ocupe-os e trate deles como um presente único.

  RESUMO DO APONTAMENTO

  1. A Avaliação encoraja o hábito de reflectir, analisando e verificando o estado da nossa Gestão Pessoal e revendo como se estão a comportar os nossos sentidos produtivos.

  2. Dada a nossa natureza, as circunstâncias, o ambiente e a Tecnologia que utilizamos, é conveniente praticar uma Avaliação  Diária e outra Semanal (ou Quinzenal).

  3. O objectivo da Avaliação é propor acções que nos conduzam à melhoria constante. Sem avaliação não há conclusão, não há acção não há conclusão, e nã há melhoria na nossa vida.

 4. Apenas procuramos detectar as falhas para melhorar, não para nos castigarmos. Mesmo quando já nos consideramos pessoas razoavelmente produtivas, estaremos sempre em aprendizagem contínua.

  5. A Avaliação também tem de ser um momento e um motivo para comemorar as nossas pequenas-grandes vitórias. Temos de saborear o êxito quando escolhemos e agimos bem.


Jorge Neves


sábado, 8 de outubro de 2016

LIDERANÇA PESSOAL - O AUTOCONTROLE NA PRODUTIVIDADE INDIVIDUAL






                                                     A disciplina é a parte mais importante do êxito

                                                                                          Truman Capote



  Muitos de nós propomo-nos a bons objectivos, aspiramos alcançar metas, construir e criar algo duradouro e, claro ser um pouco melhores cada dia que passa. Entusiasmamo-nos com um novo projecto com relativa facilidade, prometemo-nos e conjuramo-nos para perseguir um objectivo ou uma meta mas, depois, a longo prazo, a nossa força de vontade vai-se diluindo ou deixa-se dobrar por qualquer adversidade. Em vez de ser-mos corredores de fundo, capazes de planear, executar e aguentar corridas de longa distância, especializamo-nos em explosivos e efémeros sprints que apenas nos permitem percorrer alguns metros. 
  Os Desvios que falei nos apontamentos anteriores e se você já os pratica por certo descobriu que começaram a tecer dentro de si a infra-estrutura mental necessária para atacar esses projectos com inteligência produtiva. A Pró-actividade, a Perspectiva, a Simplicidade, a Focalização e o Método são essenciais na persecução de qualquer sonho, meta ou objectivo, mas é necessário juntar mais um ingrediente a essa fórmula.
  Todos temos uma disposição inata para a dispersão, a distracção e a indisciplina. Se é verdade que, algumas pessoas, essa natureza indómita é mais acentuada do que noutras, geralmente ela vem à superfície em todos nós, mais tarde ou mais cedo. E devemos tê-la muito presente porque a nossa tendência natural, além de outros factores externos, faz com que tendamos a esquecer e a não fazer os desvios. Ou seja continuamos no lado errado.
  O autocontrole tem de se perseguir e renovar diariamente. Não é uma virtude que se tem ou se adquire e pronto; e asseguro-lhe que não há livro nem perito no planeta que lho possa inculcar da noite para o dia. É um terreno que se tem de lavrar e adubar pacientemente todos os dias do ano, sem excepção. Sem disciplina, sem controle, sem vontade aplicada e consciente, não há nem um nem dois nem sete Desvios na direcção da Produtividade que consigam transformá-lo.

  Vejamos como funciona o mecanismo da disciplina para compreender como age e como podemos estimulá-lo. No momento de cumprir uma obrigação, a nossa mente percorre três fases:

  1. A minha mente apercebe-se de que tenho de fazer alguma coisa ou que devo proceder de acordo com uma conduta ou certos princípios. Pode ser quando estou a realizar uma tarefa ou quando tenho de reagir ante um acontecimento. É a OBRIGAÇÃO.

  2. A minha mente organiza-se e visualiza o facto de ter de o fazer ou de se comportar assim. Valoriza as implicações os prós e os contras do momento, as circunstâncias e EU próprio. É a SITUAÇÃO. 

  3. Finalmente, sou em quem decide fazer ou não fazer essa tarefa ou modificar a minha conduta para agir como dita a obrigação. Isso traz sempre consequências, lembre-se que a Produtividade implica sempre fazer escolhas e tomar decisões. É  ESCOLHA.

  Mais uma vez, posto no papel, este processo mental de selecção pode ser bastante evidente. Afinal de contas, em maior ou menor grau, todos sabemos quais são os nossos deveres e, geralmente, queremos cumpri-los. Temos boa vontade e vontade de fazer as coisas. 
  Posto isto, há uma série de inimigos internos e externos que são tão ferozes e nos golpeiam com tal força que, para alcançar essa prosperidade produtiva, temos de fazer o Desvio de que este apontamento trata. O autocontrole protege-nos desses inimigos que constantemente ameaçam a nossa Produtividade.  Dá-nos a visão, a serenidade e a força necessárias para enfrentarmos e, em último caso, interliga todos e cada um dos Desvios de que falei em anteriores apontamentos.
  Apesar da variedade e da intensidade dos inimigos que terá de enfrentar quotidianamente, você já conta com as armas mais poderosas que possa imaginar. Através da contínua utilização dos seus princípios e fundamentos produtivos verificará que, pouco a pouco, vencer esses inimigos exigirá menos esforço. Isto apesar de, e volto a frisá-lo, ser um esforço grande e contínuo.
  Os Desvios têm a capacidade de se auto-alimentar e de promover o seu próprio desenvolvimento à medida que os for fazendo. Quanto mais Pró-activo for, menos lhe custará «obrigar-se a agir»; quanto mais se guiar pela Perspectiva, menos lhe custará «obrigar-se a recordar» os seus objectivos e princípios para escolher melhor. E o mesmo ocorre com os outros Desvios. Mas é imprescindível ter a disciplina suficiente para os pôr em prática fazê-los trabalhar, «invocá-los» para que o ajudem e entrem em acção sempre que necessário. Talvez isto seja óbvio mas é necessário dizê-lo: para que os Desvios funcionem, temos de nos «lembrar deles», chamar por eles, praticá-los em diferentes alturas do dia. Caso contrário, não servirão para nada, porque tudo aquilo que não se pratica perde-se.
  Esta é, para mim, a disciplina que temos de prosseguir na direcção da Gestão Pessoal plena. O Autocontrole proporciona-lhe a capacidade e o hábito de reclamar e activar os seus férreos princípios produtivos quando estiver a desenvolver qualquer actividade e for assaltado por um desses inimigos. Dito de um modo mais visual: O Autocontrole faz com que, perante o «ataque» de um desse inimigos, gritemos em voz alta: «Venham a mim.»
  Os Desvios acudirão, mas é imprescindível chamar por eles. A melhor forma de explicar o Autocontrole é conhecendo e dissecando os vários inimigos a que faço referência. Descobrir a sua natureza e as soluções para os derrotar são os passos que temos de dar.


  Inimigo 1: PROCRASTINAÇÃO


  Por trás desta palavra, que muitos pensam ser uma espécie de trava-língua quando a ouvem pela primeira vez, esconde-se um dos mais implacáveis inimigos da Produtividade. A Procrastinação não é mais do que a arte de retardar e adiar uma tarefa ou actividade inevitável e que, de forma repetida, nos negamos a fazer. Refiro-me a ela como uma «arte» porque no momento de deixar para trás repetidamente essa tarefa, nós mesmos inventamos as mais complicadas desculpas e formulamos as mais intrincadas razões para não a fazermos.
  Repita comigo as seguintes frases, que de certo lhe serão familiares:  «agora não me calha bem fazer isto, mas amanhã levanto-me uma hora antes e faço-a de certeza»; «é que agora não estou no meu máximo: vou dar uma volta com osj amigos e talvez fique com as ideias mais claras»; «vou responder a uns e-mails e de certeza que depois me dedico a isso»; «agora não estou suficientemente concentrado, acho que amanhã estarei mais fresco»; «pufff, nem pensar em fazer isso agora, mas de amanhã não passa, prometo». São frases sob as quais se escondem , habitualmente, tarefas que resistimos a fazer e que repetidamente adiamos.
  É importante clarificar uma ideia muito difundida e errada sobre a Procrastinação. A Procrastinação não é atraso de uma tarefa mas sim o atraso  - geralmente repetido - de uma tarefa  que resistimos a fazer por falta de iniciativa. Se adiarmos essa tarefa e tomarmos essa decisão baseados numa análise honesta e em férreos argumentos produtivos, não estamos a procrastinar.
  De um modo geral, a Procrastinação apresenta-se quando oferecemos resistência a fazer algo ou evitamos fazê-lo de forma consciente ou inconsciente. Esse estratagema repetido é causado por uma ou várias das seguintes razões:

  . PREGUIÇA. Não somos capazes de arranjar a motivação, o estímulo ou a energia que nos permitam fazer essa tarefa. Simplesmente, «não arrancamos». Há duas semanas que você se propôs arrumar a garagem e está sempre a adiar. Sempre que pensa nisso, é «imenso trabalho» ou «não é a altura mais indicada» por exemplo.

  . MEDO. Evitamos fazer uma coisa e adiamo-la repetidamente porque implica enfrentarmos algo que tememos ou que até nos aterroriza. Geralmente, por trás dela, há uma situação incómoda ou violenta para nós. Uma conversa com o nosso chefe para lhe propor uma melhoria nas nossas condições salariais é um bom exemplo disso.

  . INDECISÃO. Está a meio caminho entre a preguiça e o medo. Não fazemos essa actividade principalmente por falta de iniciativa, antecipação e ausência de confiança. Às vezes, não é claro para nós o que temos/devemos fazer e como solução decidimos atrasar sine die essa tarefa. «Bem, faço-a depois...há tempo que sobra.»

  . OUTRAS CAUSAS. Falta de energia e vitalidade, má organização e planificação, insegurança quanto ao resultado final, falta de auto-estima, incapacidade de medir o esforço necessário e, de um modo geral, ausência de princípios produtivos, que entretanto você já descobriu em si.

  Queria apenas apresentar-lhe, de um modo breve, a raízes da Procrastinação. Mas não é minha intenção analisá-las. Determe-ei, isso sim, no seu resultado final, em que todos os casos, independentemente da origem, é o mesmo: não fazermos o que tínhamos de fazer no momento em que o devíamos fazer, por resistência. 
  De acordo com a minha experiência, o único modo eficaz que conheço para derrotar a Procrastinação é apelar aos princípios produtivos. Poderia destacar muitas soluções mas fico-me com estas dez, que tão bom resultado me deram até ao momento.

  . Valorize e dê sentido a essa tarefa. Pense que não é algo que tem de fazer só «porque sim» mas que é algo que tem de terminar pela sua importância e porque vai ganhar alguma coisa de significativo com isso. Pense no que obterá quando tiver terminado: não pense na «maçada» mas no que vai conseguir ao completar essa tarefa. (Entra em acção a Perspectiva.) 

  . Se a sua tarefa for muito grande, divida-a ao meio, e novamente ao meio, até a decompor em pequenas partes. Em vez de enfrentar a tarefa à «maluca», divida-a em três, cinco ou dez fases a completar. Comece depois por aquela que dominar ou o inspirar mais ou aquela parte que achar mais atractiva. Às vezes é mais inteligente e até necessário começar pelo ponto 4, depois ir ao 7, ao 2 e ao 5. Aqui, você vence a Procrastinação através da criatividade e da inteligência. (Entra em acção a Simplicidade.)

  . Aproveite as horas em que rende mais. O nosso quotidiano  vai-se desgastando durante o dia e você melhor do que ninguém, sabe em que momentos costuma render mais e melhor. Tire partido dessas duas, três ou quatro horas onde as suas reservas internas e atá a sua motivação são claramente superiores para se dedicar à tarefa a que tanta resistência oferece. Decidir fazer uma tarefa a que oferecemos resistência quando precisamente estamos mais cansados é o passaporte directo um para o país da Procrastinação (Entra em acção a Pró-actividade e o Método.

  . Pense nos outros, às vezes são eles que pagam caro a sua Procrastinação. Muitas das nossas tarefas influenciam o trabalho ou a vida de outras pessoas, algumas delas próximas e queridas (familiares, amigos, companheiros,etc.) Antes de adiar, simplesmente por adiar, essa tarefa, pense na repercussão que terá nos outros. Porque ninguém quer cair na falta de solidariedade e de companheirismo, não é? Na grande maioria destes casos, a Procrastinação é sinónimo de egoísmo e maldade (Entra em acção a Perspectiva.)

  . Pratique o exercício do «FAZ ISTO AGORA!», que consiste em, literalmente, gritar consigo mesmo. O gritar visa sacudi-lo por dentro, eliminar a apatia ou a preguiça de uma assentada e pô-lo em acção imediatamente 
  Grite aquela frase com força, de dentro. Aparentemente, pode parecer um exercício ridículo, mas se o fizer com convicção e com suficiente vigor, verá como consegue desfazer-se da preguiça e da indecisão e pôr-se a trabalhar. Comigo sempre funcionou. (Entra em acção a Pró-actividade.)

  . Aplique a regra Minuto de Ouro. Muitas dessas pequenas tarefas que poderíamos despachar em menos de um minuto são matéria-prima para a Procrastinação. As mensagens de correio ou devolver uma chamada telefónica são dois claros exemplos disso. Se conseguir despachá-las, dar uma resposta a alguém que procura algo e fechar o tema em menos de um minuto, faça-o de imediato, tire essa tarefa da frente e não diga «bem, é melhor responder-lhe amanhã». (Entra em acção o Método.)

  . Conjugue essa tarefa com os seus objectivos. Qualquer tarefa, por aborrecida que pareça, há-de ter um lado positivo que o ajudará a enriquecer-se e a formar-se. Procure, analise e encontre, apesar disso, o ponto de ligação com os seus objectivos pessoais. O facto de essa tarefa estar relacionada com o seu Decálogo fará com que possa vencer a resistência com mais facilidade. Quer mesmo cumprir os objectivos do seu mapa de vida? Entre em acção e faça essa tarefa! Agarre-se a esse lado positivo, construtivo e didáctico para começar a trabalhar. (Entra em acção a Pró- actividade, com a Atitude mental Positiva, e a Perspectiva.)

  . Enfrente a Procrastinação que resulta do Medo. Nesses casos é sinónimo de fuga, evasão e desaparecimento. Escapar nunca solucionará o problema, que continuará presente quando regressar. Pense no que ganhará ao fazê-lo, no motivo real para o fazer e como se sentirá quando o fizer. A acção é o melhor remédio para o Medo e, para «tirar esse peso de cima», é imprescindível que se mexa.  Na maioria das vezes, visualizar criativamente o benefício que conseguirá, incentivá-lo-á a dar esse passo, corajoso e decidido. (Entra em acção a Pró-actividade e a Perspectiva.)

  . Estabeleça e ataque objectivos claros todos os dias. Não são poucas as vezes em que acabamos por não nos dedicar a uma tarefa porque não sabemos com nitidez o que fazer, o que queremos alcançar com ela ou até qual é o melhor momento para o fazer. Identifique claramente as Tarefas-Chave, as tarefas periódicas e as pequenas tarefas. Estabeleça alguns objectivos claros para o dia e fixe limites e momentos específicos para cada uma das actividades (entram em acção o Método e a Simplicidade.)

  Dê o primeiro passo e verá como tudo flui por si. A falta de iniciativa é, muitas vezes, uma sensação irreal que expõe o nosso recanto mais rebelde. Comece a caminhar, e verificará que é mais simples do que parecia inicialmente e dar-se-á conta de que «afinal não era uma coisa do outro mundo».

  INIMIGO 2: IMPREVISTOS

  Além da Procrastinação, as tarefas imprevistas e incumbências inesperadas são um dos maiores desafios que a Produtividade enfrenta diariamente. 
  Ao identificar as Tarefas-chave do dia, a nossa Lista de Saída contém o mapa preciso de tudo aquilo que temos de completar e, graças à Focalização, os nossos sentidos estão sincronizados e orientados numa só direcção. Tudo está de modo a explorar ao máximo a nossa criatividade e o nosso talento quando, de repente, uma chamada de um cliente furioso implica que se tenha de resolver um problema imediatamente ou, então, o chefe chama-o ao seu gabinete para o encarregar de um trabalho que «já era para ontem», para falar de dois exemplos muito comuns.
  Como agir para que a planificação e a execução de todas as nossa tarefas não caiam por
 terra? Como conseguir ser produtivo se durante o dia nos deparamos com esse obstáculos que bombardeiam a nossa Gestão Pessoal? 
  Mais uma vez, será a sua base mental produtiva ajudá-lo-á a evitar este inesperado temporal, esta crise de tarefas ou qualquer incumbência imprevista que se nos apresente.

  . Aja com calma e serenidade. Aceite os imprevistos como algo de normal que tem de acontecer e vai acontecer, mais tarde ou mais cedo. Revoltar-se contra eles nunca os solucionará, além de provocar ansiedade e bloquear a sua capacidade produtiva. Proceda de forma tranquila, consciente e optimista. Pense que essa tarefa inesperada não é uma contrariedade nem uma «chatice», mas um desafio que vai poder ultrapassar com decisão e espírito construtivo. Pense também que não é a primeira vez que isso lhe acontece e, em ocasiões anteriores, teve capacidade de superação. (Entra em acção a Pró-actividade, com Atitude Mental Positiva.)

  . Analise durante alguns instantes a dimensão real e os requisitos da tarefa ou incumbência que inesperadamente lhe atribuíram. Tem todos os meios e material de que necessita? Tem de fazer alguma chamada ou pedir alguma coisa a alguém?Tem de procurar informação? Não perca nem um instante a lamentar-se por ter de fazer essa tarefa.  Utilize os meios que tiver na procura de tudo aquilo que necessita para completá-la e meta as mãos à obra sem lamentos nem impropérios. (Entra em acção a Pró-actividade.) 

  . Evite a multitarefa. O inesperado pode acelarar-nos, transmite precipitação e impele-nos a querer fazer tudo ao mesmo tempo. Acreditamos, erradamente, que, ao fazer várias coisas ao mesmo tempo, seremos capazes de terminar essa tarefa muito antes. É precisamente o contrário. Não acelere e, sobretudo, faça uma coisa de cada vez. Ao concentrar-se numa única tarefa, o seu nível de stresse reduzir-se-á, a sua atenção irá apenas numa direcção e custar-lhe-á muito menos avançar para cada uma das fases em que dividiu esse imprevisto. (Entra em acção a Simplicidade.)

  . Não se deixe levar pelo pânico do momento e pelo impacto que esse imprevisto    possa ter sobre as outras tarefas pendentes. Não pense «e como vou fazer as outras coisas que tinha previsto?» Tem mesmo de as fazer todas hoje? Lembre-se  da diferença vital entre o que é urgente e o que é importante, e a divisão capital entre o tenho, devo e posso.  Examine com calma a sua Lista de Saída, visualize o resto do seu dia e preocupe-se especialmente com as Tarefas-Chave. Redistribua-as de forma inteligente por outros momentos em que possa terminar e regresse de imediato à tarefa imprevista que tem de fazer. As outras coisas poderão esperar, logo verá. (Aqui entra em acção o método.)

  . Não procure a perfeição logo à primeira. Em muitas ocasiões, obcecamo-nos e ficamos bloqueados com uma tarefa imprevista porque formulamos a imposição fictícia de que se deve fazer aquilo «na perfeição».  Pense de forma criativa e, sobretudo, prática. O primeiro objectivo é meter-se a caminho, avançar e terminar a tarefa. Depois poderá regressar a ela para melhorar, polir e afinar cada detalhe. Muitas vezes, é o «puxar o lustro» que nos bloqueia, porque os detalhes asfixiam-nos. (Aqui entra em acção a Simplicidade.)

  INIMIGO 3: DIZER QUE SIM A TUDO

  Não sermos capazes de dizer que «NÃO» a uma pessoa que nos pede algo, é uma das razões mais comuns - e, ao mesmo tempo surpreendente - que, na prática, faz com que a produtividade diária se ressinta. Simplesmente porque nos dizem que é «muito urgente» ou porque insistem connosco, acedemos imediatamente, instintivamente, sem calcular as consequências nem o impacto que essa decisão vai ter no fluxo de trabalho.
  Se agirmos guiados pela Focalização, poderemos ter a plena consciência e estar totalmente sintonizados com as nossas prioridades, os objectivos e as tarefas que temos de completar a seguir. Portanto, teremos a perspicácia, o raciocínio e até a liberdade para nos desculparmos a essa pessoa e dizer-lhe «NÃO»... pelo menos naquele momento.
  Naturalmente não estou a promover a falta de solidariedade nem a sugerir a falta de companheirismo. Estou a falar de sermos capazes de distinguir, de ter o raciocínio e a clarividência suficientes que nos permitam agir com perspicácia e ao serviço da nossa Gestão Pessoal.

  IMPORTANTE! Ser produtivo implica cuidar do seu tempo e dos seus recursos internos. Também respeitar as tarefas e os objectivos pelos quais trabalha diariamente. Se os mal tratarmos ou ignoramos, nunca abandonaremos a insatisfação produtiva que nos acompanha. A Perspectiva e a Focalização proporcionar-nos-ão os motivos e farão com que estejamos conscientemente sintonizados no presente. Assim, se as circunstâncias e o momento assim o ditarem, diremos à outra pessoa: «Tens  de me desculpar mas neste preciso momento não posso. Deixa-me terminar isto e logo me dedico ao que me pedes.» Esta frase simples, ou uma semelhante, dita e forma sincera - mas incisiva ao mesmo tempo - e com um amplo sorriso nos lábios, é o passaporte directo para poder continuar a sua tarefa. E a outra pessoa facilmente compreenderá isso.
  No entanto, dizer essa frase custa imenso e a maioria das pessoas tende a aceder a qualquer pedido sem pesar as consequências.
  Recorde a máxima: ser produtivo é uma questão de escolher bem. E ao aceder a qualquer pedido de qualquer forma e em qualquer circunstância, estará, certamente, a escolher mal.
  Como reagir a isto? Como conseguir? Proponho-lhe uma série de segredos que sempre deram resultado comigo: 

  . Antes de aceder, «aguente os cavalos» e pese o impacto que essa tarefa vai ter nas tarefas que tem nas mãos (na sua Lista de Saída). Recorde que as tarefas são peças numeradas de um puzzle que todos os dias vai preenchendo. Para pôr uma peça de outra pessoa terá de tirar uma das suas. Uma escolha irreflectida ou precipitada terá um efeito de ricochete nas tarefas e actividades a fazer depois. As suas tarefas são as tarefas que tem de fazer. As outras são as que talvez possa fazer. (Entra em acção a Focalização o Método e a Perspectiva.)

  . Tente compreender em toda a sua extensão o que lhe estão a pedir. A seguir, avalie se entra em conflito com os seus objectivos pessoais ou se impede de os desenvolver, bem como se terá um impacto benéfico a longo prazo. Se você não beneficiar com isso, é possível que o seu projecto ou a sua empresa beneficiem, ou a outra pessoa que tiver ao seu lado - podemos decidir fazer essa tarefa por solidariedade e companheirismo. Por outras palavras, dê um sentido e motivos â sua acção.)Entra em acção a Perspectiva.)
Mi   . Se a sua resposta tem de ser «não», pelo menos naquele momento, não duvide nem por um instante em pronunciar a frase. Faça-o de forma categórica mas também cortês e educada, com uma linguagem positiva e construtiva, tendo bem claros os seus objectivos e as circunstâncias. Ser solidário e bom colega não é incompatível com o respeito da própria Produtividade. A boa Gestão Pessoal começa por cuidar de nós mesmos e respeitarmo-nos (Entra em acção a Pró-actividade.)

  . Se for o seu chefe ou supervisor a ordenar-lhe que faça uma tarefa, não aceite mudar de planos logo à primeira. Tente fazê-lo perceber a importância do que está a fazer nesse momento e como seria contraproducente interrompê-lo. Claro, não se trata de se revoltar e dizer-lhe que «não» mas de adiar a nova tarefa para evitar prejudicar a outra em que está envolvido. Exponha-lho abertamente, com perspicácia e argumentos produtivos, e certamente que ele compreenderá com facilidade. (Entra em acção a Pró-actividade, a Focalização e a Perspectiva.)

  . Lembre-se da importância de dosear o seu EU quotidiano. Pode fazer algumas coisas mas não todas as coisas que se proponha ou lhe peçam. Você é um corrector que todos os dias tem de agir uma valiosa quantidade de activos internos. Tem de agir com inteligência e decidir onde os quer colocar e investir. Se tentar «chegar para tudo», fá-lo-á de forma precipitada, medíocre e com stresse. Não se esqueça de que é o principal administrador de si próprio e não se pode esbanjar e desperdiçar em todo o lado. (Entra em acção a Perspectiva.) 

  INIMIGO 4: STRESSE 

  Um dos aspectos fundamentais que  venho falando ao longo destes vários apontamentos sobre a Produtividade e Gestão Pessoal, é o da importância de desempenhar o nosso trabalho de forma desafogada e sem tensão. O relaxamento é um benefício directo para a Produtividade. O stresse é uma das mais graves ameaças para a criatividade, talento e a capacidade pessoal e profissional. 
  Deixando de parte as causas psicológicas ou de outro tipo, a dificuldade em nos concentrar-nos adequadamente, a má planificação com datas limite desajustadas, a multitarefa e a incapacidade para distinguir o urgente do importante, costumam ser algumas das principais razões para a ansiedade que domina muitas pessoas no trabalho.
  Se se deixar conduzir pelos Desvios, reduzirá consideravelmente as possibilidades de estar à mercê deste tipo de stresse. A sua cuidada base mental, os seus princípios produtivos e a sua determinação permitir-lhe-ão tomar as rédeas das actividades diárias e ter a desafogada sensação de que nada se lhe escapa.
  A Pró-actividade predispõe para a acção e para resolver as dificuldades que forem surgindo; a Perspectiva ajuda a identificar e a ter presentes os seus objectivos; a Simplicidade fornece os ingredientes para trabalhar de forma racional e sem excessos; a Focalização permite-lhe estar sintonizado no presente e multiplicar a concentração; e com o Método consegue planear e fazer todos os dias tanto Tarefas-chave como as de menos importância.  
  Mas vários factores externos, assim como a nossa própria natureza, fazem com que  o stresse e a ansiedade estejam sempre emboscados. Embora isso varie, sem dúvida, de pessoa para pessoa, é extremamente fácil cair nas suas garras e deitar por terra o contributo e o trabalho que teve a alterar os seus comportamentos diários para poder melhorar a sua Produtividade. Contributos esses a que lhes venho chamando ao longo de vários apontamentos de  "DESVIOS"
  Nunca subestime o stresse e a ansiedade devidos à pressão para terminar as tarefas. É algo muito sério que limita a imaginação e a criatividade, que põe obstáculos à iniciativa e à clareza de ideias e que imobiliza o raciocínio e os princípios produtivos. 
  É o inimigo a combater. Como? Além da contribuição de todos e cada um dos Desvios, e dos passos que damos neste,  pode adoptar várias medidas para o conseguir:

. Descansar e dormir adequadamente. Não rende mais quem mais horas roubar ao sono mas quem aproveitar cada hora do dia. Um descanso adequado fará com que seja mais fácil os níveis de atenção, frescura e criatividade estarem à altura. Na cama, durma e descanse.  Não leve consigo o portátil ou o telemóvel, não veja televisão nem planeie as suas tarefas na almofada.O lugar e o momento para descansar também são «couto de caça privado» da sua Produtividade. (Entra em acção a Perspectiva e a Focalização.)

  . Planeie e visualize com antecipação. A Focalização, especialmente a Matinal, ajuda-o a antecipar, assim que se levante, aquelas tarefas ou os momentos mais exigentes do dia. Esse exercício predispô-lo-á e alterará os seus sentidos produtivos para desempenhar o trabalho com mais sossego e, ao mesmo tempo, mais intensidade. Por outro lado, a dupla revisão das suas listas de tarefas permitir-lhe-á saber, em qualquer altura, aquilo que está a fazer. Tanto um como outro exercício ajudam-no a familiarizar-se com aquilo que o espera. Porque domina-se aquilo que se conhece; aquilo que não é familiar nem se controla origina stresse. (Entra em acção a Focalização e o Método.)

  . Identifique aquilo que lhe provoca stresse. O stresse pontual aparece rapidamente quando surge uma situação muito concreta: uma incumbência inesperada, uma disputa familiar, desajustes na nossa planificação, excessos de comidas e bebidas estimulantes, fazer um discurso ou falar em público, pressas e atrasos, um confronto no trabalho etc. Dedique tempo a detectar as coisas que lhe provocam stresse, analise-as, estude-as e contribua para lhes fazer frente. A iniciativa e o espírito de antecipação ajudá-lo-ão a evitar, destruir ou derrotar essas situações que funcionam como detonadores da sua ansiedade. (Entra em acção a Pró-actividade.)

  . Pare e não faça nada. A frase de  Sydney J. Harris: «É preciso relaxarmos quando não temos tempo para isso» abriu-me os olhos. Vai a mil à hora? Não pára de olhar para o relógio e está sempre a suspirar por nunca mais chegar?» Pare cinco,dez ou quinze minutos e não faça absolutamente nada. Fique em silêncio, relaxado e respirando profundamente. Se alguma coisa aprendi na minha vida é que o corpo tem um limite e que se o ultrapassarmos, é raro podermos fazer marcha-atrás. Faça pausas frequentes, acalme-se, pise o travão e, sobretudo, pare. Parar e descansar sem fazer nada não prejudica o trabalho, antes o favorece. (Entra em acção a Produtividade.)

  . Relaxe, divirta-se ria. O ócio e a descontracção, os pequenos momentos para desanuviar, passear, divertir-se e distrair-se, são determinantes para afastar o stresse. Pode divertir-se sozinho, mas se o fizer na companhia de outras pessoas potenciará os seus efeitos regeneradores. Cavaquear, sorrir, e rir com os amigos, companheiros e família são actividades essenciais em toda a boa Gestão Pessoal. Não há melhor remédio para combater a ansiedade produtiva do que rir a bandeiras despregadas. (Entra em acção a Produtividade.)

  INIMIGO 5: DESMOTIVAÇÃO

  "Uma-dura-lição eu sofri na carne". A motivação e o desejo de melhorar produtivamente, quer em termos pessoais ou profissionais, nunca permanecerão inabaláveis. Haverá dias ou momentos tremendamente difíceis em que desaparecerão e se desmoronarão completamente.
  Existe a espantosa facilidade que as pessoas têm para se comprometerem com algo e, ao mesmo tempo, a propensão para abandonarem esse compromisso passado pouco tempo. «Manter a guarda» não é uma virtude humana e salientamo-nos por perder o interesse com a mesma facilidade com que, pouco antes, nos tínhamos apaixonado.
  Por outro lado, cada novo dia é um mundo e, apesar da paixão e do ardor que tenho pela produtividade, nem sempre é um paraíso onde tudo é cor-de-rosa. Imagine o dia em que se levanta com o pé esquerdo, vai para o trabalho quase sem forças e com o ânimo de rastos. Os seus companheiros parece que estão combinados para deitá-lo abaixo, e os problemas, em vez de se resolverem como costumava ser, emaranham-se entre si formando uma teia de aranha de que não consegue escapar.
  Como enfrentar esses momentos ou dias em que tudo se complica e nos falta motivação? Como podemos fazer também aquelas tarefas que, pela, monotonia e falta de estímulo, temos tanta dificuldade em terminar? Como conseguir «querer fazer as coisas» quando tudo se torna tão difícil e se põe contra nós?

  Eis os segredos que funcionaram comigo:

  . Acarinhe o início do dia. Muitas pessoas descuidam esse precioso momento com maus hábitos: levantam-se tarde, tomam um pequeno-almoço incompleto e desequilibrado, ligam-se logo à Internet sem nenhum objectivo claro, não visualizam  os objectivos do dia, fazem as coisas à pressa, estão irritados, etc. O modo como começa o seu dia determinará, em grande parte como ele correrá. Estude examine os seus hábitos matinais e procure aqueles que revitalizem e reactivem os seus biorrítmos produtivos desde o primeiro instante. (Entra em acção a Pró-actividade.)

  . Não pense  nem diga «não me apetece» Em vez disso, diga «quero fazer isto», «vou fazer isto», e, sobretudo, ponha-se em movimento! Ás vezes, a falta de motivação é uma ilusão fictícia que a mente cria devido a vestígios da nossa natureza improdutiva. Pelo simples facto de se meter ao trabalho, de começar a fazê-lo,e, sobretudo «ver» que o está a fazer e está a avançar, encontrará a motivação suficiente para completar essa actividade com outra predisposição. (Entra em acção a Produtividade.)

  . O êxito dos grandes projectos assenta nas pequenas coisas feitas de forma brilhante. Nem sempre a nossa motivação é activada por pensarmos em coisas grandes, às vezes é preciso recorrer ao pequeno, ao minúsculo. Aprenda a valorizar e a espremer as pequenas  coisas, recrie-se em fazer bem as coisas mais discretas e verá a sua motivação aumentar.Um grande edifício tem de ser construído tijolo a tijolo, e cada um destes faz sentido e cumpre uma missão crucial. Concentre-se em alguma coisa pequena  e «utilize-a» para desencadear a sua ansiada motivação. (Entra em acção a Simplicidade.)

  . Tenha consciência do momento, do agora. Às vezes, falta-nos motivação porque a nossa mente está noutra parte, prisioneira de pensamentos mais abstractivos ou relacionados com os nossos tempos livres. Talvez uma viagem, uma excursão, uma festa, um jantar, etc. Dê a volta aos seus pensamentos e utilize esses momentos de ócio a seu favor, como elemento motivador. Interprete-os como uma recompensa ou um prémio pelo trabalho que tem de fazer e para o qual lhe custa encontrar uma razão. (Entra em acção a Focalização.)
  . Recupere o fôlego. Não é nada do outro mundo ter um dia com falta de motivação ou vontade. Os que perseguem a Produtividade não são máquinas mas pessoas bem vivas. É necessário passar por momentos assim para depois desfrutar mais dos dias bons produtivos. Não tome nenhuma decisão drástica nem se torture com a frase como «que desgraça hoje não consigo render nada». Limite-se, simplesmente, a fazer o que for prioritário e mais importante, deixe passar as horas e o dia terminará. Amanhã será outro dia, a sua motivação regressará e continuará presente. (Entra em acção a Perspectiva.)


  .Tenha sempre à mão o seu Decálogo Pessoal de Produtividade. Por muito que eu o incentive ou lhe forneça segredos, não há melhor motivação do que lutar pelas coisas que verdadeiramente quiser.  Os seus sonhos, as suas metas, os seus objectivos pessoais, a sua família... Não há nada mais poderoso para se inspirar do que isso. Reavive todos os dias a sua motivação com essa lista e, nos momentos de fraqueza ou desalento, volte a lê-la e reflicta sobre cada uma das dez coisas que dão sentido ao seu trabalho e ao seu esforço. (Entra em acção a Perspectiva.)


  RESUMO DO APONTAMENTO


  1. De uma forma gradual, os Desvios foram reprogramando o seu cérebro produtivo, implantando hábitos e costumes positivos. Mas para alcançar um equilíbrio produtivo duradouro é necessário preparar-se para combater certos inimigos internos e externos que, permanentemente, se emboscam contra si.

  2. A Procrastinação, por preguiça, medo ou indecisão, tem sempre o mesmo efeito: você resiste a fazer certas tarefas, adia-as repetidamente e estas continuam por fazer. Deixe-se ajudar pelos Desvios para a derrotar e conseguir meter mãos à obra. É fazendo que as coisas se conseguem e resolvem.

  3. Os imprevistos e as tarefas inesperadas são parte inevitável do seu trabalho, dos seus projectos e da sua vida. A sua primeira reacção perante eles tem de ser calma, calculada e positiva. Com uma reacção desesperada e contrariada nunca ganhará essa batalha e as tarefas continuarão por fazer.

  4. Embora isso vá muitas vezes contra os seus princípios ou temperamento, às vezes é preciso dizer «NÃO». Tem de adiar esse favor ou essa tarefa que um colega ou amigo lhe está a pedir com tanta insistência. Respeite o seu tempo e os seus objectivos, não caia em aparentes «urgências» e não perca de vista que a Produtividade é sempre uma questão de escolher bem.

  5. O stresse laboral-produtivo é um peso para a sua criatividade e para o seu desenvolvimento como profissional e como pessoa.  Utilize activamente os Desvios para se livrar da ansiedade e para fazer o seu trabalho de forma desafogada mas sem perder intensidade.

  6. A falta de motivação é algo que terá de se confrontar, mais tarde ou mais cedo. Na vida, há vales e montanhas dias em que tudo fluirá com naturalidade e outros em que tudo parecerá  correr mal.  Agarre-se sobretudo à lista de coisas que figuram no seu Decálogo Pessoal de Produtividade para conseguir reactivar e recarregar a sua motivação.

  Jorge Neves