segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

LIDERANÇA PESSOAL - NA PROCURA DE ELOGIOS







  Toda a gente gosta de elogios; eu não sou excepção. Já fui dependente de elogios, absolutamente dependente de aprovação. Mesmo quando recebia elogios, sentia que chegavam demasiado tarde e não eram exactamente o que pretendia. Acreditava que o elogio me daria a autoconfiança que me faltava. Foi muito difícil curar-me desta necessidade, mas compreendi que a aprovação que procurava nos outros era um substituto pobre para a confiança na minha opinião.

  Porque procuramos substitutos para a nossa sabedoria interior? Colocado de uma maneira simples, parece haver duas formas de viver a vida: confiar na sua voz interior ou depender do mundo exterior e das suas opiniões sobre si.

  Todos vivemos uma combinação dos dois mas, quando aproveitamos a nossa Inteligência Emocional, vivemos de dentro para fora. Quando não o fazemos, vivemos de fora para dentro.  Quando sentimos um vazio e falta de calma interior e de autoconfiança, os elogios externos podem levantar o nosso estado de espírito. Mas, concentrarmo-nos de mais neles diminui as hipóteses de descobrirmos as nossas verdadeiras qualidades e de termos a nossa voz interior a conduzir a nossa vida.
  A história do Manuel, um amigo meu, é o bom exemplo disso.
  Manuel era o líder de uma empresa de média dimensão que a geria de forma autónoma em relação à empresa-mãe. Estava a passar por tempos difíceis e estava a ponderar o despedimento de 20 colaboradores para poder conseguir sobreviver. Durante mais de um ano, Manuel lutou por um grande contrato que Alexandre, o director geral da empresa-mãe, estava convencido que não iria conseguir fechar. Mas Manuel nunca desistiu e consegui o contrato. Estava a rebentar de orgulho quando foi ao escritório de Alexandre partilhar as novidades.
  Sendo um homem de poucas palavras, Alexandre não tinha o hábito de distribuir elogios. A sua reacção à notícia de Manuel foi um simples "Óptimo". Manuel tinha sonhado com este momento durante muito tempo, imaginando que o seu chefe iria elogiá-lo com uma expressão do tipo: " Parabéns! Salvou a sua filial" Não consigo agradecer-lhe o suficiente!". Mas Alexandre não disse isso. Talvez devesse ter dito, mas não serve de nada concentrarmo-nos no "devia" - temos simplesmente de aceitar o que Alexandre disse.
 Esse amigo meu o Manuel, viveu consumido pela zanga que sentia em relação à falta de reconhecimento por parte do seu chefe e transportava diariamente essa hostilidade. Isso estava a afectar o seu trabalho e a sua vida pessoal de uma forma evidente. Contou-me ele que finalmente a mulher explodiu: "Enfrenta a tua ira e acaba com ela - já não aguento mais ouvir isto!"
  Todos sabemos como é fácil cair neste tipo de armadilha. Todos gostaríamos de transformar os nossos chefes naquilo que pensamos que "deviam" ser.
  Na melhor das hipóteses, podemos influenciar os outros até certo ponto, mas não podemos realmente mudá-los.
  Ao longo dos contactos que vim fazendo com o Manuel ele consegui quebrar o círculo  da zanga e da recriminação silenciosa. Em vez de se concentrar na sua angústia e tristeza em relação à atitude de Alexandre, consegui focalizar-se no seu orgulho e na sua satisfação. Afinal, tinha alcançado algo importante. Por fim, aprovação de Manuel por si próprio passou a ser o suficiente. Só depois de lidar com a sua dor é que consegui aceitar os seus próprios elogios por ter conseguido o contrato.
  Quando acreditamos em nós e no nosso julgamento, podemos encontrar paz, mesmo que os outros não consigam expressar a sua aprovação. A nossa voz interior é muito mais poderosa do que qualquer outra que recebamos do mundo exterior.

  Há riscos associados à procura contínua de aprovação e à dependência de elogios, mas não há riscos envolvidos ao se fazerem elogios. Somos todos humanos e, mesmo para aqueles que conhecem e alimentam a voz interior, um elogio nunca faz mal.

  Quando um trabalho é bem feito, a apreciação é bem-vinda e encoraja o bom desempenho. Demasiados chefes mostram-se relutantes e sovinas em fazer elogios aos seu colaboradores. Afinal, nem mesmo esses mesmos chefes são imunes a um elogio.



  Jorge Neves

  


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