sexta-feira, 30 de março de 2012

EMPREGO E CARREIRA - CARO LICENCIADO








  Caro jovem licenciado deixo aqui algumas dicas para entrar no mundo do trabalho, como se pode destacar e  ser  um vencedor.

  Em primeiro lugar, esqueça alguns dos hábitos mais básicos que aprendeu na escola. Quando estiver no mundo real - e não interessa se tem 22 anos ou 62 anos, a iniciar o seu primeiro ou quinto emprego - a maneira de alcançar o sucesso é superar o prometido.
  Veja, durante anos ensinaram-lhe as virtudes de cumprir expectativas específicas.E foi habituado que responder correctamente a todas as perguntas que o professor faz dá direito a um 20.
  Esses dias acabaram. Para ter um 20 no mundo dos negócios tem de aumentar as expectativas da empresa em relação a si e ultrapassá-las, e tem de responder correctamente a todas as perguntas que o " professor" lhe fizer, e ainda a uma grande quantidade de perguntas de que ele ou ela não se lembraram.
  Por outras palavras, o seu objectivo deve ser tornar os seus chefes mais astutos, a sua equipa mais eficaz e toda a empresa mais competitiva devido à sua energia, criatividade e visão.
  E pensava que estudar era difícil?
  Mas não entre em pânico. Chegue lá e comece a pensar em grande. Se o seu chefe lhe pedir um relatório acerca das expectativas para um produto da sua empresa para o próximo ano, pode ter a certeza que o seu chefe já tem uma ideia sólida da resposta. Por isso, vá para além do mero trabalho de confirmar o palpite dele. Faça investigação, trabalho de campo e processamento de dados extra, a fim de lhe dar algo que realmente alargue o seu pensamento - uma análise, por exemplo, de como todo o sector de actividade poderá desenrolar-se nos próximos três anos. Que novas empresas e produtos poderão surgir? Que tecnologias poderão alterar o jogo? Poderá alguém, talvez a sua própria empresa, deslocalizar a produção para outro lado?
  Por outras palavras, dê ao ao chefe algo que o surpreenda e impressione, algo novo e interessante que ele possa transmitir aos seus respectivos chefes. Com o tempo, este tipo de ideias fará com que você progridam.
  Mas tenha cuidado. Quem se esforça por ultrapassar o prometido pode autodestruir-se  rapidamente se as suas sugestões grandes, maravilhosas e excitantes forem vistas pelos outros como presunção sem limites ou como forma de ascensão não muito subtil - ou ambas as coisas.
  É verdade - a ambição pessoal pode ser um tiro pela culatra.
  Mas não estou a dizer que deve refrear a sua ambição. Aliás, deve tê-la - ter muita. Ma assim que ostentar desejo de ascensão de carreira, corre o risco de alienar os outros, particularmente seus pares. Depressa começarão a duvidar dos motivos do seu trabalho árduo. Depressa começarão a ver todos os seus comentários que fizer acerca de, por exemplo, como a equipa podia funcionar melhor como intrigas políticas. E acabarão por encará-lo como alguém em constante luta para chegar ao topo e, a longo prazo, esta é uma conotação  de que mesmo os que têm desempenho de nota 20 não se conseguem livrar.
  Por isso, exceda o prometido - mas não revele a ninguém o seu objectivo de se destacar como vencedor. Tornar-se-á um mais depressa.


Jorge Neves
 


quinta-feira, 29 de março de 2012

GESTÃO E LIDERANÇA - ATÉ QUE PONTO UMA EMPRESA É SAUDÁVEL?








Se tivesse de escolher, quais identificaria como as três medidas que dão uma melhor ideia da saúde de uma empresa?

  Todos os tipos de negócios, sem falar de todos os tipos de gestores, têm um conjunto diferente de estatísticas vitais que são realmente importantes. Para a área industrial pode ser a rotação de inventário, a entrega a horas e os custos unitários. Para o marketing pode ser os novos fechos de contas, a quota de mercado e o crescimento de vendas. Para os gestores call centers pode ser o tempo de atendimento, o número de chamadas que caem e a retenção de colaboradores.
  Mas se está a gerir um negócio, quer seja uma loja de bairro ou uma grande empresa que vende produtos variados, diríamos que há três indicadores-chave que  realmente funcionam: compromisso dos colaboradores, satisfação do cliente e o cash flow.
  Estas medidas de avaliação não lhe dizem tudo o que precisa de saber, mas quase. Elas vão mesmo ao cerne do desempenho global de uma empresa, agora e no futuro.
  Em primeiro lugar falemos sobre o compromisso dos colaboradores. Não é preciso dizer que nenhuma empresa, grande ou pequena, pode vencer com o passar do tempo sem ter colaboradores cheios de energia que acreditam na missão e compreendem como a realizar.
 É por isso que precisa de testar o compromisso dos colaboradores, pelo menos uma vez por ano, com inquéritos anónimos para que sintam que é completamente seguro dizer o que pensam.
  Mas tenha cuidado. Não caia na habitual armadilha de deixar que estes inquéritos incidam sobre pequenas coisas, como questões sobre a qualidade da comida na cantina ou a disponibilidade de lugares de estacionamento no parque da empresa. Os melhores inquéritos e com mais significado sobre o compromisso dos colaboradores estão muito afastados disso. Eles sondam a opinião dos colaboradores sobre um rumo estratégico da empresa e a qualidade das suas oportunidades de carreira. Perguntam: " Acha que a empresa tem um conjunto de objetivos que as pessoas compreendem, aceitam e apoiam?"  e  " Sente que a empresa se preocupa consigo e que lhe foi dada a oportunidade de crescer?"  e  "Sente que o seu trabalho diário está relacionado com o que os líderes da empresa dizem nos  seus discursos e no relatório anual? “estamos aqui
  Os melhores inquéritos sobre o compromisso dos colaboradores preocupam-se com ua pergunta: "Estamos aqui todos na mesma equipa?"
  Como é óbvio, o crescimento é a chave para a viabilidade a longo prazo, é por isso que a satisfação do cliente é o segundo sinal vital para os diretores-gerais. Mais uma vez, esta medida de avaliação pode ser conseguida através de inquéritos, mas normalmente estes são insuficientes para lhe darem os dados realistas de que precisa para uma verdadeira análise da situação. Tem de  fazer visitas. E não vá apenas conversar com os bons clientes. Vá ter com os mais difíceis, aqueles cujas encomendas são inconsistentes ou estão a diminuir. Vá falar com aqueles com quem a sua equipa de vendas não gosta de falar.
  Torne estas visitas num processo de aprendizagem. Descubra uma dúzia de maneiras de perguntar "O que podemos fazer melhor?" E não se vá embora sem descobrir se cada cliente recomendaria os seus produtos ou serviços. Esta é a prova de fogo à satisfação dos clientes. 
  Por último, existe o cash flow, que é valioso porque não mente. Todos os cálculos, como o rendimento líquido, têm alguma utilidade. Foram "massajados" durante o processo contabilístico, que está repleto de suposições. Mas o cash flow livre informa-o sobre as verdadeiras condições do negócio. Dá-lhe uma noção da sua margem de manobra - se pode devolver dinheiro aos acionistas, reduzir dívidas, ou contrair mais empréstimos para crescer mais rapidamente, ou qualquer combinação destas opções. O cash flow ajuda-o, basicamente, a compreender e a controlar o seu destino.

  Sem dúvida, existem muitas medidas de avaliação que lhe dão uma ideia do estado do seu negócio. Mas se tiver compromisso por parte dos colaboradores, satisfação dos clientes e cash flow em ordem, pode ter a certeza que a sua empresa é saudável - e está no caminho para vencer.

Jorge neves


 


 

terça-feira, 27 de março de 2012

GESTÃO E LIDERANÇA - O ENIGMA DOS CONSULTORES







  Os consultores são bons ou maus? Em que circunstâncias é que os contratava e o que é que isso pode transmitir sobre as competências dos seus colaboradores?

  Esta pergunta é quase como perguntar: " Os médicos são bons ou maus?" A resposta é que alguns são bons e alguns maus - mas, de qualquer modo, o melhor é passar o menor tempo possível com eles.
  Veja, o problema com os consultores é que eles estão fundamentalmente (se bem que furtivamente) em desacordo com os gestores para quem querem trabalhar. Os consultores querem ir para uma empresa, resolver a confusão e depois passar o tempo a encontrar e a resolver outras confusões - para sempre. Os gestores querem que os consultores venham, resolvam depressa o problema específico e se vão embora, também para sempre. A tensão entre este objetivos contraditórios é o  que torna o recurso aos consultores problemático.
  É claro que existem situações em que os consultores são úteis. Por vezes, uma empresa precisa de um olhar fresco que avalie uma estratégica antiga ou um produto novo. Outras vezes, uma empresa não tem, internamente as competências necessárias para tomar uma decisão esclarecida. Hoje em dia, as empresas de capital privado, por exemplo, usam os consultores de modo bastante eficaz para avaliar rapidamente os mercados e as áreas onde há possibilidade de efetuar aquisições.
  Mas o aviso em relação aos consultores é: "Tenha cuidado " Antes que dê por isso, eles podem estar a fazer o trabalho contínuo do seu negócio. Afinal, é isso que querem, mesmo que você não queira.


Jorge Neves

  

GESTÃO E LIDERANÇA - ESTRATÉGIA PARA GRANDES E PEQUENOS







Quais serão os princípios fundamentais da estratégia para as empresas que empregam menos de cem pessoas? As recomendações de académicos e de consultores muitas das vezes aplicam-se quase exclusivamente às grandes empresas, afogando-os num mar de conselhos que parecem irrelevantes para pequenas organizações com recursos limitados.

  Poderemos ter más notícias. Estratégia é estratégia, quer a empresa seja grande ou pequena. É aquela ideia brilhante - um grande "aha" como lhe chamo que lhe dá uma vantagem competitiva sustentável. Dizendo de outro modo, a estratégia é apenas uma proposta de valor vencedora, isto é, um produto ou serviço que os clientes simplesmente querem mais do que as outras opções disponíveis. Para além disso, a estratégia depende da execução - e, nessa frente as empresas pequenas, na verdade, têm o que parece ser uma vantagem.
  Mas não o censuramos por sentir que a maioria dos conselhos sobre estratégia que hoje em dia se ouve se aplica maioritariamente às grandes empresas. É tudo tão complexo, como se a estratégia fosse uma espécie  de metodologia científica para génios. Na realidade, devido aos cálculos numéricos árduos e intelectualizados e à fomentação da análise de dados, quer dizer... teria de ser uma grande empresas para ter as pessoas, o tempo e o dinheiro para tentar.
  Não se incomode. Quando mais se envolve em detalhes e cenários diferentes, mais fica entalado. Assim que tiver um grande "aha", a estratégia é apenas um rumo geral. É uma linha de Acão aproximada que pode reexaminar e definir de acordo com as instáveis condições de mercado. Tem de parecer fluída - tem de estar viva! 
  As empresas pequenas - e as grandes - podem encontrar a sua estratégia simplesmente fazendo cinco perguntas chave. Qual o aspecto do campo de jogo? O que é que a nossa concorrência tem feito ultimamente? O que temos feito nos últimos tempos? Que futuros acontecimentos ou mudanças possíveis não nos deixam dormir com tanta preocupação? E tendo em conta tudo isto, qual a nossa jogada vencedora? Este processo não teórico e relativamente rápido não exige manual escolar ou consultores para ser concluído. Aliás, exige apenas uma equipa de colaboradores informados e comprometidos que conseguem sonhar alto e discutir intensamente - e, por fim, surgir com um plano de jogo dinâmico.
  Depois, é altura de implementar e é aí que as empresas pequenas têm vantagem. Quando apenas existem cem colaboradores, ou até mil, é muito mais fácil transmitir estratégias e deixar todos entusiasmados, com uma intensidade contagiosa partilhada e espírito dinâmico. E assim que a estratégia estiver lançada, as pequenas empresas, tal como pequenos barcos a motor, têm a capacidade de regular a direção mais rapidamente do que os transatlânticos empresariais. Também conseguem recrutar mais rapidamente, tomar decisões sem tantas barreiras burocráticas e, em geral, encontrar os seus erros (e repará-los) mais depressa dos que os seus pesados rivais.
  Assim, pequeno não é exatamente bonito no que diz respeito a estratégia. Aqui está o busílis: com recursos limitados, tem de estar certo mais vezes. As grandes empresas aguentam muitos deslizes: Têm possibilidade de apostar em um, dois ou três grandes "aha" que não funcionam. Pelo contrário, um pequeno erro estratégico pode levar uma pequena empresa à falência.
  O essencial para as pequenas empresas resulta de aumentar a sua proposta de valor para um nível mais elevado. Têm mesmo de se certificar de que têm algo único - uma nova ideia patenteada, uma tecnologia inovadora, um processo de custos extremamente baixos ou uma oferta de serviços única. Seja como for - simplesmente tem de ter o poder de atrair clientes e de os fidelizar. E quando o fizerem, as empresas pequenas podem festejar uma estratégia vencedora, sabendo que  a elaboraram sem gráficos, diagramas, relatórios, estudos e monte de slides em PowerPoint de que ninguém precisa, nem as grandes empresas.


Jorge Neves

quarta-feira, 7 de março de 2012

GESTÃO E LIDERANÇA - O DERRADEIRO TESTE







Você nos últimos anos gere um colaborador o Jacinto, que cumpre consistentemente o que lhe pedem. Ele também aliena toda a gente ao arranjar favoritos, ao ser arrogante e dissimulado. Você está dividido. Uma parte se si quer despedi-lo. A outra parte não consegue imaginar-se viver sem ele. Quer um conselho?
  
 Confronte-o e depois despeça-o se ele recusar a mudar. Porque se alguma vez você abriu a boca no trabalho e enalteceu valores como a justiça, a transparência  e a partilha de informação, tem de fazê-lo. Caso contrário, se deixar o Jacinto ficar estará a transmitir aos seus colaboradores de tudo o que você diz é disparatado.
  Se espera certos comportamentos por parte dos seus colaboradores  e se os defende como parte de uma abordagem vencedora aos negócios e à vida, então tem de recompensar quem os revela.
  Igualmente importante, tem de se livrar de quem não o faz.
  E este é o ponto essencial: não se livre dos " desrespeitadores de valores " furtivamente com desculpas como " o Jacinto saiu por razões pessoais, para passar mais tempo com a família." Tem de se afirmar e anunciar publicamente que o Jacinto foi convidado a sair porque não aderiu a determinados valores da empresa.
  Pode ter a certeza de que o substituto do Jacinto agirá de modo diferente, já para não falar dos outros que duvidavam do seu compromisso para com os valores.
  Mas todas as empresas querem pessoas que têm bons resultados, como o Jacinto. O seu objetivo é certificar-se de que os seus colaboradores conseguem fazer isso e que, ao mesmo tempo têm uma boa atitude. Ninguém deve ter sucesso à custa dos outros. Isso provoca um ambiente de ressentimento e medo. É claro que consegue ter sucesso com esse tipo de cultura - mas não durante muito tempo.
  Por isso, tenha coragem de livrar-se do Jacinto. Poderá ser doloroso, mas rapidamente se irá surpreender com o maior esforço - e melhor desempenho - que irá obter do resto da sua equipa, com resultado da sua decisão de " defender aquilo em que acredita."


Jorge Neves