quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
GESTÃO E LIDERANÇA - ACABE COM AS REDUÇÕES DOS POSTOS DE TRABALHO ANTES QUE ESTAS ACONTEÇAM
Quando uma empresa atravessa um momento difícil, geralmente reduz o número de postos de trabalho. Isso não será hipócrita, visto que a maioria das empresas afirma que as pessoas são o seu "activo mais valioso" e que também gasta muito dinheiro com a formação?
Às vezes as empresas não têm outra escolha que não a suspensão temporária ou definitiva dos colaboradores, por falta de trabalho ou possibilidade de pagamento.
Elas falham um ciclo económico ou a economia em geral está em declínio. Mas a dura realidade é que demasiadas empresas aproveitam os tempos difíceis para fazer algo que deviam fazer o tempo todo - limpar a casa. Essa negligência - em especial enquanto entoam entorpecidamente o mantra "as pessoas são o nosso activo mais valioso" - certamente torna os repentinos layoffs hipócritas. Mais do que isso, torna-os injustos e cruéis.
Nem sempre é fácil ser gestor, mas, quando se aceita ser, tem-se uma responsabilidade para com os colaboradores, que é sempre informá-los da situação em que se encontram. Nenhuma empresa devia existir sem um rigoroso sistema de avaliação de desempenho e nenhum gestor devia ser demasiado cobarde para o implementar. As recompensas deviam estar estritamente ligadas à avaliação de um colaborador, dando mais dinheiro e elogios aos melhores.
Este tipo de sistema tem um efeito rápido e fantástico nos colaboradores com um desempenho fraco. Raramente é preciso despedi-los. De uma maneira geral, saem por sua própria vontade. Aliás, acabam por encontrar um emprego mais adequado às suas competências, em lugares onde podem finalmente ser apreciados. É um final perfeito para eles, para a empresa que abandonaram e para aquela em que entraram.
O problema é que muitos gestores afirmam ser demasiado "simpáticos" ou "amáveis" para transmitir às pessoas em que situação se encontram - especialmente aos verdadeiros falhados.
É por isso que muitas empresas se deparam com a situação que aqui descrevo. Normalmente o padrão é o seguinte. Perante resultados fracos, a equipa no topo decide que os custos têm de ser reduzidos rapidamente. Os gestores em toda a empresas vêem os layoffs como a linha de acção mais imediata, então o gestor K, por exemplo, decide despedir duas pessoas. Mas, durante este tempo todo, esta pessoa verdadeiramente amável tem vindo a dizer aos seus colaboradores como eles são fantásticos, recompensando-os de modo igual em altura de bónus e até mandando muitos deles para formação. Mas quando a crise aperta, ele sabe exactamente quem deve sair: o Manuel e a Maria que há anos não faziam o que lhes competia.
Chama cada um para uma reunião, para lhes dar a notícia.
"Porquê eu?" perguntaram ambos.
"Bem, porque não eram muito bons" é a resposta balbuciada.
"Mas durante 30 anos disseram-me que estava a ir muito bem! O que é que se passa?"
Boa pergunta.
Se, primeiro que tudo, este gestor estivesse a fazer o seu trabalho de recursos humanos correctamente, ser despedido não seria um choque para o Manuel e para a Maria. Conhecendo a sua situação, teriam saído da empresa muito antes. Em vez disso, vêem-se obrigados a procurar um novo emprego, frequentemente no decorrer da própria recessão que tornou o seu despedimento necessário.
Aqui tem a gestão "simpática."
Contudo, não estou a dizer que as empresas podem sempre evitar o choque e a dor dos layoffs ao utilizarem consistentemente um sistema de avaliação e de limpeza da casa. Existirão sempre acontecimentos infelizes fora do controlo de uma organização que exigem uma redução de custos rápida e nada faz isso melhor do que a redução de postos de trabalho.
Mas um sistema de avaliação rigoroso, juntamente com uma combinação transparente sobre a situação da empresa, faz um bom trabalho na prevenção do tipo de hipocrisia generalizada em relação ais layoffs que acabei de exemplificar.
Jorge Neves
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