segunda-feira, 25 de novembro de 2013

GESTÃO E LIDERANÇA - A SÍNDROME DO "NIA" NÃO FOI INVENTADO AQUI





  Há cerca de um ano acompanhei de perto uma questão muito comum nas empresas; em particular as de pequena e média dimensão.

  Dizia-me um dos sócios gerentes: «A nossa empresa emprega cerca de uma centena de pessoas e tem uma longa história de especialização técnica e industrial no ramo agro-alimentar, mas curta em termos de marketing. O meu problema é o seguinte: actualmente temos produtos que são na sua concepção tecnicamente perfeitos, mas os clientes não estão a comprá-los nas quantidades desejadas (preferem outras soluções fabricadas pela concorrência). Obviamente de modo a permanecer-mos competitivos, temos de reduzir o preço, mas não vejo como. Os nossos custos são tão bem geridos que recorrer a outsourcing não tem razão de ser. Além do mais, dispomos da mais adequada tecnologia de fabrico. O que devo fazer?» 

  Para alguém numa empresa com apenas uma centena de pessoas, até parece que apresenta um dos sintomas mais comum da infecção que ataca as grandes empresas: a síndrome do "não foi inventado aqui" NIA.
 Você conhece o NIA?. É quando os gestores se sentem tranquilos com a ideia de que a sua empresa está no melhor do seu desempenho - tão tranquilos, aliás, que criam um ambiente onde não existe um grande interesse em usar ideias de fontes exteriores para melhorar o modo como as coisas são feitas. Os gestores "NIA" acreditam que a empresa tem tudo controlado. Afinal, ela existe há já algum tempo e tem a sua quota de mercado. "É assim que fazemos as coisas aqui", gostam de dizer. E se alguém sugere uma nova prática, costumam responder com o refrão: "Já experimentamos isso."
  A infecção que ataca as médias e grandes empresas, é, em geral, terrível. Juntamente com a complacência da NIA os seus outros sintomas incluem inércia, burocracia e aversão ao risco. Destrói organizações e suga a competitividade directamente das veias.
  Por isso vou falar das curas.
  Aliás, observemos a situação. Dizia-me o gerente dessa empresa agro-alimentar que tem os custos tão controlados  que é impossível diminuírem mais, mesmo com outsourcing. Também parece acreditar que tem a melhor tecnologia disponível, afastando ainda mais a necessidade de procurar alternativas fora da sua empresa. No global, ele parece estar verdadeiramente num impasse com o seu problema.
  Mas talvez ele não veja a solução por estar tão concentrado a olhar para dentro. Para mim o seu problema parece ser muito simples. Ao que parece, um ou mais concorrentes fabrica produtos melhores e mais baratos e coloca-os no mercado mais rapidamente. A solução também parece ser simples: porque não esquecer a ideia de que já tentou tudo e tentar mais que tudo?
  Basicamente estou a falar da inovação. As empresas têm de estar obcecadas com a procura de um novo processo, produto, serviço que crie uma proposta de valor que o mercado queira, desesperadamente, comprar. Talvez uma nova tecnologia seja necessária para progredir - algo que se possa desenvolver ou adquirir  a outra empresa através de uma licença, fusão ou aquisição. Com uma mente aberta, descobre-se que o mundo de possibilidades de progressos é enorme. Se um outsourcing for vantajoso é de avançar.
  Ironicamente a grande vantagem deste exemplo é de ser uma empresa de média dimensão para ser atacada pela infecção das grandes empresas! Com cerca de uma centena de pessoas, devia agir com rapidez para desenvolver e avançar com novas tecnologias através de testes, ou comprar outra empresa com um excelente serviço suplementar, ou mudar de gestão de modo a trazer caras novas que consigam quebrar este paradigma. Não não se convenção que tudo o que já foi inventado foi na sua empresa, e que nada há  mais  a inventar. É um erro terrível crer que aquilo que NÃO é, foi ou será inventado dentro de portas, é irrelevante. 


  Jorge Neves
  

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