Se os RH são a parte mais poderosa de uma organização, como dizem sempre, porque é que o seu impacto é apenas sentido de modo negativo?
Porque em muitas empresas, infelizmente os RH não funcionam correctamente - ou operam como se fossem uma sociedade secreta ou espectáculos de riso e choro. Estes são exemplos extremos, é claro, mas, se há alguma coisa que aprendi durante a minha carreira profissional e pelas viagens contactos que fiz, é que os RH raramente funcionam como deviam.
Isto é um escândalo e é ainda pior pelo facto de que a maioria dos líderes não andar apressada a tentar resolver a situação.
Sem rodeios: os RH deviam ser a única aplicação invencível de qualquer empresa. O que pode ser mais importante do que quem é recrutado, desenvolvido, promovido ou convidado a sair? No fim de contas, os negócios são um jogo e, como em todos os jogos, a equipa que põe as melhores pessoas em campo e a jogar em conjunto vence. É tão simples quanto isso. Nunca se aperceberia disso, porém, ao olhar para as empresas hoje em dia onde o director financeiro é o rei supremo e os RH são relegados para segundo plano. Não faz sentido. Se fosse dono do Benfica, por exemplo, passaria e seu tempo com o contabilista ou com o director de pessoal incluindo os atletas? Claro, o contabilista pode informá-lo sobre os aspectos financeiros. Mas o director de pessoal sabe o que é preciso para vencer: a qualidade de cada jogador e onde encontrar substitutos fortes para preencher as lacunas de talento.
É assim que os RH deviam ser.
Quando se pergunta à generalidade dos directores dos Recursos Humanos se nas empresas onde trabalham o CEO concede aos RH um lugar à mesa igual ao do director financeiro, a resposta é que não têm esse privilégio. É terrível!
Mas então porque é que os RH se tornaram tão marginalizados sabendo nós que existem apenas dois pólos de mau comportamento o "sociedade secreta " que acontece quando os gestores de RH se tornam pequenos fazedores dissimulados de "Reis", construindo e destruindo carreiras, por vezes nem sequer sob ordens do CEO. Estes departamentos de RH podem realmente ser poderosos mas, frequentemente, de forma prejudicial, levando as melhores pessoas a sair apenas para fugir da intriga palaciana. Muitas vezes, porém também encontramos o outro extremo:departamentos de RH que planeiam piqueniques, editam a newsletter da empresa e, em geral enlouquecem todos quando impõem regras e regulamentações que parecem não ter qualquer objectivo a não ser aumentar a burocracia. Retiram o pouco poder que têm do facto de serem a polícia que diz "não pode fazer isso."
Então como é que os bons líderes resolvem esta confusão?
Tudo começa com quem nomeiam para gerir os RH - nem fazedores de reis nem polícias, mas jogadores de primeira liga, pessoas de verdadeiro prestígio e credibilidade. Na realidade, precisam de encher os RH com uma espécie híbrida: pessoas que são metade pastor, que ouvem todos os pecados e queixas sem os recriminarem, e outra metade pais, afectuosos e protectores mas que nos castigam quando passamos das marcas.
Os pastores-pais podem ascender até aos RH e, na maioria dos casos, já geriram alguma coisa durante as suas carreiras, tal como por exemplo uma fábrica, ou ocuparam alguma função importante. Eles entendem o mundo dos negócios - o seu modo de funcionamento interno, a sua história e tensões e as hierarquias escondidas na mente das pessoas. São conhecidos por serem inflexivelmente francos, mesmo quando a mensagem é dura, e não divulgam confidências. De facto, com a sua perspicácia e integridade, os pastores-pais ganham a confiança da organização.
Mas os pastores-pais não passam o tempo a fazer com que as pessoas se sintam reconfortadas e felizes. Tornam a empresa melhor, porque acima de tudo ao orientarem um rigoroso sistema de apreciação e avaliação que informa todos na organização em que situação se encontram, e ao monitorizarem esse sistema com a mesma integridade de acordo com a boa governação e a ética nos negócios da empresa.
Os líderes devem também certificar-se de que os RH desempenham dois outros papeis. Devem criar mecanismos eficazes, como dinheiro, reconhecimento e formação, com o objectivo de motivar e reter as pessoas. E devem estimular as organizações a enfrentarem a suas relações mais tensas, tais como com sindicatos, aqueles que apresentam resultados insuficientes, ou "estrelas" que se estão a tornar problemáticas, por exemplo, ao "incharem" em vez de crescerem.
Este tipo de actividade de RH de grande impacto, parece provavelmente, um sonho irrealizável. Mas visto que a maioria dos CEO anunciam em alto e bom som que as pessoas são o seu "activo mais valioso" não devia ser assim.
Não pode ser. Os líderes têm de parar de falar e começar a agir e a pôr os RH a fazer o que lhes realmente compete: elevar a gestão de pessoal até ao mesmo nível de profissionalismo e integridade da gestão financeira.
Uma vez que as pessoas são o jogo, o que poderia ser mais importante?
Jorge Neves
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.