quarta-feira, 12 de agosto de 2015

LIDERANÇA PESSOAL - EXPERIÊNCIAS DE VIDA






  Durante os diversos cursos de formação em que participei, era habitual dedicarmos meia hora para de uma forma informal e descontraída, trocarmos entre nós experiências de vida

  O namorado não lhe telefonava.

  Para a Sara (uma colega), o mais horrível era o namorado não telefonar quando ela queria. Os namorados (as) raramente telefonam quando nós queremos por isso a Sara sentia-se muitas vezes magoada e frustrada. Para ela, quando o Diogo finalmente telefonava, reagia de acordo com a mágoa que sentia. Claro que assim é difícil as relações sobreviverem e o Diogo decidiu terminar tudo.
  As coisas não foram diferentes com o namorado seguinte, o Rui. A Sara não sabia o que fazer. Não conseguia que nenhum dos namorados lhe telefonasse quando ela queria. Todos nós rimos quando contou a sua história, porque não havia ninguém no curso que não tivesse tido uma experiência semelhante. É aborrecido quando a pessoa que ama não lhe telefona! Sim, nós sabíamos que a Sara podia simplesmente ter telefonado para o namorado, mas na altura não conseguia escolher essa solução com à-vontade.
  A Sara sofreu bastante com as discussões sobre o assunto e não tinha força para "avançar" para o novo namorado. Tinha finalmente conhecido um homem com quem tinha intenções sérias e queria que a relação durasse. Estava a conseguir controlar-se e a não ceder à fúria, mas ainda se sentia aborrecida por causa de o Rui não fazer exactamente o que ela queria e quando ela esperava. Em geral Sara encarava os "sentimentos" como a parte mais difícil e mais complicada da sua vida e nós, como grupo, percebemos exactamente o que ela queria dizer.
  A Sara suspirou quando começou a fazer os exercícios. A ideia de gritar para uma cassete enquanto esperava o aguardado telefonema pareceu-lhe apelativa. Isto era algo a que ela se conseguia adaptar.O seu objectivo era absolutamente claro: iria destilar o veneno para a cassete, de modo a que só sobrasse o seu lado bom quando o Rui acabasse por telefonar. Ela esperava que isto a impedisse de minar a relação.
  A Sara aprendeu também a sentir os seus sentimentos e a assimilá-los assim que dava por eles. Depois, consegui ouvir as informações que os sentimentos tinham para oferecer.

  Esta história lembra-me que olhar para nós com uma luz mais objectiva tem benefícios imediatos. Mais tarde a Sara confessou que compreendia porque é que os seus namorados iam desaparecendo da sua vida,um atrás do outro. Tinha ouvido a cassete e, ao ouvir a sua gritaria venenosa, percebeu que nenhum homem no seu juízo perfeito se deixaria tratar daquela forma. Foi um grande alívio despejar o peso dos seus sentimentos na cassete. Através deste exercício, aprendeu a assimilar o seu desgosto  a sua fúria e a compreender as razões dos outros. Também aprendeu a respeitar o direito de Rui lhe telefonar quando queria e não quando ela pretendia que ele o fizesse.



Jorge Neves
 

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