segunda-feira, 15 de abril de 2013

GESTÃO E LIDERANÇA - ACABÁMOS DE SER ADQUIRIDOS E ESTÁ A SER HORRÍVEL






 

«A minha pequena empresa foi recentemente adquirida por uma empresa multinacional e eu não aguento o que se está a passar. Ao tentarem fazer com que gostemos deles, os novos donos estão a destruir o que de bom tínhamos. Adoro a minha antiga empresa, mas estou a pensar sair. Devo fazê-lo?»

  Foi assim que há dias um meu amigo desabafou comigo.

  A linguagem dele diz tudo - "os novos donos", "a minha antiga empresa".  Ele mais parecia a maldição de todas as empresas adquiridas na história das fusões. É um resistente e, se não mudar de atitude, é provável que, de qualquer modo, não vá lá durar muito tempo.
  Não quero minimizar como é difícil passar por uma aquisição. Quando uma empresa é comprada ou integrada noutra entidade, mesmo numa "fusão de iguais", pode parecer que alguém morreu. Todas as relações de trabalho que se tinha foram terminadas. Todas as conquistas que anunciou foram praticamente esquecidas. O futuro parece muito incerto e, frequentemente, bastante ameaçador. No geral, para os colaboradores da empresa comprada as aquisições são, por norma, absolutamente horríveis.
  Mas tem de encarar a realidade. Quando boas empresas fazem aquisições, os compradores sentem-se ótimos. Estão entusiasmados. Cheios de otimismo e sonham com todas as oportunidades que a nova compra trará (afinal, geralmente pagaram muito por isso!). Uma dessas oportunidades é a possibilidade de encontrar bons talentos na empresa comprada. Aliás, quem compra está a pensar: "acabamos de arranjar uma coleção de jogadores de onde podemos escolher."
  À medida que os novos donos escolhem os melhores e mais brilhantes das equipas combinadas, procuram duas coisas: talento e compromisso. Mas não existem dúvidas - eles querem estas duas características misturadas em cada uma das pessoas. Só o talento não é suficiente. Na verdade se aprendemos alguma coisa ao observar e lidar com casos de fusões e aquisições, foi que as empresas escolhem sempre manter e promover quem tem "boa vontade" em vez dos resistentes, mesmo se os resistentes forem mais inteligentes. Nenhuma empresa compradora quer alguém à sua volta que se queixa e lamenta sobre os "bons velhos tempos". Não importa se sabe muito ou pouco.
  A conclusão é: os gestores compradores acreditam que se não estiver a favor do negócio está contra. E mesmo se pensar que mantém as suas objeções em segredo, é provável que os novos donos consigam sentir o seu negativismo. E, se for esse o caso, a decisão de ficar ou sair poderá não ser sua por muito mais tempo.
  A mudança é difícil. Mas nos negócios é inevitável. O melhor que tem a fazer é dizer adeus ao passado - acabou. Encontre uma maneira de gostar do seu novo chefe, adote os valores e as práticas da sua nova organização e aceite o futuro, seja o que for que ele lhe reserva.
  Se não conseguir fazer isso - isto é, não conseguir realmente aceitar que a nova empresa é agora a sua empresa - então é melhor sair. Os resistentes nunca conseguem o que querem. Os velhos tempos não vão voltar e, se não acredita nisso, tem os seus dias contados.


  Jorge Neves

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