O que há de mais seguro
para nos tornarmos pessoas
de mérito e valor
é confiarmos em nós próprios
Miguel Ângelo
A autoconfiança é uma atitude que exerce influência positiva no desenvolvimento pessoal e na relação com os outros. Pode mesmo afirmar-se que o grau de sucesso de uma pessoa é proporcional à força com que acredita em si próprio e nas suas capacidades
Quem acredita em si, sem complexos, consegue ser quase tudo o que deseja ser. Mais. Consegue ter quase tudo o que deseja ter.
Todas as pessoas ganham em adquirir ou reforçar a autoconfiança. Por isso, existem três processos complementares:
1 - Preparação adequada
2 - Pensamento positivo sobre si mesmo
3 - Adoção de uma postura de segurança
Preparação
Toda a gente sofre medo e tensão ao confrontar-se com situações difíceis ou desconhecidas. O medo é produto da incerteza e do imprevisto. mas também filho da ignorância e da incompetência. Por isso, um dos grandes remédios contra o medo é a preparação adequada.
Quando uma pessoa se sente bem preparada, não desenvolve sentimentos de incapacidade nem se deixa paralisar pelo medo. A competência traz segurança.
Pensamos por vezes, que as outras pessoas são autoconfiantes e bem-sucedidas, porque têm mais talento ou mais sorte do que nós. O que verificamos, no entanto, é que a balança do sucesso se inclina mais para o lado do esforço metódico e persistente do que para o lado do génio ou da sorte. Salvo raras excepções, só vence quem trabalha com interesse e dedicação. «Quanto mais trabalho, mais sorte parece ter», explica, Emerson.
Confiar na sorte é entregar-se a uma ilusão desmotivadora do esforço indispensável em qualquer preparação (escolar ou profissional). E, sem preparação, não pode haver verdadeira autoconfiança nem sucesso duradouro. Em geral, só os estudantes que dominam a matéria têm êxito nas provas de avaliação. Só os atletas que se treinam com regularidade atingem vitórias desportivas. Só as pessoas com ideias arrumadas conseguem sair-se bem a falar em público. Só os técnicos competentes têm assegurado o emprego e o sucesso.
É falsa a autoconfiança de quem não adquiriu a competência para realizar as suas tarefas. Apenas uma preparação adequada permite enfrentar com segurança provas e desafios.
O poder do pensamento positivo
Não basta ser competente para sentir a autoconfiança. Igualmente importante é cultivar pensamentos positivos que combatam a insegurança. Sente-se melhor quem pensa melhor. Assim, quem deseja ser autoconfiante precisa de aprender a pensar como se já fosse autoconfiante.
Felizmente, pensar não paga imposto. Mas, infelizmente, a nossa civilização, as pessoas são pouco treinadas a pensar bem de si mesmas. Já falava B. Russel que «o mal deste mundo é que os estúpidos vivem seguros de si e os sensatos cheios de dúvidas».
É importante encorajar-se com palavras estimulantes
Perante uma situação nova ou difícil, é aconselhável não dar tempo á dúvida e ao medo que perturbam a autoconfiança. A atitude mais eficaz é encorajar-se com mensagens positivas ou por palavras estimulantes dirigidas a si próprio.
Nos momentos de autoconfiança (por exemplo, quando vamos fazer uma prova de avaliação ou falar em público) temos de nos concentrar na tarefa e temos de funcionar como se fôssemos o nosso próprio treinador ou comandante.
Com a força da convicção e até um certo entusiasmo, devemos repetir em voz baixa ou em voz alta, várias vezes ao dia, palavras animadoras como estas:
«Estou preparado...»
«O que vou fazer é fácil...»
«Já dei provas da minha capacidade...»
«Vou sair-me bem...»
Cada pessoa tem de encontrar as palavras mais sugestivas ou os slogans de apoio que melhor resultam consigo, isto é, que a ajudem a encarar as situações complexas como algo simples e natural. Assim, terá mais êxito. E cada êxito será um novo reforço para a autoconfiança.
Visualizar-se como uma pessoa de sucesso
Uma pessoa que deseja conquistar a autoconfiança não pode deixar-se dominar ou bloquear pelas imagens mentais de medo e de fracasso. Deve, antes, visualizar-se, de forma intensa e permanente, como a pessoa de sucesso que deseja ser. O simples processo de se ver, intimamente, como se deseja ser é uma forma eficaz de se transformar para melhor.
Concentra-se nas qualidades pessoais e alimentar pensamentos positivos é a forma mais eficaz de cortar pela raiz os pensamentos negativos que nos envenenam a existência. Quando a nossa mente está dominada por pensamentos positivos (por exemplo: «Estou confiante...»), não há espaço para pensamentos negativos (por exemplo: «Não sei se vou ser capaz...»). A experiência comprova que dois pensamentos opostos não podem ocupar a mente ao mesmo tempo.
Ver-se como um falhado é um hábito pessimista, uma antecipação da derrota. Quem não acredita em si nunca vai longe. Pelo contrário, cultivar uma auto-imagem positiva (ver-se como uma pessoa por que se tem admiração) é um hábito otimista, um alicerce para a autoconfiança e uma condição para colher sucesso em todas as atividades humanas.
A nossa vida é, em grande parte, dirigida pelas imagens mentais que construímos. Somos condicionados pelo «filme» que passa na nossa cabeça. Os pensamentos são um poder invisível que guia a nossa vida. Acabamos por nos converter naquilo que julgamos ser. Na expressão de Buda, «tudo o que somos é o resultado daquilo que pensamos».
A postura de segurança
Para enfrentar provas e desafios com autoconfiança, é fundamental estar preparado e cultivar pensamentos positivos a respeito de si próprio. Mas isso ainda não é suficiente. Quem deseja sentir-se autoconfiante deve agir como se já fosse, de facto, autoconfiante.
Apesar de competentes e capazes, há pessoas que se mostram tímidas, desajeitadas e vacilantes. Dão de si uma imagem de insegurança, como se devessem dinheiro a toda a gente ou como se pedissem desculpa pelo facto de existirem.
O caminho tem de ser outro. Sem cair no ridículo da superioridade orgulhosa ou arrogante, própria do excesso de amor-próprio, é vantajoso fazer a afirmação de si e adotar uma postura de segurança. Dar a imagem do vencedor que concluiu um exame ou um negócio com sucesso.
Existem muitos sinais visíveis dessa postura de segurança que, além de causarem boa impressão nos outros e facilitarem as relações humanas, ajudam a própria pessoa a sentir-se melhor. Lembro alguns sinais que falam por nós, mesmo quando estamos calados:
- apresentação cuidada, de acordo com o gosto pessoal e com as circunstâncias;
- corpo direito, não dobrado ou curvado;
- cabeça erguida;
- passos largos e decididos;
- olhos nos olhos dos outros (de forma suave e calorosa);
- gestos vivos e expressivos;
- sorriso nos lábios e, sobretudo, sorriso no olhar.
Um aviso: não forçar! É importante uma imagem de segurança e vigor físico, mas nada de rigidez ou artifício teatral. O segredo é manter o espontâneo. Descontraído. Natural.
Uma postura de segurança ajuda a combater o medo e a apreensão nas situações difíceis do quotidiano. Quem se mostra seguro de si, ainda que tenha algumas dúvidas sobre os seus próprios méritos, acaba por diminuir a timidez, aumentar a sensação de bem-estar e, pouco a pouco, tornar-se a pessoa que deseja ser.
Fazer o papel de autoconfiante pode parecer fingimento ou hipocrisia. Mas é uma boa técnica, quando existe a intenção de ajudar-se a si próprio e não a intenção de enganar os outros.
A experiência comprova que esta técnica de «fazer de conta» ou de «agir como se» é defendida por muitos especialistas que produz efeitos estimulantes sobre o comportamento humano. Assim:
- Se uma pessoa executar o seu trabalho como se já gostasse dele, acabará por ganhar interesse ou mesmo entusiasmo por aquilo que faz.
- Se uma pessoa falar e sorrir como se já houvesse alegria dentro de si, acabará por ganhar boa disposição.
- Se uma pessoa proceder como já fosse calma e equilibrada, acabará por ganhar autodomínio.
- Se uma pessoa agir como se já estivesse segura de si, acabará por vencer a timidez e ganhar a autoconfiança.
A ação e o pensamento andam juntos. A ação positiva produz pensamentos positivos. e os pensamentos positivos influenciam decisivamente a nossa transformação.
Ao adotarmos, de forma deliberada, uma postura de segurança, não estamos a fazer batota com ninguém. Estamos, sim, a condicionar pela ação a nossa forma de pensar e sentir. Com o tempo, e quase sem darmos conta, começamos a parecer-nos com a pessoa cujo papel desempenhamos.
Agindo com segurança, tornamo-nos pessoas mais seguras, com forte magnetismo pessoal e capazes de influenciar positivamente os outros. A autoconfiança torna-nos mais libertos, mais disponíveis e mais aptos a inspirar confiança.
Jorge Neves
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