quinta-feira, 18 de abril de 2013

GESTÃO E LIDERANÇA - A VANTAGEM DOS GESTORES LOCAIS








Desde que, e em particular, os países pós-comunistas se abriram ao investimento estrangeiro, muitas empresas quer norte-americanas quer europeias - enviaram colaboradores seus para gerir lá nesses países as operações.

  Será esta a melhor estratégia?

  Creio que não!

  Vejamos então: Tendencialmente é que estes gestores são normalmente menos competentes e são de segunda categoria. Têm apenas uma característica que é a capacidade de falar a língua do seu pais de origem.
  Trazem muito pouco à empresa e acabam por ter de contar com a lealdade inata e com o entusiasmo dos colaboradores locais para fazer as coisas. Porque é que as empresas são tão limitadas neste aspeto?
  Não são limitadas - estão apenas apreensivas. Tal como os turistas norte-americanos que vão comer ao MecDonald's nos campos Elísios ou os turistas franceses que trazem o seu próprio vinho para a Disney World as empresas preferem ter o que lhes é familiar em vez de autenticidade. Agora, preferir o que é familiar pode não ser um princípio de boa gestão, mas faz certamente parte do comportamento humano.
  Vejamos, este é um problema universal. Não é exclusivo das empresas norte-americanas e europeias que se deslocalizam para o mundo pós-comunista. Desde o princípio da globalização moderna que as empresas têm tido a tendência para "escolher os da sua espécie" quando iniciam operações no estrangeiro. Quando os japoneses se começaram a deslocalizar para os EUA, ou qualquer outro local, escolheram geralmente chefes japoneses. E o mesmo padrão é válido para os alemães, os britânicos e para muitas outras nacionalidades. Todos querem as suas pessoas de confiança à frente das operações em zonas longínquas, especialmente no início quando ainda se desconhece o que se passa no ambiente local.
  A expressão-chave aqui é "no INÍCIO", porque os problemas começam quando as empresas estrangeiras ficam no comodismo e mantêm os seus concidadãos à frente da empresa por mais do que alguns anos. Esta táctica deixa escapar uma verdadeira oportunidade . Porquê? Porque os locais conhecem sempre melhor o seu país; sabem como o seu governo funciona e como a população pensa. Sabem quais as universidades nacionais que produzem os melhores talentos; conseguem entender o que as pessoas na televisão, nas salas de estar, nos bares e nas fábricas estão realmente a dizer sobre o futuro político e económico do país. Conseguem sempre "usar o sistema para seu proveito" com maior perspicácia e facilidade. E é por isso que as boas empresas sabem que quanto mais cedo puserem um executivo local à frente das operações no estrangeiro melhor será. E as melhores empresas trabalham arduamente desde o dia em que chegaram e desenvolvem o talento local com programas de formação globais, criando um sistema repleto de gestores intermédios com hipóteses de chegar ao topo.
  Sem dúvida, que existirão sempre empresas globais que não decidem suficientemente depressa delegar a gestão nos executivos locais. Mas, mais tarde, essas empresas, acabarão por sofrer uma verdadeira fuga de cérebros, à medida que empresas mais inteligentes entram no país e roubam o talento local para as suas próprias atividades de expansão. Na Europa de Leste, em crescimento, tal como na Ásia, a concorrência pela gestão profissional é feroz. Nenhuma empresa estrangeira se pode dar ao luxo de manter os colaboradores locais em cargos inferiores, sob o véu controlador dos executivos da Terra-Mãe. Esses talentos locais acabarão por sair para empresas que oferecem crescimento futuro, levando os seus conhecimentos consigo.


  Jorge Neves


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