O mais profundo princípio
da natureza humana
É o desejo de ser apreciado.
William James
Um sorriso caloroso e uma suave troca de olhares abrem as portas ao encontro entre duas pessoas. São o primeiro sinal do nosso gosto em viver com os outros.
Para uma relação mais profunda, torna-se indispensável conhecer as motivações humanas, isto é, as forças que ativam e dirigem o comportamento. Conhecendo as motivações humanas, será mais fácil compreender as pessoas e ir ao encontro dos seus interesses concretos.
Necessidades comuns
A maioria dos psicólogos está de acordo na afirmação de que existe um conjunto de motivações comuns a todos os homens, em todas as culturas.
Há necessidades biológicas que visam o bem-estar físico: comer, beber, dormir, manter a temperatura do corpo e fugirá dor. Mas outras forças dirigem e orientam o comportamento humano. São as necessidades psicológicas.
Adaptando e desenvolvendo um esquema do psicólogo A. Maslow, salientamos quatro grupos de motivações fundamentais que todas as pessoas procuram satisfazer: proteção e segurança, convivência e afeto, estima e apreço, realização pessoal.
De acordo com Maslow, essas motivações dispõem-se em forma de pirâmide e cada pessoa procura, regra geral, satisfazer prioritariamente as motivações mais básicas, passando, depois, às do topo da pirâmide.
A partir da base para o topo da pirâmide, as motivações escalonam-se da seguinte forma:
5. Necessidade de realização pessoal
4. Necessidade de estima e apreço
3. Necessidade de convivência e afeto
2. Necessidade de proteção e segurança
1. Necessidades biológicas
Proteção e segurança
É universal o desejo de viver em paz e segurança, esconjurar os medos, a doença e a morte
Este leva a criança indefesa a procurar refúgio junto da mãe e tem levado o homem, desde sempre, a tomar medidas de precaução contra ameaças (físicas ou psicológicas). Nasceram, assim, abrigos, muralhas, instrumentos de guerra, sistemas de segurança social e... companhias seguradoras.
Da necessidade de segurança brotam, naturalmente, a convivência, a colaboração e a solidariedade entre as pessoas. Juntas, defendem-se melhor! Mas o medo e a insegurança podem conduzir também aos extremismos da subordinação dos «inferiores» em relação aos «superiores» e da manipulação ou opressão dos «superiores» em relação aos «inferiores»
Convivência e afeto
Independentemente da necessidade de garantir a sobrevivência e a segurança, sentimos o impulso para criar relações afetuosas com alguém, para dar e receber afeto.
Esta tendência para o contacto social é já revelada pela criança no primeiro sorriso ( ela sorri a um rosto, não sorri ao biberão).
Procuramos a presença e a companhia dos outros. Agrada-nos o sentimento de pertença a um grupo, onde se partilhem e defendam interesses comuns. Por isso nos integramos em família, clubes, comunidades e nações.
O desejo de ser querido e aceite pelos outros explica o conformismo e a acomodação do comportamento individual às normas sociais. Quem respeita as regras será acolhido. Quem perturba a ordem será marginalizado.
Estima e apreço
Um dos mais profundos princípios da natureza humana é a sede de estima e apreço. Mesmo as pessoas inteligentes não resistem a um elogio ou a um gesto de admiração por parte dos outros.
Todos nós gostamos da aprovação alheia. Vemos reforçada a autoestima sempre que os outros nos dão um sinal do seu apreço ou da sua atenção. Basta nos cumprimentarem calorosamente ou nos tratarem pelo nome para nos sentirmos como alguém importante e não como um anónimo qualquer.
O desejo de ser apreciado explica a facilidade com que as pessoas se deixam atrair e influenciar por quem lhes oferece um elogio sincero.
Realização pessoal
A necessidade de obter a realização pessoal parece dominar a existência humana. Por ela, enfrentamos obstáculos. Superamos limites. Respondemos a desafios. Pomos em exercício todas as nossas capacidades de conhecimento e ação.
Qualquer pessoa deseja desenvolver as suas potencialidades com liberdade e autonomia. Qualquer pessoa sente a necessidade de sobressair, chegar mais alto, atingir o máximo de sucesso possível.
Jorge Neves