terça-feira, 14 de maio de 2013

GESTÃO E LIDERANÇA - A PEDAGOGIA DOS INCENTIVOS





  Corrigir ajuda.
 Encorajar ajuda ainda mais.

                     Goethe

  As pessoas só mudam de comportamento quando isso corresponde às suas motivações. Assim, para influenciar os outros, é indispensável ir ao encontro das suas necessidades concretas, despertar-lhes um forte interesse ou, no mínimo, tornar atraentes os objetivos a atingir.
  Motivar é saber interessar.
  Para reforçar a motivação, os bons educadores e os bons líderes recorrem à pedagogia dos incentivos ou estímulos.
  A eficácia dos estímulos depende das pessoas e das circunstâncias. Mas sabemos como toda a gente aprecia estímulos positivos (por exemplo, elogios) e deseja evitar estímulos negativos (por exemplo, repreensões). Daí que os elogios e repreensões sejam um poderoso sistema de acelerador e travão na condução das pessoas.

  Elogios 

  Para influenciar positivamente uma criança ou um jovem na aquisição de uma nova habilidade, que se faz? Primeiro, ensina-se. Depois, aplaudem-se os progressos.
  Da mesma maneira se deve proceder com todas as pessoas inexperientes e inseguras. Também elas precisam de conhecer claramente os objetivos a atingir e precisam de encorajamento sempre que se aproximam do objetivo desejado. É um erro partir do princípio que um adulto tem obrigação de fazer todas as coisas exatamente bem feitas e pode dispensar elogios.
  Mesmo as pessoas competentes e seguras, com elevada autoestima, apreciam elogios. Gostam que os outros (sobretudo superiores hierárquicos ou alguém de prestígio) reconheçam o seu mérito e os seus esforços. Gostam de ouvir palavras de estima e apreço.
  Afinal, quem não gosta de elogios?
  O elogio é uma prenda irresistível que provoca satisfação imediata. Basta observar o ar de felicidade de uma pessoa depois de receber um sinal de aprovação, sobretudo depois de ouvir um elogio. Mas não é só quem recebe um elogio que fica satisfeito. Também a pessoa que o oferece aumenta a sua própria felicidade. De acordo com a sabedoria de um provérbio chinês, «fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas».
  Na medida em que reforça a motivação, o elogio acaba por se transformar num poderoso acelerador do desenvolvimento pessoal e do bom desempenho no trabalho. (escolar ou profissional).
  É sempre mais proveitoso incentivar esforços de que ocupar-se com erros.   
  Comportamentos recompensados, através do elogio ou por qualquer outro processo satisfatório, tendem a repetir-se no futuro. Assim, elogiar as pessoas quando procedem bem é um «dever profissional» para educadores e líderes. É errado dar atenção às pessoas só quando procedem mal. As pessoas simpáticas sabem disso e aproveitam todas as oportunidades para manifestar aos outros a sua estima e apreço. 

  Elogios concretos 

  O bom elogio é dirigido a algo concreto, específico, que merece a nossa aprovação: uma qualidade, um esforço ou um resultado positivo.
  Por vezes, basta um sorriso ou um gesto para manifestar agrado e aprovação. Mais estimulantes são as palavras. Quando se gosta de qualquer coisa, é mais pedagógico não ficar calado. Assim, deve referir-se, de forma rápida e calorosa, aquilo que é merecedor de apreço:

  «Fiquei satisfeito com...»
  «Você faz bem...»
  «Parabéns por...» 
  «Continue assim...» 

  O elogio desproporcionado é ineficaz e pode até produzir efeitos contrários. Dizer a alguém «você é o melhor...» soa a exagero de bajulador. E, na ironia de um provérbio inglês, «os bajuladores parecem-se com amigos, assim como os lobos se parecem com cães».

  Elogios oportunos 

  A pessoa merece um elogio quando faz algo bem feito. Isso não obriga a elogiar sempre todas as coisas. 
  Fundamental é o elogio nos momentos em que a pessoa mais precisa ou mais aprecia uma palavra de encorajamento.
  Um elogio é particularmente útil quando é necessário reforçar a motivação e a autoconfiança das pessoas inexperientes e inseguras. 

  Elogios honestos 

  Há pessoas egoístas que só elogiam quando precisam dos favores alheios. Fazem elogios interesseiros e desonestos, apenas com a intenção de explorar ou manipular. Servem-se dos outros como se eles fossem objetos de usar e deitar fora.
  O bom elogio nasce do coração. É sincero, honesto e desinteressado, feito sobretudo para dar satisfação e estímulo aos outros.
  Elogios oportunistas e hipócritas são um caminho direto para o fracasso. Quando se lida com pessoas, só a honestidade traz sucesso.

  Repreensões 

  O elogio é um poderoso acelerador de desenvolvimento pessoal, mas as pessoas não aprendem nem se desenvolvem só com elogios. De vez em quando, precisam de repreensões para travar os erros.
  Não se deve ignorar o que está mal feito. O problema está no abuso da repreensão por parte de alguns educadores que se comportam como polícias, sempre á espreita de uma oportunidade para apanhar os outros em falta. O excesso de repreensão, sobretudo em relação a pessoas pouco experientes ou pouco confiantes, produz desânimo e ressentimento e agrava o medo de assumir responsabilidades. Nesse sentido, tem razão Leonardo da Vinci: «Erra-se quando se elogia o que não se compreende bem, mas é pior quando se critica.»
  Os bons educadores e os bons líderes sabem que o objetivo essencial da repreensão não é castigar, mas ajudar as pessoas a proceder melhor e a desenvolver a sua autonomia. Por isso, ensinam e corrigem os erros sem ferir a dignidade dos outros. São delicados. Usam tacto. Não insultam nem humilham as pessoas. Muito menos gritam ou «fazem espetáculo», em presença de estranhos: «Como já se esperava, você não consegue fazer nada certo...»
  Os melhores educadores e os melhores líderes elogiam em público e repreendem em particular. São duros com os erros, mas simpáticos com as pessoas. Desejam que elas se sintam mal em relação aos seus erros, mas se sintam bem em relação a si mesmas. Mostram-se severos com comportamentos indesejáveis, mas procuram respeitar e mesmo encorajar as pessoas, acreditando que toda a gente tem o o desejo de acertar: «Você procedeu mal... Estou aborrecido com isso, mas confio em si... Acredito que é capaz de fazer melhor...»
  Segundo alguns especialistas, é conveniente começar a repreensão oferecendo um elogio. Pode ser. Mais importante, porém, é terminar a repreensão manifestando confiança na pessoa. Diz a experiência que, quando se mostra confiança, a pessoa tende a participar com mais entusiasmo na modificação das suas atitudes incorretas. Além disso, mostrar confiança nos outros é a única maneira de ganhar a sua confiança.

  Repreensões concretas 

  A boa repreensão é concreta. Refere-se a um erro específico. Não é uma oportunidade para atirar à cara dos outros todos os seus erros passados. 
  Há ocasiões em que basta um gesto, um olhar severo ou um silêncio para responder. Mas, em geral, a repreensão faz-se com palavras. Poucas palavras. Não é preciso falar muito nem durante muito tempo para dizer claramente qual a situação concreta merecedora de reparo e para fazer sentir insatisfação:

  «Não gostei de...»
  «O seu erro foi...»
  « Não vá por aí...»
  « Da próxima vez, tenha mais cuidado...»

  Repreensões oportunas 

  É preciso intervir prontamente nas faltas graves. Porém, não é eficaz usar repreensões contínuas, sem qualquer tolerância, porque as pessoas acabam por arranjar estratégias defensivas.
  De evitar é a repreensão feita no limite do mau humor ou em clima de tensão. Nessas ocasiões, corre-se o risco de «explodir» de forma injusta e ofensiva.
  
 Repreensões justas  

  Na repreensão, tem de haver justiça. Para isso, torna-se necessário examinar cuidadosamente os motivos do erro e ouvir com atenção as explicações da pessoa que errou. 
  O mesmo tipo de erro pode merecer repreensões muito diferentes, consoante a pessoa (se é mais ou menos responsável) e as circunstâncias (agravantes ou atenuantes).
  A repreensão, para ser justa, tem de ser proporcional à gravidade do erro e só deve ser aplicada a pessoas responsáveis que sabem o que fazem e se desviam do caminho por vontade própria. É sempre injusto repreender pessoas inexperientes que não sabem nem têm obrigação de saber como devem  proceder. Pessoas inseguras e inexperientes  precisam de ser orientadas e apoiadas, não reprimidas.
  Mais. Só tem autoridade para repreender quem é competente para ensinar e se mostra verdadeiramente interessado em ajudar os outros. 


 Jorge Neves 

   
   

   
  

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