terça-feira, 16 de outubro de 2012

REFLEXÕES POLÍTICAS - PARA ONDE NOS LEVAM...





Creio que ainda neste século, para manter a atividade económica mundial, dois décimos da população ativa serão o suficiente. «Não haverá necessidade de mais mão-de-obra» Um quinto dos candidatos aos postos de trabalho bastará para produzir todas as mercadorias e para fornecer as prestações de serviços de grande valor de que uma sociedade mundial necessita. É este o paradigma com que nos deparamos. Estes dois décimos da população participarão assim altivamente na vida, nos rendimentos e no consumo. - seja em que país for. Mas e os restantes? Será possível imaginar que 80% das pessoas que desejam trabalhar não vão encontrar emprego? Será, que no futuro, a questão é «ter algo para comer ou ser devorado»?
  Creio, que entre  esses inúmeros novos desempregados espalhados  pelo mundo inteiro, encontrar-se-ão dezenas de milhões de pessoas que, até agora, viviam uma confortável vida quotidiana do que pessoas que já se encontravam nessa  luta pela sobrevivência.
  Desenha-se uma nova ordem social, um universo de países ricos sem classe média digna desse nome. Nesta realidade, muitos defendem que a receita para neutralizar ou minimizar este descontentamento da classe média está em encontrar, uma mistura sábia de divertimento estupidificante com alimentação quanto baste, para que permita manter de bom humor a população frustrada do planeta.
  Pergunta-se  como poderá o quinto da população (os afortunados) ocupar o resto supérfluo dos habitantes do globo?
  Uns pensam, e dada a pressão crescente da concorrência, não permitirá que se peça ás empresas que participem nesse esforço social. Outras instâncias deverão ocupar-se dos desempregados. Vaticinam que uma solução passa por voluntariado a favor da coletividade. «Poderia valorizar-se essas atividades de voluntariado mediante a atribuição de uma remuneração modesta, o que ajudaria milhões de cidadãos a serem conscientes do seu próprio valor»,
  Outros esperam porventura os mais extremistas darwinianos, os patrões do grande capital, que a breve prazo, nos países industrializados sejam postas as pessoas a varrer as ruas por um salário praticamente nulo ou  que haja quem aceite um emprego de criado a troco de um miserável alojamento.
  Estamos  a assistir à emergência da sociedade dos dois décimos, a sociedade que terá que recorrer ao divertimento estúpido para que os excluídos permaneçam tranquilos. Será tudo isto desmesuradamente exagerado? Temo que não.


Jorge Neves