Tive um período de tempo na minha vida, em que deixava ser maltratado, sem saber que podia influenciar a forma como os outros se comportavam comigo. Senti sempre que era o outro que liderava e estava á mercê da sua benevolência ou crueldade. Como me senti poderoso quando compreendi que podia escolher o que iria aceitar e como iria aceitar ser tratado! A chave está em estabelecer limites.
Nós somos responsáveis pela forma como deixamos que os outros nos tratem, porque somos os únicos responsáveis pela nossa vida. Precisamos de definir as nossas fronteiras e de deixar clara a forma como esperamos ser tratados.
Nem sempre podemos controlar uma situação, mas continuamos a ter o direito de escolher como nos relacionamos com ela; nunca precisamos de pedir autorização. Só você pode estabelecer limites. Lembre-se que será mais fácil quando tiver libertado os seus sentimentos do negativismo e da agressividade, porque isso dá força para estabelecer limites.
Pode ser muito difícil estabelecer limites no seu local de trabalho. Há alguns anos trabalhei de perto com um colega do mesmo departamento que desfrutava uma rápida evolução profissional de algum sucesso. No entanto, faltava no seu desenvolvimento um aspeto vital: estabelecer limites. Ele adorava o seu trabalho. Tinha progredido dentro da empresa. Mas, apesar do sucesso sentia-se cansado. Conversámos várias vezes sobre isto. Como poderia tomar melhor conta de si e recuperar alguma energia anterior. Por fim ele admitiu que ser ambicioso nem sempre era vantajoso. Dava tanto ao seu trabalho, que, no final do dia, não sobrava nada para dar a si ou a mais alguém. Não ter estabelecido limites relativamente ao que queria fazer para projetar a sua carreira causou-lhe muito sofrimento. Agora, tinha de encarar o facto e aprender a fazer algumas concessões, para ter um estilo de vida mais saudável. Quando alcançou um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, recuperou a energia e o entusiasmo.
Aprender a estabelecer limites exige que controlemos primeiro o receio de que não sermos amados e de não satisfazer-mos as expectativas do cônjuge, dos filhos, dos amigos ou do chefe.
É da nossa responsabilidade estabelecer limites, mesmo quando um líder nos diz para fazer coisas que não queremos.
Somos responsáveis pelas nossas escolhas. Pode sempre escolher, porque você é responsável pela sua vida. Mais ninguém sabe o que é melhor para si, tem de tomar conta de si próprio.
Em última análise, é você quem escolhe para si e ninguém pode ter a pretensão de o substituir. Quando não tem consciência de que as suas escolhas podem determinar o resultado de uma situação e espera que os outros decidam por si, transforma-se numa vida impotente.
Não se deve surpreender que o começassem a tratar com mais respeito quando a partir do momento que se recusa a ser maltratado. Quanto mais permitir ser maltratado, mais o será. É importante compreender que nós criamos este círculo vicioso, especialmente quando deixamos o negativismo dentro de nós, que atua como um íman e estimula o mau tratamento. Persistir nos sentimentos negativos alimenta resultados negativos.
É surpreendente ver como os outros aceitam os limites que se estabelecem. Se não o faz, são livres de definir fronteiras que podem transgredir os seus limites. Após décadas de investigação sobre isto, ainda sinto, por vezes, dificuldades em estabelecer limites. O melhor que tenho a fazer é ouvir a minha voz interior e escolher o que me parece acertado. Os sentimentos são inteligentes. Sabem o que é certo para si e quais devem ser os seus limites. Quando escuta com tempo essa voz, ouve-a em alto e bom som, e pode dizer aos outros onde estão os seus limites. Se assim for, como é que poderão saber? Você é o único que sabe; se não define os seus limites não está a assumir a responsabilidade pela vida.
Jorge Neves
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