quinta-feira, 21 de março de 2013

LIDERANÇA PESSOAL - O DIREITO DE COMETER ERROS








É humano cometer erros, ninguém pode evitá-lo. Mesmo assim, alguns consideram difícil  de aceitar que os erros são inevitáveis e que temos o direito de os cometer. Os erros podem ser embaraçosos e dolorosos e podem diminuir a nossa auto-estima. Alguns erros podem ter consequências devastadoras, não só na nossa vida mas também na dos outros. A questão não é se iremos cometer erros, mas sim como encararemos e lideremos com os erros que vamos inevitavelmente cometer.
   Muitas empresas bem-sucedidas reconhecem a propensão humana para o erro. A sua filosofia é que, se não cometeu nenhum erro não correu nenhum risco. Uma empresa que conheci de perto, chegava mesmo a entregar prémios aos funcionários que cometiam mais erros, reconhecendo uma forte correlação entre os erros, criatividade e iniciativa. Afinal, quantos enganos acham que Edison cometeu antes de descobrir uma lâmpada funcional? Lembro aquela máxima: se não quer  errar, nada faça.
  Em algumas situações, os erros são simplesmente inaceitáveis. Há uma grande diferença entre um empregado que entorna molho de carne no fato novo do cliente e um cirurgião que se esquece de um bisturi no abdómen de um paciente. Quando a vida humana está em questão, têm de ser tomadas precauções especiais para reduzir a probabilidade de erro.
  A variedade de respostas aos erros dos outros é muito ampla. Quando marca um número errado, algumas pessoas são educadas e simpáticas, outras ficam muito irritadas. Temos o poder de escolher como encarar os nossos erros e os dos outros.

  Em vez de encarar os erros como provas de incompetência e desleixo, tente vê-los como uma parte integrante da vida, que deve aceitar de forma pacífica. Quando os outros cometem erros, trate-os como gostaria que o tratassem a si.

  Uma vez, que um elemento de uma força de vendas me admitiu que tinha errado, foi quando chegou duas horas atrasado a uma reunião. Eu estava furioso. "Cometi um erro e peço desculpa", disse de uma forma desarmante.
Fiquei estupefacto. Não havia mais nada a dizer. A minha zanga derreteu-se.
Ele tinha invertido completamente a situação e eu já não conseguia alimentar o ressentimento. Aquela simples interação foi, de facto, a lição mais importante que tive sobre como acalmar uma situação, admitindo um erro e permitindo-me continuar.
  Tive um dia que eu cometi um erro enorme: esqueci-me de uma reunião importante. 
  Para complicar ainda mais a situação, tinha sido eu quem convidara o meu chefe para almoçar. Quando o meu chefe chegou ao restaurante na hora combinada, eu estava a gozar um ótimo dia de férias numa praia local, calmamente a ler um livro. Só quando o telefone tocou é que me lembrei do compromisso. Naquele lugar e naquela altura, reconheci os meus sentimentos de vergonha, sinti-os e continuei a vida de uma maneira Emocionalmente Inteligente.
  Mais tarde, refletindo sobre o que tinha acontecido, compreendi a razão do meu esquecimento, mas não valia a pena arranjar desculpas. Enquanto lamentava profundamente o meu erro, continuava a acreditar que todos temos o direito de os cometer - um consolo naquele momento. Não havia maneira de desfazer o que estava feito, por isso o desafio era descobrir a melhor forma de lidar com a situação. Primeiro, fiz uma visita pessoal ao meu chefe dizendo que lamentava muito o meu engano e pedir as sinceras desculpas. Depois, pensei durante algum tempo sobre como evitar repetir o mesmo erro. Felizmente estava a lidar com uma pessoa madura que compreende que os erros acontecem a todos. Conheço-o bem ; a sua atitude em perdoar aproximou-nos ainda mais e vi, de uma forma mais nítida, como ela era realmente.
  Uns anos antes a isto ter acontecido, uma situação destas teria provocado em mim uma grande ansiedade. Nesse tempo era muito mais severo comigo. Depois de um deslize como este, os meus sentimentos teriam sido muito diferentes. "Que horror" como pude ter feito uma coisa tão estúpida?
  Depois de me censurar teria apresentado desculpas elaboradas a quem estava envolvido, esperando que compreendessem. Depois teria passado o resto do dia a culpar-me - bem como no dia a seguir. Teria alguém beneficiado com isso? Não. Além disso, teria ficado preocupado com o que pensariam de mim, embora nenhum de nós possa controlar as respostas dos outros, que reagem aos erros de uma forma muito própria e têm esse direito. Neste caso tive sorte. Talvez esteja habituado a que os outros fiquem zangados e se distanciem por causa dos erros. Não podemos saber de que forma os outros irão reagir, mas podemos saber como queremos lidar com os nossos erros.
  Quando cometemos erros, como inevitavelmente irá acontecer  é melhor reconhecê-los  e seguir em frente. Se deixar-mos que o embaraço e a frustração sejam as emoções dominantes, pagaremos um preço demasiado elevado. O castigo auto-infligido não é o melhor professor: o verdadeiro crescimento ocorre quando admitimos os nossos erros  e nos perdoamos por cometê-los.  A auto-recriminação interminável não beneficia ninguém.

  Se nos conseguirmos perdoar, conseguimos perdoar os outros pelos seus erros. Enganarmo-nos ocasionalmente ajuda-nos a evoluir como seres humanos e a perdoar com mais facilidade.

  Tenho a certeza que cria uma certa empatia com quem comete os mesmos erros que já cometeu. Ou já se esqueceu de como se sentiu naquela altura?
  "Aprendemos com os nossos erros" tornou-se uma velha máxima porque contém alguma verdade. Pense em como se relaciona com os seus enganos.  Não podemos ter uma vida sem erros; temos de os aceitar como parte dela. Isto não significa que não devemos tentar melhorar. Pelo contrário, os nossos erros são catalisadores importantes para o nosso desenvolvimento pessoal.


Jorge Neves


 

   
  

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