quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

GESTÃO E LIDERANÇA - ESTILOS DE LIDERANÇA








Liderança é a capacidade 
De levar os outros
A fazer, com gosto,
Aquilo que não querem 
                                                                                      H. Truman 

  Liderança é a arte de influenciar pessoas, através do processo de comunicação, de modo que seja realizada uma tarefa ou atingindo um objetivo.
  Durante muitos anos, julgou-se que o mais importante, na arte de liderar, eram as características pessoais do líder. Atualmente, dá-se mais relevo aos comportamentos do líder, isto é, ao seu estilo de liderança, embora as qualidades individuais (autoconfiança, autodomínio, coragem, firmeza, inteligência, espirito de iniciativa...) não sejam de desprezar.
  Os líderes mais eficazes adotam estilos de liderança, de acordo com as necessidades concretas das pessoas com quem lidam. Acima de tudo, procuram criar á sua volta um clima de boa vontade, dando atenção às tarefas e às relações humanas.

  Dois Estilos Clássicos 

  Há muitas teorias sobre estilos de liderança. A maioria dos investigadores acaba por concordar que, em última instância, existem apenas dois grandes estilos cujos nomes são clássicos: o autoritário (liderança diretiva) e o democrático (liderança participativa).

Estilo autoritário

  O comportamento do líder autoritário é essencialmente diretivo. Neste estilo, o líder dá instruções concretas.  Diz o que fazer e quando fazer.
  No estilo autoritário, é mínima a participação das outras pessoas. O líder toma decisões sozinho, sem consultar ninguém. Depois  de decidir, opta por uma destas hipóteses: dá ordens, sem qualquer explicação, ou dá algumas explicações para convencer os outros a  aceitar a sua decisão.

  Estilo democrático

  No estilo democrático, as pessoas participam nas decisões, com maior ou menor responsabilidade, conforme a sua experiência e a sua competência. Dentro do estilo democrático, e adaptando um esquema, podemos distinguir quatro níveis de participação. No quarto nível, acontece o uso mínimo do poder por parte do líder e o uso máximo do poder por parte das outras pessoas.
  Eis os níveis:
  1º - O líder propõe uma decisão, mas dispõe-se a  alterá-la, de acordo com as sugestões por ele solicitadas.
        A decisão final é sua.
  2º - O líder faz consultas, antes de  decidir
  3º - O líder decide  em equipa. O líder coloca-se ao nível das outras pessoas, partilhando com elas a responsabilidade pela tomada de decisões. No caso de não haver acordo ele decide.
  4º - O líder delega a responsabilidade pela tomada de decisões. Quando as pessoas têm uma elevada competência e um forte empenhamento, o líder permite que elas trabalhem com independência, limitando-se a dar apoio, quando solicitado.
  O comportamento do líder democrático é essencialmente de orientação e de apoio. O líder orienta as pessoas que têm dificuldades em agir sozinhas. E oferece apoio  sempre que há esforço e progressos.
  
  A eficácia da flexibilidade

  Qual dos  dois  estilos  (autoritário, democrático) será mais eficaz para influenciar os outros e levá-los a atingir as metas desejadas? Haverá um padrão único de boa liderança? Não há. A eficácia de um estilo depende da sua adequação ás pessoas e às circunstâncias.
  Habitualmente, conseguem-se melhores resultados com o estilo democrático.  Num «clima participativo», as pessoas empenham-se mais. Além disso, havendo participação, gera-se uma atmosfera positiva, de boa vontade e confiança, que dá ao líder maior poder de influência sobre o comportamento dos outros. Mas há situações em que o estilo autoritário (liderança directiva) é mais  eficaz. O ideal é ser flexível.
  A flexibilidade é a capacidade de usar os diferentes estilos de liderança, consoante as pessoas concretas e a natureza das tarefas a realizar. Um líder eficaz não pode mostrar sempre os mesmos comportamentos em todas as circunstâncias. Comportamentos rígidos e inflexíveis não produzem eficácia. Por isso, o líder tem de aprender a usar, com flexibilidade e bom senso, estilos diferentes para pessoas diferentes e até estilos diferentes  para a mesma pessoa.
  
  Estilos diferentes para pessoas diferentes

  O líder eficaz escolhe o estilo de liderança, de acordo com as necessidades concretas das pessoas. Isso implica conhecer, com rigor aproximado ,cada pessoa, sobretudo o seu nível de competência (conhecimentos e aptidões) para realizar determinada tarefa.
  Uma liderança diretiva ( autoritária), será apropriada para pessoas de baixa competência, que precisam de instruções claras para fazer o seu trabalho. O líder deve adotar um estilo autoritário (direção e controlo) em relação às pessoas com falta de formação ou falta de experiência, que não se mostram capazes de assumir responsabilidades. É o estilo ideal para principiantes inseguros, mas com motivação para aprender. Deve ser evitado com pessoas competentes e com pessoas desmotivadas, para que não haja apatia  ou agressividade. 
  Com pessoas de média ou alta competência, será mais eficaz uma liderança participativa. O estilo democrático (orientação e apoio) é mais  adequado para liderar pessoas com conhecimentos e aptidões suficientes para partilhar decisões e assumir responsabilidades. É o estilo ideal para  motivar  as pessoas, independentemente de serem mais ou menos experientes.
  Os bons líderes agem de modo diferente com cada pessoa, mudando o estilo, consoante a competência individual. Se as pessoas são diferentes, esperam comportamentos diferentes por parte do líder. É disso que elas precisam para desenvolver a sua competência e adquirir autonomia.

  Estilos diferentes para a mesma pessoa

  Vimos que o estilo que  de liderança deve ser adequado à da pessoa. Mas, como sabemos, o nível de competência de uma pessoa varia com a natureza da tarefa a realizar. A mesma pessoa pode estar num nível elevado, em relação a uma tarefa, e num nível baixo, em relação a outra. Assim, o líder, para ser eficaz, tem de adaptar-se à situação concreta e usar estilos diferentes para a mesma pessoa. Usará o estilo autoritário, nos  casos de baixa competência, e o estilo democrático, nos casos de competência média ou elevada.
  Os bons professores adotam estilos de ensino diferentes para alunos diferentes. Mas também adotam estilo diferentes para o mesmo aluno, consoante a sua competência nas várias disciplinas. O mesmo aluno pode precisar de um comportamento diretivo, no caso de língua estrangeira, enquanto, no caso da matemática, talvez precise apenas de algum apoio.
  Tal como os bons professores, os bons líderes usam um estilo mais diretivo ou mais participativo com a mesma pessoa, em ocasiões diferentes. A mesma pessoa precisará de um estilo ou de outro, consoante a sua competência para realizar as tarefas ou atingir os objetivos.
  Esta flexibilidade não põe em causa a coerência do líder. 
  Ser coerente significa adotar o mesmo estilo em situações idênticas; não implica ter sempre os mesmos comportamentos em todas  as circunstâncias. Afinal, o líder não pode tratar da mesma maneira aquilo que é diferente.

  A exigência do bom senso

  Não há um estilo melhor. Tanto o estilo autoritário como o democrático são eficazes, desde que usados com as pessoas certas, nas ocasiões adequadas.
  Mas como é que um líder sabe que está a adotar o estilo mais eficaz? Não há um critério único. Não há normas mecânicas. Não há estilos de laboratório, garantidos pelos investigadores. Muitos fatores entram em jogo e, por vezes, de forma contraditória. Pode acontecer, por exemplo, que as limitações de tempo exijam que o líder decida sozinho, quando seria preferível consultar as pessoas para que elas se empenhassem mais no trabalho.

  Não basta o critério da competência individual para escolher com acerto o estilo a usar. Pessoas competentes e responsáveis pedem um estilo democrático. Mas, em situações de emergência, pode ser conveniente adotar o estilo autoritário, independentemente dos conhecimentos e aptidões das pessoas.
  Também o tamanho do grupo pode aconselhar o uso de um ou outro estilo. Na condução de grupos pequenos e de grupos médios com um mínimo de coesão, é preferível a liderança participativa. Mas pode haver vantagem em optar pela liderança diretiva para conduzir grupos grandes ou grupos médios  onde haja tendência para os conflitos. Ao líder compete fazer tudo para evitar ou resolver  (como mediador e não como juiz) os conflitos que bloqueiam a comunicação e impedem a cooperação entre as pessoas de um grupo. Caso contrário, a atmosfera do grupo será ineficaz e frustrante.
  A liderança é  mais  arte do que ciência. Nessa  arte, o líder tem de aplicar a sua experiência e o seu bom senso para decidir quando, como e com deve usar cada um dos estilos.

Jorge Neves

 

 
 








 

 




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