Há alguns dias atrás, numa conversa de café, o dono de uma empresa da região colocou-me a seguinte questão. O empresário falava assim:
«Dirijo uma empresa com 18 pessoas e cuidamos muito bem da nossa equipa - festas de aniversário, casamento e outras. Demonstramos um verdadeiro interesse por cada indivíduo, tanto pessoal como profissionalmente. No entanto, estão sempre a queixar-se. Há muita politiquice e pouco reconhecimento e por aí em diante. Estou quase a arrancar os cabelos porque nada parece fazê-los felizes».
Pare de tentar. Disse eu... Criou com as melhores intenções uma cultura clássica de "direito a" na qual os seus colaboradores vêm as coisas ao contrário. Pensam que você trabalha para eles.
Este fenómeno não é invulgar, embora tenha tendência para ser mais relevante em organizações pequenas, onde os colaboradores podem criar relações informais e familiares com os seus chefes, e os próprios chefes, muitas vezes, confundem as linhas dos limites profissionais.
No fim de contas tal confortável familiaridade pode ser um tiro pela culatra, tal como está a acontecer a este empresário meu amigo, a par com os seus colaboradores que têm queixas e lamúrias.
É irrelevante, contudo, como se meteu nessa situação. Agora só importa sair dela depressa e a primeira pessoa com quem tem de esclarecer as coisas é consigo próprio. Está a gerir uma empresa, não uma coletividade ou um serviço de aconselhamento. A sua prioridade número um é vencer no mercado de negócios para que possa continuar a crescer e a dar oportunidades aos seus colaboradores. É claro que quer que eles sejam felizes. Mas a felicidade deles tem de vir do sucesso das empresas, não da realização de todas as suas necessidades. Quando a empresa estiver bem graças ao desempenho deles, terão sucesso a nível pessoal e profissional. E não ao contrário.
Veja as coisas assim quando pensar na sua nova doutrina.
A seguir, reúna os seus colaboradores e informe-os sobre a sua experiência de conversão, e também sobre o seu plano de os converter. Juntos, você e a sua equipa, irão necessitar de criar uma lista de comportamentos que terão como resultado o sucesso da empresa. Estes comportamentos serão os novos valores da sua empresa - linhas de orientação, se preferir, que deve seguir. Por exemplo, um dos valores podia ser: responderemos com sentido de urgência aos pedidos dos clientes. Ou, apenas enviaremos produtos com zero defeitos. O objetivo deste processo é muito simples: ajudar os seus colaboradores a compreender que o trabalho é... Bem, tem a ver com trabalho.
Sem dúvida irá ouvir gritos de dor ao desmantelar a sua cultura de "direito a". De fato, alguns colaboradores de quem gosta sairão em protesto. Siga em frente e deseje-lhes boa sorte.
Depressa irão descobrir que as coisas não são melhores noutro lado e você descobrirá como a sua empresa funciona melhor quando a preocupação principal não são as lamúrias - mas ganhar.
Jorge Neves
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.