quarta-feira, 27 de maio de 2015

GESTÃO E LIDERANÇA - A ESCOLHA







  Aquilo que pensamos ou em que acreditamos, no final, tem pouca importância. A única coisa que realmente tem importância é o que fazemos.

                                                                                                               JOHN RUSKIN

   De todo não será bom permitir que os funcionários tenham manuais extensos com políticas e procedimentos que tentem padronizar o comportamento das massas.
  O foco de preocupação deve estar no comportamento da equipa de liderança, que deve funcionar de forma adequada. 
  Se assim for tudo resto acontecerá naturalmente.
  Durante a minha carreira profissional, eu deslocava-me quase que diariamente a empresas com problemas, e as pessoas muitas vezes apontavam a falta de respeito uns com os outros ou uma rapariga de um qualquer sector como fonte dos verdadeiros problemas. Mas nove vezes em dez, quando eu visitava uma empresa em crise, o problema estava sempre no topo da mesma.
  É um pouco como nas famílias disfuncionais quando levam os filhos a um psiquiatra e lhe pedem que dêem um jeito nas crianças, porque fazem birras por tudo e por nada. Claro que fazer birras é apenas um sintoma do verdadeiro problema, que na realidade está muito mais relacionado com a mãe e o pai.
  Um general sábio e idoso comentou uma vez que não existem pelotões fracos, mas apenas lideres fracos.

  Falando agora um pouco da Práxis, sabemos que os sentimentos positivos derivam dos comportamentos positivos. O que é que isso significa exactamente? Os ensinamentos tradicionais ensinam-nos que os nossos pensamentos e sentimentos comandam o nosso comportamento e, claro, nós sabemos que isto é verdade. Os nossos pensamentos, sentimentos, crenças - os nossos paradigmas - na verdade influenciam muito o nosso comportamento. A Práxis ensina-nos que o oposto também é verdade.
  O nosso comportamento também influencia os nossos pensamentos e os nossos sentimentos. Quando nós, como seres humanos, estabelecemos um compromisso de concentrar a nossa atenção, tempo, esforço e outros recursos em alguém ou alguma coisa, com o tempo começamos a desenvolver sentimentos pelo objecto da nossa atenção. Os psicólogos dizem que nós investimos no objecto da nossa atenção ou, por outras palavras, ficamos afeiçoados ou ligados a ele.
  A práxis explica porque é que as crianças adoptadas são tão amadas como os filhos biológicos, porque é que nos afeiçoamos tanto aos animais de estimação, aos cigarros, à jardinagem, às bebidas, aos carros, ao futebol, a coleccionar selos e a todas as restantes coisas que preenchem as nossas vidas. Afeiçoamo-nos àquilo a que dedicamos a nossa atenção, a que dedicamos o nosso tempo ou que servimos. Dou este exemplo: o meu vizinho da frente, à primeira vista achei que ele era o tipo mais sinistro que eu já alguma vez vira. Mas com o passar do tempo, à medida que fomos obrigados a trabalhar juntos em algumas tarefas de condomínio comecei a gostar dele.
  A práxis também funciona na direcção oposta. Durante os tempos da grande guerra, por exemplo, os países desumanizaram frequentemente o inimigo. Chamamos-lhes  «soldados alemães»,«amarelos», «turras» aos combatentes opositores na nossa guerra no ultramar, porque, com o passar do tempo, desumanizá-los faz com que seja mais fácil justificarmos o acto de matar. A práxis também nos ensina que se não gostarmos de uma pessoa e a tratamos mal, acabaremos por a odiar ainda mais.
  A práxis ensina que se  eu estabelecer um compromisso de amor e de me dedicar às pessoas que sirvo e se sintonizar as minhas acções e comportamentos com esse compromisso, com o tempo acabarei por ter uma opinião positiva dessa ou essas pessoas, dessa ou dessas quaisquer outras coisas.
  Um psicólogo famoso de Havard chamado Jerome Brunner afirmou que é mais fácil alcançarmos um sentimento através das acções do que alcançarmos uma acção através do sentimento.
Demasiadas pessoas, incluindo eu próprio, pensam ou dizem que se irão comportar de forma diferente quando se sentirem mais inclinadas para o fazerem. Infelizmente, muitas vezes esses sentimentos e essa vontade nunca surgem.

  O poder da práxis pode muitas vezes curar casamentos. A perda dos sentimentos românticos que os casais frequentemente vivem antes de um divórcio pode, de facto, ser corrigida se o casal desejar. Para o alcançar, cada pessoa assume um compromisso durante trinta dias. Compromete-se a tratar o cônjuge da forma que o tratava quando estavam presentes os grandes sentimentos românticos e quando namorava com ele. A tarefa do homem é dizer à mulher que ela é bonita, comprar-lhe flores, levá-la a jantar, etc.. Em suma fazer todas as coisas que fazia quando estava «apaixonado» por ela. A mulher também tem de tratar o marido como um namorado novo. Dizer-lhe que ele é bonito, cozinhar os seus pratos favoritos, esse tipo de coisas. Os casais que estão muito empenhados em cumprir esta difícil tarefa, retomam muitas vezes os sentimentos antigos. A isto chama-se práxis. Os sentimentos serão uma consequência do comportamento.

  é verdade que é difícil começar. Obrigar-se a si próprio a demonstrar apreço e respeito por uma pessoa de quem não se gosta ou comportar-se de uma forma afectuosa com uma pessoa de quem não é fácil gostar implica um esforço muito grande. Esforçar-se e criar musculatura emocional é muito parecido com esforçar-se e desenvolver musculatura física. No início é difícil. No entanto, com empenho e exercício adequado - com a prática -, os músculos físicos, alongam-se e tornam-se maiores e mais fortes do que alguma vez você poderia imaginar.
 Conheci e conheço muitos pais, cônjuges, treinadores, professores e outros líderes que não querem assumir a responsabilidade que o seu papel de líderes requer escolhas e comportamentos necessários para se ser um líder eficiente.
  Dizem por exemplo. «Começo a tratar os meus filhos com respeito quando eles se começarem a comportar melhor», ou «Dedicar-me-ei à minha mulher quando ela também se dedicar mais a mim», ou «Prestarei mais atenção ao meu marido quando ele tiver alguma coisa interessante para me dizer», ou «Dedicar-me -ei aos funcionários quando for aumentado», ou «Começarei a tratar os meus funcionários com dignidade quando o meu chefe me começar a tratar com dignidade».
  Já ouviu falar certamente a frase « Mudarei quando...» e  pode preencher o espaço em branco. Talvez esta afirmação possa ser transformada numa pergunta: «Mudarei...Quando?»
  Somos responsáveis pelas escolhas que fazemos. A liderança começa com uma escolha. Algumas dessas escolhas incluem enfrentar algumas responsabilidades tremendas para as quais nos voluntariamos e sintonizar as nossas acções com as nossas intenções. Mas há muitas pessoas que não querem assumir a sua responsabilidade e preferem atribuir essa responsabilidade aos outros. É curioso observar que do foro psicológico descobre-se com alguma facilidade que as pessoas que têm problemas psicológicos sofrem frequentemente de perturbações de «responsabilidade».
  Muitos neuróticos assumem demasiada responsabilidade e acreditam que são os culpados de tudo o que acontece.
  «O meu marido é alcoólico porque eu não sou uma boa esposa», ou «O meu filho consome droga porque eu fracassei como pai», ou «O tempo está mau porque eu não disse as minhas orações hoje de manhã».
  Por outro lado, as pessoas com perturbações de personalidade de um modo geral não assumem responsabilidade suficiente pelas suas acções. «O meu filho está com problemas na escola porque os professores não prestam», ou Não consigo progredir na minha empresa porque o meu chefe não gosta de mim», ou «Sou alcoólico porque o meu pai também era alcoólico».  E depois há os que ficam no meio, os neuróticos com perturbações de personalidade, que por vezes assumem demasiada responsabilidade e outras vezes não assumem responsabilidade suficiente.

  Mas será que actualmente vivemos numa sociedade neurótica ou numa sociedade com perturbações de personalidade?
  Acredito que um dos problemas é que levamos demasiado a sério a tese de Sigmund Freud. Embora Freud tenha dado um grande contributo para o campo da psiquiatria, e por isso devemos sentir-nos gratos, ele plantou as sementes do determinismo que desculpou a nossa sociedade de todos os maus comportamentos, permitindo aos cidadãos não assumirem a responsabilidade adequada pelos seus actos. 
  Mas afinal o que isso «determinismo»?
  Levado ao extremo, o determinismo significa que para o efeito ou acontecimento, físico ou mental, há uma causa. Seguir a receita para a confecção de um bolo é a causa que previsivelmente produzirá o efeito do bolo. Na fábrica de vidro, aquecer areia, cinza e outros ingredientes que se utilizam é a causa que previsivelmente produzirá o efeito do vidro fundido. O determinismo puro diz que se conhecermos as causas, físicas e mentais, podemos prever o efeito.
  Sabemos também que a ciência de alguma forma nunca conseguiu dar uma resposta convincente para o paradoxo da primeira causa. Mas de um modo geral as pessoas acreditaram que o determinismo, a ideia de que para cada acontecimento há uma causa, é verdadeiro no que respeita a todos os acontecimentos físicos, embora actualmente esta ideia tenha sido contestada. No entanto Freud decidiu levar este conceito mais longe, aplicando o mesmo princípio à vontade humana.
  Ele afirmou que os seres humanos não fazem escolhas e que o livre-arbítrio é uma ilusão. Ele acreditava que as nossas escolhas e acções eram determinadas por forças inconscientes das quais nunca poderíamos ter totalmente consciência. Freud afirmou que se, soubéssemos o suficiente acerca da hereditariedade de uma pessoa e do respectivo ambiente, poderíamos prever com exactidão o seu comportamento, inclusive as escolhas individuais que essa pessoa faria.  As teorias de Freud puseram fortemente em causa o conceito do livre-arbítrio.
  -«O determinismo genético permite-me culpar o meu avô pelos meus genes, o que explica o facto de eu ser alcoólico»;«Ou o determinismo psíquico permite-me culpabilizar os meus pais pela infância infeliz que tive, o que claro me obrigou a fazer escolhas erradas ao longo da vida»; ou «O determinismo do ambiente permite-me culpar o meu chefe por tornar as minhas condições de trabalho tão miseráveis, o que explica o mau comportamento no local de trabalho»!
  Agora tenho montes de novas desculpas para o meu comportamento. Não é maravilhoso?

  Teremos assim tanta certeza de que somos livres de escolher?

  Por exemplo foram realizados estudos que indicam claramente que os alcoólicos têm mais probabilidades de ter filhos que venham a tornar-se alcoólicos. E o alcoolismo não é uma doença?  Então como é que se pode afirmar que se está a fazer uma escolha? Embora se possa ter uma predisposição para ter um problema de alcoolismo, faz algum sentido atribuir ao pai ou à mãe a dependência de álcool? Ou cabe a cada um decidir se deve ou não tomar o primeiro copo?
  Em tempos estive num curso sobre ética profissional e nesse curso dividiram a palavra RESPONSABILIDADE em duas: Resposta e Habilidade.
  Ensinaram-nos que recebemos todo o tipo de estímulos: contas, maus chefes, problemas no casamento, problemas com colegas, com os filhos, com os vizinhos, problemas de todo o tipo. Nós estamos sempre a receber estes e outros quaisquer estímulos, mas como seres humanos temos a capacidade de escolher a nossa resposta. De facto a capacidade de escolher a nossa resposta é uma das glórias do ser humano. Os animais reagem de acordo com o instinto. Um urso planícies faz o mesmo tipo de toca que um urso de montanha. Um pardalito do interior faz o mesmo pipo de ninho de um do litoral. Os golfinhos que são ensinados a saltar, não têm consciência das suas façanhas, mas sabem que no final do espectáculo poderão encher a barriga de peixe.

  Viktor Frankl, escreveu um pequeno livro famoso intitulado "A busca do Sentido" que recomendo a sua leitura. Frankl, um psiquiatra judeu, formou-se em psiquiatria e mais tarde tornou-se professor na prestigiada Universidade de Viena, a mesma universidade onde Sigmund Freud estudou. Frankl tornou-se um defensor e proponente do DETERMINISMO, 
tal como o seu mentor e ídolo, Freud. 
  Durante a guerra, Frankl foi preso e enviado para um campo de concentração onde esteve vários anos, perdeu quase toda a sua família e bens pessoais à mãos do regime nazi e suportou experiências médicas terríveis no seu próprio corpo. Sofreu muito e este livro não é de todo adequado a pessoas com estômago fraco. Mas, apesar do seu sofrimento, ele aprendeu muito sobre as pessoas e sobre a natureza humana, o que o forçou a repensar a sua posição relativamente ao determinismo.

  Deixo de seguida um excerto desse livro:


  Sigmunt Freud afirmou certa vez: «Exponha-se uma quantidade de pessoas e de modo diferente à fome. Quando a necessidade imperativa da fome aumentou, todas as diferenças individuais se desvanecem e no seu lugar surgirá a expressão uniforme de uma necessidade induzida»  Graças a Deus que Freud foi poupado à experiência de viver em campos de concentração nazis.  Os seus pacientes deitam-se em divãs de veludo vitorianos,  e não na imundice de Auschwitz. Lá as diferenças individuais» não se «desvaneceram» pelo contrário, as pessoas tornaram-se ainda mais diferentes, as pessoas desmascararam-se , tanto os porcos como os santos...

  O homem é, essencialmente, auto-determinante. É ele que escolhe aquilo em que se transforma. Nos campos de concentração, por exemplo, naquele laboratório vivo e campo de testes, observamos e testemunhamos alguns dos nossos camaradas a comportarem-se como porcos e outros a comportarem-se como santos. O homem tem no seu interior ambas as potencialidade; aquela que se torna realidade depende das decisões e não das condições.
A nossa geração é realista, porque aprendemos a conhecer o homem como ele realmente é.  Afinal de contas, o homem é aquele ser que inventou as câmaras de gás de Auschwitz, mas é também aquele ser que entrou naquelas câmaras de gás de cabeça erguida, rezando o Pai-Nosso.

  Que mudança de paradigma! Imagine um determinista convicto a dizer «O homem é, essencialmente, auto-determinante, é ele que escolhe aquilo em que se transforma», ou o que é tornado realidade nas pessoas «depende das decisões e não das condições.» Espantoso.

  É tudo uma questão de escolhas. 
  Mas se uma pessoa simplesmente decidir desistir da vida e não fizer escolhas nem participar em tomadas de decisões?
  Um filósofo dinamarquês disse uma vez que não tomar uma decisão é por si só uma decisão.
  Recordo que o caminho que temos de percorrer para alcançarmos a autoridade e a liderança começa com a vontade. A vontade são as escolhas que fazemos para aliarmos as nossas acções às nossas intenções. No final, todos temos de fazer escolhas relativamente ao nosso comportamento e todos temos de aceitar a responsabilidade pelas escolhas que fazemos. Escolhemos ser pacientes ou impacientes? Bons ou maus? Ouvir activamente ou simplesmente ficar em silêncio à espera da nossa oportunidade de falar? Humildes ou arrogantes? Respeitadores ou indelicados?  Abnegados ou egoístas? Capazes de perdoar ou ressentidos? Honestos ou desonestos? Comprometidos ou apenas envolvidos?

  Um certo dia um entendido disse que  A Natureza Humana significa «fazer chichi nas calças» lê-se na obra "O Caminho Menos Percorrido, de M.Peck.
  Isto parece uma anedota, mas acho que tem significado muito profundo.
  Para uma criança pequena, aprender a usar o bacio parece a coisa menos natural do mundo, É muito mais fácil fazer nas calças. Mas, com o tempo, este gesto pouco natural torna-se natural à medida que a criança vai praticando a autodisciplina e desenvolve o hábito de utilizar a sanita.
  -Creio que isto seja válido para qualquer disciplina - Quer seja aprender a ir à casa de banho, a escovar os dentes, a ler e a escrever ou praticamente qualquer nova competência que nos disciplinemos a aprender. A disciplina consiste em ensinarmo-nos a fazer o que não é natural.
  Através da disciplina, podemos fazer com o que não-natural se torne natural e, também se torne um hábito. E todos nós sabemos que somos criaturas de hábitos.

  Existem quatro etapas do desenvolvimento de novos hábitos ou competências. Estas etapas aplicam-se à aprendizagem de bons hábitos e de maus hábitos, de bons comportamentos  e de maus comportamentos.  O factor mais interessante  é que estas etapas se aplicam totalmente à aprendizagem de novas competências de liderança.

  PRIMEIRA ETAPA: Inconsciente e Sem  Competências

  Esta é a fase em que se desconhece completamente o comportamento ou o hábito. Esta fase  verifica-se antes de a mãe querer que o filho aprenda a ir à casa de banho, antes de se tomar a primeira bebida alcoólica ou de se fumar o primeiro cigarro, antes de se aprender a fazer esqui, a jogar futebol, a tocar piano a ler e a escrever ou qualquer outra coisa. Ou se desconhece ou não se está interessado em adquirir esta competência e, obviamente, não se possuem as competências necessárias para desempenhar esta acção.

  SEGUNDA ETAPA: Consciente e Sem Competências

  Esta é a fase em que o indivíduo se torna consciente de um novo comportamento mas ainda não desenvolveu as competências necessárias. Esta é a altura em que a mãe começa a sugerir que o filho utilize o bacio, a altura em que se fumou o primeiro cigarro ou que se tomou a primeira bebida alcoólica e que soube muito mal, em que se colocaram os esquis nos pés pela primeira vez, em que se tentou fazer o primeiro golo, em que a pessoa se sentou pela primeira vez em frente a um piano. É tudo muito estranho , não é natural e talvez seja intimidante.

  TERCEIRA ETAPA: Consciente e Com Competências.

  Esta é a fase em que o indivíduo adquire cada vez mais competências e se sente mais confortável com o novo comportamento ou competências. Esta é altura em que a criança raramente se descuida antes de chegar à casa de banho, em que os cigarros e as bebidas alcoólicas sabem muito bem, em que fazer esqui parece muito menos difícil, em que alguém com um potencial de um Cristiano Ronaldo ainda está consciente do muito que tem a praticar, mas já começa a dominar os movimentos, em que o pianista raramente ou nunca precisa de olhar para as teclas. Nesta fase, a pessoa já está a »apanhar-lhe o jeito» Qual será a evolução final no desenvolvimento de um novo hábito? Inconsciente e com competências.

  QUARTA ETAPA:  Inconsciente e Com Competências

  Esta é a fase em que um indivíduo já não tem de pensar no que está a fazer. Esta é a fase em que escovar os dentes e ir à casa de banho de manhã são as coisas mais »naturais» do mundo. Esta é a fase final para um alcoólico e um dependente do tabaco pois praticamente já não tem consciência do seu comportamento, do seu hábito. Esta é a fase em que se esquia por uma montanha abaixo como se estivesse a descer a rua a pé. Esta fase descreve o Cristiano Ronaldo jogador de futebol. Alguns jornalistas desportivos observam que Ronaldo se comporta no campo de futebol de uma forma quase »inconsciente», o que é uma descrição mais exacta do que está a acontecer do que eles provavelmente têm noção. Sem dúvida que ele não tem de pensar sobre a sua forma ou o seu estilo, pois tornaram-se naturais para ele. Esta etapa também diz respeito aos pianistas altamente dotados que não pensam nos dedos que primem as teclas. Tornou-se  «natural»para eles.  Esta é a etapa em que os líderes conseguiram incorporar os seus comportamentos nos seus hábitos e na sua própria natureza. Estes são os líderes que não têm de tentar ser bons líderes porque são bons líderes. Um líder nesta fase não tem de tentar ser uma boa pessoa, ele é uma boa pessoa. Isto prende-se com a construção do carácter.

  A liderança não está relacionada com a personalidade, com as suas posses ou com o seu carisma, mas sim com quem você é como pessoa.  Eu achava  que a liderança estava relacionada com o estilo, mas agora sei que a liderança está relacionada com a substancia ou essência, nomeadamente com o carácter. Há vários líderes famosos que têm personalidade e estilos muito diferentes e que, no entanto, foram e são líderes bastante eficientes. tem de haver algo mais que o estilo!

  A liderança e o amor estão relacionados com questões de carácter.  Paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito, perdão, honestidade, compromisso. Estes alicerces da construção do carácter, ou hábitos, têm de ser desenvolvidos e amadurecidos se queremos tornar-mos  líderes bem-sucedidos que passem no teste do tempo.

  Como alguém um dia disse uma frase antiga de que os deterministas iriam adorar: «Os pensamentos tornam-se acções, as acções tornam-se hábitos, os hábitos tornam-se no nosso carácter e o nosso carácter torna-se no nosso destino.


  Jorge Neves