Enquanto não tiver aprendido a tratar as objecções não conseguirá realizar as suas potencialidades em vendas. Os bons vendedores quase adoram as objecções mesmo as mais «picuinhas», porque todas elas são coisas concretas, contra as quais podem lutar. Ficam mesmo bastante inquietos quando não lhes é feita qualquer objecção.
Um dia tive um sonho que
se repetiu por algum tempo. Nesse sonho, tinha de vender o meu produto a um
casal - e ambos eram extremamente simpáticos. Concordavam com tudo. Nunca
havia objecções. Até me ajudavam a preencher os impressos. Não havia um
único problema...
Mas não passava de um
sonho. Estas situações só podem acontecer a um vendedor que esteja
inconsciente. Continuei a ter esse sonho até compreender que as
objecções não liquidam a venda: pelo contrário, promovem-na. As pessoas que não
fazem objecções não estão verdadeiramente interessadas.
Não compram porque não se preocupam o suficiente para tentar baixar o
preço, pedir mais informações, ou questionar a sua necessidade do produto.
Transforme o tratamento das objecções numa parte integrante e prevista da sua sequência de vendas.
Não se esqueça do seguinte:
As objecções são os degraus da escada que conduz ao êxito em vendas.
Quando se sobe ao topo da escada, consegue-se vender ao cliente. Não existe qualquer outra maneira de a subir a não ser superando objecções. Se você não que subir ao topo da escada, basta-lhe descurar esta questão das objecções. Nunca será um vendedor por excelência. Mas se decidir vencer as objecções, utilizando as técnicas devidas, acabará por reconhecer o seu valor - porque anunciam a intenção de compra do cliente e apontar para a venda.
Já gosta mais de
objecções, agora?
Talvez você esteja a
pensar: «Eu, gostar de objecções? Dão-me cada dor de cabeça...»
A razão por que as
objecções o preocupam é que você não compreendeu ainda o que são, como não
compreendeu ainda os processos básicos de lhes dar resposta.
O que é uma objecção?
É indicação dada pelo seu
cliente, de que deseja saber mais. As objecções não surgem
normalmente, como é natural, sob a forma de um pedido delicado de mais
informações. As pessoas não gostam de lhe facilitar tanto a vida. Em geral
estão a objectar sinceramente - elas próprias não compreendem às vezes que
apenas desejam de facto dispor de mais informações. Você tem
obrigação de saber isso melhor do que elas e o que deve fazer quanto ao
assunto.
Existem dois tipos de objecções, um é mais importante do que o outro. Mantenha sempre presente o seguinte:
As objecções menos importantes são uma espécie de mecanismo de defesa.
As pessoas utilizam-nas para ganhar tempo. Não querem dizer que não comprarão, mas desejam arrastar as coisas antes de se comprometerem.
Se você vende
frequentemente a casais, já lhe deve ter sucedido muitas vezes ganhar o
interesse de um deles e ver o outro começar subitamente a levantar
objecções e a opor-lhe resistência. Por vezes a outra pessoa, a que
concorda consigo, fica ainda mais surpreendida do que você próprio. Aquele que
objecta pode estar apenas a ganhar tempo, ou a tentar ver se você consegue
responder convincentemente às suas pequenas objecções, antes de a questão se
concretizar.
Nem todas as objecções são
evidentemente deste tipo, podendo e devendo ser superadas. Você encontrará
muitas vezes condições que
impedem a compra. Uma das principais, evidentemente é o seu cliente não dispor
de dinheiro nem poder obter um crédito.
O que é uma condição?
Uma condição é uma razão válida para não prosseguir. Não é uma objecção a vencer, é um impedimento real de compra, que você deve aceitar como sinal para desistir da venda. Um bom vendedor reconhece rapidamente estas «condições». O principal objectivo da qualificação é precisamente determinar se existem ou não quaisquer condições que tornem a venda impossível. O bom vendedor, sendo perito na arte de qualificar clientes, nunca se expõe desnecessariamente, tentando vencer condições que não podem ser eliminadas.
Mesmo um vendedor perito
na qualificação dos seus clientes pode ocasionalmente encontrar-se a meio da
sua sequência de venda e depara-se-lhe subitamente aquilo que parece ser uma
condição. Quando tal acontece, trate o obstáculo como uma objecção. Ou
seja, tente eliminá-lo. Se não conseguir é porque se trata de
uma impossibilidade absoluta e o melhor será engolir em seco e despedir-se
delicadamente desse cliente que como você descobriu, não pode comprar. Alguns
vendedores enfrentam aqui um grave problema. Se gastamos tempo pessoas e
entramos com elas na nossa sequência de venda, envolvemo-nos
emocionalmente ao ponto de perdermos capacidade para ver a diferença entre uma
objecção que pode ser superada e uma condição que não pode. Nisto as
vendas são como o poker. Os jogadores profissionais
depressa desistem de uma mão fraca, apesar de que tiveram apostado nela. Os
jogadores amadores continuam em jogo e continuam a apostar em mãos que sabem
ter poucas probabilidades de ganhar. Em vez de aceitar uma perda pequena e
desistir, continuam e sofrem perdas maiores. Como já alguém disse
«Dêem-nos serenidade para aceitar o que não pode ser mudado, coragem para
mudar o que pode sê-lo e sabedoria para distinguir uma coisa da
outra». Procure ter a sabedoria - e por vezes também coragem - necessária
para sair rapidamente e com delicadeza de situações irrecuperáveis.
Deixe-me repetir o que é
uma objecção. Uma objecção é um pedido de mais informações. Acredite em mim,
não perco o meu tempo objectando a pequenas coisas a menos que tenha intenções
de ficar com o produto - sou igual a todos os outros compradores neste ponto. O
potencial comprador que faz objecções não tem de facto a certeza de que o seu
artigo satisfará as suas necessidades. A sua função como vendedor é utilizar os
conhecimentos que te sobre aquilo que vende para lhe mostrar como pode usá-lo
para satisfazer as suas necessidades. Tome nota do seguinte:
Se não existirem «condições» (obstáculos) e o cliente não comprar, a culpa é minha.
É importante compreender e concordar com este conceito. Você representa um produto de alta qualidade ou um serviço que é executado com profissionalismo e integridade. Quando as pessoas dispõem dos seu produto ou serviço, beneficiam com isso. Deixe-os terem este benefício. Faça o seu trabalho. Ajude os outros a obterem os benefícios que só você lhes pode dar. Você já alguma vez pensou na grande quantidade de vendedores que não deixam os clientes aproveitarem os benefícios que lhes podem oferecer? Estes vendedores não fazem o que deve ser feito em termos de treino, planeamento e performance, para permitirem aos seus clientes beneficiarem daquilo que vendem.
Agora, que me aposentei,
creiam que me senti plenamente realizado na profissão de vendedor. Dediquei
a ela longos anos da minha vida. Conheço o importante papel que esta
profissão desempenha na economia de um país e na qualidade de vida dos seus
cidadãos. Mas é triste que existam tantos vendedores que deixam ficar mal a sua
profissão ao falharem perante uma objecção. Não compreendem que, ao fazê-lo não
só fracassam relativamente a si próprios e às suas famílias, como ainda
fracassam relativamente às suas empresas, ao público, e ao futuro de todos. O
cliente necessita do seu produto ou serviço, e se você não lho fornece todos
perdemos.
Nas viagens que fazia,
falava com muitas pessoas que não eram da profissão de vendas. Quando lhes
dizia que era vendedor e que treinava vendedores, alguns deles olhavam-me como
se eu fizesse alguma coisa de errado. Não aceito esta ideia. Temos
a profissão mais honrosa que existe. Vender significa ajudar os outros
a obterem benefícios e a progredirem. No entanto, o vendedor médio aguarda
passivamente que os clientes apareçam. Quando finalmente encontra um, basta a
mais pequena objecção para o fazer desistir - e para privar os
cliente dos benefícios que vende.
Dois erros que nenhum bom vendedor comete.
Há duas coisas que nenhum
campeão faz e outra que todos eles fazem constantemente. Dê toda a importância
a estes três preceitos e reveja-os frequentemente.
1. Não discuta
Sabe que muitos vendedores discutem com compradores potenciais? O cliente põe uma dúvida - o que significa que necessita de mais informações - e o que obtém? Uma discussão. Zangando-se ou recorrendo ao sarcasmo, ou de outras formas que apenas conduzem à libertação de tensões, o vendedor tenta «deita a baixo» o cliente. Muitas vezes consegue ganhar a discussão - perdendo simultaneamente a venda. Porquê? Porque a única forma que o cliente tem de se desforrar da derrota é comprar a outra pessoa.
2. Não ataque os clientes quando vence as suas objecções.
Ponha alguma distância entre os seus clientes e as respectivas objecções. Quero dizer com isto que você deve ter cuidado de distinguir entre as pessoas e as objecções que lhe vão colocando - para ter a certeza de que, ao responder a qualquer delas, não está a atingir diretamente o cliente. Desenvolva a sua sensibilidade, tentando captar o ponto de vista do cliente quando põe as suas dúvidas. Você não pode rejeitar as objecções a pretexto de não serem pertinentes ou razoáveis, pois entrará em conflito com a opinião que o cliente faz de si próprio. Mostre preocupação por «salvar-lhe a cara» e não determinação em apontar-lhe erros. Nunca leve um cliente a sentir que você está a pôr em duvida a competência dele. Se você começar a lutar abertamente contra os sentimentos dos seus clientes, estes acabarão por deixar-se dominar por emoções negativas. Você não pode vender vencendo batalhas lógicas à custa de batalhas emocionais. As objecções indicam-lhe onde estão os interesses do cliente; nestas condições, apontam-lhe o que deve ser sublinhado, eliminado ou alterado antes de tentar fechar a venda.
3. Leve o cliente a responder às suas próprias objecções.
Um bom vendedor tenta sempre conduzir o cliente de tal modo que ele próprio responda às suas objecções, porque quando é o cliente a dizer qualquer coisa, tem sempre razão... O vendedor médio não suspeita sequer que isso possa ser feito e nunca tenta fazê-lo; o bom vendedor sabe que é normalmente possível fazê-lo e desenvolve uma grande eficiência neste campo. São muitos os clientes que respondem ás suas próprias objecções quando você os conduz a isso. De facto, as pessoas estão interessadas em fazer a compra - sendo no entanto necessário que você os guie. A prova desse interesse é que continuam a falar consigo...
A maior parte
dos compradores possuem certos reflexos de que nem sequer têm consciência, mas
surgem como objecções. Quando uma secretária diz: «Só recebemos vendedores
às terças-feiras», ou algum cliente afirma:«Estou só a ver» quando entra numa
loja, trata-se simplesmente de objecções reflexas.
Vejamos como é possível
vencer estas e outras objecções.
Método de contrariar uma objecção
1. Oiça o que o cliente tem para dizer.
Muitos vendedores reagem a uma objecção, antes de a outra pessoa ter possibilidades de a formular completamente. O cliente não chega a dizer meia dúzia de palavras - já o vendedor combate denodadamente como se tivesse visto o diabo. «Tenho de eliminar rapidamente esta objecção, ou não conseguirei fazer a venda» - é esta a reacção de pânico do vendedor.
O cliente sente-se não só
irritado com a interrupção, como ainda pressionado pelo vendedor. E pouco à
vontade. «Porque está ele a reagir com tanta veemência? pergunta o cliente a si
mesmo - Aqui há gato!»
E suponha que você não
responde exatamente à objecção que o cliente tenta formular? Talvez
até você próprio esteja a levantar um problema em que ele ainda não tinha
pensado...
2. Devolva a objecção ao cliente.
Esta é uma das melhores técnicas para conduzir o cliente a responder à sua própria objecção. Dá um resultado excelente com casais. Empreguei-a muitas vezes , devolvendo uma objecção para o marido e esperando em seguida que a mulher o convencesse em meu lugar.
3. Questione a objecção.
Peça-lhes que devolvam a objecção. Faça-o com convicção. Evite qualquer expressão de sarcasmo, impaciência ou desprezo. Se conseguir aprofundar de facto a objecção , verificará que o próprio cliente acabará por passar adiante e esquecê-la. Mesmo que isto não aconteça, enquanto o cliente devolve a objecção você dispõe algum tempo suplementar para decidir qual é a melhor maneira de a ultrapassar.
4. Responda à objecção.
Talvez você pense: «Bem, assim perco vendas». Não se preocupe - vou mostrar-lhe como deve agir. Quando dominar completamente estas técnicas e as tiver adaptado ao seu caso pessoal, deixará de reagir mal quando os clientes lhe fazem o favor de levantar objecções - limitar-se-á a sorrir para si próprio e a continuar, confiante em que conseguirá resolver a seu favor.
Alguma vez passou noites
em claro a pensar nas objecções que lhe poderão fazer? Por vezes, dir-se-ia
que os clientes também seguem cursos para aprender todas as afirmações
negativas que é possível fazer numa situação de venda. Ao encontrarem objecções
que não sabem superar, há vendedores que começam a ter pesadelos. Acabam por
ficar tão preocupados que receiam ouvir as mesmas objecções em todas as
entrevistas.
O mais estranho é que
dentro em pouco começa mesmo a ouvi-las constantemente...
Vejamos o que passa. A sua
obsessão é tal que já estão à espera de que a objecção surja, quando vão para a
entrevista. Não sabem quando surgirá - mas não conseguem eliminá-la dos seus
pensamentos. A tensão é tão grande que, sem se aperceberem disso, começam a
fazer sugestões que conduzem o cliente à objecção...
Existirá algum produto ou
serviço que não tenha os seus pontos fracos, certos aspetos em que não é tão
bom como os outros?
Se existe, nunca o
encontrei.
Pode ter a certeza de que,
durante toda a sua carreira, aquilo que vender terá sempre
certas características ou limitações que você preferiria que não
tivesse. Haverá sempre alguma coisa que pode ser motivo de uma objecção que o
derrotará, se não for capaz de a superar.
Os bons vendedores estudam
os pontos fracos dos produtos que vendem, e aprendem a enfrentar os problemas
que estes podem levantar. Muitas fazem-no admitindo a desvantagem mas
comparando-a em seguida com uma vantagem. «Sim, a nossa máquina só permite uma
afinação de quarenta graus, horizontalmente, mas permite maior ajustamento na
vertical do que qualquer outra máquina. Isto deve-se ao facto de os nossos
estudos técnicos terem demonstrado que...»
5. Confirme a resposta.
Não se limite a responder à objecção deixando-a depois no ar... O cliente pode não ter compreendido. Ou talvez tenha deixado de o ouvir enquanto você falava, porque começou a pensar em qualquer outra coisa. Tenha sempre em conta o facto das pessoas que estão à beira de tomar uma decisão poderem comportar-se de um modo um tanto estranho. Depois de ter respondido à objecção de uma forma que julgou suficiente para a superar, confirme se o consegui. Faça perguntas como as seguintes:
«Não concorda que isto esclarece o assunto?»
«É a resposta que pretende, não é verdade?»
«Depois de resolvida esta questão, podemos continuar, não lhe parece?»
«Acha que respondi a todos os pontos que focou e que dispõe de um meio
para resolver a questão?»
Parece-me que é ponto assente, não é assim?»
«Isto resolve o seu problema com..., não lhe parece?»
6. Mude de «registo e passe imediatamente à fase seguinte da sua sequência de venda
Depois de ter confirmado a resposta à objecção, passe rapidamente a outro assunto.
Para assinalar que a
última questão está resolvida e que vai passar à seguinte utilize a linguagem
«corporal» enquanto fala. Ou seja, faça um gesto apropriado, olhe ou
desloque-se numa outra direcção, vire a página do seu prospecto, mude de
posição na cadeira - Ao fazê-lo, introduza a questão seguinte com uma frase do
tipo: «A propósito...»
Faça deste o seu
método-padrão para superar as objecções. Assimile-o bem e estará a contribuir
mais para o bem-estar do que os comprimidos para dormir que possa comprar - não
precisa de receita, os efeitos secundários são ótimos e dormirá
maravilhosamente porque não é perturbado por aquele papão que estragas as
noites ao vendedor médio: as objecções!
Mas não se esqueça de que,
quando lhe peço que assimile este método, quero dizer que deve adaptá-lo à sua
personalidade, àquilo que vende, à área onde trabalha, e que deve conhecê-lo
tão bem como o seu primeiro nome.
Vejamos em seguida quatro técnicas que permitem ultrapassar certas barreiras específicas. Inclua-as no seu arsenal contra as objecções, escrevendo perguntas que se adaptem à sua situação.
Quatro tratamentos de choque contra as objecções
1. Faça-os ver as coisas pelos seus olhos
Use esta técnica para vencer um desafio direto devido à anterior experiência do seu cliente com a empresa para a qual você trabalha. Vejamos como funciona. Consideremos que representamos a Canon, que coloca no mercado uma linha de fotocopiadoras de alta qualidade. Você acaba de entrar, procurando um tal Jorge Filipe, um cliente cujo nome foi transmitido numa das suas reuniões com outros vendedores. Você apercebe-se imediatamente de que há problema, quando o Sr. Jorge Filipe diz: «Compramos uma das vossas fotocopiadoras há anos e tivemos de a por de parte. Era muito lenta. Perdíamos muito tempo com a vossa máquina».
Nesta situação, o vendedor
médio entra normalmente numa acalorada discussão sobre o facto de a
fotocopiadora em causa ser ou não tão rápida como as outras. Mas estas
discussões raramente produzem bons resultados. O Sr. Jorge Filipe põe ponto
final no assunto dizendo: «Sim os seus argumentos são ótimos, mas não quero
mais nenhuma máquina da vossa firma. Obrigado por ter vindo. Bom dia.»
Mas o bom vendedor fá-lo
ver as coisas de um outro ângulo:« Sr. Jorge Filipe, suponha que por um momento
que é diretor da Canon Copiers e que acaba de descobrir a deficiência da nossa
máquina, relativamente à velocidade de reprodução das cópias. Que faria o
senhor?»
O Sr. Jorge Filipe dirá
qualquer coisa como: «Punha o meu departamento técnico a resolver o problema
depressa!» Ao fazer o cliente ver as coisas do ponto de vista do diretor da sua
empresa, você levou-o a dar uma resposta evidente, de acordo com os interesses,
não é assim?
Aí, você sorri e comenta:
«Foi exatamente isso o que fez o diretor da Canon Copiers». Que pode agora o
Sr. Jorge Filipe fazer agora; além de ouvir o resto da sua
apresentação?
Uma situação muito comum
em vendas, particularmente quando se vai para um novo emprego, é ficar com uma área
que anteriormente era explorada por outro vendedor. Suponhamos que é isto que
lhe acontece.
Você não necessita de
muito tempo para descobrir que a pessoa que foi substituir não andava a fazer
um bom trabalho. De facto, acontecia precisamente o contrário, porque deu cabo
de todas as possibilidades de realizar vendas, naquela área. Você está apenas a
recolher os destroços.
Enquanto vai desenvolvendo
os seus contactos à procura de clientes, começa a encontrar muitos
descontentes. A maior parte dos clientes está agora a comprar o mesmo produto
às empresas concorrentes. Quando você se apresenta e afirma que é o responsável
por esse cliente, ouvirá qualquer comentário do género:
«Oiça, não queremos
trabalhar mais com a vossa firma. O seu colega era um incompetente.
Fazia uma data de promessas e não cumpria nenhuma. Ficámos fartos!
Qualquer empresa que tenha vendedores daquela espécie está automaticamente fora
da nossa lista.»
Sorria quando responder:
«Queira desculpar-me por aquilo que sucedeu antes de eu vir trabalhar para esta
empresa!»
O cliente terá abrandado
um pouco: «Não é nada pessoal, mas estamos fartos».
«Compreendo o que me diz.
Mas posso pedir-lhe um favor? Suponha que era o director da nossa empresa e se
apercebia a dado momento de que um dos vendedores estava a prestar aos seus
clientes o mesmo mau serviço de que o senhor se queixa; que faria?»
«Punha-o na rua!»
Sorria novamente e
responda: «Foi o que fizemos - e é por isso que eu estou aqui».
Mas se o tal vendedor for
agora o seu chefe, o seu patrão, ou se se mantiver na empresas em alguma outra
função?
Você sorri e
diz: «Se o senhor fosse diretor da nossa empresa e se apercebesse de que
um dos vendedores estava a prestar aos seus clientes o mau serviço de que o
senhor se queixa, mas soubesse ao mesmo tempo que essa pessoa tinha tido
bastante talento em outras áreas onde pudesse ser aproveitada, como resolveria
a questão?»
Você está praticamente a
sugerir-lhe a resposta, não acha?
O cliente responderá
portanto mais ou menos isto: «Bem, se de facto servisse para alguma coisa,
poderia tentar aproveitá-lo. Mas teria de o vigiar bem.
Seja o que for que o
cliente diga no sentido de recuperar o mau vendedor, você responderá
invariavelmente: «Foi isso que fizemos». Não entre em longas explicações. Acabe
com a discussão sobre os desastres anteriores, e comece imediatamente
a apresentar os novos modelos que a sua empresa tem para oferecer.
2. Altere a base em que as questões são postas.
Faça um pergunta que sublinhe os principais benefícios do seu produto, minimizando as objecções pouco importantes.
Consideremos um exemplo,
em venda de propriedades. Você mostrou a casa a um casal e ambos parecem gostar
dela. Mas quando voltam ao hall de entrada depois de verem os três quartos. o
marido começa subitamente a opor-lhe resistência.
«O último quarto era
demasiado pequeno», diz.
Ao responder-lhe, exagere
a fim de verificar se a reação do cliente deve ser identificada como uma
objecção ou como uma condição. «O terceiro quarto é demasiado pequeno para ser
um quarto de hóspedes. Por outras palavras, é como se não tivesse um verdadeiro
quarto de hóspedes, não é isso que sente?»
«Bem não totalmente. Mas é
realmente pequeno».
Se a esposa não entra na
discussão, contrariando a objecção do marido, coloque o problema noutros
termos: «Diga-me, Sr.Jorge Filipe - e esta conclusão é importante
para sabermos se esta é ou não a casa que lhe interessa - em que vai basear a
sua decisão, no conforto e comodidade do conjunto, ou nos centímetros
quadrados que faltam ao quarto de hóspedes?»
O mais provável é o cliente
responder que lhe interessam mais as condições de conforto. Caso contrário, o
melhor é você esquecer essa casa e pensar propor-lhe outra que possa
agradar-lhe mais.
Imagine agora que está
trabalhar com uma cliente que deseja fazer um seguro de saúde. Ela diz:«Sr.
Jorge Rebelo, uma das minhas maiores preocupações é que gostaria que fosse a
empresa a pagar diretamente ao médico e ao hospital, poupando-me esse
trabalho».
Como a empresa onde você
trabalha não atua deste modo, você resolve portanto fazer a seguinte pergunta,
de um modo cordial: Sra. Ana Teresa. qual será a base sua sua decisão - o
método de pagamento ou a qualidade da cobertura proporcionada pelo seguro a si
e à sua família?»
A cliente responderá: «A
qualidade da cobertura».
Você elimina a objecção
dizendo: «Comecemos então por discutir a qualidade da cobertura à sua família,
está bem?»
3. Faça perguntas até encontrar a objecção principal
Os clientes entram na sua loja e ficam a olhar para uma das suas aparelhagens estereofónicas. Quando começam a fazer perguntas, você faz a demonstração e fica a saber duas coisas. Os seus nomes são Sr. e Sra. Silva e estão interessados nessa aparelhagem. Você faz várias tentativas de fechar a venda, sem êxito, e depois a Sra.Silva diz: «Obrigado pela sua atenção. Vamos pensar no assunto e depois diremos qualquer coisa».
Que significa:
«Depois diremos qualquer coisa» em casos como
este?
Significa: «Agora
que sei melhor o que quero, vou dar umas voltas a ver se encontro mais barato».
Recorde-se da regra.
Leve-os sempre a responder às suas próprias objecções.
«Vamos procurar em mais
lojas e depois dir-lhe-emos quaisquer coisas qualquer coisa»
«Muito bem, Sra. Silva. É
uma decisão prudente. Mas diga-me: ficou impressionada com a
qualidade do som deste modelo?»
«Oh, sim».
«Acha que a caixa tem as
dimensões que lhe convêm?»
«Bem, sim, penso que sim».
«E julgo
que mencionou o facto de desejar comandados adequados, mas não
excessivamente elaborados. Acha que este modelo corresponde às suas
necessidades, nesse aspeto?»
E o vendedor
prossegue enumerando as qualidades que agradam aos clientes. Enquanto o faz -
em frases muito curtas - todas as coisas positivas pode: a óptima manutenção
garantida pela loja, a instalação do aparelho sem custos suplementar, as
condições flexíveis de pagamento, etc. Em certos casos, consegue finalmente
fazer a venda porque tocou numa corda sensível, ao referir alguns dos serviços
que a sua loja pode oferecer. Mas pelo menos, conseguirá atingir a última
objecção que, em noventa por cento dos casos, é o preço. Quando consegue levar
os clientes a admitirem que a razão pela qual não compram é o preço, terá
conseguido isolar o problema. As técnicas para enfrentar este problema conto
poder a vir desenvolve-los em próximos apontamentos.
4. Passe em revista a história dos clientes
Esta técnica é particularmente eficaz no caso do seu produto ou serviço ser adquirido numa base regular, contínua, por empresas. Você pode estar a vender materiais industriais, serviços de manutenção, abastecimentos, mercadoria geral. A compra destes produtos e serviços transforma-se muitas vezes numa espécie de hábito: é mais fácil continuar a comprar a mesma coisa à mesma empresa do que tomar novas decisões. Muitos fornecedores não se preocupam com os clientes regulares. Dedicam normalmente mais atenção à angariação de novos clientes do que à conservação dos antigos, apesar de o custo da angariação ser superior ao da conservação dos clientes regulares. Quando os fornecedores têm êxito no alargamento da sua clientela, ficam de tal modo satisfeitos que deixam de se preocupar. Quando deixam de apresentar ideias novas aos seus clientes regulares e de manter uma relação pessoal próxima, começa a cavar-se um fosso entre o que dão e o que poderiam dar. Isto significa que o fornecedor deixa de ajudar o cliente a acompanhar a mudança. Este começa a perder lucros. Quanto maior for este fosso, mais provável se torna que algum concorrente se aperceba do facto. Depois será fácil a esse concorrente aproveitar-se da situação e tira-lhe o cliente.
Se você tem clientes
certos, mantenha-se em contacto pessoal com eles, mantendo-os informados dos
novos desenvolvimentos no seu ramo e esteja atento às suas necessidades. Se
pretende tirar um cliente à concorrência, vejamos um modo eficaz de vencer a
resistência que o cliente naturalmente opõe à mudança.
Você vende serviços, mais exatamente
anúncios numa estação emissora em FM. A sua estação é a Rádio Coimbra. A
Barcarola, um dos principais anunciantes, passa todos os dias os seus variados
anúncios na Rádio Província uma estação concorrente. Você vai falar
com Joana Mota, a chefe de publicidade da Barcarola. (Em muitos casos,
você é forçado a perguntar aos clientes que produto ou serviço estão a utilizar
no momento. Neste caso, você já sabe: basta-lhe ouvir as emissoras concorrentes
para saber quem é que anuncia nelas).
«Está satisfeita com a Rádio
Província, Sra. Joana Mota?»
«Oh, sim. Fazem um
trabalho formidável».
Ela pretende
desencorajá-lo, a fim de se livrar de si mais facilmente. Mas você tem um plano
e continua.
«Há quanto tempo
trabalha com a Rádio Província?»
«Há cerca de três anos».
«E antes da Rádio Província,
a sua companhia fazia já publicidade na rádio?»
«A Barcarola começou a
trabalhar com a Rádio Província no final dos anos noventa, julgo eu».
«Permite-me que lhe
pergunte há quanto tempo é chefe de publicidade nesta companhia, Sra.
Joana Mota?»
«Estou aqui há cinco
anos».
«É então provável que
tenha tido bastante trabalho para mudar da Rádio Antena Mais para a Rádio
Província».
«Sim, é verdade».
«E a senhora recomendou,
ou fez essa mudança baseada num exaustivo trabalho de análise, não é
verdade?»
«Sim. Bastante
exaustivo. .. Fizemos uma análise de mercado muito profunda sobre cinco
estações emissoras. Os nossos estudos convenceram-nos de que o orçamento que
dedicamos à publicidade em FM atingiria mais clientes potenciais se fosse investido
na Rádio Província do que fosse investido em qualquer outra estação».
«Tentava definir um
potencial de vendas quando realizou esse estudo há três anos, não é verdade?»
»Certamente».
«E os resultados
correspondem ao que esperava?»
«Sim. Estamos bastante
satisfeitos».
«Diga-me, se
conseguiu melhores resultados por ter estudado, e depois realizado,
uma mudança há três anos, porque nega a si mesma uma oportunidade de repetir
esse processo? A investigação que fez na época conduziu a maiores lucros para a
Barcarola e a um maior prestígio seu na empresa. Se o fez uma vez, é certamente
possível fazê-lo de novo, não concorda?»
«Sim, tenho de concordar
com isso; é uma possibilidade».
«Muito bem. Conceda-me
apenas alguns minutos para explorar essa possibilidade...»
Ela deu-lhe a oportunidade
de fazer toda a sua apresentação. A última mudança produziu bons resultados e
ela quer dar uma boa impressão aos diretores. Possui portanto
boas razões lógicas e emocionais para considerar a possibilidade de
uma nova mudança.
Não lhe parece que esta
técnica é ótima? Basta adaptá-la ao seu produto e treinar um certo número de
variantes, de modo a poder aplicá-la quaisquer que sejam as reações dos
clientes. Em vez de voltar à sua empresas e dizer: «A Barcarola está satisfeita
com a Rádio Província e não querem falar comigo», você consegue resultados.
Aprenda este método, escreva uma adaptação ao seu caso pessoal e treine-a.
Depois, da próxima vez que alguém declarar: «Estamos satisfeitos com o que
estamos a comprar neste momento», pense para si mesmo: «Talvez estejam
satisfeitos agora, mas daqui a pouco vão ter razões mais válidas para
comprar à minha firma».
A tarefa do bom vendedor é
precisamente compreender que representa o melhor produto ou serviço disponível,
assegurando em seguida que todos aqueles que podem beneficiar com ele o façam
realmente. Depois de você conseguir que a Sra. Joana Mota e a empresa para a
qual trabalha, a Barcarola, passem para a Rádio Coimbra, mantenha o apoio
pessoal a essa empresa mesmo após a realização da venda e verificará que a
Barcarola está encantada por ter mudado de estação emissora. E foi você que
consegui esse resultado. Nada teria acontecido se não tivesse adaptado e
utilizado os quatro «tratamentos de choque» que acabei de referir. Adapte as
técnicas aqui referidas, estude variantes que considera apropriadas e
aplique-as! Estará assim a caminho de transformar-se no primeiro vendedor da
sua empresa. E essa possibilidade fascina-o, não é verdade?
Jorge Neves