Há dias numa conversa de café com amigo empresário no ramo da comunicação por fibra dizia-me o seguinte: «Lutamos muito para manter a empresa viável, mas agora é óbvio que o seu espaço de crescimento é muito mais limitado do que estávamos à espera. Devo desistir e começar de novo numa nova área ou manter-me no jogo da sobrevivência?»
O jogo da sobrevivência é uma chatice e isso é uma realidade no sector da tecnologia. Aliás, manter-se firme numa empresa de tecnologia de fraco crescimento é um caminho rápido para o inferno da comoditização, onde será forçado a aguentar uma dolorosa eternidade de conflitos devido ao baixo custo com fabricantes offshore. É um caminho a não percorrer.
Então, será melhor procurar-se uma nova área onde, juntamente com a equipa, poderá crescer e prosperar. Parece que a empresa do meu amigo tem um modelo de negócios em que a sobrevivência, pelo menos no futuro mais próximo, é uma opção. Isso são boas notícias. Significa que o seu desfio imediato será colher todos os frutos que conseguir retirar do que tem, de modo a que o cash flow continue a entrar. Entretanto, poderá num novo jogo, alocar os recursos para adquirir um negócio ou começar um de novo.
Mas nada disto pode parecer particularmente fácil ou agradável - sair de um negócio nunca o é - mas pode existir o consolo ao saber que a situação é totalmente comum.
O ambiente começa a mudar e de repente, um negócio pode já não fazer tanto sentido. Isto acontece todos os dias, em todo o mundo, não apenas em start-ups empreendedoras. Na verdade, é particularmente comum em empresas antigas e já estabelecidas, onde novas dinâmicas competitivas emergem aparentemente vindas do nada para contrariar o statu quo. Infelizmente, demasiadas vezes nas empresas, certos negócios tornam-se de tal modo em santuários que os gestores não reagem com o realismo lúcido que a conversa desse meu amigo empresário teve comigo.
A mudança exige que os líderes derrotem todo o tipo de dinâmicas totalmente humanas, como a inércia, o carinho pela tradição e a esperança de que as coisas melhorem. Os momentos estratégicos exigem uma espécie de coragem, ou pelo menos a falta de sentimentalismos, o que é raro. É nestes momentos que os melhores líderes encontram e fazem uma pergunta determinante que o grande Peter Drucker, colocou há mais de cinquenta anos: "Se ainda não tivesse o seu negócio,investiria nele hoje?" Se a resposta fosse não, disse Drucker, era necessário enfrentar outra pergunta difícil: "O que vai fazer em relação a isso?" Todos os líderes hoje devem prestar atenção aos seus conselhos e, se for necessário, segui-los até ao fim, quer isso signifique recuperar, vender, comprar ou fechar negócio.
Faça alguma coisa...Pois o perigo é não fazer nada!...
Jorge Neves
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